Psicologia Evolucionista e Natureza Humana

A Psicologia Evolucionista (que muitos confundem com psicologia evolutiva, ou seja, psicologia do desenvolvimento) é uma área que mais cresce no mundo e no Brasil. Infelizmente muito das críticas negativas a ela está embasada em entendimentos errôneos, preconceitos e noções simplistas equivocadas sobre como o fator biológico se manifesta no comportamento humano e quais são suas implicações sociais.

Sugiro às pessoas que antes de despejarem seus “ismos” indignados: biologismo, determinismo, sexismo, naturalismo, reducionismo, fatalismo, conformismo entre outros, leiam o texto sobre se nós somos realmente dominados por nossos genes ou apenas por mal-entendidos. E descubram quantas noções preconceituosas sobre a natureza humana temos enraizadas.
Os livros estão mais voltados para resolver esses entendimentos equivocados são o O Que Nos Faz Humanos de Matt Ridley e o Tabula Rasa de Steven Pinker. Nesses livros uma coisa fica bem clara, que nossa velha noção sobre a natureza humana é uma das coisas que devemos desaprender e deixar muito dos preconceitos que impedem nosso entendimento sobre a Psicologia Evolucionista para trás.
E o programa “Coisas que nunca deviamos aprender” sobre Psicologia Evolucionista, em espanhol, que veremos abaixo, trata justamente da questão das novas noções sobre a natureza humana que estão desafiando concepções pautadas em entendimentos equivocados. Com a participação de Steven Pinker, ricamente ilustrado e com uma discussão final sobre as mudanças de paradigmas este programa tem três vídeos bem interessantes.
No primeiro vídeo veremos a discussão sobre nossa tendências agressivas e medos de cobra, sobre a antiga visão da tabula rasa, as inter-relações entre natureza e criação, as ligações com o projeto genoma e com a discussão das células tronco, veremos ainda que existe um grande preconceito frente as sociedade de caçadores coletores tribais, mas na verdade as habilidades mentais são as mesmas em todas culturas.
No segundo vídeo serão discutidas as diferenças entre homens e mulheres, seu desenvolvimento ontogenético, as influências mútuas entre cultura e circuitos cognitivos inatos, veremos que os seres humanos não têm menos se não mais instintos do que os outros animais, e como exemplo a linguagem, os tabus sexuais, ainda veremos as diferencias entre os sexos nas estratégias sexuais e o movimento hippie enquanto mais uma utopia sexual.
No último vídeo veremos o mal-entendido da suposta impossibilidade de mudança social, analisaremos a tabula rasa para perceber que diferença não é desigualdade, e na conversa final teremos a discussão sobre a revolução científica e as mudanças de paradigmas. E mudança é o que está acontecendo em todo o mundo quando se fala da natureza humana, pois como Hamilton disse em 1997 “a tabula da natureza humana nunca foi rasa e agora está sendo decifrada”.

150 anos da Seleção Natural!

Poucos sabem que o dia 1º de Julho é um marco evolutivo da história da Biologia. Como vimos em o 2009 o Ano da Biologia estamos dando início às comemorações sesquicentenárias da perigosa idéia que revolucionou o modo como vemos os seres vivos, inclusive a nós mesmos. Hoje é o aniversário de 150 anos do anúncio público da Seleção Natural de Darwin e Wallace.

Existem pelo menos três aniversários de 150 da Seleção Natural em 2008. Tem a descoberta independente da Seleção Natural por Wallace durante uma grande febre em fevereiro de 1858; tem o anúncio público da idéia conjunta na Sociedade Linneana em 1º de Julho de 1858; e tem a publicação dos artigos de Darwin e Wallace sobre a Seleção Natural em 20 de agosto de 1858. Estamos no meio dos aniversários.
Na noite de 1º de Julho de 1858, há 150 anos, ocorreu um evento que foi um dos maiores divisores de água da história do conhecimento. Os membros da Sociedade Linnean de Londres em Piccadilly ouviram dois fragmentos não publicados sobre a evolução, escritos pelo famoso naturalista Charles Darwin, e um artigo meticuloso escrito por um desconhecido, Alfred Russel Wallace. Nem Darwin nem Wallace estavam presentes. Darwin ficara em sua casa na Inglaterra em luto pela morte de um filho de febre escarlate e Wallace estava na distante Nova Guiné, caçando borboletas e besouros.
O texto com os artigos de Darwin e Wallace escrito no dia 30 de junho chama-se “On the Tendency of Species to form Varieties; and the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection” A comunicação para a Sociedade Linnean foi feita pelo botânico Joseph Hooker e pelo geólogo Sir Charles Lyell, ambos amigos de Darwin, que reuniram documentos de ambos mostrando que a descoberta da Seleção Natural foi feita independentemente por Darwin e Wallace.

Hoje ocorrerá um evento na Sociedade Linneana para marcar a leitura dos artigos de Darwin e Wallace a 150 anos atrás. É interessante notar que o grosso das comemorações sesquicentenário ocorrerá em 2009, devido ao ano da publicação do “Origens das Espécies”, 1859. Muito da importância de Wallace vem sendo negligenciada, segundo comentaristas na Nature em fevereiro desse ano. Existe sim um “darwincentrismo” na história da Biologia que muito prejudica o brilhantismo de Wallace. Um outro comentarista na Nature explica o “darwincentrismo” dizendo que: o “Origens das Espécies” era muito mais detalhado e ficou imensamente famoso; o termo Darwinismo foi cunhado pelo próprio Wallace em reconhecimento a prioridade da Darwin na descoberta; e Wallace no final de sua vida confessava sua crença em milagre e na espiritualidade, posturas que minaram sua credibilidade científica. Mas mesmo assim sugere que tratemos a Seleção Natural como o Darwin-Wallace princípio da Seleção Natural para dar o devido reconhecimento para ambos.

Em todo caso, todos concordam que a idéia da Seleção Natural é tão poderosa que se assemelha a um ácido universal que corroi tudo o que toca. Todas as crenças cosmológicas que partiam de uma mente superior que cria toda a complexidade de cima pra baixo foi dissolvida pelo poder cego e não-intencional da Seleção Natural em criar a complexidade biológica de baixo pra cima.
E cego mesmo foi o presidente da Sociedade Linnean, Thomas Bell, que escreveu em seu relatório anual de 1858 que o ano “não foi marcado por qualquer daquelas descobertas que faz uma revolução instantânea no departamento de ciências no qual ocorre”.

Parabéns Seleção Natural, parabéns Darwin e Wallace porque hoje a festa é de todos os seres vivos! Vejam o vídeo sobre a Seleção Natural e os vários entendimentos errôneos.

A Voz Inconfundível do Período Fértil


Nossas vozes dizem muito sobre nozes, ou melhor nós. Mas apesar de falarmos muito, falamos pouco sobre nossas vozes. O que tem que ser dito é que cada vez mais é estudado as influências da seleção sexual sobre a voz humana, principalmente com relação ao período fértil.

Atualmente é crescente entre os pesquisadores do comportamento humano a opinião de que essa história de ovulação oculta está por fora! A ovulação na nossa espécie nunca foi oculta, pois a cada mês são encontradas pesquisas que apontam mudanças psicológicas relevantes e evolutivamente previsíveis relacionadas ao período fértil.

Estudos já haviam mostrado que as mulheres (que não tomam contraceptivo hormonal), quando estão no período fértil preferem vozes mais masculinizadas, ou seja, manipuladas experimentalmente para parecerem envolver mais testosterona.
Outros apontam ainda que essa preferência além de ser maior por vozes mais graves no período fértil é maior também quando as mulheres buscam parceiros para relacionamentos amorosos de curto prazo.
Além de terem suas preferências influenciadas pelo período fértil, as mulheres parecem apresentar características na própria voz consideradas mais atraentes quando elas estão no período fértil.
Os cientistas, da Universidade Estadual de Nova York, gravaram mulheres contando de 1 até 10 em quatro fases diferentes do ciclo menstrual. Posteriormente, eles tocaram as gravações aleatoriamente para estudantes dos sexos masculino e feminino e pediram que apontassem as vozes mais atraentes.
O estudo mostrou que as vozes com timbre mais alto foram indicadas pelos estudantes como as mais sexy. Ou seja, a ovulação humana não é oculta, tá na cara, ou melhor na voz das mulheres se elas estão no período fértil ou não. Basta ver quão sexy lhe soa a voz. Veja o vídeo sobre esse estudo.

O sexo chimpanzé e o conflito de gerações

Os chimpanzés, nossos parentes mais próximos na Terra, apresentam não só uma ótima oportunidade para nos entendermos com um olhar mais amplo, mas também para estudar suas próprias peculiaridades comportamentais. O início da Primatologia foi marcado por um interesse secundário no comportamento dos outros macacos e sim mais uma oportunidade comparada ao estudo do ser humano. Atualmente existe um interesse legítimo no comportamento e nas peculiaridades dos outros primatas, visto que eles não são “piores” do que nós e muitos estão sofrendo ameaças de extinção.

E nada mais interessante do que falarmos sobre o sexo dos nossos parentes mais próximos. As chimpanzés fêmeas não apresentam menopausa, ficando fértil por todos seus 40 anos médios de vida, ao contrário dos humanos. Então, será que os machos chimps apresentam a mesma preferência por fêmeas mais novas que homens apresentam? Foi exatamente essa questão que motivou uma pesquisa feita pelo antropólogo Martin Muller da Boston University. Ele observou a faixa etária das fêmeas mais abordadas para cópula num grupo de chimps no Kibale National Park em Uganda.
Ele obteve que, ao contrário dos homens, os chimpanzés machos preferem fêmeas mais velhas. Os machos competem intensamente pelas fêmeas mais velhas, enquanto as mais novas têm que se esforçar mais para atrair a atenção. Comparado com as mais novas as fêmeas mais velhas são mais abordadas, acasalam mais comumente no período do estro, copulam com maior freqüência com os machos dos altos postos da hierarquia e geram intensa disputa entre os machos na época de acasalamento.
Bom, vocês perceberam que existe hierarquia entre as fêmeas sendo as mais velhas as mais dominantes, e assim elas obtêm um acesso melhor a melhores alimentos. E uma fêmea bem nutrida apresenta maior fecundidade, ou seja, maior a probabilidade de darem à luz em qualquer ciclo fértil. Então seria de se esperar que as fêmeas mais novas desenvolvessem estratégias para contornar essa influência dominante das mais velhas e também se dar bem na reprodução (duplo sentido opcional).
E foi exatamente isso que o psicólogo Simon Townsend da University of St Andrews e colegas obtiveram em seus estudos sobre as eróticas vocalizações de cópula que as fêmeas emitem, quase como gemidos sexuais. A hipótese vigente dizia que essas sinalizações vocais das fêmeas funcionavam indicando sua fertilidade para os machos, incitando a competição de modo que quem copulava era o melhor macho, o que ganhou a competição. Mas eles não encontraram suporte para essa hipótese, pois não houve relação entre os chamados de cópula e o período fértil.
Ao invés disso eles obtiveram que as fêmeas gemiam mais quando copulavam com machos de dominância mais elevada, mas elas suprimiam as vocalizações quando fêmeas de maior dominância estavam por perto. Essa flexibilidade estratégica na emissão dos chamados de cópula acaba por prevenir a competição social, que muitas vezes é violenta, entre as fêmeas de diferentes idades.
As fêmeas chimpanzés parecem estar muito mais interessadas em fazer sexo com diferentes machos sem que as fêmeas dominantes descubram para não gerar confusão pra cima delas, do que gerar competição barulhenta entre os machos. Não esperávamos que o conflito de gerações entre as chimps fosse originar cópulas silenciosas e veladas.

Como vimos, o sexo primata pode dar muito o que falar como pode dar muito o que calar. Aliás, calar foi a única coisa que os humanos (crianças e adultos) não fizeram frente ao ato sexual chimpanzé deste vídeo.

Darwin na Capital: Exposição e Palestras

A Esplanada dos Ministérios da capital do nosso Brasil recebe a partir dessa quarta-feira dia 04/06 a Exposição Darwin: Descubra o Homen e a Teoria Revolucionária que Mudou o Mundo que atraiu mais de 250 mil visitantes em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ela está situada numa grande tenda armada atrás do Teatro Nacional, no Espaço Cultural da República Norte e ficará em Brasília até dia 20 de julho. Maiores detalhes veja na reportajem do Jornal de Brasília.
Os dois ciclos de palestras gratuitas dos Eventos Culturais já estão com suas programações no site da exposição. O Desvendando a Árvore da Vida sempre às 20h terá 7 palestras: a primeira foi hoje sobre a A vida e obra de Darwin ministrada por Maria Isabel Landim; dia 12/06, Rosana Tidon falará sobre a Importância da Biologia Evolutiva para a Sociedade; dia 19/06, Silviene Fabiana de Oliveira falará sobre A Orgien do Homem Moderno e a Desinvensão das Raças; dia 26/06, Marcelo Alcantara falará sobre Evolução, Saúde e Tecnologia; dia 03/07, Regina Helena Macedo falará sobre Darwin e a Seleção Sexual; dia 10/07, Paulo Abrantes e Fábio de Almeida falarão numa mesa redonda sobre o Confronto entre o Darwinismo e o Criacionismo; e dia 17/07, Maria Luíza Gastal falará sobre Evolução e Psicanálise.
O ciclo de palestras Infinitas Formas sempre às 15h também terá 7 palestras: dia 07/06, Paulo César Motta falará sobre Aranhas e Escorpiões; dia 14/06, Detlef Hans Gert Walde falará sobre a Evolução no fim do Pré-Cambriano; dia 21/06, Jáder Soares Marinho Filho falará sobre Mamíferos; dia 28/06, Waldenor Barbosa da Cruz falará sobre Da Esfera às Infinitas Formas; dia 05/07, Valdir Figueiras Pessoa falará sobre a Evolução da Visão; dia 12/07, Lurdes Maria Loureiro falará sobre Pulgas dágua; e dia 19/07, Dulce Maria da Rocha falará sobre Reprodução e Dispersão das Plantas.
Agora é a vez do centroeste prestigiar a Exposição Darwin e as muitas palestras relacionadas. Aproveitem.

Os “Ricardões” da Evolução e da Seleção Sexual

Em muitos circulos, tanto leigos quanto científicos, a Evolução e principalmente a Seleção Sexual são precariamente entendidos e grandemente negados. E o biólogo Dr. Ricardo Waizbort tem se empenhado para que essa situação mude. Ele é especialista em genética, mestre e doutor em Letras, pela UFRJ. Desde 1998 trabalha na Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz, com projetos que investigam a recepção do darwinismo no Brasil e o significado filosófico do darwinismo para o conhecimento científico e para a vida humana. Também estão no seu foco de interesse as discussões sobre o conceito de gene e as implicações do darwinismo para a compreensão e interpretação de obras literárias.
Nessa quinta, dia 05/06 (Dia Mundial do Meio Ambiente), às 14:30 ele fará uma palestra gratuita sobre Darwin, a Seleção Sexual e a Espécie Humana no Fórum de Sistemática e Evolução do Museu de Zoologia da USP. Ele já falou sobre esse assunto para os cariocas no ciclo de palestras da Exposição Darwin no Rio. O Fórum de Sistemática e Evolução visa estimular discussões de tópicos amplos relacionados à sistemática e evolução biológica, promovendo o desenvolvimento do pensamento teórico e da interação entre estas áreas e outras subdisciplinas das ciências da vida. No site do Fórum, entre em programação e no mês de junho lá estão disponibilidados as referências bibliográficas, textos muito interessantes do próprio Dr. Ricardo Waizbort .
E nada como uma boa discussão sobre Evolução, Seleção Sexual e Comportamento Humano. Em uma entrevista que o Dr. Ricardo Waizbort concedeu ao Ciência Hoje on line sobre o porquê de o brasileiro não acreditar em Darwin, ele abordou temas interessantes como aceitação da evolução, seu ensido e o problema com os religiosos. Segundo ele “Vivemos uma batalha muito mais retórica, de convencimento e persuasão, do que uma batalha racional, em que são expostos argumentos e evidências para debate. No Brasil, vemos uma situação de analfabetismo científico muito preocupante, porque existem problemas na formação e atualização dos professores.” E ele acredita que “enquanto tivermos essa fragmentação do conhecimento, será complicado fazer os alunos entenderem a biologia de forma completa.” Leia a entrevista na íntegra aqui.
Um outro autor eminente que adora divulgar a evolução, resolver os mal-entendidos e separar religião de ciência é o Dr. Richard Dawkins. Além de seus livros provocativos e brilhantes, em seu site oficial apresenta muito material interessante, assim como no youtube. Ficamos aqui com uma palestra de Dawkins sobre a Teoria da Razão Sexual e a Seleção Sexual.

Douglas Futuyma na UNICAMP

Na última semana de maio – semana que vem, o Prof. Douglas Futuyma (Distinguished Professor de Ecologia e Evolução, State University of New York), um dos mais destacados pesquisadores em Biologia Evolutiva, visitará a Unicamp para 3 palestras gratuitas, de 3a. (27/5) a 5a (29/5).

Esse ciclo de palestras evolutivas foi organizado pelo Seminários do Instituto de Biologia – uma iniciativa da Pós-Graduação em Ecologia com o apoio da Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular da Unicamp.

Futuyma é autor, entre outros, de “Biologia Evolutiva” (traduzido pela Soc. Bras. Genética; última edição, Funpec 2002) – o lendário e famigerado livro de Evolução de muitos Biólogos.

O tema das palestras é bem interessante e atual, vale a pena ir e prestigiar.

As palestras:
  • 3a. feira 27/5 (16h, Sala de Defesa de Tese, Prédio PG/IB): A Biologia Evolutiva, 150 anos após a publicação da “Origem das Espécies”. Um balanço geral do avanço e novos desafios desta área fundamental para a Biologia atual. Descubra mais detalhes sobre essa data tão importante pra Biologia em: 2009 o “ANO DA BIOLOGIA” e em 2009 Ano da Astronomia ou da Biologia?
  • 4a. feira 28/5 (16h, Auditório IB-02, IB): Evolução e o Ataque à Ciência. Futuyma foi importante no primeiro grande embate da ciência com os criacionistas americanos na década de 80 (escreveu um livro sobre isto, “Science on Trial”), e continua ativo nestes confrontos, como recente presidente do American Institute of Biological Sciences.
  • 5a. feira 29/5 (14h, Sala de Defesa de Tese, Prédio PG/IB): A Evolução de Associações entre Insetos e Plantas Hospedeiras. Trabalhos recentes e em andamento no grupo de pesquisas de Futuyma.

Para mais informações ou contatos com Douglas Futuyma:Thomas Lewinsohn (ramal 16333)Secretaria PG Ecologia / Célia (ramal 16381)

Vídeos: Evolução da Sexualidade Humana II


Para finalizar o Festival de Vídeos sobre a Evolução da Sexualidade Humana veremos o documentário The Nature of Sex .

São seis vídeos que buscam pistas para nossa própria sexualidade em nossos parentes próximos e no passado distante. Assim como o documentário passado este é ricamente ilustrado e elucidativo, além de ser bem abrangente.
No primeiro vídeo, de quase 10 minutos, veremos o Homo Habilis, as pressões que ele enfrentou na savana e faremos comparações com a sociedade de Babuinos. Depois veremos o comportamento sexual do Chimpanzé e traçaremos paralalos com o cio humano.
No segundo vídeo, de 10 minutos, veremos o Homo Erectus, seu modo de caça, sua saída da África e o contínuo aumento do cuidado parental. Veremos também a origem do seio. Manteremos aquele olhar de auto-estranhamento ao analisarmos a família do ponto de vista evolucionista.
No terceiro vídeo, de 10 minutos, veremos as origens do favorecimento de parentes. Ao analisarmos as características que escolhemos nos parceiros amorosos veremos a origem do nariz. Como em nossa espécie tanto homens quanto mulheres escolhem, veremos as pressões seletivas para indicadores como tamanho e força corporal, e fertilidade e cuidado da prole.
No quarto vídeo, de 10 minutos, veremos a origem de olhos grandes e lábio como sinalizadores, e que assim como ambos os sexos escolhem eles competem. Veremos um curioso desfile de beleza masculino e seus paralelos com os cuidados estéticos do Bowerbird. E descobriremos que não há apenas indicadores de cuidados parentais, mas sim indicadores estéticos de bom gosto. Além de ver as sutilidades não-verbais da vigilância de acasalamento.
No quinto vídeo, de 10 minutos, veremos o investimento feminino na prole e as tendências para evitar o incesto nas crianças em kibutz.
Veremos também qual é a profissão mais antiga do mundo e que não somos tão diferentes de muitos outros animais.
No último vídeo, de 3 minutos, veremos nossas semelhanças com os Bonobos e por fim sua mensagem de paz e amor.

Reserve uma horinha para ver esses vídeos interessantes e evolutivamente relevantes e ainda treine seu inglês.

Vou te dar muita pressão, vou sim!

Um dos maiores ensinamentos evolutivos é que devemos tentar ao máximo olhar para os seres vivos – inclusive para o animal humano – com o mesmo estranhamento que um biólogo marciano olharia. Ou seja, abandone seu antropocentrismo! Com esse sentimento podemos capturar as verdades evolutivas por trás do óbvio ao nosso redor, inclusive da letra de funk acima.

Desde Darwin e Wallace e os primórdios da seleção natural a questão sobre a consciência ou acaso das pressões seletivas era muito controvertida. O próprio Darwin salientou que “Muitos escritores têm compreendido mal, ou têm criticado o termo Seleção Natural. Alguns têm mesmo imaginado que a Seleção Natural induz à variabilidade, quando pelo contrário envolve somente a conservação das variações acidentalmente produzidas, quando são vantajosas ao indivíduo nas condições de existência em que vive. […] Outros têm objetado que o termo seleção envolve uma escolha consciente nos animais que tornaram modificados; e tem-se mesmo argumentado que sendo as plantas isentas de qualquer vontade, a Seleção Natural não lhes é aplicável!”
Como a palavra “acidentalmente” deixa bem claro as pressões seletivas da Seleção Natural não envolvem qualquer tipo de consciência – para desespero dos criacionistas de designers inteligentes. O algorítimo darwiniano é nada mais do que uma receita que independe do substrato, dadas as condições e ingredientes certos ela sempre funcionará mecanicamente. Essa é a famosa perigosa idéia de Darwin esmiuçada por Daniel Dennett (1995).

Então podemos pensar que o “Vou te dar muita pressão” não passa de um absurdo criacionista, pois Darwin mostrou concretamente que o sujeito da oração (sem duplo sentido religioso heim! Eu quis dizer “frase”) não é indeterminado nem está oculto, é inexistente. Darwin ainda acrescenta que “No sentido literal da palavra, não há dúvida que o termo Seleção Natural é um termo errôneo; mas quem jamais criticou os químicos, por se servirem do termo afinidade eletiva falando de diferentes elementos? […] Todos sabem o que significam e o que querem exprimir estas expressões metafóricas e que são quase necessárias para a concisão.”

Mas será que todo termo evolucionista “seleção” está tão isento de vontade própria assim? Mas é claro que não! E foi o próprio Darwin quem matou a charada descobrindo a Seleção Sexual. Ao contrário do sentido totalmente casual e mecânico do “seleção” da Seleção Natural, a Seleção Sexual envolve sim uma vontade direcional. Mas não uma vontade direcional divina, uma vontade literalmente animal. Essa vontade intencional própria é uma das maiores pressões seletivas na evolução dos animais, pois são as mentes dos próprio animais que exercem pressão evolutiva em outros animais.
As mentes, enquanto funcionamento do sistema nervoso, são tão materiais quanto o funcionamento do liquidificador. O interessante é que um simples processo mecânico não-intencional pôde originar aparatos complexos e intencionais como as mentes animais (que maravilha de idéia perigosa). E são as escolhas por livre e espontânea vontade dessas mentes que são o obvio sujeito oculto por trás da frase de funk.
Agora que percebemos que o “eu” oculto no “Vou te dar muita pressão” não é divino, mas sexual olhamos com outros olhos o óbvio sentido sexual da letra. Além disso, as pressões seletivas intencionais não estão só restritas às escolhas que os animais fazem intra-especificamente como na seleção sexual, pois até quando se relacionam com outras espécies sejam animais ou plantas estão “dando muita pressão” também. Mas, é claro que as forças são maiores na difícil vida intra-específica grandemente abarcada pela Seleção Sexual.
Chegado o estranhamento, vamos aos indícios. Se existe uma diferença qualitativa da pressão metaforicamente seletiva da Seleção Natural para a pressão literalmente seletiva da Seleção Sexual esperaríamos encontrar adaptações mais refinadas, complexas e mais bem esculpidas fruto das pressões intencionais.
Aqui veremos um vídeo sobre como a paisagem passiva das florestas pressionou o canto das aves florestais para sons mais simples, com notas longas bem demarcadas e com menos variação de notas – características sonoras que escapam às barreiras refletoras de sons das folhas. Veremos também como a pressão seletiva é diferente no alto na floresta do chão dela. Em quanto que neste vídeo veremos como a paisagem psicológica intencionalmente ativa das aves moldou as mais requintadas cores e exibições de corte.
Depois desse texto você nunca mais ouvirá o Bonde do Tigrão do mesmo jeito. Porque o simples ato de escolher ouvir sempre ou nunca mais ouvir essa música já é “dar muita pressão” literalmente.
Referência
Carvalho, E. M. M. (Org.) (1986). O Pensamento Vivo de Darwin. São Paulo: Martin Claret.
Dennett, D. (1995). A perigosa Idéia de Darwin. Rio de Janeiro: Rocco.

Festival de Vídeos: Evolução da Sexualidade Humana I

A evolução da vida no planeta Terra já é um tema muito interessante. A sexualidade humana então, é audiência garantida de adolescentes em diante. Quando ambos os temas estão juntos e em forma de vídeos bem estruturados e ricamente ilustrativos então, ninguém segura. Porque afinal, da perspectiva evolucionista a reprodução é mais importante do que a própria sobrevivência.
Pois bem, este primeiro Festival de Vídeos sobre a Evolução da Sexualidade Humana reune as seis partes de um documentário muito interessante do Evolution que aborda as origens do sexo abrangendo desde o nascimento da reprodução sexuada até a sexualidade humana. É uma perspectiva abrangente: comparativa com os outros animais e que engloba todas culturas humanas.
Reserve um tempinho do seu dia para vislumbrar esse documentário e aproveite para treinar seu English listening. O primeiro vídeo tem 10 minutos; o segundo, o terceiro e o quarto têm 11 mim, o quinto têm quase 9 mim e o último não têm nem 5 mim. É quase uma hora de pura divulgação científica de qualidade sobre um tema mais do que picante: o SEXO.

Sobre ScienceBlogs Brasil | Anuncie com ScienceBlogs Brasil | Política de Privacidade | Termos e Condições | Contato


ScienceBlogs por Seed Media Group. Group. ©2006-2011 Seed Media Group LLC. Todos direitos garantidos.


Páginas da Seed Media Group Seed Media Group | ScienceBlogs | SEEDMAGAZINE.COM