Publicado
18 de ago de 2011
Sei que muitos leitores estão aflitos com a falta de post dos últimos séculos aqui no MARCO EVOLUTIVO. Pois é logo isso vai mudar. Porque um evento único e evolutivo está por vir:
minha defesa de doutorado.
Para aqueles que não sabem, depois de 4 anos (em média) de estudo da graduação ao se formar em uma universidade alguns percebem que gostam de fazer pesquisa, então fazem o mestrado que dura 2 anos (em média). Daí, alguns poucos decidem continuar a fazer ciência e entram no doutorado.
Muitos pensam que qualquer político ou alguém apenas formado em direito ou medicina é doutor!! Não, doutor é quem recebe o diploma de doutorado após cumprir créditos assistindo aulas de pós e pesquisar 4 anos (em média) algo inédito, qualificar para defender e defender
a tese. Tudo isso matriculado em um programa de pós-graduação reconhecido pelo MEC. É como se fosse fazer uma nova graduação num tema só. Imagine um trabalho de final de
semestre que demore 8 vezes mais para ser feito e escrito, essa é a tese.
Assim como o uso popular do termo Teoria é diferente do uso científico, o termo tese não se refere a um palpite ou opinião, mas sim ao mais profundo trabalho de investigação científica, seja no aspecto teórico quanto metodológico. Claro que no final tem-se um texto do tamanho de um livro.
Meu doutorado, assim como o mestrado, foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental da USP. Devo muito à minha orientadora, Vera Bussab, a mesma no mestrado e no doutorado, por todos esses anos juntos, ela sabe. Aprendi muito com ela.
Minha tese é intitulada
“Evolução da Musicalidade Humana: Seleção Sexual e Coesão de Grupo”.
Nela abordo e testo algumas explicações adaptativas para a existência das propensões musicais e artísticas em nossa espécie.
A defesa é um momento público em que o doutorando apresenta em meia hora o resumo da tese e uma banca de 5 doutores, dois internos aos programa da pós, 2 externos ao programa e o orientador fazem sua arguição, que inclui críticas, elogios, correções, comentários, colocações e sugestões futuras.
Se você se interessa pelo tema venha assistir minha defesa dia 25/08, na próxima quinta feira, às 14 horas na sala 36 do bloco F no Instituto de Psicologia da USP da São Paulo, Cidade Universitária.
Publicado
6 de abr de 2011
Depois de minha volta atribulada e ocupada ao Brasil voltamos à nossa série de palestras internacionais sobre Biologia Evolutiva e Psicologia Evolucionista. Lembrando que a idéia dessa série é a de complementar nossa formação no Brasil aumentando nossa exposição a idéias e pesquisadores internacionais sem precisar viajar. Depois de um ano no Canadá percebi a importância de estarmos bem mais integrados ao que europeus e norte americanos professores e alunos estão fazendo e sendo expostos a.
A palestra de hoje foi dada por
Maryanne Fisher – professora do Departamento de Psicologia na Saint Mary’s University em Halifax, Canadá – no final de fevereiro desse ano no ciclo de seminário do Programa de Estudos Evolucionistas
EvoS da Binghamton University, no ar desde 2007. Canadense, bem humorada e sagáz Maryanne Fisher fala sobre como as mulheres competem por parceiros amorosos, que foi tema de sua tese de doutorado. Ela mostra resultados de seus estudos usando fotos do rosto de estudantes testando e dissecando as estratégias de competição que mulheres mais adotam na busca por parceiros amorosos. Basicamente, ao contrário dos homens que facilmente partem para pancadaria, as mulheres competem de forma indireta, mas não menos efetiva.
O foco para elas não é tanto força bruta, inteligência ou riqueza, mas sim atratividade. Isso por que cada sexo compete exibindo as características valorizadas pelo sexo oposto. Então como homens valorizam mais atratividade e juventude nas mulheres do que elas nos homens, elas irão competir na arena da atratividade. Daí a importância que elas dão aos tratamentos e produtos de beleza. Elas no geral usam duas estratégicas básicas: elas tanto agem e fazem acreditar que são mais atraentes do que suas rivais, realçando a própria aparência, quanto fazem acreditar que suas rivais são menos atrativas do que elas realçando os defeitos alheios.
Trata-se de uma palestra de uma hora de duração, muito interessante, bem detalhada e bem apresentada. Inclusive Maryanne Fisher tem um blog de divulgação científica, o
Love’s Evolver no Psyhcology Today. Nele ela aborda vários assuntos relacionados ao amor, evolução e psicologia. Lá vocês encontrarão muitos posts interessantes e picantes, entre eles o post justamente sobre o
como as mulheres competem por homens. Um assunto muito negligenciado visto que o aspecto direto da competição masculina atrai muito mais atenção científica do que o aspecto indireto da competição feminina. O fato é que ambos os sexos competem por parceiros e ambos escolhem parceiros uns mais do que outros e de maneiras diferentes. Espero que aproveitem a palestra.
Maryanne Fisher – How Women Compete For Mates from EvoS on Vimeo.
Publicado
7 de jan de 2011
Feliz 2011 primatas do mundo!! Começaremos o ano continuando a série de palestras internacionais em
Psicologia Evolucionista e Biologia Evolutiva. A palestra de hoje é de
Helena Cronin sobre o porquê as diferenças sexuais importam na perspectiva darwinista. Vimos uma entrevista com ela em
Diferenças Sexuais e a Seleção Sexual. Ela é uma filósofa muito entendida em Darwinismo e propõe que ao invés de vingirmos que não existem diferenças entre homens e mulheres devemos entendê-las para evitar injustiças.
Ela resolve vários mal-entendidos sobre o assunto, como o que diz que se a natureza humana é fixa então mudanças políticas são impossíveis, e a confusão entre diferença e desigualdade. Nada nos fatos sobre a diferença entre homens e mulheres justifica ou embasa nenhum julgamento de valor automaticamente. Temos que combater o sexismo e a desigualdade embasados em princípios morais e direitos universais do ser humano e não em fatos sobre a mente de homens e mulheres.
A palestra foi gravada em 2009 no evento
Revolución Darwin no Chile divulgado aqui no Marco Evolutivo. E o vídeo tem 40 min e está dublado para o espanhol o que deixa bem fácil para entedermos. Aproveitem!
Publicado
30 de nov de 2010
Apresento aqui uma palestra muito interessante por dois motivos: ser muito bem ilustrada graficamente e por se tratar de um ponto de vista evolutivo para nossas capacidades de apreciação estética.
Denis Dutton lançou ano passado o livro
The Art Instinct e nele apresenta a Estética Evolucionista e as ligações entre a seleção sexual e as manifestações artísticas. De nossa fascinação por paisagens ao humor, passando pela música e dança todas guardam as cicatrizes evolutivas das interação sociais ancestrais que promoveram o sucesso reprodutivo diferencial. Vale a pena dar uma conferida nessa sua palestra, na outra palestra de uma hora abaixo mais aprofundada e
no site do seu livro. Aproveitem.
Publicado
16 de nov de 2010
A
Discovery Brasil lança uma série de vídeos curtinhos e dublados promocionais sobre a ciência do
sex appeal. Basicamente eles mostram resultados de estudos em Psicologia Evolucionsita sobre escolha de parceiros e amor que apontam que beleza está aspectos específicos tanto d rosto como do corpo, do cheiro, da voz, do modo de flertar e nos recursos que se possui. Os vídeos são bem ilustrativos e interessantes, recehados de entrevistas com os pesquisadores da área.
Só fiquem espertos com afirmações descuidadas, como “O esforço incansável dos homens para conquistar mulheres pode, na realidade, não ser culpa deles…” do segundo vídeo, por exemplo. Procurar na Biologia do comportamento humano, seja evolução ou hormônios, desculpas para qualquer que seja o comportamento é o maior erro que se pode cometer, principalmente quando da popularização desses estudos. Fazer isso é incorrer nos mesmo erros dos séculos passados como eugenia e dawinismo social que tanto mancharam essa área. Tolerância zero com a falácia naturalista!! Não deixe mal-entendidos prejudicarem seu conhecimento da área, lembre-se Explicar não é Justificar, assim como Entender não é Perdoar!!!
Os vídeos abaixo são a série toda em inglês para os destemidos. Aproveitem!!
Publicado
3 de nov de 2010
Muitos podem pensar que eleição é um comportamento muito recente, e sendo assim, não tendo nada a ver com a evolução do comportamento humano, certo? Pois é, mas a dimensão cultural humana não é tão facilmente separável da dimensão biológica assim como podemos intuir. A Biologia do comportamento humano oferece importantes contribuições e implicações para pensarmos eleições, candidatos e resultados. Não estou dizendo que existia eleições democráticas com urna eletrônica e tudo mais no nosso ambiente ancestral, mas sim que aspectos básicos da nossa cognição social primata estão em cena no nosso moderno cenário eleitoral. Veremos como nossas propensões psicológicas influenciam e são influenciadas pelas eleições, como a presidencial que acabamos de ter no Brasil.
A primeira coisa que temos que entender é que o modo como nós concebemos eleições, como uma vitória democrática histórica e uma construção social moderna não são como nossa mente primata a percebe. Para nossa mente eleição nos remete à velha tarefa de escolher e aliar-se a coalizões de poder, algo que, durante o período evolutivo, foram favorecidas decisões que poderiam influenciar positivamente sua aptidão e também a sobrevivência e reprodução de seus parentes. Então se quisermos concretizar todas as implicações dos ideais de eleições democráticas modernas temos que entender melhor as nossas propensões psicológicas que influenciam a velha tarefa de escolher e aliar-se a coalizões de poder.
Escolher um representante de coalizão é uma difícil tarefa que muitas vezes tem implicações bem próximas a você e com conseqüências prolongadas. Até para aqueles que não se deixam influenciar pelo assédio ou compra de votos, não imitam a escolha de alguém importante (seja líder religioso, artístico, acadêmico ou familiar) e nem tentam seguir a maioria mostrada nas pesquisas eleitorais, existem muitas outras influências internas enviesando tal escolha. Em 2002, Stanford Gregory Jr. e Timothy Gallagher da Kant State University publicaram o estudo
“Spectral analysis of candidate’s nonverbal vocal communication: Predicting U.S. presidential election outcomes”.
Eles analisaram o tom da voz de candidatos a presidência dos EUA em debates desde 1960 e obtiveram que tons de voz mais graves induziam percepções de maior dominância social, o que previa a quantidade de votos recebido em todas as 8 eleições analisadas. Parece que em nossas deisões eleitorais ainda estamos nos guiando por pistas de dominância social que, como diferentes estudos apontam, se relacionam com níveis de testosterona, força física e resistência a parasitas.
Tais parâmetros são os mesmos acessados na busca por parceiros amorosos, pois sabemos que a sobrevivência é só um meio para se chegar à própria reprodução e a de parentes. Então as disputas entre coalizões podem ser entendidas como sendo parte da competição intra-sexual por poder sobre recursos, sendo o acesso sexual um dos mais relevantes evolutivamente.
Em muitas espécies quando um macho vence o macho alfa dominante ele mata todos os filhotes induzindo as fêmeas a pararem de investir nos filhos do outro macho para investir em se reproduzir novamente, com ele dessa vez. Visto isso seria esperado que a coalizão vencedora estivesse mais motivada sexualmente, apresentando alto apetite sexual do que a coalizão perdedora. Pois bem, acaba ser publicado no número de novembro do Journal Evolution and Human Behavior uma pesquisa que testa exatamente essa hipótese com relação a eleições.
Eles encontraram que nos estados em que a maioria votou no partido vencedor as pessoas usaram mais palavras no Google em busca de pornografia do que nos estados em que a maioria votou para o partido perdedor. Pois é parece que ainda lidamos com as eleições de formas semelhantes como os outros mamíferos lidam com das disputas de poder onde o acesso sexual é um dos prêmios finais.
Vimos apenas dois exemplos de como a Psicologia Evolucionista pode contribuir para entendermos e, posteriormente, aprimorarmos nosso processo eleitoral. Mais pesquisas precisam ser pensadas a esse respeito em países diferentes para vermos se esse resultados se mantém. E claro como estamos a menos de uma semana após as eleições presidenciais brasileiras fique com um eslogam eleitoral evolucionista: “Dê privacidade ao computador para os que votaram no partido vencedor”.
Publicado
20 de abr de 2010
Quem nunca convidou alguém pra dançar uma música lenta? Trata-se de um momento interessantemente tenso e de decisão rápida. Imagine-se num nightclub numa cidade de tamanho médio do oeste francês. Vocês garotas estão com suas amigas e quando começa tocar aquela música lenta romântica você é abordada por um rapaz atraente. Ele diz: “Olá meu nome é Antonie, quer dançar?” O que você faria? Numa fração de segundos você já analisou milhares de aspectos desse desconhecido e toma a decisão: “Não obrigada.” Então ele fala: “Que pena, outro dia talvez.” Mas se você aceitasse ele te diria que você acabou de participar de um experimento naturalístico sobre comportamento
social em nightclubs! Em ambos os casos você é logo abordada pela pesquisadora para você responder um questionário.
Com certeza as mulheres tiveram várias razões pessoais para aceitar ou declinar do convite, mas não podemos esquecer que enquanto bons primatas que somos temos nossas razões biológicas também e na maioria das vezes, ambas andam juntas.
No estudo Menstrual cycle phase and female receptivity to a courtship solicitation: an evaluation in a nightclub do
pesquisador francês
Nicolas Guéguem publicado no jornal científico
Evolution and Human Behavior em 2009, três rapazes, os quais foram considerados os mais atraentes num estudo prévio, foram os galãs convidando ao todo 211 mulheres pra dançar. Ele descobriu que as mulheres no período fértil aceitaram mais o convite para dançar do que as outras. Pela primeira vez é documentado um efeito do período fértil numa situação de paquera realista.
O ciclo menstrual tem três principais períodos e ele não se refere apenas aos dias de menstruação. Basicamente uma vez por mês o útero, o corpo e a mente feminina se preparam para uma possível gravidez. O primeiro período vai do primeiro dia de menstruação, que dura até 5 dias, até o dia 8. Do dia 9 ao dia 15 é o período fértil ou folicular, quando a mulher tem muito mais chances de engravidar. Do dia 16 ao 28, se não houver gravidez, segue-se o período luteal.
Vários estudos em laboratório já mostraram que durante o período fértil as mulheres que não estão tomando contraceptivo hormonal julgam mais atraentes características físicas nos homens relacionadas a masculinização e simetria. Estes são tidos como indicadores de resistência a doenças, já que a testosterona deprime o sistema imunológico, e de estabilidade no desenvolvimento embrionário. Além disso, elas também têm mais fantasias sexuais inclusive com sexo extraconjugal. Entretanto, poucos são os estudos sobre as mudanças psicológicas do período fértil nas interações sociais do dia a dia em situação realistas.
que com 5 horas de trabalho na fase fértil as dançarinas eróticas ganharam $335,oo em gorgetas, enquanto que na fase luteal ganharam $260,oo e na fase menstrual apenas $185,oo Esse estudo
ganhou o Ig Nobel como pesquisa improvável no campo de economia em 2008.
Em conjunto essas duas pesquisas apontam as influências da seleção sexual na dança. O interessante é que o período fértil influencia tanto a exibição feminina em forma de dança quanto o aceite de convites para dançar aumentando assim as chances de encontrar um parceiro no áuge da probabilidade de concepção. O que dançou nessa história foi a idéia que a ovulação humana é oculta, com certeza ela não está tão descarada quanto nos chimpanzés, mas definitivamente não é tão silenciosa quanto se pensava.
As mulheres viveram um dilema evolutivo de encontrar um parceiro que ajude a criar seus filhos e que seja sexy, inteligente e másculo. E as estratégias psicológicas femininas para terem o melhor dos dois mundos, mesmo que esteja em corpos diferentes coevoluiram com as estratégias psicológicas masculinas de não criarem filhos de outros homens e esse antagonismo pode ter diminuído os sinais da ovulação e aumentando os períodos do ciclo em que a mulher faz sexo. A confusão da paternidade e a incerteza da paternidade coevoluiram numa dança continua em nossa espécie e muitos desse movimentos ainda estão para serem desvendados.
Publicado
17 de nov de 2009
David Attenborough, coroado como Sir pela Rainha da Inglaterra, vem coroar três temas de posts muito visitados aqui no MARCO EVOLUTIVO. Depois de nos falar sobre a imensa capacidade de imitação vocal do
pássaro lira, David Attenborough, um dos maiores divulgador de documentários biológicos, apresenta agora três vídeos: um sobre o bower bird, outro sobre o corvo o outro sobre a orquídea que mimetiza a fêmea de vespa.
O bower bird, ave que constrói ninhos intensamente decorados como chamarizes de fêmeas foi tema de dois posts. Em
Bowerbirds e a Arte de Seduzir I conhecemos os dotes artísticos na área da arquitetura e decoração desse grupo de pássaros australianos e vimos como a seleção sexual pode esculpir ornamentos extra-corpóreos.
Em Bowerbirds e a Arte de Seduzir II vimos que esses pássaros, além de exímios construtores de ninho, são imitadores de cantos de outras espécies também. E às vezes a fêmea se guia mais pela a acurácia e a variedade de espécies imitadas do que pelo próprio ninho decorado. Dessa forma até a canção pode ser encarada como um ornamento extra-corpóreo valorizado pela fêmea. No vídeo abaixo Sir Attenborough fecha a trilogia do MARCO EVOLUTIVO apresentando o bowerbird que constrói os ninhos maiores e mais ornamentados do mundo, o extremo em ornamento extra-corpóreo. Ele ressalta a dedicação e a opção de escolha dessas aves sobre o item decorativo mais esteticamente efetivo para as fêmeas.
O corvo mostrou toda sua capacidade mental ao passar no teste do autoreconhecimento no espelho em Curvando-se ao Corvo, o Pensador. Lá o próprio David Attenborough narra a façanha do uso do transito pelo corvo como uma ferramenta para abrir sementes. Cada vez mais percebemos que as capacidades intelectuais humanas não são o ápice de um grande salto qualitativo em relação aos outros animais. Mas sim são um contínuo em especialização compartilhada por muitos outros animais com ecologias semelhantes. No vídeo abaixo Sir Attenborough apresenta como o corvo com uso de ferramenta utiliza o ataque de seu oponente contra ele mesmo. Ele ressalta também como as técnicas de pesca de larvas usando ferramentas são transmitidas de geração em geração.
O caso da Orquídea que mimetiza a fêmea da vespa foi o tema do Coevolução e Seleção Sexual no Caso da Vespa Tarada. Lá vimos como um grupo de orquídeas que, ao se enveredar numa orgia pansexual com outro reino de seres vivos, acaba entrando na dinâmica de manipulação e exploração estética da seleção sexual de algumas vespas e abelhas. Vimos como os canais de estímulos sexuais estão abertos a manipulação por serem dificilmente deixados de lado na evolução sem um prejuízo na aptidão. No vídeo abaixo Sir Attenborough apresenta as diferentes maneiras que as orquídeas induzem os machos de vespa a levarem de flor em flor seus sacos de pólen numa orgia de zumbidos. Ele ressalta as formas, cores e cheiros das orquídeas que super excitam os machos.
Publicado
10 de nov de 2009
No final no
Origem das Espécies, nosso aniversariante do mês, Darwin vislumbrou uma revolução na Psicologia: “
Num futuro distante eu vejo campos abertos para pesquisas muito importantes. A Psicologia estará embasada em uma nova fundação, aquela da aquisição necessária de cada poder e capacidade mental de forma gradualista. Muita luz será lançada sobre a origem do homem e sua história”.
O surgimento da Psicologia Evolucionista e disciplinas relacionadas que estudam a natureza humana indicam o começo da concretização da previsão de Darwin, segundo David Buss no artigo intitulado The Great Struggles of Life: Darwin and the Emergence of Evolutionary Psychology de 2009.
Dr David Buss é professor da Universidade do Texas e um dos pioneiros em Psicologia Evolucionista. É dele o famoso estudo de 1986 amostrando 10.047 pessoas em 37 culturas indicando diferentes diferenças sexuais consistentes nos critérios para seleção de parceiros românticos. Ele já escreveu livros sobre a evolução do desejo e motivação sexual, ciúmes, assassinato, conflito entre homens e mulheres, personalidade além de dois livros sobre Psicologia Evolucionista.
Nos vídeos abaixo veremos uma palestra de Buss dublada para o espanhol concedida ao programa La Ciudad de las Ideas de 2008. (25 min). No primeiro vídeo ele fala que as estratégias de acasalamento (formação de casais) surgem do desejo, que existem diferenças entre homens e mulheres na esfera do acasalamento, qual o papel e a história da seleção sexual de Darwin e que temos um menu complexo de estratégias de acasalamento contendo relacionamentos de longo prazo, curto prazo, extraconjugais, seriais e mistos.
Quanto ao longo prazo, ele fala do estudo com 37 culturas em que, apesar de ambos os sexos valorizarem igualmente o amor mutuo, a inteligência e a amabilidade, homens valorizam mais aparência a e juventude e mulheres valorizam boas perspectivas financeiras. Quanto ao curto prazo, ele mostra que homens desejam por volta de 20 parceiras sexuais diferentes pra vida inteira ao passo que as mulheres desejam cerca de cinco para toda vida. Veja mais sobre o desejo por variedade sexual em Desejos por Variedade Sexual do MARCO EVOLUTIVO.
No segundo vídeo ele fala que evolutivamente as mulheres traem por recursos ou bons genes ou pra conquistar um parceiro melhor, fala também que homens tem mais ciúme sexual enquanto as mulheres tem mais ciúme emocional devido a incerteza da paternidade para os homens e da incerteza do comprometimento masculino para as mulheres. E pra finalizar ele fala também que durante o período fértil as mulheres desejam mais sexo, acham mais atraentes homens mais simétricos e com faces, corpos e vozes mais masculinas. Aproveitem os vídeos.
Publicado
29 de set de 2009
Nesta quinta feita, dia 01/09 tem início na UNESP de São José do Rio Preto o
Simpósio de Sexologia promovido pelo Centro Acadêmico de Biologia “3 de Setembro”. O evento abordará os estudos acerca da sexualidade, envolvendo três grandes temáticas: a biológica comparativa e adaptativa; a do direito envolvendo aborto e crimes sexuais; e a informativa e de saúde envolvendo orientação sexual, sexualidade nas universidades e DSTs. Achei muito interessante a programação, pois geralmente a abordagem evolutiva para a sexualidade está fora da Sexologia.
Durante o Simpósio de Sexologia eu darei um mini-curso sobre a Evolução das Estratégias Sexuais. Para os participantes e para todos interessados no tema eu recomendo que leiam os posts sobre seleção sexual do MARCO EVOLUTIVO. Para descobrir sobre os padrões da seleção sexual nos outros animais vejam:
Para descobrir influências da seleção sexual no comportamento humano vejam:
E para vejam ótimos vídeos de especialistas no assunto vejam:
E falando em ótimos vídeos, aqui veremos em primeira mão um vídeo colocado hoje no youtube de um podcast do Biólogo Evolucionista Tim Clutton-Brock do Museu de Zoologia da Universidade de Cambridge. Nele Clutton-Brock aborda primeiro o desafio à evolução que os ornamentos representaram pra Darwin e sua solução foi criar a Seleção Sexual. Ele separa a beleza em dois tipos: a beleza simples e funcional do design adaptativo que evoluiu por seleção natural; e a beleza exagerada, multifacetada e complexa dos ornamentos que evoluiu por seleção sexual.
Ele fala que a seleção sexual, apesar de pensada só para formas e cores, atua em todas as formas de sistemas de sinalização e envolve sons e cheiros atraentes. Para ele as aves e mamíferos diferem quanto aos canais de comunicação o que pode ser evidenciado nas diferenças de ornamentos. As aves são em geral mais visuais e sonoras enquanto os mamíferos são em geral mais voltados para os ornamentos olfativos. Ele borda também que a maioria das pesquisas tem foco nas exibições masculinas, mas que atualmente os ornamentos femininos estão sendo mais estudados. Aborda também o efeito da assimetria no investimento parental nas diferenças sexuais nos humanos e nos benefícios que as fêmeas têm na seleção sexual.