Luce Irigaray
(1930)
por Luana Goulart,
doutoranda em Filosofia no Husserl-Archiv da Albert-Ludwigs-Universität Freiburg,
e em Sociologia pela Universidade Estadual do Ceará – Lattes
Biografia
Luce Irigaray nasceu em Blaton, na fronteira entre a Bélgica e a França, no dia 3 de maio de 1930. Seu pai trabalhava em uma mina e era metade belga e metade italiano. Sua mãe, por sua vez, era “dois terços belga e um terço francesa” (Irigaray & Marder, 2016, p. 9). Luce Irigaray fez sua primeira formação acadêmica na Universidade Católica de Louvain, onde recebeu seu diploma de bacharelado em 1954 e, posteriormente, o de mestrado em 1956. Logo após, ela se muda para Bruxelas, onde ganha experiência como professora de escola ensinando francês, grego e latim entre 1956 e 1959. Em 1961, já residindo em Paris, ela obtém pela Sorbonne o título de mestre em Psicopatologia. Em 1964 começa seu trabalho como pesquisadora junto ao Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e em 1968 ela se torna diretora de pesquisa em Filosofia. Ainda em 1968, Irigaray obtém seu doutorado em Linguística pela Universidade de Paris Nanterre (Paris X), com uma tese intitulada Approche psycholinguistique du langage des déments [Abordagem psicolinguística da linguagem dos dementes]. Esta tese será transformada no livro, publicado em 1973, denominado Le Langage des déments [A Linguagem dos dementes]. É importante notar que é no seio de seu estudo sobre pacientes com demência que Irigaray passa a considerar a diferença linguística notável entre a fala de homens e mulheres. Entre 1970 e 1974 ela leciona na Universidade de Vincennes, ao mesmo tempo em que, já como psicanalista, também participa como membra da École Freudienne de Paris, fundada por Jacques Lacan. Nesta época, ela também participa dos seminários de Jacques Lacan. Ainda enquanto era professora em Vincennes, ela se interessa pela análise de Antoinette Fouque, uma participante importante do Movimento de Libertação Feminina, e a convida para participar de seu seminário sobre a sexualidade feminina e a relação parental entre mãe e filha. Na década de 1970, também obtém sua segunda nacionalidade, a francesa.
Em Paris VIII (Vincennes – Saint-Denis), no ano de 1974, Irigaray obtém seu segundo diploma de doutorado, desta vez, no campo da Filosofia, com a tese intitulada Speculum. La fonction de la femme dans le discours philosophique [Speculum. A função da mulher no discurso filosófico]. A tese de doutorado de 1974, orientada pelo filósofo François Châtelet e que tem como tema central o sujeito e a identidade feminina, questiona o lugar da mulher nas teorias freudianas e lacanianas. Esta segunda tese, por sua vez, é tão mal recebida por seus colegas e pares psicanalistas que se torna a razão pela qual Irigaray perde seu posto em Vincennes e deixa sua participação na École Freudienne. Na década de 1980, ela deixa a cena francesa e se envolve com o movimento feminista na Itália, que, por sua vez, tem forte relação com o Partido Comunista italiano. Cabe mencionar que, em 1995, ela volta a Paris para participar a convite da exposição J’aime à toi [Eu amo a ti], homônima de sua obra (1992a), no Museu de Arte Moderna de Paris.
A autora continua ativa em suas pesquisas e trabalhos acadêmicos a respeito da forma de vida humana, pensada em sua relação direta com a filosofia e com a psicanálise. Through Vegetal Being: Two Philosophical Perspectives [Através do ser vegetal: duas perspectivas filosóficas], por exemplo, estabelece relações entre o material e o imaterial, com especial acento em questões concernentes à relação entre a natureza, especialmente o mundo vegetal, e a humanidade, pensada a partir e por meio do corpo e do espírito, bem como sobre o modo de outras tradições e culturas, por exemplo a hindu, de vivenciar essas relações, em particular por meio de práticas de Yoga. A coletânea Irigaray, 2022, por sua vez, organizada pela filósofa ainda mais recentemente, contém textos (incluindo alguns de sua autoria) que abordam um tema há muito caro a seu trabalho: a relação entre a suposta neutralidade de gênero envolvida na noção heideggeriana de Dasein e o modo de ser humano no mundo.
É importante notar três aspectos relevantes da trajetória da filósofa: o primeiro é que, quando da defesa de sua tese de doutorado em Filosofia, Irigaray já lecionava na Universidade de Vincennes, ou seja, ela já havia obtido algum reconhecimento no mundo acadêmico e já participava de círculos acadêmicos de prestígio — o que sugere que a má recepção da tese em questão nestes mesmos círculos e seu subsequente desligamento deles talvez tenha se devido menos à qualidade de seu trabalho do que a divergências teóricas ou ideológicas por ele suscitadas.
O segundo ponto é que Irigaray não restringia seus estudos e pesquisas ao mundo acadêmico e teórico. Ainda que ela não tenha se vinculado de forma direta a nenhum movimento social específico, é preciso reconhecer que sua relação com o Movimento de Libertação Feminina francês e o estreitamento de sua ligação com suas lideranças têm impacto direto no seu trabalho de pesquisa. Assim sendo, observa-se que a pensadora não limitava a orientação das transformações pretendidas e requeridas por suas pesquisas apenas ao campo teórico ou abstrato, mas, antes, afetava e era afetada pelas relações políticas dentro e fora do âmbito acadêmico, pensando com ele, por ele e dentro dele, mas também com, por e dentro de outros espaços em que o patriarcalismo identificado por ela também se fazia presente.
O terceiro e não menos importante: em uma entrevista concedida na década de 1990 a Margaret Whitford, uma estudiosa do trabalho de Irigaray, a própria pensadora se mostrou explicitamente preocupada com a interferência e o impacto que o conhecimento acerca de sua biografia poderiam ter sobre sua obra. Por esse motivo, ela mesma forneceu poucas informações sobre sua vida pessoal (com exceção do livro co-escrito com Michael Marder, Irigaray & Marder, 2016, no qual ela deliberadamente fala sobre alguns aspectos de sua vida, sem, entretanto, precisar muito datas e locais), tornando o trabalho de coletar, comparar e selecionar informações (muitas vezes conflitantes e imprecisas) sobre ela uma tarefa particularmente difícil.
Na sequência deste texto, os seguintes escritos de Luce Irigaray serão explicitamente contemplados, em ordem de menção: Le Langage des déments [A Linguagem dos dementes] (1973); Speculum. De l’autre femme [Speculum. Da outra mulher] (1974); J’aime à toi [Eu amo a ti] (1992a); Ce sexe qui n’en est pas un [Este sexo que não é só um sexo] (1977), tradução para o português disponível: Irigaray, 2017; Amante Marine de Friedrich Nietzsche [Marine amante de Friedrich Nietzsche] (1980); Le Corps à corps avec la mère [O corpo a corpo com a mãe] (1981); Sexes et Parentés [Sexos e parentescos] (1987); Je, tu, nous. Pour une culture de la différence [Eu, tu, nós. Por uma cultura da diferença] (1990b); Passions élémentaires [Paixões elementares] (1982); Éthique de la différence sexuelle [Ética da diferença sexual] (1984); L’Oubli de l’air – chez Martin Heidegger [O esquecimento do ar em Martin Heidegger] (1983a); Entre Orient et Occident [Entre Oriente e Ocidente] (1999a); Through Vegetal Being: Two Philosophical Perspectives [Através do ser vegetal: duas perspectivas filosóficas] (Irigaray & Marder, 2016). Uma lista abrangente dos escritos da filósofa, bem como de traduções disponíveis — inclusive em português — , é oferecida na bibliografia.
Pontos centrais do feminismo proposto por Luce Irigaray
- Historicidade, ciência e conhecimento: a crítica de Irigaray à ortodoxia da psicanálise
Como já dissemos acima, o percurso acadêmico de Irigaray tem como um dos seus primeiros marcos a sua primeira tese de doutorado, em linguística, ou mais especificamente em psicolinguística. O seu livro Le Langage des déments [A Linguagem dos dementes] (1973), que é fruto desta pesquisa, é um desenvolvimento do estudo da autora sobre a relação entre a linguagem e essa patologia que é a demência. Para a realização desta pesquisa de doutorado, Irigaray analisa a fala de pessoas com e sem a patologia da demência. Ao longo de seu estudo, começam a lhe chamar a atenção diferenças entre padrões nas falas de homens e mulheres. Em particular, Irigaray identifica, a partir de certos experimentos linguísticos, uma resistência das mulheres de se colocar na função de sujeito em suas falas. São precisamente essas diferenças que levam Irigaray a desenvolver, posteriormente, estudos mais específicos e aprofundados a respeito da relação entre a linguagem e a formação das identidades masculina e feminina. É importante notar que, embora Irigaray pense essas identidades a partir da linguagem, ela não o faz de uma forma meramente abstrata. Com efeito, a pensadora ficou bastante conhecida especialmente por não reduzir sua compreensão ou abordagem da mulher a uma perspectiva meramente abstrata ou teórica; antes, Irigaray pensa a mulher e a identidade feminina a partir tanto do material (corpo) como do não-material (consciência/espírito/mente).
O estudo acerca dessa relação entre a linguagem (especialmente da fala), as identidades masculina e feminina e suas formações é precisamente um dos temas centrais da psicanálise, campo de conhecimento pelo qual Irigaray também tem grande interesse e ao qual logo passa a se dedicar. Principalmente em sua segunda tese de doutorado, Irigaray expõe suas críticas ao pensamento falocêntrico. Em uma simplificação útil, elas giram em torno de sua rejeição da ideia de que a supremacia do Falo como significante na ordem simbólica se estabelece de forma a-histórica e desconectada da anatomia masculina. A filósofa interpreta o estabelecimento do Falo como significante supremo, antes, como uma evidência de que a ordem simbólica é historicamente constituída. Essas críticas são entendidas por muitos pensadores como um ataque radical e direto à psicanálise “clássica” de Freud e Lacan.
Todavia, é preciso chamar atenção para o fato de que Irigaray não entende o trabalho desses pensadores — diferente de como eles mesmos possivelmente o pretendiam — como partes de uma teoria universal, neutra e irrevisável. A própria compreensão de ciência e de epistemologia tais como Irigaray pratica e desenvolve em suas pesquisas toma a psicanálise como uma ciência viva e historicamente constituída. Nesse sentido, a psicanálise atravessaria, refletiria e constituiria tanto a sociedade como os próprios problemas sociais, políticos e culturais de onde e quando ela foi pensada, estudada e desenvolvida. É possível dizer que o trabalho da autora vai na direção de uma transformação nas teorias psicanalíticas a partir do reconhecimento de erros e de obliterações significativas de natureza epistemológica em suas formulações “clássicas”. A crítica de Irigaray à psicanálise, portanto, não se faria por meio de, nem teria como objetivo — como é possível entender, e de fato, como muitos estudiosos e praticantes contemporâneos da psicanálise compreendem —, uma ruptura com a mesma, supostamente acarretada por uma espécie de rejeição de algumas de suas formulações e verdades “pétreas”. Nesse sentido, é possível dizer que, para a própria compreensão das questões levantadas por Irigaray acerca da linguagem e da psicanálise, é preciso que se compreenda a sua posição acerca da ciência e do conhecimento (sobre esse assunto, um bom ponto de partida é Irigaray, 1985a). Pensando-os a partir de suas historicidades e não-neutralidades é que Irigaray identifica a relação e o impacto direto entre eles e as instituições, o direito, a cultura, a política e a sociedade como um todo. Dessa forma, ao se identificar e pensar os problemas da psicanálise e da linguagem de uma maneira geral — e em particular aqueles relativos ao “patriarcalismo” — tais e quais se apresentam em dado momento e contexto, já se estaria inexoravelmente pensando e contribuindo para a transformação dessas instituições, cultura e sociedade. Por esse motivo, é preciso considerar as contribuições feministas de Irigaray sempre em conexão com uma perspectiva social e política ampla e nunca restritas a apenas uma área, seja ela a psicanálise, a epistemologia ou mesmo os estudos de gênero.
- Linguagem e identidade feminina
Compartilhando da premissa lacaniana de que é necessário estar inserido na linguagem para ser um sujeito, o trabalho de Irigaray tem como base a relação entre a linguagem e a identidade feminina. Em suas pesquisas e estudos acerca da linguagem e da psicanálise, ela pensa e estuda a identidade enquanto um elemento linguístico em um sistema simbólico (em que “simbólico” se deve tomar no sentido descrito e empregado por Lacan). Nesse sistema simbólico, Irigaray reconhece diferenças na maneira como homens e mulheres utilizam, identificam, e reproduzem esses símbolos. Como já foi dito, os primeiros estudos que fizeram parte da formação da autora não foram dedicados à diferença que se manifesta na linguagem mobilizada entre homens e mulheres, mas, no decorrer de sua pesquisa sobre patologias e linguística, a pensadora logo reconheceu e se interessou pela manifestação dessas distinções.
O que parece ter sido um dos principais pontos identificados por Irigaray é precisamente o “apagamento” ou mesmo o não “reconhecimento” de atributos, características, relações, eventos e elementos que tenham a mulher como centro de referência ou que sejam atribuídos especificamente ou primariamente às mulheres na linguagem. Assim, em sua “metodologia”, ela diagnostica e aponta essas “faltas” e “ausências”, primeiro chamando a atenção para elementos, questões e significados (como exemplos, pode-se mencionar o ar, a respiração e a maternidade, extensamente discutidos em Irigaray, 1983a, como brevemente descrito e comentado na sequência) mal desenvolvidos, mal elaborados, não reconhecidos ou não valorizados na história do pensamento tradicional/patriarcal — assim visibilizando-os; e então reinterpretando-os, invertendo e transformando seus significados — assim valorizando-os; e então evidenciando sua participação na constituição da “identidade feminina” segundo sua perspectiva e emprego dessa noção. Com essa finalidade, a autora percorre tanto as teorias psicanalíticas quanto desenvolvimentos científicos e filosóficos de uma maneira geral. Há em parte do trabalho de Irigaray, portanto, um aspecto “subversivo”, pois ela muitas vezes promove uma inversão do que é valorizado e do que é visto e compreendido como o que está no centro com relação ao que é invisibilizado, desvalorizado e “marginal” nesses campos de conhecimento.
Irigaray está relativamente pouco interessada em investigar se esses “apagamentos” e desvalorizações são propositais ou se não são; seu objetivo parece estar muito mais próximo do de reconhecer e compreender como eles estão fortemente associados com a maneira como as mulheres participam da organização social, dos papéis que elas desempenham na sociedade e como essas mulheres se identificam e se entendem como mulheres. Irigaray reconhece que, na teoria clássica da psicanálise freudiana/lacaniana, a identidade feminina é descrita em termos e a partir de outra identidade, a masculina, e que é esta última o referencial para se pensar a própria concepção de mulher. Para ela, na psicanálise clássica, a identidade feminina estaria sempre reduzida, em última instância, ao sujeito homem, pois ela não seria definida a partir de si mesma (self-defined). A centralidade do falo, que é chamada de “falocentrismo”, é o que parece, segundo sua perspectiva, estar no cerne das descrições e desenvolvimentos da psicanálise freudiana e lacaniana, o que seria um grande problema para o reconhecimento e para a atribuição à mulher de participação na linguagem enquanto um sujeito efetivo. Se o sujeito é pensado tendo como ponto referencial o falo, a mulher não seria entendida efetivamente enquanto um sujeito, mas como um homem que não é plenamente um homem, um homem “castrado”, “deficiente”, “corrompido”, um homem a quem falta alguma coisa e, dessa maneira, como um sujeito “em menoridade”, um sujeito não autônomo. O “Outro mulher” não seria, portanto, um outro propriamente dito. Não havendo espaço para uma diferença efetiva entre sujeitos, não haveria então espaço de fato para uma efetiva alteridade. Com efeito, Irigaray sugere que a forma como se usa e pensa na linguagem a “normalidade” e a “patologia” poderia inclusive ser um entrave substantivo na concepção e na realização da autonomia feminina. O feminismo de Irigaray se deixa descrever, em linhas gerais, não apenas pela identificação desse problema ou de suas nuances e consequências, mas também pela tentativa de lidar diretamente com eles na linguagem e de, por meio da transformação desta, transformá-los.
- Evitando reducionismos interpretativos
Para melhor compreender o pensamento da autora, um alerta feito por uma das grandes estudiosas de Irigaray, a pensadora Margaret Whitford, feito logo na abertura de um de seus livros sobre a pensadora belgo-francesa (Whitford, 1991), pode ser muito útil: um dos principais problemas para compreender o pensamento de Irigaray é tentar o reducionismo. Aqui ela se refere ao reducionismo que caracteriza uma abordagem interpretativa inadequada de sua obra, e que é muito comum encontrar nos textos de comentadores, críticos e mesmo entre os partidários do pensamento de Irigaray. Para tentar evitar esse grande problema, aqui se encontram elencados os três principais reducionismos feitos sobre Irigaray tal como nos diz Whitford.
O primeiro e mais comum deles seria assumir que Irigaray é uma pensadora essencialista que assumiria uma relação não problemática entre o corpo da mulher e o seu “verdadeiro eu”. O segundo tipo de reducionismo bastante encontrado em leituras sobre a autora seria reduzir o pensamento de Irigaray a uma fala sobre a “escrita do corpo”, não discernindo concretamente o seu trabalho do de outras feministas e pensadoras do corpo como Kristeva e Cixous. O terceiro erro seria um problema de compreensão a respeito de um tema muito presente no pensamento de Irigaray, isto é, a respeito da questão edipiana. Dito de forma mais explícita: o suposto problema seria que Irigaray erraria ao valorizar de forma excessiva a relação de proximidade entre mãe e filha (pré-edipiano), e que o seu pensamento consistiria, ao fim e ao cabo, em uma tentativa de um retorno a uma posição/ lugar pré-linguístico e, assim, pré-patriarcal ou não patriarcal. Uma vez tendo sido feito esse alerta de antemão, vamos agora tentar compreender, em linhas gerais e de forma sucinta, alguns dos principais temas abordados em obras da pensadora que lhe renderam sua posição de destaque e relevância no feminismo francês.
Sobre alguns de seus livros de maior impacto
Um de seus livros mais conhecidos e de maior impacto na França foi fruto de seu segundo doutorado: Speculum. De l’autre femme [Speculum. Da outra mulher] (1974). Neste livro, podemos ver com maior especificidade como Irigaray discute com e a partir de diferentes filósofos, como Platão, Aristóteles, Descartes, Hegel e até mesmo Freud, a respeito da centralidade do falo e da perspectiva masculina na própria estrutura de seus pensamentos e filosofias. Em Speculum, ela identifica, nesses autores, por meio da linguagem, a obliteração ou a má compreensão da diferença sexual, o que motiva uma forte crítica sobre como a compreensão de mundo desses autores clássicos da filosofia e da psicanálise está submetida e sustentada fortemente pelo patriarcalismo, estruturado sobre um veto de saída à possibilidade do exercício de subjetividade por Outros efetivos. É importante chamar atenção para o fato de que esse trabalho, que leva Irigaray ao ostracismo junto aos seus pares acadêmicos, não tenha sido uma tese no campo específico da psicanálise; ainda que toque abertamente nos temas centrais da psicanálise, o trabalho foi defendido como uma tese de doutorado em filosofia, orientada por um filósofo, e na qual ela discute como a tradição filosófica, diretamente ligada ao pensamento de Freud, está fortemente constituída com e por meio do patriarcalismo falocêntrico.
Não obstante, talvez seja Este sexo que não é só um sexo (2017) o texto em que Irigaray expõe de forma mais contundente e explícita suas críticas à psicanálise freudiana e lacaniana, principalmente no que concerne à questão da diferença sexual. Além disso, é possível notar nesta obra a influência do estruturalismo (de Lèvi-Strauss) e aspectos da economia social de Karl Marx. Um bom exemplo para se perceber como o pensamento e vocabulário de Marx se deixam entrever em seu texto é o capítulo intitulado “Mulheres no mercado”. Nele, vemos Irigaray descrever o funcionamento das mulheres na sociedade em termos econômico-políticos, especialmente a partir da ideia de valor de uso e valor de troca/valor comercial, determinados a partir da maneira pela qual os homens percebem e lidam com elas. As mulheres compreendidas no seio de sociedades capitalistas apareceriam então como commodities, participando socialmente apenas na medida em que assim são concebidas e percebidas pelos homens. Além disso, este livro é muito emblemático para se compreender o projeto hermenêutico realizado e proposto por Irigaray em seu pensamento feminista. À guisa de ilustração: a maneira notável como, ao longo do livro, Irigaray aponta problemas com as definições e conceitos de mulher e de sujeito feminino pensados e atribuídos a partir de uma perspectiva patriarcal e falocêntrica, poderia ser lida de forma a alimentar a expectativa de que, ao final, a própria autora nos brindaria com reformulações e definições prontas e “corrigidas” destes conceitos. Não obstante, essas reformulações não se apresentam, pois o projeto hermenêutico de Irigaray é precisamente questionar, fustigar, instigar as mulheres, de forma coletiva, a confrontar e lidar com esta linguagem patriarcal a fim de transformá-la de modo a ensejar o exercício de uma subjetividade feminina efetiva e, com isso, novas formas de se pensar e compreender a mulher.
Já em Amante marine de Friedrich Nietzsche [Marine amante de Friedrich Nietzsche] (1980), podemos ver mais de perto a influência direta do filósofo alemão em seu pensamento. Neste livro, Irigaray parece concordar, em certa medida, com a abordagem Nietzscheana de pensar um caminho para a humanidade que não recaia sobre certos erros cometidos pela filosofia clássica, tanto dos autores homens que o antecederam, quanto daqueles que eram seus contemporâneos. Neste sentido, ela reconhece com Nietzsche, especialmente em suas descrições críticas a respeito do sujeito e da humanidade, que um dos principais problemas filosófico-conceituais é precisamente a falta de reconhecimento da diferença sexual e das consequências negativas, também para os homens, de se obliterar, apagar, “limpar” ou inferiorizar o que foi identificado como características femininas. Irigaray reconhece em Nietzsche o problema de se pensar o sujeito autônomo e efetivo apenas a partir do que historicamente foi identificado como “masculino” por esses homens filósofos e pensadores, e compreende, também junto ao alemão, que a solução para este problema não consiste em sublimar e nem em fundir os sexos na criação de um único ser que “contenha” ou que “seja” as duas coisas, isto é, que seja tudo. De forma geral, é possível dizer que um dos pontos principais que leva Irigaray a abordar de forma tão enfática e direta o pensamento de Nietzsche neste livro é o fato de ela interpretá-lo como reconhecendo a mesma e irredutível diferença sexual a partir da qual a autora divisa uma possibilidade de lida com os problemas filosófico-sociais, a saber: no caminhar por meio da compreensão e dos significados que emergem do reconhecimento desta diferença. Olhando por este viés, é possível compreender como o trabalho de Irigaray, assim como o de Nietzsche, se deixa descrever como um exercício e uma tentativa de lida efetiva com a alteridade.
Em Le Corps à corps avec la mère [O corpo a corpo com a mãe] (1981) temos um grande exemplo de como a pensadora se dedica a pensar uma das relações centrais em seu trabalho e que, segundo ela mesma, teria sido pouco ou mal compreendida na psicanálise clássica: a temática da relação entre mãe e filha. Tema presente em grande parte de seus outros livros, em especial em Sexes et Parentés [Sexos e parentescos] (1987) e em Je, tu, nous. Pour une culture de la différence [Eu, tu, nós. Por uma cultura da diferença] (1990b), a relação mãe e filha, teria sido, segundo entende Irigaray, ofuscada pela questão edipiana. Seguindo, em parte, uma forma de abordagem bem conhecida entre os psicanalistas, Irigaray revisita a mitologia grega, pensando por meio dela os significados tradicionais — e seus problemas — que se apresentam na descrição da relação entre mãe e filha. Um dos aspectos discutidos por Irigaray é a participação de pessoas que estão fora do eixo central dessa relação e que acabam determinando a vida de ambas as mulheres envolvidas nela: os homens, ou, no caso do mito grego, os seres divinos masculinos. Um dos mitos mais emblemáticos pensados por Irigaray é aquele que aborda a relação maternal de Deméter com Perséfone e como Zeus e Hades tomam parte na história delas.
Em Passions élémentaires [Paixões elementares] (1982) e em Éthique de la différence sexuelle [Ética da diferença sexual] (1984), é possível notar a influência exercida pela fenomenologia sobre o pensamento de Irigaray, destacando-se significativamente a relação entre a fenomenologia e o corpo, tal como pensada por Merleau-Ponty, e a desconstrução tal como descrita por Derrida. Contudo, se por um lado Merleau-Ponty é um dos eixos importantes para a compreensão da relação entre a fenomenologia e o corpo, por outro, Irigaray é uma das autoras que ganharam grande visibilidade na psicanálise e na filosofia por pensar essa relação a partir dos significados que se referem à identidade da mulher e a formação do sujeito feminino. Sem sombra de dúvida, os textos de Irigaray podem ser identificados como um ótimo exemplo para se compreender o estreitamento de laços entre a fenomenologia e o feminismo. Não obstante, é preciso compreender que esse estreitamento não implica uma redução em seu pensamento do feminismo a um tema particular de uma fenomenologia geral, nem tampouco um desenvolvimento acrítico de um feminismo sobre bases fenomenológicas tradicionais. Irigaray aborda pensadores da fenomenologia de forma direta e explícita em alguns de seus livros, como é o caso de L’Oubli de l’air – chez Martin Heidegger [O esquecimento do ar em Martin Heidegger] (1983a). Ainda que seja fácil perceber a influência da fenomenologia em sua obra, é preciso reconhecer que ela não se dá de forma incontroversa, principalmente quando ela é pensada a partir de uma perspectiva feminista. No caso deste último livro, escrito diretamente sobre e a partir do pensamento heideggeriano, Irigaray aponta para os “esquecimentos” presentes na fenomenologia heideggeriana, bem como para as escolhas temáticas desenvolvidas pelo autor que desconsideram ou pouco reconhecem a importância de elementos primordiais, tais como o ar e a maternidade, intimamente ligados à questão da diferença sexual e, sobretudo, ao modo de ser mulher. Revisitando a filosofia heideggeriana, Irigaray então descreve as diferenças éticas no modo de ser mulher e no modo de ser homem, tal como a filosofia tradicional os compreende e designa, identificando e transformando os seus significados à luz da consideração desses elementos. Assim, em diálogo com Heidegger, Irigaray pensa a singularidade de ser mulher de forma crítica ao apagamento da diferença sexual decorrente da pretensão de neutralidade do Dasein como modo de ser-no-mundo, reinterpretando questões fundamentais da história da filosofia segundo seu olhar feminista. Anos depois, a coletânea Irigaray, 2022 retoma a discussão desse mesmo tópico ainda tomando como pano de fundo o pensamento de Heidegger, evidenciando se tratar de uma questão que segue viva.
Nos livros publicados a partir da década de 1990, é possível perceber o enfoque maior na temática da relação entre homens e mulheres, inclusive a sexual, pensada a partir da complementaridade entre os sexos. Alguns dos livros publicados durante essa década, escritos originalmente em língua francesa, inglesa e italiana, tratam dessa ressignificação das relações entre homens e mulheres, que acabam por encontrar uma reformulação da ideia de amor. Tal como se pode perceber especialmente a partir de Entre Orient et Occident [Entre Oriente e Ocidente] (1999a), Irigaray passa a se dedicar com maior ênfase a pensar outras formas de humanidade. Entrelaçando práticas e conceitos da yoga, da mitologia/religiosidade hindu e de outros eixos teóricos que ela identifica como Orientais com autores e pensadores da psicanálise e filosofia Ocidentais, a autora aborda aspectos para se pensar outras maneiras de se viver humanamente. Em seu livro em coautoria com Michael Marder, publicado originalmente na língua inglesa, Through Vegetal Being: Two Philosophical Perspectives [Através do ser vegetal: duas perspectivas filosóficas] (Irigaray & Marder, 2016), Irigaray fala em primeira pessoa sobre alguns eventos de sua biografia. É possível ver neste livro como a autora relaciona a sua biografia pessoal com o desenvolvimento dos temas que ela abordou em suas obras ao longo de sua vida. No referido trabalho, Irigaray tem como um dos pontos centrais a natureza, especialmente a natureza vegetal, e a maneira como ela se encontra implicada na sua forma de existir/ser no mundo.
Como já se pode perceber, filosofia e psicanálise são campos de pensamento que se encontram invariavelmente presentes nos trabalhos de Irigaray, que, tomando a linguagem em sentido amplo como escopo de base, nos mostram como a má compreensão da diferença sexual nos lega um mundo atravessado e fundamentado em desigualdades e injustiças que não poderão ser transformadas, segundo pensa Irigaray, sem o seu devido reconhecimento e ressignificação por parte das próprias mulheres. Isso significa dizer que, em resumo, a proposta de Irigaray é um trabalho em curso, é uma abertura para a transformação e não um projeto realizado e finalizado pela própria autora.
Impactos de sua obra em outras pensadoras e principais críticas
O feminismo de Irigaray não era como o de outras pensadoras importantes de sua época, tal como o emblemático feminismo de Simone de Beauvoir, por exemplo. Enquanto o feminismo da última se sustentava na igualdade fundamental entre homens e mulheres, Irigaray salientava precisamente a diferença entre os sexos (Cortés, 2018). É por essa razão que Luce Irigaray é conhecida como uma expoente do feminismo da diferença, juntamente com outras autoras feministas que também pensam a partir da diferença irredutível entre homens e mulheres tal como Julia Kristeva, Hélène Cixous e Carol Gilligan, por exemplo. Não obstante, o principal problema identificado por Irigaray na linguagem e, especialmente na teoria clássica psicanalítica, que a levou a ser chamada de feminista, foi o seu “falocentrismo” fundamental. Se é possível resumir a obra de Irigaray em uma temática central, podemos dizer que ela é a relação entre a mulher e a linguagem, entendendo aqui a linguagem como participante e constituinte do mundo social, político e cultural.
Também é preciso destacar que Luce Irigaray é posicionada junto a grandes pensadoras do feminismo francês, e que seu pensamento se tornou um dos pontos de referência dessa tradição, exercendo enorme influência sobre seus desdobramentos posteriores. Isso não significa dizer que essa influência se expresse apenas a partir de concordâncias ou por meio de uma continuidade acrítica do seu trabalho. Muito pelo contrário, haja visto, por exemplo, o trabalho de outra reconhecida pensadora, Judith Butler, e sua teoria queer. No trabalho de Butler, podemos identificar a influência de Irigaray com especial destaque no livro Problemas de Gênero (Butler, 1990), no qual Butler pensa a questão do gênero e do sexo diretamente a partir de críticas ao pensamento feminista de Irigaray.
A partir do que nos diz Sarah Donovan em seu verbete (Donovan, s.n.) sobre Irigaray na Internet Encyclopedia of Philosophy (IEP), é possível entender que, entre as críticas feitas ao pensamento da autora, se sobressaem aquelas que vão de encontro à maneira como ela pensa a relação entre a identidade feminina e a linguagem. Dentre elas, haveria quem a criticasse por entender o feminismo de Irigaray como dependente e fundamentado em uma metafísica biológica. Haveria ainda quem a criticasse por compreender que ela propõe um retorno utópico a relações pré-edipianas fundamentadas na relação mãe e filha. Também encontraríamos, ainda segundo Donovan, quem a criticasse por outras formas de utopia e de essencialismo, mesmo quando esse essencialismo é entendido a partir de um viés pragmático/estratégico. Dentre essas críticas, é interessante sublinhar as que vêm de feministas materialistas. Estas a criticam por formular um feminismo que privilegiaria questões de linguagem e identidade (“psicológicas”) com respeito a questões materiais (“econômico-sociais”). Há também críticas relacionadas a como o pensamento de Irigaray se centra em questões relativas a um paradigma de feminismo branco, europeu e de classe média. Nesse sentido, questões relativas a um suposto universalismo no feminismo proposto por Irigaray também se apresentam. Por razão aparentada, cabe elencar também a crítica baseada na ideia de que a obra de Irigaray se constitui sobre um modelo relacional exclusivamente heteronormativo, deixando de fora ou, no mínimo, em segundo plano, outras formas de relacionamento.
Além disso, quanto ao seu estilo literário, Donovan alega que muitas apontam no feminismo de Irigaray um viés bastante elitista, na medida em que ela utiliza um vocabulário acadêmico hermético e construções textuais “opacas”, e a compreensão de seus textos demanda um conhecimento acadêmico profundo sobre os autores e teorias que ela aborda.
A respeito do impacto direto do pensamento de Irigaray no Brasil é preciso notar que ela ainda é uma autora que tem poucos textos traduzidos para a língua portuguesa, o que dificulta o seu aparecimento na forma de literatura primária em planos de curso escolares e universitários nas mais diversas áreas do ensino brasileiro. Por outro lado, é possível encontrar alguns trabalhos universitários, bem como artigos publicados em periódicos, (ex.: Cortés, 2018 e Cossi, 2019) que contribuem na forma de literatura secundária para a compreensão de pontos importantes do pensamento da autora.
Referências Bibliográficas
Todas as referências bibliográficas utilizadas para a formulação do verbete constam nas listas abaixo.
- Textos da autora
Publicações da autora em francês e italiano:
Irigaray, L. (1973). Le Langage des déments. Berlim: Mouton De Gruyter.
Irigaray, L. (1974). Speculum. De l’autre femme. Paris: Éditions de Minuit.
Irigaray, L. (1977). Ce sexe qui n’en est pas un. Paris: Éditions de Minuit.
Irigaray, L. (1979). Et l’une ne bouge pas sans l’autre. Paris: Éditions de Minuit.
Irigaray, L. (1980). Amante marine de Friedrich Nietzsche. Paris: Éditions de Minuit.
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Traduções e publicações da autora em inglês:
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Traduções da autora em português:
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- Literatura secundária sobre a autora
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Cavarero, A. & Restaino, F. (2002). Le filosofie femministe. Milano: Bruno Mondadori.
Chanter, T. (1995). Ethics of Eros: Irigaray’s Re-Writing of the Philosophers. Nova Iorque: Routledge.
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