Marie le Jars de Gournay
No verbete desta semana, você vai conhecer Marie le Jars de Gournay, uma filósofa francesa do século XVI. Gournay nasceu em 1565 em Paris, onde passou a maior parte de sua vida. Filha primogênita de uma família da pequena nobreza, enfrentou desafios desde cedo, após a morte prematura de seu pai e as dificuldades financeiras trazidas pelas guerras religiosas da época. Apesar das dificuldades, era autodidata e aprendeu sozinha latim e o grego, utilizando os livros de seus irmãos. Seu grande desejo por conhecimento e sua habilidade literária logo chamaram a atenção de intelectuais renomados da época, como Michel de Montaigne, com quem desenvolveu uma grande amizade intelectual, e Justus Lipsius.
Por volta de 1595, ela transformou sua residência em um pequeno salão literário, onde recebia e discutia ideias com outros pensadores da época. Determinada a transcender as limitações impostas às mulheres de sua classe, Gournay viveu uma vida dedicada à escrita e ao pensamento, desafiando as convenções sociais de seu tempo. Em seus escritos, posicionou-se de maneira firme e eloquente defendendo os direitos das mulheres à educação e à participação na esfera pública, desafiando as normas sociais e religiosas da época.
Ao longo de sua vida, publicou uma série de obras que abrangem temas que vão desde religião e política até questões sociais e educacionais. Sua obra mais conhecida, L’Ombre de la Demoiselle de Gournay, reflete não apenas sua erudição e engajamento intelectual, mas também sua identidade singular como mulher das letras em uma sociedade predominantemente masculina.
Ao longo de sua vida, Marie de Gournay recebeu reconhecimento por sua contribuição literária e intelectual, embora enfrentasse adversidades por conta de seu gênero. Faleceu em 1645 em Paris, aos oitenta anos.
Sobre a autora do verbete: Telma de Souza Birchal é Professora do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais. Aposentada em 2021, mantém o vínculo com a UFMG como Professora Voluntária. Concluiu o Doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo no ano de 2000, na área de História da Filosofia, tendo publicado o livro O eu nos Ensaios de Montaigne (2007) e vários artigos sobre Montaigne, Pascal e Descartes. Mais recentemente, pesquisa sobre Mulheres na Filosofia, especialmente Marie de Gournay. Membro do CA Filosofia do CNPq. (2022-2025). Vice Presidente regional mineira da Sociedade Brasileira de Bioética (2023-2025).
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