Physics News Update nº 824

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 824, de 16 de maio de 2007 por Phillip F. Schewe e Ben Stein. PHYSICS NEWS UPDATE
IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA COM RESOLUÇÃO DE 90 nm foram obtidas por John Mamin e seus clegas no Laboratório Almaden da IBM em San Jose, California. A abordagem empregada, microscopia de força de ressonância magnética (magnetic resonance force
microscopy = MRFM), mapeia a localização de matéria em escalas pequenas pela observação da vibração ressonante de uma delgada lâmina de silício (que porta a amostra em estudo) quando ela é exposta, ao mesmo tempo, a ondas de rádio-freqüência e scaneada com uma pequena ponta magnética (ver figura aqui ). Anteriormente, o mesmo grupo de físicos usou um arranjo semelhante para detectar a ressonância magnética de um único elétron desemparelhado em uma amostra (ver aqui). Mas agora eles estão detectanto a ressonância magnética dos núcleos na amostra, algo muito mais difícil, uma vez que o magnetismo nuclear é muito mais fraco do que o dos elétrons (no caso do Hidrogênio, cerca de 660 veze mais fraco). A vantagem em focalizar no magnetismo nucler é que a resposta de vários átomos biológica e tecnologicamente importantes, tais como H, P, C-13 ou F, pode ser diferenciada. MRFM de spin nuclear foi realizada anteriormente, mas com uma resolução apenas na escala de microns. A nova técnica de imagens, com efeito, explora volumes pequenos como 650 zeptolitros, o que é cerca de 60.000 vezes melhor do que a melhor MRI convencional pode fazer. As melhorias no processo de obtenção de imagens foram facilitadas pelo uso de temperturas mais baixas (reduzindo o movimento termicamente induzido no cantilever) e o uso de pontas magnéticas muito agudas, o que amlia a força magnética devida aos spins. O gradiente do campo magnético nas vizinhanças da ponta é maior do que um milhão de tesla por metro. Os objetos de teste, cujas imagens se queria captar, consistiam em pequenas ilhas de Fluoreto de Cálcio evaporadas sobre a ponta do cantilever. As ilhotas, muito próximas entre si — com as dimensões aproximadas de 300 nm x 180 m x 80 nm — puderam ser claramente distinguidas. Um dos pesquisadores, Dan Rugar, diz que os pequenos volumes de amostra buscados têm cerca de 10 milhões de spins nucleares e que a polarização nuclear que eles estão detectando soma 3.300 spins. Ele acredita, entretanto, que sua aparelhagem atual possa, agora, detectar magnetismo nuclear na faixa de 200 spins. Isto os levaria muito mais próximo de sua principal meta: obter imagens de moléculas no nível do spin nuclear singelo. (Mamin et al., Nature Nanotechnology, maio de 2007)
FLUIDOS QUE SE RASGAM. Uma das maiores diferenças entre um sólido e um líquido é que, se passarmos uma faca através de um sólido, as partes cortadas permanecem cortadas, enquanto que, em um líquido, as partes se juntam novamente. Quase sempre, entretanto, a natureza apresenta materiais e processos que não se enquadram perfeitamente em tais categorias distintas. Joseph Gladden (Univ Mississippi) e Andrew Belmonte (Penn State) produziram uma experiência na qual um cilindro é arrastado através de uma mistura de água, sabão e certos sais. A pequenas velocidades de arrasto, o material — um gel visco-elástico que é fluido a estas temperaturas — realmente se fecha sobre si própria, como um líquido normalmente faz. (Outras substâncias visco-elásticas incluem pingos de sangue, o manto da Terra, pasta de dentes e gelatina). Em velocidades mais altas, o cilindro cria um rasgo maior e o material leva mais tempo para “se curar”. Em velocidades ainda mais altas, o fluido se comporta como um sólido, pelo menos por algum tempo; ele fica cortado em várias partes, com superfícies separadas, que levam até algumas horas para fechar (ver figuras aqui), e exibe diversas “rachaduras” na esteira do cilindro. Gladden diz que o diagrama de fase(velocidade do cilindro versus diâmetro do cilindro) para o fluido, mostra três diferentes regiões: refluxo, pequenos corte e rasgo total. Segundo Gladden, o mapeamento desse diagrama de fases deve auxiliar a compreensão de outros fenômenos que envolvem materiais visco-elásticos. (Physical Review Letters, artigo em publicação)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

Physics News Update nº 823

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 823, de 8 de maio de 2007 por Phillip F. Schewe e Ben Stein. PHYSICS NEWS UPDATE
O MAIS CURTO PULSO DE LUZ DA HISTÓRIA. Pesquisadores na Itália criaram o mais curto pulso de luz até agora — um único pulso de luz na faixa do extremo ultravioleta que dura apenas 130 attossegundos (bilionésimos de bilionésimos de segundo). Fazer este pulso brilhar sobre átomos e moléculas, pode revelar novos detalhes de seu funcionamento interno — beneficiando a ciência fundamental, bem como potenciais aplicações industriais, tais como um melhor controle das reações químicas. Trabalhando no Laboratório Nacional para Ciência Óptica Ultra-rápida e Ultra-intensa em Milão (bem como laboratórios em Pádua e Nápoles), os pesquisadores acreditam que suas atuais técnicas irão lhes permitir criar pulsos ainda mais curtos, bem abaixo dos 100 attossegundos. Nas experiências anteriores, foram criados pulsos mais longos, na faixa maior das centenas de attossegundos. O método genérico para esta experiência é a mesma. Um intenso laser infravermelho atinge um jato de gás (usualmente Argônio ou Neônio). Os poderosos campos elétricos do laser chacoalham os elétrons, fazendo-os emitir uma seqüência de pulsos em attossegundos que consistem de fótons de alta energia (ultravioleta extremo, nesta experiência). Criar um único pulso isolado de attossegundo, em lugar de uma seqüência deles, é mais complexo. Para fazê-lo, os pesquisadores empregam sua técnica já desenvolvida para enviar intensos pulsos de laser curtos (5 femtossegundos) sobre um alvo de gás de Argônio. Eles também se valem de técnicas ópticas (inclusive o pente de freqüência que foi o objeto do Prêmio Nobel de Física em 2005) para criar e dar forma a um pulso único de attossegundos. Os resultados serão apresentados nesta semana (documento JthA5) na Conferência sobre Lasers e Eletro-óptica e a Conferência de Ciência de Quanto-eletrônica e Laser (Conference on Lasers and Electro-Optics and the Quantum Electronics e Laser Science Conference — CLEO/QELS). Ver o assunto expandido nesta página
“HIPERLENTES” PROMETEM SUPERAR OS LIMITES DOS MICROSCÓPIOS COMUNS. Um grupo de Princeton, liderado por Evgenii Narimanov vai discutir um novo projeto óptico emergente, conhecido como “hiperlentes de campo distante”. As hiperlentes visam aumentar as capacidades da luz em obter imagens e ampliar objetos submicroscópicos, tais como os componentes de células biológicas. As lentes são feitas com metamateriais, objetos compostos usualmente feitos com arranjos de estruturas, na escala nanométrica, de hastes e anéis. Ela pode projetar uma imagem a uma distância relativamente grande (daí o nome de “campo distante”). O formato cilíndrico das hiperlentes permite a coleta de componentes das ondas de luz que seriam perdidos nas lentes convencionais. Isto ajuda as hiperlentes a capturar detalhes menores do que o comprimento e onda da luz que ilumina a amostra. Além dessa capacidade de captar “imagens abaixo do comprimento de onda”, a geometria cilíndrica das hiperlentes as permite ampliar uma imagem do objeto.
O grupo de Princeton propôs teoricamente as hiperlentes (Jacob, Alekseyev, Narimanov, Optics Express, Vol. 14, nº 18, pp. 8247-8256, Setembro de 2006), e, seis meses após foram demonstradas experimentalmente (ver, por exemplo Science, 315, 1686, 23 de março de 2007). O Laboratório Nader Engheta’s da Universidade da Pennsylvania, também propôs um dispositivo, chamado “lentes de cristal de metamaterial”, essencialmente equivalente às hiperlentes (Physical Review, B 74, 075103, 2006). De acordo com o pesquisador de Princeton, Zubin Jacob, as perspectivas iniciais para as hiperlentes são muito promissoras, para aplicações que vão da captura de imagens de objetos biológicos à fabricação de circuitos na escala nanométrica. (Publicação QTuD3 na CLEO/QUELS)
SUPERLENTES AMPLIADORAS RESOLVEM DETALHES TÃO PEQUENOS COMO 70 NM. Ygor Smolyaninov da Universidade de Maryland apresentou o que seu grupo chama de “superlentes ampliadoras”. Inicialmente inspirada pela idéia de John Pedry de “lentes perfeitas”, e se inspirando nas hiperlentes de Princeton, no concepções de lentes de cristal da Universidade da Pennsilvania, bem como no trabalho anterior em Maryland, as superlentes ampliadoras emprega camadas alternadas de metamateriais com índices de refração negativa e positiva. Nos metamateriais com refração negativa, a luz ou outras radiações eletromagnéticas se inclinam na direção oposta à qual o fariam na matéria comum, o que o faz potencialmente muito útil para focalizar imagens. O novo dispositivo obteve sucesso em ampliar o objeto, enquanto resolvia detalhes pequenos como 70 nanômetros, muito menores do que o comprimento de onda da luz visível. (Publicação JMA4, CLEO/QELS; ver também: Smolyaninov et al., Science, 315, 1699-1701, 23 de março de 2007).
PINÇAS OPTOELETRÔNICAS MEXEM NANO-FIOS. Nos esforços para melhorar o estudo de objetos biológicos e a construção de materiais de nanotecnologia, um grupo de Berkeley inventou “pinças optoeletrônicas”, uma nova maneira de controlar objetos de escala nanométrica. As pinças optoeletrônicas, que usam energia óptica para criar poderosas forças elétricas em locais cuidadosamente designados, diferem das “pinças ópticas”, que usam a energia óptica para criar forças mecânicas que podem mover coisas. De acordo com Aaron Ohta de Berkeley, a abordagem optoeletrônica usa muito menos energia do que as pinças ópticas e a luz não precisa ser focalizada tão cuidadosamente, o que torna sua implementação pelos laboratórios mais fácil.
Nos últimos meses o grupo de Berkeley obteve algum sucesso no uso de seus campos elétricos localmente controados para manipular a posição de pequenas nano-hastes, ou nano-fios (100 nm de diâmetro e 1 a 50 microns de comprimento). Ohta diz que o dispositivo optoeletrônico possivelmente será usado nano-hastes para a construção de circuitos 3-D, ou para o posicionamento de células ou protuberâncias de células de formato oblongo com precisão de mícrons. (Publicação CThGG5; para mais informações, ver: Chiou et al., Nature, 21 de julho de 2005 e esta página
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Physics News Update nº 822

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 822, de 1 de maio de 2007 por Phillip F. Schewe e Ben Stein. PHYSICS NEWS UPDATE
O EFEITO EFIMOV: TRÊS É BOM, DOIS É DEMAIS. Na reunião de abril da APS em Jacksonville, os físicos discutiram as recentes observações do Efeito Efimov, um fenômeno puramente quântico pelo qual duas partículas, tais como dois átomos neutros que, normalmente, não apresentam Interação Forte entre si, se juntam a um terceiro átomo, em certas condições. O trio pode, então, formar um número infinito de configurações, ou, dito de outra forma, um infinito número de “estados interligados” que prendem os átomos juntos.
O efeito foi previsto pela primeira vez no entorno de 1970 por um físico chamado Vitaly Efimov, então um candidato a PhD, mas acharam, inicialmente, que era “estranho demais para ser verdade”, de acordo com Chris Greene da Universidade do Colorado, em parte porque os átomos mudariam abruptamente de uma condição de independência para se tornarem tripletos de irmãos siameses, a distâncias notavelmente longas (aproximadamente 500 a 10.000 vezes o tamanho de um átomo de Hidrogênio, no caso de átomos neutros). Por décadas, os experimentadores tentaram, em vão, criar esses sistemas de três partículas (que começaram a ficar conhecidos como “Trigêmeos de Efimov” [no original, em inglês: “Efimov Trimers”, um trocadilho intraduzível]. Em 1999, Greene e seus colabordores Brett Esry e Jim Burke, predisseram que gases de átomos ultra-resfriados poderiam fornecer as condições corretas para a criação desse estado tri-particular. Em 2005, uma equipe de pesquisas, liderada por Rudi Grimm da universidade de Innsbruck na Áustria, finalmente confirmou o Estado Efimov em um gás ultra-resfriado de Césio, esfriado até apenas 10 nanokelvin.
Como os átomos neutros se atraem, em primeiro lugar? A distâncias pequenas, se aplicam os mecanismos ordinários das ligações químicas, mas nas vastas distâncias, relevantes para o Efeito Efimov, isto acontece principalmente pelo Efeito van de Waals, no qual o rearranjo das cargas elétricas em um átomo (formando um “dipolo elétrico”) cria campos elétricos que podem induzir dipolos – e, desta forma atrair – átomos vizinhos. A observação do Efeito Efimov é um achado para conseguir estudar a rica física quântica entre três partículas.
O Efeito pode, concebivelmente, ocorrer em núcleons ou moléculas (e em qualquer objeto governado pela mecânica quântica). Entretanto, é provável que ele seja mais difícil de observar nesses sistemas, porque os físicos não podem alterar a força das interações entre as partículas constituíntes, tão facilmente como o podem nos gases utra-resfriados (através de suas “Ressonâncias de Feshbach”). Porém o Efeito pode fornecer uma idéia em sistemas tais como o Trítio, um núcleon formado por um próton e dois nêutrons, além do cruzamento BCS-BEC, no qual os átomos mudam da formação de Pares de Cooper, fracamente interligados, para entrar em um único estado quântico coletivo. (Ver também o artigo de Charles Day, Physics Today, Abril de 2006, Esry et al, Phys. Rev. Lett, 30 de agosto de 1999, e Kraemer et al., Nature, 16 de março de 2006).
A FÍSICA DOS UTENSÍLIOS é explicada por Lou Bloomfield da Universidade de Virginia no número de maio da Physics Today. Esqueça as aulas de culinária — a cutelaria pode fornecer uma rica lição sobre cristalografia e física de matéria condensada. Garfos, facas e colheres são, geralmente, feitas de aço — uma liga de Ferro e Carbono com outros elementos misturados. Um cristal de Ferro, à temperatura ambiente, é macio e é suscetível ao esforço de ruptura. Em outras palavras, empurrar as camadas de cristais de Ferro em direções opostas fazem com que as lâminas escorreguem, entortando o Ferro permanentemente, o que, como Bloomfield observa, “é bom para dar laços em gravatas, mas não é tão bom para uma faca”. Quando o cristal de Ferro (conhecido como Ferrite) recebe uma quantidade até pequena de Carbono, a situação muda. Disperso através da Ferrite (o Carbono é, geralmente, insolúvel nela), o Carbono torna mais difícil para as impurezas do cristal, conhecidas como deslocamentos, se moverem, frustrando, assim, as forças de ruptura e tornando o sólido mais duro. Ponha-se mais Carbono, ainda, na Ferrite e ele vai distorcer o cristal, tornando-o na mais forte estrutura de aço possível, adequada para as lâminas de corte das facas. Fazer aço útil para a cutelaria, geralmente requer aquecer uma mistura de Ferro-Carbono acima dos 727 °C, a fim de facilitar as transformações estruturais ao longo de todo o material do aço. O tipo do utensílio resultante depende de quão rápido o aço é resfriado. Aços resfriados lentamente resultam em Perolita, um composto resistente, mas relativamente macio, freqüentemente usado para colheres. Um aço mais rapidamente resfriado leva à Martensita, o aço duro usado em gumes cortantes. Reaquecer a Martensita, rearranja algumas estruturas cristalinas e “tempera” o aço, de forma a troná-lo menos friável. A fabricação de aço inoxidável, diz Bloomfield, envolve a adição de outros elementos que inluem o Cromo. Quando o conteúdo de Cr ultrapassa 11,5% em peso, se forma uma camada de Óxido de Cromo na superfície que impede o enferrujamento. Mais detalhes podem ser encontrados no artigo de Bloomfield, que é gratuitamente acessível (em inglês) aqui
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Physics News Update nº 821

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 821, de 23 de abril de 2007 por Phillip F. Schewe e Ben Stein. PHYSICS NEWS UPDATE
A BUSCA PELO HIGGS NO TEVATRON ACELERA. Os físicos do colisor Tevatron do Fermilab relataram recentemente seu mais abrangente sumário da física nas mais altas energias em laboratório. Na recente reunião da American Physical Society (APS) em Jacksonville, Florida, eles emitiram dúzias de artigos sobre um amplo espectro de tópicos, muitos dos quais são relacionados, de alguma forma, com o Bóson de Higgs. O Higgs é o ingrediente chave no Modelo Padrão de Física de Altas Energias. É a manifestação, em forma de partícula, do curioso mecanismo que, em um momento inicial da vida do universo, separou os Bósons W e Z (vetores da Força Fraca), dando-lhes massas, enquanto os fótons (vetores da Força Eletromagnética), não. Esta assimetria torna os funcionamentos destas duas Forças no universo bastante diferentes.
A validação desta grandiosa hipótese, por meio da real produção de partículas de Higgs em laboratório, sempre foi uma das razões principais para espatifar prótons de encontro a antiprótons, com uma energia combinada de 2 TeV. Entretanto, a natureza é pródiga em sua criatividade e a busca pelo Higgs, acredita-se, pode ser mascarada pela produção de outros raros cenários de dispersão, alguns quase tão interessantes quanto o próprio Higgs.
Os trabalhos no Tevatron podem ser comparados aos trabalhos na Burgess Shale, o leito fóssil nas Rochosas Canadenses onde os arqueologistas descobriram impressões de organismos desconhecidos nos últimos 600 milhões de anos, inclusive alguns novos Filos. Nenhum novo “Filo” (ou seja, nenhuma nova partícula) foi revelado no encontro da Flórida, mas muito trabalho preparatório – o equivalente no trabalho dos Físicos de Altas Energias a necessária remoção das camadas externas de rocha – foi realizado.
De acordo com Jacobo Konigsberg (Universidade da Florida), porta voz adjunto da colaboração CDF (um dos dois grandes grupos de detecção que funcionam no Tevatron), a procura pelo Higgs está se acelerando devido a vários fatores, inclusive a obtenção de feixes mais intensos e algorítmos cada vez mais sofisticados para discriminar entre eventos significativos e aqueles mais mundanos, uma questão básica quando se observa bilhões de eventos. Aqui está um catálogo dos resulados mais recentes do Tevatron:
Kevin Lannon (Ohio State) relatou a obtenção de um valor mais preciso (170,9 GeV, com uma incerteza de 1%) para a massa do quark Top. Lannon também descreveu a classe de evento no qual uma colisão próton – antipróton resultou na produção de um único quark Top, através de uma interação de força fraca, uma topologia de evento muito mais rara do que aquela na qual é formado um par Top-Antitop, através da força forte. Além disso, a observação desse evento da formação de um Top singelo permite uma primeira medição rudimentar de Vtb, um parâmetro (um em toda uma tabela de números chamada de Matriz CKM, que caracteriza a Força Fraca) proporcional à probabilidade de um quark Top decair em um quark Bottom.
Gerald Blazey (Northern Illinois Univ), antigo porta-voz da colaborção D0, relatou as primeiras observações de cenários de colisão igualmente exóticos, aqueles que apresentam a produção simultânea de bósons W e Z observáveis, e aqueles em que se observa a produção de dois bósons Z. Além disso, ele disse que, quando se combina a nova massa para quark Top com a do bóson W, 80,4 GeV, se pode calcular um provável novo limite superior para a massa do Higgs. Este valor, 144 GeV, é um pouco mais baixo do que se pensava, o que o torna proporcionalmente mais fácil de criar, em termos de energia.
Ulrich Heintz (Boston Univ) relatou a busca por partículas exóticas não prescritas pelo Modelo Padrão. Novamente, nenhuma nova partícula importante foi encontrada, mas novas experiências no manejo da miríade de fenômenos de fundo vão auxiliar a preparar o caminho para o que os cientistas do Tevatron esperam ser sua maior realização: descobrir indícios para o Higgs no meio de uma rica mistura de outras partículas. Para começo de conversa, Heintz introduziu, mas logo descartou, os rumores de pseudo-“calombos”, indicativos do Higgs, nos dados. Os artefatos em questão – o decaimento da exótica partícula em um par de léptons Tau – tinham pouca significância estatística para serem levados a sério, disse ele, ao menos por enquanto.
Outras partículas exóticas não encontradas, mas para as quais foram obtidos novos limites de massa mais baixos, incluem coisas como elétrons excitados (super pesados) ou bósons W e Z, dimensões extra, os assim chamados leptoquarks (que transformariam bósons em léptons e vice-versa) e partículas super-simétricas, uma hipotética família inteira de partículas onde cada bóson conhecido teria sua contraparte fermiônica e vice-versa.
Além das considerações acerca de ter energia suficiente na colisão para criar o Higgs e outras partículas interessantes, um requisito vital na produção de eventos raros é possuir uma grande amostra estatítica. Todos os resultados acima se baseiam em uma amostragem de gravação de dados de um fentobam-inverso (fb-1, uma unidade que denota o montante integrado de eventos de espalhamento, até agora. Até o fim do verão, o montante de dados analisados será de 2 fb-1. Perto do final de 2007, o montante terá dobrado e, no entorno de 2009, dobrado novamente (8 fb-1). Para achar o Higgs, a informação virá de energia e estatísticas.
A DURAÇÃO DA VIDA DO PÍON SEM CARGA, a partícula mais leve feita de pares de quark-antiquark, foi estabelecida com maiores níveis de precisão em uma nova experiência no Laboratório Jefferson na Virginia. De acordo com o pesquisador Liping Gan (Universidade da Carolina do Norte em Wilmington) – falando na reunião da APS – a duração da vida do píon neutro é uma das poucas quantidades que pode ser diretamente calculada (até cerca de 1% de precisão) na cromodinâmica quântica (QCD), a teoria da Força Forte, a qual mantém juntos os quarks e objetos que contém quarks. Na experiência do Laboratório Jefferson, os pesquisadores apontam um feixe de raios Gama para núcleos que têm uma perpétua núvem de fótons a seu redor. Através de um fenômeno conhecido como Efeito Primakoff, dois fótons (um do núcleo alvo e um do feixe de fótons) interagem e criam um píon neutro, que decai em dois fótns filiais. Medir os fótons filiais reconstrui os detalhes do decaimento e fornece a informação sobre a duração da vida dos píons. A nova experiência é mais precisa do que as experiências anteriores com o Efeito Primakoff porque os fótons incidentes (produzidos pela desacelração do feixe de elétrons do Laboratório Jefferson) são “etiquetados”, o que quer dizer que os pesquisadores podem manter controle da ordem dos fótons incidentes, bem como de suas energias. Quando os fótons emergem do decaimento, um calorímetro aperfeiçoado (chamado HyCal) é capaz de medir a trajetória e a energia dos fótons filiais com grande precisão. Ashot Gasparian da North Carolina A&T State University, disse que a duração da vida do píon calculada é de 82 attossegundos, com uma margem de erro de 2,9% [(8,20+/-0,24)x10-17 seg]. O resultado novo e preliminar é mais precisodo que o atual valor publicado na Tabela de Dados de Partículas [8,4+/-(0,6)x10-17s] e a precisão pode ser, potencialmente, duplicada, uma vez que os pesquisadores analisem todos os seus dados e finalizem seus resultados.
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Physics News Update n° 820

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 820, de 18 de abril de 2007 por Phillip F. Schewe e Ben Stein. PHYSICS NEWS UPDATE
UMA DAS ANOMALIAS DO NEUTRINO FOI RESOLVIDA, enquanto outra apareceu. Uma experiência do Fermilab, chamada MiniBooNE fornece um enfático novo indício de que apenas três neutrinos de pequenas massas podem existir. Estes resultados, relatados na semana passada em uma conferência no Fermilab e no encontro da American Physical Society (APS) em Jacksonville, Florida, parecem excluir definitivamente oscilações bidirecionais dos neutrinos que envolvam um quarto tipo de neutrino de pequena massa.
Diversas experiências anteriores demonstraram que os neutrinos, partículas de massa muito pequena ou talvez até nula, que só interagem através da gravidade e da força nuclear fraca, levam uma vida esquizóide, se transformando regularmente de um tipo para o outro. Essas oscilações dos neutrinos ocorriam, presumivelmente, entre os três tipos conhecidos de neutrino do Modelo Padrão da Física de Partículas: neutrinos de elétron, neutrinos de múon e neutrinos de táuon. Não obstante, uma experiência, o Cintilador Líquido de Detecção de Neutrinos (Liquid Scintillator Neutrino Detector = LSND), em Los Alamos, indicou um nível de oscilação que implicava na existência de uma quarta espécie de neutrinos, um “neutrino estéril”, assim chamado porque ele só interagiria por meio da gravidade, a mais fraca das forças fundamentais. (Para maiores informações, consultar Physics Today, Agosto de 1995 e PNU nº 239, matéria 1 e PNU nº 269, matéria 1)
Desde o início, esses resultados diferiam de outras investigações, especialmente porque ele sugeria possíveis massas para os neutrinos muito diferentes daquelas inferidas dos estudos de neutrtinos solares ou atmosféricos, ou por outras experiências com neutrinos em acleradores. A MiniBooNE (cujo nome é uma abreviatura para “Booster Neutrino Experiment”; o “mini” se refere ao fato de que eles usam apenas um detector, no lugar dos originalmente propostos dois) se propôs a resolver o mistério. A experiência consiste no seguinte: prótons emitidos pelo acelerador “booster” são esmagados contra um alvo fixo, criando uma chuva de mésons que rapidamente decaem em partículas secundárias, entre as quais, uma porção de neutrinos de múon. Quinhentos metros à frente, fica o detector MiniBooNE. Embora os neutrinos de múon possam muito bem oscilar para neutrinos de elétron, na distância relativamente curta entre o alvo fixo e o detector, pode-se esperar que tenham havido muito poucas oscilações. O detector do Fermilab e, antes dele, o detector do LSND, procuraram por neutrinos de elétron. Buscando enfocar diretamente o efeito de oscilação do LSND, o Fermilab tentou aproximar-se da mesma distância fonte-detector da energia dos neutrinos. Esta razão estabelece a probabilidade da oscilação de neutrinos. A experiência em Los Alamos usou neutrinos de 30 MeV, a uma distância de 30 m; a experiência do Fermilab usou neutrinos de 500 MeV, a uma distância de 500 m.
O truque na realização deste tipo de experiência está em distinguir entre os raros eventos nos quais um neutrino de elétron colide com um nêutron em um enorme banho de óleo mineral, criando, assim, um elétron característico e um um próton de movimento lento, e o evento muito mais comum no qual um neutrino de múon colide com um próton, criando um múon e um próton. O LSND observou um número pequeno (mas, argumentavam eles, estatisticamente significativo) de eventos de elétron de neutrino. A MiniBooNE, depois de levar em consideração os esperados eventos de fundo, não observou nenhum. Assim, não viram qualquer oscilação e, portanto, nenhum indício de um quarto neutrino.
Na verdade, não exatamente verdade que eles não tenham observado neutrinos de elétrons nenhuns. com neutrinos de baixa energia eles, com efeito, observam eventos, e este pequeno conjunto de dados permanece um mistério, a ser explorado com os novos dados que estão sendo obtidos atualmente, usando um feixe de antio-neutrinos.
No encontro da APS, a representante da MiniBooNE, (Universidade de Columbia) disse que os dados de baixa energia são “robustos” (o que significa que uma falta de indícios estatísticos ou problemas sistemáticos com a aparelhagem não são fatores importantes) e que alguns efeitos físicos novos não podem ser descartados. Na pior das hipóteses, os dados de baixa energia não contradizem a afirmativa de que os antigos resultados do LSND não podem ser explicados pela existência de um quarto tipo de neutrino. (Ver o Press Release do Fermilab e figuras nesta página)
GRAVITY PROBE B, o observatório orbital devotado a testar a Teoria da Relatividade Geral, mediu o efeito geodésico – a curvatura do espaço-tempo nas vizinhanças e causada pela Terra – com uma precisão de 1%. O principal método para estudar esse efeito é monitorar a precessão de giroscópios a bordo da nave, em órbita polar em torno da Terra. A taxa de precisão observada, 6,6 arco-segundos por ano, é próxima do que é previsto pela Relatividade Geral. O Efeito Geodésico pode ser observado de várias maneiras, inclusive o uso de relógios, a deflexão da luz e a prersença perturbativa de corpos de grande massa em giroscópios próximos. A GP-B é deste último tipo e sua atual precisão é tão boa ou melhor do que as medições anteriores. E, uma vez que certos torques não previstos nos giroscópios sejam melhor compreendidos, os cientistas da GP-B esperam que a precisão de suas medições aumentem para um nível de 0,01%.
Estes primeiros resulktados da GP-B foram relatados no encontro da APS por Francis Everitt (Stanford). A idéia de usar giroscópios para observar a curvatura do espaço-termpo foi proposta a quase 50 anos atrás e everritt foi um dos propositores ativos e passou a ser supervisor científico pela maior parte do tempo subsequente.
Um segundo objetivo principal da GP-B é medir o Arrasto do Referencial (no original “frame dragging”), um fenômeno que surge do fato de que o espaço é, no contexto da Relatividade Geral, um fluido viscoso, em contraposição à treliça rígida proposta por Isaac Newton. Quando a Terra gira, ela parcialmente arrasta o espaço-tempo junto com ela e isto causaria um torque extra nos giroscópios. Dessa forma, uma precessão extra, perpendicular a e 170 vezes mais fraca do que o Efeito Geodésico, deveria ser observado. Everitt declarou que a GP-B viu “relances” de Arrasto de Referencial nas análises preliminares dos dados e espera relatar uma real detecção com uma precisão de 1% na ocasião da apresentação final dos dados, agora prevista para dezembro de 2007. (Uma medição indireta do Arrasto de Referencial, na faixa de 10 a 15% de incerteza foi obtida anteriormente pelo satélite LAGEOS).
Alguns equipamentos na GP-B não têm precedentes. O telescópio a bordo, usado para orientar os giroscópios (apontando para uma estrela específica), fornecem uma capacidade de rastrear estrelas mais de 1.000 vezes melhor do que os telescópios anteriores. Os próprios giroscópios – quatro deles, para redundância – são as coisas mais esféricas jamais produzidas: os objetos no formato de bolas de ping-pong têm um grau de perfeição na esfericidade de não menos do que 10nm. Eles ficam eletrostaticamente mantidos em posição em um pequeno recipiente, girados a velocidades de 4.000 rpm por jatos de gás. O gás é, então, removido, criando um vácuo de 10-12 torr. Recobertas de Nióbio e repousando em uma temperatura de poucos graus Kelvin, as esferas são supercondutores giratórios e, como tal, criam uma pequenina assinatura magnética que pode ser lida para ajustar instantaneamnete a orientação das esferas. (Para maiores informações ver esta página)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

Einstein (mais uma vez…) está certo

Einstein estava certo: espaço e tempo se encurvam
Noventa anos depois dele ter exposto sua famosa teoria, uma sonda da NASA provou que o universo se comporta da maneira que ele disse. Agora a corrida continua para demonstrar que a outra metade da relatividade também funciona.

Anushka Asthana e David Smith
Domingo, 15 de Abril de 2007
The Observer

Junto a seu nome, no “the Oxford English Dictionary”, está a simples definição: gênio. Ainda assim, por décadas os físicos têm feito a pergunta: será que Albert Einstein cometeu um erro? Após meio século, sete cancelamentos e US$ 700 milhões, uma missão para testar sua teoria acerca do universo, finalmente confirmou que o homem era mesmo genial – ou, ao menos, provou isto pela metade.
Os resultados preliminares da “Gravity Probe B”, um dos satélites mais complicados da NASA, confirmou, ontem, “com uma precisão melhor do que 1%”, a afirmação que Einstein fez a 90 anos atrás – de que um objeto tal como a Terra realmente distorce a tessitura do espaço e do tempo.

Mas isso – que é chamado de “efeito geodésico” – é apenas metade da teoria. A outra, o “arrasto da estrutura”, diz que, à medida em que o mundo gira, ele arrasta a tessitura do universo com ele.
Francis Everitt, o profesor da Universidade Stanford que devotou sua vida a investigar a Teoria da Relatividade de Einstein, disse aos cientistas da “American Physical Society” que vai levar mais uns oito meses antes que ele possa medir o efeito de “arrasto do sistema de referência” com precisão.
“Compreender os detalhes é meio como uma escavação arqueológica”, diz William Bencze, o gerente de programa para a missão. “Um cientista começa com um trator, continua com uma pá e, finalmente, usa pincas e escovas de dentes para tirar a poeira. Nós estamos na fase da escova de dentes, agora”.
O projeto Gravity Probe B foi concebido no final dos anos 1950 mas sofreu décadas de atrasos, enquanto outos cientistas realizavam outros testes para corroborar a teoria de Einstein. Foi a determinação de Everitt’s que impediu que fosse cancelado. A missão conjunta entre a NASA e a Universidade Stanford usa quatro das mais perfeitas esferas – giroscópios ultra precisos – para detectar minúsculas distorções na tessitura do universo. A meta de Everitt era provar, com o maior grau de precisão jamais atingido, se Einstein estava correto em sua forma de descrever a gravidade.
De acordo com Einstein, da mesma forma que uma grande bola colocada em um tecido elástico estica a tessitura do tecido e faz com que ele se deforme, os planetas e estrelas fazem com que o espaço-tempo se encurve. Uma pequena bola-de-gude que se mova ao longo do tecido será atraída para a bola, tal como a Terra o é para o Sol, mas não cairia nela, enquanto se mantivesse se movendo em grande velocidade. A gravidade, argumentava Einstein, não era uma força atrativa entre corpos, como se pensava antes.
Poucos cientistas precisam dos resultados finais, que serão divulgados em dezembro, para convencê-los da genialidade de Einstein. “Desde os aspectos mais esotéricos de dilatação do tempo, até a bela e simples equação E=mc², o vasto corpo das idéias de Einstein sobre o universo têm resistido ao teste do tempo”, disse Robert Massey, da Royal Astronomical Society.
Ele disse que a missão era uma experiência de “ciência legítima” para verificar uma teoria e confirmar seu brilhantismo, porém outros criticaram os custos e a demora do estudo, dizendo que o que foi anunciado, já tinha sido demonstrado. Sir Martin Rees, o “Astronomer Royal”, declarou que o anúncio “não vai fazer nenhum raio cair”.
A explicação da Teoria
Quando Einstein escreveu sua Teoria da Relatividade Geral em 1915, ele encontrou uma nova maneira de descrever a gravidade. Não era uma Força, como supunha Sir Isaac Newton, mas uma conseqüência da distorção do espaço e do tempo, que, em sua teoria constituiam uma só entidade: o “espaço-tempo”. Qualquer objeto distorce a tessitura do espaço-tempo e, quanto maior for, maior será esse efeito.
Da mesma forma que uma bola de boliche, colocada em uma cama-elástica, estica o tecido e causa um afundamento, os planetas e estrelas encurvam o espaço-tempo – um fenômeno conhecido como “efeito geodésico”. Uma bola-de-gude que se mova ao longo da cama elástica será inexoravelmente atraída para a bola.
Assim, os Planetas que orbitam o Sol não estão sendo puxados pelo Sol; eles estão seguindo a deformação curva do espaço-tempo causada pelo Sol. A razão pela qual os Planetas nunca caem no Sol é a velocidade com a qual cruzam o espaço.
De acordo com a teoria, matéria e energia distorcem o espaço-tempo, curvando-o em torno de si. O “Arrasto do Sistema de Referência” teoricamente ocorre quando a rotação de um grande corpo entorta o espaço-tempo próximo. Esta é a segunda parte da teoria de Einstein que a missão da NASA ainda tem que corroborar.
[Atualizando em 16 de abril: Com base em sugestões do Daniel e do Fernando, modifiquei a tradução de “Frame Dragging” do original para “Arrasto do Sistema de Referência”. Para quem não entendeu, desde o início, fica a explicação:
Em um sistema de coordenadas onde a reta é a menor distância entre dois pontos (o chamado “Espaço Euclideano”) os valores absolutos das distâncias e dos “tempos” (que são função das distâncias) não variam, seja qual for o ‘ponto origem’ do seu sistema de coordenadas.
Em um espaço curvo, a coisa fica completamente diferente: a menor distância entre dois pontos é uma linha chamada “geodésica” (o nome não foi dado à toa: qualquer meridiano terrestre é o exemplo mais fácil de visualizar do que é uma “geodésica” – notem o prefixo “geo”…)
Einstein demonstrou que o Espaço-Tempo no universo, infelizmente, não é Euclideano e que a presença de matéria/energia encurva este espaço-tempo. Esta parte já foi comprovada no início do século XX, com uma observação de uma estrela próxima do Sol, durante um eclipse.
Só que existe mais um “pequeno” detalhe.
O próprio movimento de rotação da grande massa considerada (um planeta ou uma estrela) deveria produzir mais um efeito: além de encurvar o espaço-tempo, ela deveria “torcer” o sistema de referencial inercial no sentido de sua rotação. Isso é o efeito de “Arrasto do Sistema de Referência” que a Gravity Probe B ainda está procurando.

Physics News Update nº 819

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 819, de 11 de abril de 2007 por Phillip F. Schewe e Ben Stein. PHYSICS NEWS UPDATE
A SEGUNDA LEI DO MOVIMENTO DE NEWTON, este pilar da física clássica, a fórmula que diz a força aplicada sobre um objeto é proporcional a sua aceleração, foi agora testada e comprovada válida, até o nível de 5 x 10-14 m/s². Isto representa um melhoramento de mil vezes sobre a verificação anterior, realizado a 21 anos atrás (Physical Review D, volume 34, pag. 3240, 1986). O novo teste foi realizado por físicos na Universidade de Washington, usando um pêndulo de torção giratório, um tipo especial de pêndulo no qual a força restauradora não é a gravidade (como seria em um pêndulo oscilatório), porém vem de uma fibra de torção muito fina. Uma das implicações da Lei de Newton é que a freqüência do pêndulo (sua taxa de tique-taque) deveria ser independente da ampitude de sua rotação (na medida em que a oscilação seja pequena). Procurando por um pequeno afastamento desta esperada independência, os pesquisadores de Washington observaram o pêndulo em amplitudes muito pequenas; na verdade, a rotação observada foi mantida em um nível tão pequeno que a excitação Browniana do pêndulo foi um fator considerado na interpretação dos resultados. Espera-se que a Segunda Lei de Newton seja quebrada nas escalas subatômicas, onde a incerteza quântica frustra qualquer definição de velocidade. Mas, para esta experiência, onde o pêndulo tinha uma massa de 70g e consistia de 1024 átomos, considerações quânticas não eram importantes. De acordo com um dos cientistas envolvidos, Jens Gundlach, esta nova afirmação de que a força é proporcional à aceleração (ao menos para velocidades não-relativísticas), pode influenciar futuras discussões de duas anomalias: (1) anomalias nas curvas de rotação de galáxias — caracterizando a velocidade das estrelas como uma função de seu raio a partir do centro galáctico — sugere, ou que um empuxo extra gravitacional, na forma da presença da ainda não detectada matéria escura, está em ação; ou que alguma outra forma da Segunda Lei de Newton poderia estar funcionando (o que conhecido como Dinâmica de Newton Modificada [Modified Newton Dynamics = MOND]); e (2) o continuado mistério que cerca as inexplicadas acelerações que aparentemente caracterizam a trajetória das espaçonaves Pioneer (ver PNU n° 391, matéria 1). (Gundlach et al., Physical Review Letters, artigo em publicação).
CÉLULAS SOLARES ASSISTIDAS POR PLASMON. Por causa de sua ubiquidade na eletrônica, o Silício é o semicondutor favorito para uso em células solares fotovoltáicas. Ainda assim, é desejável reduzir as quantidades de Si necessárias para dispostivos de largas áreas. Além disso, o Silício é um pobre emissor e absorvente de luz e, por este motivo, a eficiência das células solares tem sido, geralmente, pobre. A eficiência das células com finas películas de Si é mais pobre ainda do que a de células com a espessura de um wafer. Como fazer células baratas (usando películas finas) mas também bastante absorventes, é uma meta importante. Os cientistas na Universidade de New South Wales, na Austrália, conseguiram, agora, aumentar a absorção de luz solar empregando plasmons de superfície. Quando a luz atinge uma superfície metálica, pode iniciar perturbações elétricas na superfície, tanto como excitações localizadas, chamadas de plasmons de superfície, ou como ondas móveis, chamadas polaritons-plasmons de superfície. Os plasmons podem ser considerados um substituto para a luz, exceto em comprimentos de onda mais curtos. Se, além disso, a energia dos plasmons pode ser eficientemente coletada e transferida para uma guia de onda subjacente que faria parte da célula solar, então o rendimento das células pode ser aumentado. Isto é o que fazem os pesquisadores de New South Wales. Eles usam nanopartículas de Prata para excitar plasmons de superfície, que aumentam a captura da luz. Para películas com 1,25 mícrons de espessura, a melhora foi de um fator de 16 para,luz com um comprimento de onda de 1050 nm. Para wafers, a melhora foi de um fator de 7 para um comprimento de onda de 1200 nm. O Silício normalmente absorve luz somente de maneira fraca nesta parte do espectro, de forma que a melhora é significativa. Ao longo de todos os comprimentos de onda, a melhora da fotocorrente para as superfícies de película de 1,25 mícrons e de wafer foi, respectivamente, 33% e 19%. De acordo com Supriya Pillai, otimizar o tamanho das nanopartículas deve trazer melhoramentos adicionais. (Pillai et al., Journal of Applied Physics, artigo em publicação)
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Physics News Update nº 818

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 818, de 5 de abril de 2007 por Phillip F. Schewe e Ben Stein. PHYSICS NEWS UPDATE
RESFRIAMENTO A LASER DE OBJETOS DO TAMANHO DE UMA MOEDA, até temperaturas de 1°K agora é possível. Em um conjunto de experiências realizadas no ano passado, uma variação da técnica de resfriamento a laser, usada no congelamento de vapores de gases até temperaturas sub-kelvin, foi usada em amostras macroscópicas (porém ainda muito pequenas) na faixa de nano e micrograma. Agora, uma colaboração de cientistas do Laboratório LIGO no MIT e Caltech e dos Institutos Max Planck em Potsdam e Hannover, usou feixes de laser para arrefecer um espelho do tamanho de uma moedinha, com uma massa de 1 grama, até uma temperatura de 0,8°K. A meta de congelar um objeto comparativamente grande (com mais de 1020 átomos) é investigar as propriedades quânticas de grandes conjuntos de matéria. Um importante caveat aqui é o fato de que em todas essas experiências, a “refrigeração” acontece em uma única dimensão. A temperatura de 1°K se aplica ao movimento dos átomos ao longo da direção do feixe de laser, enquanto o espelho fica livre para se movimentar (embora não muito) em outras direções. Consequentemente, se alguém tocasse a amostra, ela não pareceria criogenicamente fria.
Além do recorde de baixa temeperatura obtido para um objeto grande como 1 grama, outra característica interessante da experiência diz respeito à magnitude da força exercida pelos feixes de laser. Na dimensão escolhida, o feixe fixa o espelho tão firmemente que parece que ele está sendo preso no lugar por uma mola mais rígida do que um diamante com as mesmas dimensões do feixe laser (longo e fino). De acordo com o pesquisador do MIT, Nergis Mavalvala, a amostra é fixada por uma rigidez (como se o feixe de laser fosse sólido) caracterizado por um Módulo de Young (o parâmetro que especifica a rigidez) de 1,2 Tera-Pascals, algo 20% mais duro que o diamante. (Corbitt et al., Physical Review Letters, artigo a ser publicado; página wiki do laboratório aqui)
O TUNELAMENTO DE ELÉTRONS EM ÁTOMOS FOI AGORA OBSERVADO EM TEMPO REAL por uma equipe Germânico-Austro-Holandesa (Ferenc Krausz, Instituto Max Planck de óptica quântica e Ludwig Maximilians, da Universidade de Munich), usando pulsos de luz que duram apenas muitas centenas de attossegundos (bilhonésimos de bilhonésimos de segundo), o que fornece novos vislumbres sobre um importante e ultra-rápido processo na natureza.
Um elétron ligado a um átomo fica na base de um tipo de colina energética. Para escapar do átomo, o elétron ususalmente requer adquirir energia suficiente para passar por cima da colina. Então, por exemplo, bombardear um átomo com pulsos de luz que emita fótons com energia suficiente, pode permitir que o elétron escape. Entretanto, se o átomo for banhado por um chuveiro de fótons de menor energia, ainda há uma chance de que um elétron, se estiver localizado na periferia do átomo, possa escapar, muito embora não tenha a energia suficiente. Isto acontece através do fenômeno de tunelamento quântico, no qual existe uma pequena probabilidade de que o elétron “escave um túnel” através da colina de energia. O processo de tunelamento é responsável pelo funcionamento de certos componentes eletrônicos, tais como microscópios de varredura por tunelamento, Diodos (de túnel) Esaki e lasers de cascata quântica. E, na fissão nuclear, acredita-se que partículas Alfa (dois prótons mais dois nêutrons) escapem do núcleo fissionado através de tunelamento. Porém, o processo de tunelamento acontece tão rapidamente, na escala de attossegundos, que não tinha sido possível observá-lo diretamente. Com a recente capacidade de criar pulsos de luz na escala de attossegundos — liderado por Krausz e outros — agora isto é possível. Na nova experiência, um gás de átomos de Neônio é exposto a dois pulsos de luz. Um é um pulso intenso, contendo fótons vermelhos de baixa energia. O segundo pulso é um pulso de luz ultravioleta com a duração de attossegundos. Este pulso ultravioleta de attossegundos envia fótons tão energéticos que eles podem arrancar um elétron e promover outro para a periferia do átomo, em um estado quântico excitado. Então, o intenso pulso vermelho, consistindo somente de uns poucos ciclos de onda (picos e vales), tem uma chance de libertar o elétron exteriorizado, através do tunelamento induzido por campo de luz. Com efeito, os pesquisadores viram este fenômeno, previsto teoricamente quarenta anos atrás, mas somente verificado experimentalmente agora, pela primeira vez, em um estudo diretamente resolvido em tempo. Cada vez que uma crista de onda do pulso de poucos ciclos vermelho percorria os átomos, os elétrons, a cada vez, aumentavam sua probabilidade de escapar por tunelamento, até que se atinguiu os 100%. Os dados indicam que, nesse sistema em particular, os elétrons escapam por tunelamento em três passos distintos, sincronizados com os três mais intensos picos de onda no centro da onda laser de poucos ciclos. Cada passo demora menos do que 400 attossegundos. (Uiberacker et al, Nature, 5 de abril de 2007; ver também o press release com figuras e mais informações em http://www.mpq.mpg.de)
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Physics News Update nº 817

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 817, de 29 de março de 2007 por Phillip F. Schewe e Ben Stein. PHYSICS NEWS UPDATE
SAL LENTO. O emprego de resfriamento por laser torna relativamente fácil resfriar átomos a temperaturas da ordem de microkelvin. Este processo não é útil para moléculas, as quais possuem uma grande variedade de movimentos vibratórios e rotacionais. Por meios indiretos, entretanto, amostras estacionárias de vapores moleculares têm sido arrefecidas a temperaturas de mK, por meio do resfriamento das moléculas em Hélio líquido, ou pela desaceleração de moléculas polares, ou a temperaturas de microkelvin soldando pares de átomos previamente resfriados. Uma outra técnica de resfriamento emprega uma fonte de feixe giratório, cuja velocidade cancela a velocidade das moléculas que emergem da fonte. Veocidades moleculares baixas como 60 m/s foram obtidas. Agora, dois físicos da Universitat Bielefeld (Alemanha) conseguiram produzir um feixe de moléculas de Brometo de Potássio (essencialmente um tipo de sal) com uma velocidade molecular média de 42 m/s; estima-se que cerca de 7% do feixe viaje até mais lentamente do que 14 m/s (abaixo de 1,4°K). Nessa velocidade, algmas das moleculas podem ser capturadas em uma armadilha. As moléculas frias de KBr são feitas mediante o envio de um feixe de átomos de K de encontro a um contra-propagante feixe de moléculas de HBr, onda as velocidades de ambos os feixes têm que ser ajustados corretamente. Dentro da zona de intersecção, as moléculas de KBr se formam por reação química. Lá, a densidade das moléculas armadilháveis é de cerca de dois milhões de moléculas por centímetro cúbico, mas os pesquisadores acreditam que esse número pode ser multiplicado por mil. Além de KBr, feixes de moléculas de outros sais pesados podem ser produzidos (tais como CsI) bem como feixes de radicais (moléculas reativas com elétrons desemparelhados), tais como CaBr e BaI. De acordo com Hansjuergen Loesch, moléculas lentas são um pré-requisito para realizar a química fria, que simularia as condições em frias atmosferas planetárias ou nas frias nuvens interestelares. Se a química for suficientemente fria, novos efeitos quânticos podem emergir. (Liu and Loesch, Physical Review Letters, 9 de março de 2007)
A SEMPRE MUTANTE FACE DO PLUTÔNIO. Uma nova teoria explica algums das estranhas propriedades do Plutônio, o metal radiativo, mais conhecido por sua propensão para entrar em reação em cadeia de fissão nuclear, o que o torna um potente combustível para armas nucleares e usinas de energia. O Plutônio é um dos metais mais incomuns – não é magnético e não conduz bem a eletricidade. O material também muda de tamanho dramaticamente, mesmo com as mais leves mudanças em suas temperatura e pressão. O conjunto de propriedades incomuns do átomo torna-o distinto até de seus vizinhos mais próximos na Tabela Periódica, tais como o Amerício. O que torna o Plutônio tão singular? Na nova teoria, desenvolvida pelos teóricos de matéria condensada na Universidade Rutgers em Nova Jersey, os oito elétrons mais externos (ou “elétrons de valência”) podem circular por diferentes orbitais (regiôes em torno do átomo). No orbital 5f do Plutônio, aquele com maior influência em suas propriedades atômicas, o número de elétrons nele contidos é, mais frequentemente, cinco (aproximadamente 80% do tempo), mas também podem ser seis (aproximadamente 20% do tempo), ou quatro (menos de 1% do tempo), de acordo com a teoria. Esses elétrons entram e saem do orbital 5f muito rapidamente – na ordem de femtossegundos, ou seja, um quadrilhonésimo de segundo, dizem os pesquisadores. O Plutônio é um exemplo de um material fortemente correlacionado, no qual os elétrons de valência interagem entre si grandemente e não podem ser tratados como agentes independentes. Levando essas interações em conta, os pesquisadores combinaram duas abordagens teóricas para materiais sólidos, chamadas aproximação da densidade local e teoria dinâmica de campo médio, para obter sua sofisticada análise. Como sua análise demonstra, o orbital 5f dita várias das propriedades chave do Plutônio, tais como sua falta de condutividade e magnetismo. Com sua teoria, os pesquisadores também explicaram as propriedades magnéticas e elétricas do Amerício e do Cúrio. Eles esperam que sua abordagem também venha a elucidar as propriedades das Terras Raras na Tabela Periódica. (Shim et al., Nature, 28 de março de 2007.)
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Physics News Update nº 816

O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 816, de 23 de março de 2007 por Phillip F. Schewe e Ben Stein. PHYSICS NEWS UPDATE
MAGNETORESISTÊNCIA QUANTIZADA. A conversão de um pequenino fluxo magnético em uma modificação na resistência de um circuito externo, um processo conhecido como magnetoresistência, é o coração da indústria de 60 bilhões de dólares de fabricação de discos rígidos para computadores. Dados digitais, armazenados no disco sob a forma de minúsculas polarizações (que representam um “1” ou um “0”) na superfície do disco em pequenos domínios de somente 50 por 200 nm de dimensões, são lidos por um sensor que passa por cima dessa superfície a meros 10 nm. A primeira observação sem abiguidades de uma versão digital do efeito de magnetoresistência – a mudança na resistência registrada pelo sensor em passos distintos, na medida em que a orientação da magnetização com relação ao sensor é modificada – foi agora relatada por físicos da Universidade de Nebraska (EUA) e do Institut de Physique et de Chimie des Materiaux de Strasbourg (França). A quantização da condutância no lado do sensor foi obtida fazendo-se com que a corrente fluísse através de uma constrição que se reduz até o tamanho de um único átomo (ver figura aqui ), uma passagem que impõe condições quânticas. De acordo com o cientista de Nebraska, Andrei Sokolov, um ponto de contato do tamanho de um átomo torna o processo de leitura e gravação ainda mais compacto em extensão física, o que permitiria o armazenamento de uma quantidade de dados muito maior. (Sokolov et al., Nature Nanotechnology, março de 2007; http://www.nature.com/nnano/index.html)
LINKS DE DADOS TRANSMITINDO E RECEBENDO EM TAXAS INUSITADAS. A IBM desenvolveu um novo transceptor, um dispositivo integrado que pode receber e transmitir quantidades recordes de dados em alta velocidade de forma óptica. A parte transmissora do dispostivo consiste de 16 lasers emissores por superfície de cavidade vertical (vertical cavity surface emitting lasers = VCSELs), lasers que emitem luz a partir da face de um chip semicondutor, em lugar da extremidade fendida do chip. Cada laser é capaz de modular um feixe de laser contínuo em uma taxa superior a 10 bilhões de vezes por segundo (um recorde para dispositivos individuais em um transceptor), perfazendo uma taxa total de envio de dados de 160 Gigabits por segundo (Gb/s). A parte receptora de 16 canais do dispositivo funciona na mesma velocidade, recebendo simultaneamente a uma taxa de 160 Gb/s. Os canais ópticos que transportam os dados podem ser tanto de fibras como de guias de onda ópticas, impressas em uma placa de circuito. Não somente a taxa de transferência de dados mono-canal é inusitada, com também a dissipação de potência (15.6 mW/Gb/s) e a densidade (9.4 Gb/mm²) são igualmente inusitados e dignos de todos os méritos. A IBM está desenvolvendo esse transceptor como parte de um programa (partrocinado pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada da Defesa [
Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA)] de comunicação chip-para-chip projetado para acelerar a comunicação entre supercomputadores. Clint Schow da IBM anunciará os detalhes desse trabalho na Conferência sobre Fibras Ópticas (Optical Fiber Conference = OFC) na próxima semana em Anaheim, California. (http://www.ofcnfoec.org/; Paper OThG4, “160-Gb/s, 16-Channel Full-Duplex, Single-Chip CMOS Optical Transceiver”)
UMA MAIOR QUANTIDADE DE OZÔNIO FOI DESTRUÍDA por uma explosão solar em 1859 do que em qualquer evento semelhante, desde então registrado, tais como a grande explosão de 1989. Não existiam satélites para medir essa ocorrência, mas os novos indícios se apresentam na forma de amostras de gelo da Groenlândia. Essas amostras refletem a chegada de prótons solares, que, por sua vez, modulam a quantidade de nitratos que aparecem nas amostras de gelo. O Ozônio nas camadas superiores da atmosfera nos protegem da radiação ultravioleta do Sol. A contribuição das substâncias químicas fabricadas pelos homens para a destruição desse Ozônio precioso e a ampliação do “Buraco do Ozônio” tem sido, naturalmente, um tópico de grande preocupação. O novo estudo foi realizado por três cientistas, um na Universidade Washburn, um no Centro Goddard da NASA e um na Universidade do Kansas. O núcleo de gelo de onde foi extraída a amostra, permitiu aos cientistas estabelecer que a explosão solar foi 6,5 vezes mais energética do que a explosão de 1989 e 3,5 vezes mais destruidora de Ozônio. (Thomas, Jackman, Mellott, Geophysical Research Letters, março de 2007)
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