(c. 1364â1430)
Por Ana Rieger Schmidt
Professora adjunta do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)Â Lattes
Christine de Pizan (ou Cristine de Pisan) nasce em Veneza em 1364. Com quatro anos de idade muda-se com a famĂlia para Paris, onde seu pai, Tommaso de Pizzano, trabalharia como astrĂłlogo do rei FrancĂȘs, Carlos V. Em 1380 casa com Etinenne de Castel, secretĂĄrio do rei, com quem teve dois filhos e uma filha. Um evento de grande importĂąncia em sua biografia Ă© a morte inesperada de seu marido em 1389, pouco depois do falecimento de seu pai. Esse evento leva Pizan, agora viĂșva, a encontrar meios para o sustento prĂłprio e de sua famĂlia. Começa compondo poesias a partir de 1390, as quais lhe rendem significativa atenção na corte. Em um de seus textos autobiogrĂĄficos, Le livre de lâAdvision Cristine, a personagem Philosophie lembra Christine que se ela nĂŁo tivesse ficado viĂșva, nĂŁo teria se dedicado aos estudos e Ă escrita, mas teria se ocupado exclusivamente de responsabilidades domĂ©sticas â como era esperado de uma esposa de sua classe social. ConvĂ©m observar que no perĂodo medieval a viuvez entre aristocratas representava um estado de grande liberdade para as mulheres, jĂĄ que elas podiam decidir nĂŁo casar-se novamente. Autora, editora e publicadora, Pizan tambĂ©m se envolvia diretamente na confecção de seus livros: orientava copistas e artistas para ilustrar seus manuscritos, agia como prĂłpria copista, e muito astutamente presenteava compilaçÔes dedicadas a potenciais mecenas, buscando com isso segurança financeira e renome. De fato, Pizan Ă© considerada a primeira mulher escritora profissional no ocidente.
Pizan vive em um momento polĂtico especialmente turbulento, marcado por disputas de lideranças na monarquia e no papado. Em meio Ă guerra de cem anos (1337â1451), quando a França se via devastada pelo cerco dos ingleses, eclode o conflito resultante da disputas de poder entre Armagnacs e BorguinhĂ”es (1407 â 1435), alĂ©m das instabilidades causadas pelo Grande Cisma do Ocidente (1378-1417), crise religiosa marcada pela eleição de dois papas (um em Avignon e outro em Roma), ambos reclamando para si o poder sobre a Igreja CatĂłlica. A considerĂĄvel quantidade de tratados de natureza polĂtica escritos por Pizan Ă© certamente explicada pela sua presença na corte Valois e pelas suas reaçÔes diante desse contexto de profunda instabilidade polĂtica.
Pizan se retira da corte parisiense em 1418 em decorrĂȘncia da guerra civil e se abriga em um convento em Poissy, onde praticamente abandona a atividade literĂĄria, senĂŁo pela confecção de um poema celebrando a vitĂłria dos franceses sobre os ingleses sob a liderança de Joana dâArc, em 1429. Acredita-se que Pizan morre pouco antes da condenação de Joana dâArc em 1431.
Contexto cultural e intelectual
Pizan gozou de considerĂĄvel reputação em vida e seu lugar no cĂąnone da literatura ocidental estĂĄ assegurado â o que ainda nĂŁo Ă© o caso em relação ao cĂąnone filosĂłfico. Com efeito, avaliar a pertinĂȘncia dos escritos de Pizan para a compreensĂŁo da atividade filosĂłfica dessa Ă©poca implica levar em conta as condiçÔes singulares em que esta escreve, e isso inclui notadamente a distinção sociocultural entre o meio laico e o meio clerical. Enquanto mulher, Pizan estĂĄ necessariamente excluĂda do meio clerical e, ao mesmo tempo, nĂŁo pode ter acesso a uma educação formal universitĂĄria. Pizan pertence ao meio intelectual e cultural que se desenvolveu na corte de Carlos VI, onde conviveu e debateu com nomes centrais do nascente pensamento humanista francĂȘs (como Jean Gerson, Jean Montreuil e Gontier Col). De modo geral, era muito incomum que mulheres desenvolvessem a prĂĄtica da escrita na Idade MĂ©dia fora dos contextos monĂĄsticos, onde a educação religiosa vinha acompanhada de certa instrução. Cabe notar que esse fato se reflete na iconografia da Ă©poca, onde sĂŁo raras as representaçÔes de mulheres autoras ou como autoridades intelectuais. Nesse sentido, as ilustraçÔes de Pizan estudando entre os livros, escrevendo e discutindo com homens em nĂtida posição de autoridade sĂŁo surpreendentes e pouco comuns (Cf. Renck, 2018). Em seu autobiogrĂĄfico Le livre de Mutacion de Fortune (1403) Pizan descreve uma alegoria intrigante: apĂłs a morte de seu marido, uma transformação dramĂĄtica faz-se necessĂĄria â Pizan Ă© transformada pela Fortuna em um homem, que agora possui força suficiente para conduzir a embarcação que representa sua existĂȘncia. Mais que uma mera construção literĂĄria, tal metamorfose reflete uma realidade social, na medida em que escrever e viver de sua escrita, especialmente sobre assuntos de natureza teĂłrica e polĂtica, sĂŁo atividades percebidas como masculinas. Tal relato se vale de um topos literĂĄrio (virago) para reclamar a mesma autoridade de um homem.
Como vimos, Pizan era filha de um membro da corte de Carlos V e por isso pĂŽde ser educada atravĂ©s de tutoria â como era recorrente entre jovens aristocratas. AlĂ©m disso, teve acesso Ă famosa Biblioteca Real da França, a qual contava com mais de 900 volumes em seu catĂĄlogo (Potin, 2007), entre obras centrais das tradiçÔes polĂtica, religiosa e filosĂłfica. De fato, as evidĂȘncias documentadas do seu conhecimento de obras filosĂłficas sĂŁo vastas. Por exemplo, no Livre des faits et bonnes moeurs du sage Roy Charles V (1404), Christine escreve um espelho dos prĂncipes (espĂ©cie de guia moral para o soberano) em resposta ao Livre du gouvernement des Princes de Gilles de Rome, onde encontramos referĂȘncias Ă Ătica Ă NicĂŽmaco de AristĂłteles (na tradução de Oresme). No Livre de lâadvision Cristine (1405), Pizan se inspira na Consolação da Filosofia de BoĂ©cio, mostrando conhecimento detalhado do De trinitate de Agostinho e de diversas obras de AristĂłteles, bem como longas citaçÔes do ComentĂĄrio de TomĂĄs de Aquino Ă MetafĂsica de AristĂłteles, traduzidas provavelmente pela prĂłpria autora do latim (Dulac e Reno, 1995; Mews, 2005). Â
Obras
Pizan foi uma escritora prolĂfica: produziu mais de 40 obras em uma gama variada de gĂȘneros literĂĄrios (todas em francĂȘs mĂ©dio, ou seja, o francĂȘs falado nos sĂ©culos XIV e XV) e para pĂșblicos diversos. Destacam-se os livros de instrução moral para o cultivo das virtudes, guias polĂticos para membros da corte e a defesa do sexo feminino. Listamos algumas dessas obras em função de sua relevĂąncia filosĂłfica e aproximação temĂĄtica.
Pizan compĂ”e uma sĂ©rie de tratados de natureza polĂtica, dentre os quais o Caminho de Longo Estudo (Le livre du chemin de long estude, 1402â1403), espĂ©cie de narrativa da histĂłria universal em verso, e o jĂĄ mencionado Livro dos fatos e bons costumes do sĂĄbio rei Carlos V (Livre des faits et bonnes moeurs du sage Roy Charles V), uma biografia do rei Carlos V encomendada pelo Duque da Borgonha em 1404. O Livro do Corpo PolĂtico (Le livre du corps de policie), composto entre 1404 e 1407, discorre sobre o bem comum e as qualidade do âbom prĂncipeâ. Em 1400 escreve um tratado mitolĂłgico em prosa e verso intitulado Cartas de Otea a HĂ©ctor (LâEpistre Othea). Este Ă© um texto reproduzido em 47 manuscritos, alguns deles muito luxuosos e ricamente iluminados â o que indica o prestĂgio de seus proprietĂĄrios. Suas alegorias procuram orientar os leitores ilustrando as virtudes a serem cultivadas e os vĂcios a serem evitados: Otea representa aqui prudence, a maior das virtudes, reminiscente da phronesis aristotĂ©lica. Significativa atenção tem sido dada aos tratados polĂticos de Pizan e sua compreensĂŁo da prudĂȘncia como uma virtude, bem como de seus antecedentes filosĂłficos (cf. Green, 2005; Green, 2018; Green, 2019). Assim como nas Cartas de Otea a HĂ©ctor, em O Livro da Paz (Livre de la paix, 1414) verificamos uma compilação Ă©tica profundamente marcada pela influĂȘncia da Ătica a NicĂŽmaco de AristĂłteles e sua recepção medieval. Encontramos nesses textos uma discussĂŁo sobre a sabedoria, entendida como equivalente Ă prudĂȘncia e soma de todas as virtudes.Â
A carta ao Deus do Amor (L’epistre au dieu d’Amours), composto em 1399, Ă© uma sĂĄtira epistolar em verso onde Cupido denuncia as difamaçÔes contra as mulheres. O Livro da visĂŁo de Christine (Le livre de lâAdvision Cristine, 1405) se apresenta como narrativa autobiogrĂĄfica onde Pizan mostra ter consciĂȘncia da novidade de sua condição como escritora e da importĂąncia disso para o seu reconhecimento e fama. No mesmo ano escreve seu texto mais conhecido, reproduzido em 26 manuscritos: A Cidade das Damas (Le livre de la CitĂ© des Dames). A personagem Christine recebe a visita de trĂȘs senhoras – RazĂŁo, RetidĂŁo e Justiça – que a auxiliam a construir uma cidade amuralhada para proteger as mulheres virtuosas das calĂșnias injustas lançadas pelos homens. Esta obra pode ser entendida como uma narrativa alegĂłrica em defesa das mulheres contra textos motivados pela difamação do sexo feminino (ver seção abaixo). A obra conta com uma compilação biogrĂĄfica de mulheres notĂĄveis atravĂ©s da histĂłria, na mitologia e nas Escrituras. Ainda em 1405 compĂ”e o Livro das TrĂȘs Virtudes (Le Livre des Trois Vertus), dedicado Ă Margarete da Borgonha, o qual pode ser lido como um guia prĂĄtico de conduta moral dedicado Ă s mulheres laicas de diversas classes sociais â de princesas a prostitutas. Le DitiĂ© de Jehanne dâArc, de 1429, sua Ășltima obra, consiste em um poema louvando o heroĂsmo de Joana dâArc e descrevendo seus feitos como uma honra para o sexo feminino.
Defesa do sexo feminino e a Querelle des Femmes
Pizan ficou particularmente conhecida por sua defesa das mulheres contra a difamação do sexo feminino nos meios literĂĄrios e filosĂłficos. Os textos mais importantes para analisarmos seus argumentos contra a inferioridade da mulher sĂŁo a sĂ©rie de correspondĂȘncias reunidas sob o tĂtulo Querelle de la Rose (ou Debate da Rosa) e A Cidade das Damas.
 A Querelle de la Rose protagonizada por Christine de Pizan, Jean de Montreuil e Gontier Col Ă© considerada o primeiro debate pĂșblico em defesa do sexo feminino (McWebb, 2013). O debate se dĂĄ a partir de uma troca de cartas envolvendo a crĂtica do cĂ©lebre Romance da Rosa de Jean de Meun, cujos versos apresentam uma visĂŁo pouco elogiosa das mulheres, as quais sĂŁo sistematicamente representadas como ardilosas e desleais. A disputa se inicia formalmente em 1401 quando Pizan escreve uma primeira carta diretamente em resposta a Jean de Montreuil denunciando os intelectuais que elogiam o autor e defendem o conteĂșdo dos seus versos. Pizan entende que todo autor deve assumir a responsabilidade moral sobre suas obras e que a literatura deve ter como função a boa orientação moral, para alĂ©m da qualidade estĂ©tica. O retrato difamatĂłrio do sexo feminino teria um efeito corrosivo sobre seus leitores, levando Ă desarmonia entre os sexos e a uma compreensĂŁo equivocada do amor. Gontier Col solicita uma cĂłpia da carta de Pizan e a critica duramente, pedindo que se retrate. Esta se recusa a fazĂȘ-lo e reitera sua posição. Pizan compila a correspondĂȘncia e a envia a seus protetores, dentre os quais a rainha Isabeau de BaviĂšre â garantindo com isso a exposição do debate. Nas cartas, Pizan fala explicitamente em nome do seu sexo e usa sua condição de mulher como posição privilegiada para argumentar.Â
A Cidade das Damas pode ser lida como um catĂĄlogo de mulheres ilustres, do mesmo gĂȘnero do De Mulieribus de Bocaccio e De Viris illustribus de Petrarca. Tendo claramente mulheres como pĂșblico leitor, Pizan compila mais de 150 relatos biogrĂĄficos de mulheres ilustres, seja pelas suas contribuiçÔes cientĂficas ou seu destaque nas artes, por suas atuaçÔes como governantes e estrategistas militares ou por terem levado uma vida devota e exemplar segundo a fĂ© cristĂŁ. Esses relatos sĂŁo instrumentalizados em um objetivo duplo: alĂ©m de servirem como exempla para promover a boa conduta moral de suas leitoras, Pizan pretende fornecer evidĂȘncias suficientes para provar que a natureza feminina Ă© compatĂvel com o pleno uso da razĂŁo. Em consequĂȘncia, as mulheres podem e devem, assim como os homens, aspirar ao cultivo das virtudes nos diferentes aspectos de suas vidas â social, intelectual e espiritual. Para assegurar esse objetivo, Pizan mobiliza uma sĂ©rie argumentos que refutam a tese da imperfectibilidade da forma feminina, se apropriando das tradiçÔes filosĂłficas medievais como bases teĂłricas de sua defesa (Schmidt, 2018).Â
Pizan Ă© considerada uma antecipadora da Querelles des Femmes, expressĂŁo que designa um conjunto de textos escritos em um espaço de mais de quatro sĂ©culos, reunidos segundo uma unidade temĂĄtica: a reflexĂŁo sobre o estatuto da mulher na sociedade. Inserem-se nesse debate, por exemplo, La nobiltĂ et lâeccellenza delle donne, coâ difetti et mancamenti de gli uomini (1600) de Lucrezia Marinella, ĂgalitĂ© des Hommes et des Femmes (1622), de Marie de Gournay, A Serious Proposal to the Ladies (1694), de Mary Astell, e ainda A Vindication of the Rights of Woman (1792) de Mary Wollstonecraf. Sem se constituir como um movimento uniforme, tampouco como ativismo polĂtico, o corpus da Querelle pode ser estudado em sua dimensĂŁo filosĂłfica. Nesse caso, uma estratĂ©gia para abordar os textos se dĂĄ atravĂ©s da anĂĄlise de um conjunto de argumentos recorrentes em favor da igualdade entre os sexos a partir de uma compreensĂŁo da razĂŁo como igualmente distribuĂda entre homens e mulheres. Podemos ainda centrar a leitura em uma reinvindicação recorrente, a saber, que mulheres devem receber a mesma educação que homens. Podemos identificĂĄ-la com clareza na Cidade das Damas:
[…] se fosse o costume mandar jovens meninas para a escola e ali ensinĂĄ-las toda sorte de diferentes matĂ©rias, assim como se faz com jovens meninos, elas entenderiam e aprenderiam as dificuldades de todas as artes e ciĂȘncias com tanta facilidade quanto os meninos. […] Sabes por que mulheres conhecem menos que homens? […] Ă© porque elas sĂŁo menos expostas a uma larga variedade de experiĂȘncias jĂĄ que precisam ficar em casa o dia inteiro em nome do lar. NĂŁo hĂĄ nada como uma gama completa de diferentes experiĂȘncias e atividades para expandir a mente de qualquer criatura racional (Pizan, Cidade das Damas, parte I cap. XXVII).
A conclusĂŁo segundo a qual homens e mulheres compartilham da mesma natureza Ă© condição necessĂĄria para Pizan mostrar que supostas diferenças no desenvolvimento intelectual de ambos os sexos nĂŁo se devem a uma inferioridade natural, mas a uma razĂŁo circunstancial. Tais consideraçÔes nos permitem atribuir a Pizan uma tese que representa um antecedente feminista, a saber, a condição de submissĂŁo das mulheres pode ser explicada pela desigualdade de oportunidades e a certo condicionamento social. Ainda que o feminismo que encontramos em Pizan possa nĂŁo ser imediatamente atraente para feministas modernas â na medida em que sua defesa das mulheres Ă© baseada em valores tradicionais cristĂŁos e pela ausĂȘncia de uma crĂtica contundente Ă dominação masculina na sociedade medieval â a obra de Pizan Ă© de modo geral celebrada pela crĂtica sem precedentes Ă misoginia nos meios intelectuais.Â
AtravĂ©s de seus argumentos e do recurso a uma variedade de aparatos retĂłricos que visam em Ășltima instĂąncia a edificação moral de seus leitores, Christine de Pizan encontra um modo de legitimar seu discurso filosĂłfico. Suas motivaçÔes para engajar-se nos debates de seu tempo emanam de uma visĂŁo transformadora e emancipadora do que significa ser uma filĂłsofa.Â
Bibliografia primĂĄria:
– L’epistre au dieu d’Amours
EdiçÔes em francĂȘs mĂ©dio:Â
Maurice Roy. Oeuvres PoeÌtiques De Christine De Pisan. Paris: Firmin Didot & cie, 1886.
TraduçÔes em francĂȘs moderno:
Poems of Cupid, God of Love: Christine de Pizan’s “Epistre au dieu d’amours” and “Dit de la rose”; FENSTER, Thelma S. e ERLER, Mary Carpenter. Leiden e New York, Brill: 1990.
TraduçÔes:Â
[Tradução parcial] The Selected Works of Christine de Pizan. Trad. Renate Blumenfeld-Kosinski e Kevin Brownlee. New York: Norton, 1997, p. 15-29; [Tradução parcial] La rosa y el prĂncipe. Voz poĂ©tica y voz polĂtica en las epĂstolas, selecciĂłn y traducciĂłn de Marie-JosĂ© Lemarchand, Madrid, Gredos: 2005.
– L’epistre Othea
EdiçÔes em francĂȘs mĂ©dio:
Epistre Othea. Gabriella Parussa (ed.), GenÚve, Droz (Textes littéraires français, 517): 1999.
TraduçÔes em francĂȘs moderno:
L’Epistre Othea. HĂ©lĂšne Basso (trad.), Presses universitaires de France, Paris: 2008.
TraduçÔes:
Othea’s Letter to Hector. Renate Blumenfeld-Kosinski e Earl Jeffrey Richards (trad.), Tempe, Arizona Center for Medieval and Renaissance Studies: 2017.
– Les epiltres sur le Rommant de la Rose
EdiçÔes em francĂȘs mĂ©dio:Â
Le livre des epistres du debat sus le Rommant de la Rose. Andrea Valentini (ed.), Classiques Garnier, Paris: 2014; Debating the Romance of the Rose: A Critical Anthology, C. McWebb (ed. E trad.), Routledge, New York: 2007.
TraduçÔes em francĂȘs moderno:
Le dĂ©bat sur le “Roman de la Rose”, Virginie Greene (trad.), Champion (Traductions des Classiques du Moyen Ăge, 76), Paris: 2006; Le DĂ©bat sur Le Roman de la Rose. Ădit. Eric Hicks. GenĂšve, Slatkine, 1996.
TraduçÔes:
Debating the Romance of the Rose: A Critical Anthology, C. McWebb (ed. E trad., Routledge, New York: 2007.Â
– Le livre du chemin de long estude
EdiçÔes em francĂȘs mĂ©dio:
Le chemin de longue Ă©tude. Andrea Tarnowski (ed. e trans.), Librairie gĂ©nĂ©rale française, Paris: 2000 [com tradução para o em francĂȘs moderno].
TraduçÔes:
[Tradução parcial] The Selected Works of Christine de Pizan. Trad. Renate Blumenfeld-Kosinski e Kevin Brownlee. New York: Norton, 1997, p. 59-87;
– Le livre de la mutacion de Fortune
EdiçÔes em francĂȘs mĂ©dio:
Le livre de la mutacion de Fortune par Christine de Pisan, Suzanne Solente (ed.), , Picard, Paris: 1959-66.
TraduçÔes:
The Book of the Mutability of Fortune, Geri L. Smith (trad.), Iter Press; Tempe, Arizona Center for Medieval and Renaissance Studies, Toronto: 2017; [Tradução parcial] The Selected Works of Christine de Pizan. Trad. Renate Blumenfeld-Kosinski e Kevin Brownlee. New York: Norton, 1997, p. 89-109.
– Livre des faits et bonnes moeurs du sage Roy Charles V
EdiçÔes em francĂȘs mĂ©dio:Â
Le livre des fais et bonnes meurs du sage roy Charles V. PubliĂ© par Suzanne Solente. Paris, Champion, 1936-1940 (2 vol.)Â
TraduçÔes em francĂȘs moderno:
Le livre des faits et bonnes moeurs du roi Charles V le Sage, ThĂ©rĂšse Moreau e Eric HicksÂ
(trad.), Stock. Paris: 1997; Livre des faits et bonnes mĆurs du sage roi Charles V. JoĂ«l Blanchard e Michel Quereuil (trad.), Paris: 2013.
– Le livre de l’advision Cristine
EdiçÔes em francĂȘs mĂ©dio:
Le livre de l’advision Cristine, Christine Reno e Liliane Dulac (ed.), Champion, Paris: 2001.
TraduçÔes em francĂȘs moderno:
La Vision de Christine. Anne Paupert, in: Voix de femmes au Moyen Ăge: savoir, mystique, poĂ©sie, amour, sorcellerie, XIIe-XVe siĂšcle. Laffont, Paris: 2006.
TraduçÔes:Â
The Vision of Christine de Pizan, Glenda McLeod e Charity Cannon Willard (trad.) Brewer, Cambridge: 2005; [Tradução parcial] The Selected Works of Christine de Pizan. Trad. Renate Blumenfeld-Kosinski e Kevin Brownlee. New York: Norton, 1997, p. 173-201.
– Le livre de la CitĂ© des dames
EdiçÔes em francĂȘs mĂ©dio:
La CittĂ delle Dame. Earl Jeffrey Richards (ed.) e Patrizia Caraffi (trad.) Luni Editrice Milano: 1997 (reimpressĂŁo 2010).
TraduçÔes em francĂȘs moderno:
Le livre de la Cité des dames. Eric Hicks et ThérÚse Moreau (trad.). Stock, Paris: 1992.
TraduçÔes:Â
The Book of the City of Ladies. Rosalind Brown-Grant (trad.).: Penguin, London: 1999; The Book of the City of Ladies, Earl Jeffrey Richards, Persea Books, New York: 1982; (reimpressão 1998); La ciudad de las damas, Siruela, Madrid: 1995 (reimpressão 2001); A Cidade das Damas. Trad. e apresentação de Luciana Eleonora de Freitas Calado Deplagne, Editora Mulheres, Florianópolis: 2012.
Le livre des trois vertus (ou Trésor de la Cité des Dames)
EdiçÔes em francĂȘs mĂ©dio:
Le livre des trois vertus, Charity Cannon Willard e Eric Hicks (ed.), Champion, Paris: 1989.
TraduçÔes em francĂȘs moderno:
Le Livre des trois Vertus. Liliane Dulac (trad.), in: Voix de femmes au Moyen Ăge: savoir, mystique, poĂ©sie, amour, sorcellerie, XIIe-XVe siĂšcle, Laffont Paris: 2006.
TraduçÔes:Â
The Treasure of the City of Ladies or, The Book of the Three Virtues. Sarah Lawson (trad.). Penguin, Harmondsworth: 1985; A Medieval Woman’s Mirror of Honor: The Treasury of the City of Ladies, Madeleine Cosman (ed.), Charity Cannon Willard (trad.), Bard Hall et Persea, New York: 1989; [Tradução parcial] The Selected Works of Christine de Pizan. Trad. Renate Blumenfeld-Kosinski e Kevin Brownlee. New York: Norton, 1997, p. 156-173; Libro de las tres virtudes o Tesoro de la Ciudad de las damas de Cristina de Pizan. Raquel Homet Florensa (ed.), Editorial Autores de Argentina, Buenos Aires: 2016.
– Le livre du corps de pollicie
EdiçÔes em francĂȘs mĂ©dio:
Le livre du corps de policie. Robert H. Lucas (ed.), Droz, GenĂšve: 1967; Le livre du corps de policie. Angus J. Kennedy (ed.), Champion: Paris 1998.
TraduçÔes:Â
The Book of the Body Politic, Kate Langdon Forhan (trad.), Cambridge University Press, Cambridge: 1994; [Tradução parcial] The Selected Works of Christine de Pizan. Trad. Renate Blumenfeld-Kosinski e Kevin Brownlee. New York: Norton, 1997, p. 201-16.
Le livre de la paix
TraduçÔes em francĂȘs moderno:
Le Livre de la paix. Ed. C. Cannon Willard. La Hague, Mouton, 1958;Â
TraduçÔes:Â
The Book of Peace by Christine de Pizan, Karen Green, Constant J. Mews, e Janice Pinder (ed. e trad.) University Park, Pennsylvania State University Press, 2008; [Tradução parcial] The Selected Works of Christine de Pizan. Trad. Renate Blumenfeld-Kosinski e Kevin Brownlee. New York: Norton, 1997, p. 229-48.
– Le DitiĂ© de Jehanne dâArc
EdiçÔes em francĂȘs mĂ©dio:
DitiĂ© de Jehanne d’Arc, Angus J. Kennedy e Kenneth Varty (ed. e trad.), Oxford, Society for the Study of Mediaeval Languages and Literature, 1977.
TraduçÔes em francĂȘs moderno:
Le DitiĂ© de Jehanne d’Arc. Margaret Switten (trad.), in: Voix de femmes au Moyen Ăge: savoir, mystique, poĂ©sie, amour, sorcellerie, XIIe-XVe siĂšcle, Laffont, Paris: 2006.
TraduçÔes:
DitiĂ© de Jehanne d’Arc, Angus J. Kennedy e Kenneth Varty (ed. e trad.), Oxford, Society for the Study of Mediaeval Languages and Literature, 1977; [Tradução parcial] The Selected Works of Christine de Pizan. Trad. Renate Blumenfeld-Kosinski e Kevin Brownlee. New York: Norton, 1997, p. 252-62.
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Links
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SociĂ©tĂ© internationale Christine de Pizan â Branche europĂ©enne
https://societechristinedepizan.wordpress.com/
Medieval Women and Gender Index
https://inpress.lib.uiowa.edu/feminae/default.aspx
The Making of the Queen’s Manuscript (British Library, Harley MS 4431)
http://www.pizan.lib.ed.ac.uk/
Arquivos de Literatura da Idade MĂ©dia
https://www.arlima.net/ad/christine_de_pizan.html#
Dictionnaire du Moyen Français (1330-1500)