Feminismo Gordo*
por Maria Luisa Jimenez Jimenez,
pós-doutoranda em psicossociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Docente da pós-graduação em Diversidade e Inclusão em Gestão da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais e em Comunicação da Universidade Estadual de Londrina – Lattes
O termo “feminismo gordo” refere-se a uma abordagem dentro dos feminismos que busca combater a gordofobia e promover a despatologização das corporeidades gordas, denunciando a violência contra as corpas gordas e propondo novos saberes sobre essas mulheres. Neste verbete, opto por empregar “corpas gordas” e “corpes gordes”, no feminino e em linguagem neutra, porque utilizamos a lógica cuir como ressignificação política de seu significado original. Sobre o assunto, consultar Lenguaje, poder e identidad [Linguagem, poder e identidade] (Butler, 2004) e Gênero: uma categoria útil para análise histórica (Scott, 1989).
Em fevereiro de 2021, a Academia Brasileira de Letras – ABL apresentou em seu site, na seção “Novas Palavras”, a palavra “gordofobia” junto à definição: “Repúdio ou aversão preconceituosa a pessoas gordas, que ocorre nas esferas afetiva, social e profissional” (ABL, 2021). Apenas em 2021 “gordofobia” foi reconhecida pela ABL como palavra do nosso vocabulário, e isso mostra como o ativismo e as pesquisas vêm avançando no país.
A gordofobia é um estigma cultural, estrutural e institucional em que as pessoas odeiam e evitam, de todas as maneiras, possuir ou conviver com corporeidades gordas. É um preconceito com pessoas gordas, essa discriminação leva a exclusão social e, portanto, nega acessibilidade as pessoas gordas. Essa estigmatização é transmitida em muitos e diversos espaços e contextos sociais na sociedade contemporânea. Esse prejulgamento acontece com a desvalorização, humilhação, inferiorização, ofensas e restrições aos corpos gordos de modo geral (Jimenez-Jimenez, 2020a).
Estudos mostram que as mulheres negras periféricas são as que mais sofrem com a gordofobia no mundo todo, elas estão mais vulneráveis ao estigma, dessa maneira o feminismo gordo entende a questão da gordofobia como uma questão de classe, raça e gênero (Jimenez-Jimenez, 2024); (Barros, 2011).
O movimento do feminismo gordo é diverso e plural, possui abordagens diversas, mas de modo geral busca questionar os padrões de beleza e as ideias de saúde constituídas em nossa sociedade neoliberal capitalista, reivindicando direitos básicos, como acessibilidade e a construção de saberes localizados. O feminismo gordo também levanta questões sobre ciência, saúde e o bem viver das pessoas gordas, criticando as narrativas que associam automaticamente a gordura à falta de saúde, de caráter e força de vontade, inferiorizando essas mulheres.
Este verbete fundamenta-se nas produções acadêmicas, artivistas e literárias da pesquisa ativista gorda no Brasil e Abya Yala (América Latina), dos estudos transdisciplinares das corporalidades gordas, Pesquisa Gorda. A maioria dessa produção se compõe por mulheres que apesar dos encontros e desencontros nesses estudos, estão se organizando na sistematização e construção de narrativas que demonstrem como nossa sociedade tem sido violenta no entendimento e associação de pessoas gordas a pessoas doentes e incapazes. (Ver indicações/referências abaixo)
Marcada pelo discurso normatizado socialmente, a magreza é o cânone vigente. Quando uma corpa não está dentro desse padrão — ou seja, corpa magra, tida como bela e saudável —, é estigmatizada, considerada feia, má, anormal, doente, fraca e triste; é, portanto, excluída socialmente. Essa discriminação é conhecida como gordofobia, preconceito que leva à exclusão social e nega acessibilidade às pessoas gordas.
O sistema cisheteronormativocolonial fundamenta a gordofobia dentro de um sistema neoliberal capitalista que hierarquiza corporeidades como “boas e ruins”, “saudáveis e doentes”, “bonitas e feias”. Durante séculos, os saberes construídos sobre nossas corpas foram sistematizados, percebidos e controlados como coisas “monstruosas”, “erradas”, que não deveriam existir porque contaminam nossa sociedade e colocam em xeque a normatização das corpas.
Cisheteronormatividade pressupõe que todos são cisgênero e heterossexuais, excluindo e marginalizando outras identidades de gênero e orientações sexuais. Para esse debate sugerimos a leitura do artigo “Cisheteronormatividade como instituição total”, de Eli Bruno do Prado Rocha Rosa (2020).
A pauta da gordofobia em corpas gordas e suas primeiras discussões que trazem a violência contra mulheres gordas como questão feminista está no livro Fat is a feminist issue [Gordura é uma questão feminista], de Susie Orbach, publicado em 1978, que demonstra que essa discussão sobre gordofobia no feminismo começa já faz algum tempo.
Contudo, mesmo que os feminismos contemporâneos abordem muitas pautas ligadas ao corpo da mulher, com olhares e interpretações distintos, a normatização, a medicalização e o controle das corporeidades femininas estão em quase todas as discussões dos feminismos na atualidade, e o direito à própria corpa é uma luta antiga e constante nos movimentos de mulheres (Jimenez-Jimenez, 2020a). No entanto, a pauta da mulher gorda só tem tido espaço e debate entre mulheres gordas. Usamos o conceito crítico universal de mulher neste texto, no entendimento de que corpas que performam o feminino são subalternizadas e violentadas em nossa sociedade patriarcal.
O primeiro manifesto denunciando a violência da gordofobia contra mulheres gordas é o “Fat Underground”, que aconteceu nos Estados Unidos em 1973, elaborado por pioneiras no ativismo gordo e na pesquisa sobre corporalidades gordas e feministas que reivindicam respeito e dignidade.
No Brasil e na Abya Yala, surgem aproximadamente, a partir da década de 2010, movimentos de mulheres gordas que, apesar de nem sempre se nomearem como feministas gordas, reivindicam e denunciam violências contra suas corpas. Junto a estudos transdisciplinares das corporalidades gordas no Brasil, na pesquisa gorda existe uma preocupação política ativista de sistematizar saberes que denunciem violências, de que esses conhecimentos sejam revistos e modificados, de forma que as mulheres gordas centralizem a discussão sobre suas corporalidades, localizando esses saberes e respeitando essas subjetividades.
Devido à prevalência dos estereótipos que associam corpas gordas à doença, essas pessoas são excluídas da construção do conhecimento sobre seus próprios corpos, perpetuando a ideia de inferioridade e inadequação. É necessária uma abordagem mais inclusiva e respeitosa, promovendo uma visão igualitária no contexto da saúde e do bem-estar.
Os discursos sobre corpos que estão com saúde ou doença são considerados universalmente verdadeiros, assemelhando-se a crenças inquestionáveis pela sociedade. Existe a crença arraigada de que apenas um tipo de corpo é aceitável socialmente, enquanto outros são vistos como atípicos. A imposição da padronização das aparências físicas é realizada por mensagens disciplinares (Foucault, 1997), presentes em instituições de grande influência, criando a gordofobia como manifestação de preconceito e discriminação.
Nossa luta pela compreensão das realidades das pessoas gordas vai além de questões estéticas. Envolve direitos fundamentais injustamente negados, como preconceitos na assistência médica, dificuldades no transporte público e estereótipos no emprego devido à gordofobia enraizada em conceitos morais e preconceitos.
De acordo com estudos, a ética subjacente perpetua a exclusão social e a falta de acessibilidade para pessoas com corpos gordos. A percepção de menor atratividade física limita interações sociais, afetivas, sexuais e emocionais. A exclusão, muitas vezes disfarçada de cuidado, saúde e afeto, está ligada às experiências das mulheres em inúmeros contextos sociais. De acordo com alguns pesquisadores, há uma moral que justifica a exclusão social e a não acessibilidade de pessoas com corpos considerados gordos a espaços sociais e privados (Aires, 2019; Arruda, 2022).
A culpabilização da própria pessoa gorda por ser gorda também é violenta, e faz parte da estigmatização estrutural que relaciona toda pessoa gorda ao fracasso, à preguiça e à doença.
A gordofobia entendida como estigma estrutural entra nesse contexto como pressão na associação de que apenas o corpo magro é considerado belo, e, portanto, saudável e feliz. O corpo da mulher, considerado um corpo para procriação, cuidado, fragilidade e beleza, sempre sob e para o controle masculino (do pai, marido, médico e assim por diante), é constituído como um bem que deve sempre melhorar sua aparência e fragilidade para ser possuído, e a magreza faz parte desse controle.
Feminismo Gordo: por uma ciência localizada
A influência da herança da ideologia colonial está diretamente relacionada à perpetuação do capitalismo e do patriarcado, resultando na privação de voz para os oprimidos no Sul e na marginalização de conhecimentos e vivências alternativas. Isso fortalece desigualdades e injustiças, destacando a necessidade de confrontar as dinâmicas opressivas presentes em nossa sociedade (Spivak, 2010).
A epistemologia moderna cartesiana construiu um modelo hegemônico de ciência moderna, oriundo do modelo de racionalidade que se constituiu a partir da revolução científica do século XVI e que alcançou seu apogeu no século XIX. Uma das características mais destacadas nesse contexto foi a omissão das subjetividades na produção do conhecimento, visto que trabalhadores, mulheres, indígenas, afrodescendentes, LGBTQIAPN+, gordes e excluídas estão, sobretudo, no conjunto de países e regiões submetidos ao colonialismo europeu.
Na trajetória epistemológica das corporalidades gordas para uma concepção de “obesidade” como epidemia e sua supervalorização patológica, começaram a aparecer, na década de 1990, informes da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontando as corpas gordas como uma doença perigosa e epidêmica. Por consequência, a mídia e as estatísticas surgiram como uma avalanche alarmista e sensacionalista na sociedade mundial.
A ideia de conhecimento universal legitima o pensamento eurocêntrico como único, da mesma forma que deriva dele. O estabelecimento dessa proposição opera, de forma silenciosa, por calar maneiras de pensar que não são hegemônicas. Apresenta-se como violência relacionada a determinado conhecimento, podendo ser entendida como uma forma de exercício de poder simbólico de um indivíduo, grupo ou nação sobre outro, através do conhecimento científico, como forma de invisibilizar esse outro (Spivak, 2010).
A concepção que temos de saúde e saudável no discurso biomédico precisa ser revista, porque tem sido um modelo mecanicista, já que generaliza e simplifica o que consideramos ter saúde dentro dos consultórios médicos. Segundo Canguilhem (1982), as ideias de patologia, anormalidade, doença e normalidade não podem estar desassociadas do organismo e do ambiente em que se encontram. A investigação analítica desses conceitos não pode deixar, portanto, de levar em conta os valores e construções sociais, isto é, essa análise deve estar marcada por estudos socioculturais. Para o filósofo, estar ou ficar doente nada tem a ver apenas com fenômenos biológicos e/ou objetivos, porque o que se considera saudável ou doente sempre estará submerso nas subjetividades.
Dentro dessa concepção equivocada, baseada no entendimento binário de doença e saúde, constitui-se uma hierarquização das corporeidades como “saudáveis” e “doentes”. Quando não se encaixam no que se entende por um corpo saudável — branco, magro, cishetero — são considerados inferiores, feios, sujos, preguiçosos, doentes. Esses estigmas vão sendo afirmados dentro dessa ciência que universaliza corpos, saberes na construção do conhecimento sobre saúde, raça, gênero, corpas.
No século XIX, se reafirmam novas técnicas disciplinares dentro dessa lógica de “normalidade” essencial na constituição do sujeito dentro do capitalismo. Foucault (1999), nos volumes um e dois de sua obra História da Sexualidade, faz um esforço genealógico para entender como os dispositivos de sexualidade são significantes, porque entender essa construção ocupa um papel central para entender os processos de interdições do século XIX, a repressão construída para impedir os modos de existir autênticos.
Esse projeto colonial constrói, de forma imperativa, ferramentas mais sofisticadas para intervenção na vigilância dos corpos, atribuindo à medicina o papel de classificar, criminalizar, medicalizar e construir o “perverso” a toda corporeidade que não siga o protótipo do corpo único saudável, com saúde.
Nesse sentido, construir novos saberes a partir da violência epistêmica contra mulheres gordas é entender que não se pode ignorar sentimentos, emoções, dores e violências que essas mulheres, desde suas infâncias, passam por serem gordas. A proposta é exatamente o contrário: quais são essas emoções? E o quanto isso pode ser violento para essas corporalidades? Como fazer uma ciência mais humana e respeitosa com essas corporalidades? (Jimenez-Jimenez et al., 2022c).
Esses interesses feministas pelas pesquisas epistemológicas localizadas em suas realidades e, portanto, em contextos sociais localizados, têm impulsionado muitas mulheres de todos os tipos e lugares a apresentarem inúmeros caminhos epistêmicos que valorizem essas histórias e dores (Haraway, 2016). Os movimentos sociais liderados por mulheres na busca por direitos humanos no acesso à saúde no Brasil pode ser um exemplo dessa construção localizada.
Nossos saberes engordurados rompem com a lógica hegemônica de saúde, cuidado porque são construções de (re)existências para a sobrevivência, de forma criativa, ao projeto civilizatório de conquista do pensamento, da corpa, do gênero, dos saberes.
O feminismo gordo, dentro dessa perspectiva epistemológica decolonial, propõe romper com esse regime político de saber-poder, intencionando formas subalternas de sobreviver. A proposta é denunciar esses saberes que construíram um chamado conhecimento que patologiza, ou seja, considera doentes, nossas corpas; como a doença intitulada “obesidade”, por exemplo, que classifica corpas como doentes e não doentes segundo um cálculo de Índice de Massa Corporal (IMC), determinado por um cálculo matemático entre altura e peso. Lembrando que em sua maioria são mulheres periféricas, latinas e pretas, e que essas pessoas são entendidas como hierarquicamente inferiores por serem consideradas “obesas”, portanto doentes.
Chamamos de “gordocídio”, conceito cunhado pela pesquisadora Maria Thereza Chehab de Carvalho Melo no artigo “‘Gordocídio’: uma análise da política sistêmica de morte de pessoas gordas no Brasil”,
(…) a condição de animalização e patologização constante de corpos gordos chega ao fenômeno aqui retratado de “gordocídio”, em que o Estado promove, com sua omissão e desassistência, uma desigual oportunidade de viver e morrer, de forma que pessoas gordas acabam marginalizadas de políticas públicas e de seus direitos fundamentais (Melo, 2023, p. 349).
A falta de escuta e atendimento digno e respeitoso, além da inexistência de macas, cadeiras e aparelhos médicos dentro das instituições são situações que demonstram que o preconceito está presente na falta de cuidado a pessoas gordas, já que o acesso a saúde pode ser prejudicado pela gordofobia que interfere no tratamento e cria barreiras de aproximação, porque acaba não permitindo pensar estratégias efetivas de saúde para esse grupo, num atendimento respeitoso e com dignidade. Dessa maneira, propomos aprofundar a compreensão a partir das próprias pessoas gordas, de como a gordofobia atua no saber médico, na patologização e medicalização dessas pessoas e suas consequências.
Feminismo gordo: ativismo coletivo, movimento político
Com certeza os recortes sociais marcam maior violência, e exatamente por isso gostamos de pensar em muitos feminismos, no sentido de frentes e pautas. Somos diversas e nossas reinvindicações e lutas também, mesmo para quem ainda não se autodenomina feminista. Afinal, a luta pela causa das mulheres ultrapassa a própria história do movimento. Se pensarmos nas mulheres queimadas em fogueiras pela Inquisição, vemos que, hoje, a ferramenta “fogueira” perpassa o silenciamento, a hierarquização, a violência de gênero, o casamento (Federici, 2017). Tal como mulheres de tempos mais antigos podem ser identificadas como feministas sem mesmo se nomearem como tais, existem muitas mulheres e grupos envolvides na emancipação feminina gorda que nem sempre se intitulam como feministas gordas (Jimenez-Jimenez; Arruda; Silva, 2022b).
Há construção de novos saberes pulsando dentro e fora dos coletivos e das mulheres que se autodenominam feministas; existem propostas e lutas que caminham juntas, não separadas. Temos visto que não é preciso se autodenominar feminista para lutar pela participação de mulheres na política, pela autonomia de nossas corpas, contra a violência estrutural sofrida por nossas mães, avós, bisavós, filhas etc. Isso não quer dizer que se autodenominar também não seja político, já que o feminismo é um posicionamento político, de (re)existência, e a gordofobia é violência de gênero, é violência estrutural. As correntes que as mulheres gordas carregam precisam ser levantadas, conhecidas, conversadas entre todas nós. Posto que mulheres gordas sofrem gordofobia todos os dias, muitas vezes ao dia, como forma de sobrevivência existe uma necessidade de transformar a dor em algo, muitas vezes em maior dor.
As violências são de todos os tipos: estruturais, psicológicas, físicas, sexual, patrimonial, além do silenciamento e invalidação do próprio sofrimento, considerando as próprias vítimas com a culpabilização por serem como são: gordas.
Muitas pesquisas trazem depoimentos de diversas mulheres que denunciam essas violências desde muito cedo na própria família, por exemplo, quando os pais acreditam que a pessoa/criança gorda não emagrece porque não quer, e por esse motivo são punidas; ou mesmo na escola e/ou universidade quando a cadeira, banheiros, atividades e projetos não incluem a pessoa gorda; no mercado de trabalho quando as pessoas gordas não são contratadas por serem associadas à pessoas preguiçosas, sujas, doentes, feias e burras. Dessa forma a pessoa gorda sofre gordofobia desde muito cedo e muitas vezes em suas vivências em locais que inclusive deveriam ser de acolhimento e cuidado.
Para além do sofrimento, o feminismo gordo tem mostrado muitas experiências em que o sofrimento pode ser ressignificado em textos, lutas, reposicionamentos no mundo, coletivos, livros, eventos, arte, poesia etc (vide “Para consultar”, no fim do texto).
Em 2019, o coletivo feminista colombiano “Gordas sin chaquetas” organizou, em Bogotá, o primeiro encontro do ativismo gordo em Abya Yala, que se chamou Encuentro de Activismos Gordes del Abya Yala y la Diáspora Africana. Nesse evento de mulheres gordas havia representantes de diversos países, Brasil, Argentina, Colombia, Perú, Mexico. O evento foi dividido em três eixos: Corpo e Desejo, Gordura, Raça e Colonialidade e Gordofobia Médica.
Aqui no Brasil existem alguns encontros, festas, feiras de pessoas gordas organizadas por coletivos, ou individualmente, mas ainda não estamos organizadas juridicamente como Associação Nacional, apesar da luta existir como Movimento Social estamos caminhando para um ativismo organizado política e judicialmente como Movimento Social no país.
O ativismo gordo nos evidencia que é possível, necessário e revolucionário criar teorias a partir de corpas que são marcadas por dor, humilhação e exclusão, transformando todo o ódio e a raiva pela sociedade em luta e se posicionando no mundo de outra maneira, de modo que viver seja um ato revolucionário.
A partir de nossas experiências, é possível reinventar o jeito de estar no mundo. É um processo demorado e lento, mas há mulheres consumindo e fazendo ativismo numa nova proposta de entender sua corpa gorda em sociedade e consigo mesmas, propondo novos saberes sobre nossas corporeidades, sobre uma vida com maior respeito e dignidade.
No mundo todo existem mulheres se organizando contra a gordofobia de inúmeras maneiras, dentro da academia, nas artes, nas ruas, no sexo, onde você menos imaginar. Algumas se nomeiam como feministas, outras ativistas, e outras estão em processo de reconhecer esse sofrimento como uma responsabilidade social e não individual. As pautas são diversas, mas se centralizam na patologização e acessibilidade dessas corpas.
Esse debate, como proposta de reflexão — de que o feminismo gordo já existe e resiste na luta diária de mulheres que sofrem a gordofobia desde suas infâncias e se reinventam todos os dias para sobreviver a tanta violência contra nossas corpas — , tem acontecido em coletivos, em rodas, nas redes e nos encontros, basta você procurar a #ativismogordo, #antigordofobia, #gordativismo #ativismogorde que encontrará muitas mulheres falando sobre o tema em diversas culturas e línguas.
O feminismo gordo existe e emerge de mãos dadas com o feminismo decolonial, da subalternidade, das periferias, dos saberes locais, da subversão do imposto: negras, indígenas, gordas, maricas, trans, sujas, sudakas, defiças, lésbicas, lokas, putas, todas as que estejam à margem do que a sociedade colonial enaltece e constrói como padronização do que é ser “normal”, “saudável”, “bela” e “produtiva”. Todo esse conjunto de idealizações nos subalterna e classifica modos de vida como superiores e inferiores. Somos do lugar da falha.
Dessa maneira, as ativistas, de forma geral, procuram sair desse padrão de dor, humilhação e sofrimento e buscar outro caminho de estar e se perceber no mundo; para muitas delas parece importante perceber-se como gorda, usar o título de gorda como estratégia de autodenominação positiva, nunca negativa.
O termo “gorda” deve ser entendido como um adjetivo bom, que deve aparecer e existir, que se deve aceitar para ser visível e estar presente na sociedade. Quando arrancamos de nós esse sentimento de horror ligado ao adjetivo “gordo”, estamos nos tornando resistentes e desobedientes, dissidentes da norma imposta por uma sociedade que padroniza e controla corpas e desejos, que define o belo e o saudável. Se a corpa magra é estabelecida social e culturalmente enquanto uma corpa saudável, qual lugar é destinado à corpa gorda? O lugar da “cobrança social por não se encaixar no tipo de corpa considerado culturalmente o ‘melhor’”, vivenciando uma série de prejulgamentos que desvalorizam, humilham, inferiorizam e restringem essa corpa (Jimenez-Jimenez, 2020b).
Feminismo gordo: por epistemologias engorduradas
Embora o ativismo gordo tenha surgido nos EUA, muitas pesquisadoras defendem que a origem da gordofobia está intrinsecamente ligada ao processo de colonização de Abya Yala e África, como um projeto político-epistêmico de invasões, genocídios, explorações e apagamento de culturas, na construção da ideia de raça, corpo, gênero e sexualidade. Esse processo levou à formação de um conjunto de conhecimentos e ferramentas de controle, hierarquização e repressão, com o objetivo de apagar qualquer conhecimento que não estivesse relacionado à suposta superioridade de saberes europeus (Montalbetti, 2022). A ciência moderna, derivada da filosofia de Descartes, estabeleceu uma hierarquia entre corpo e alma, resultando em concepções binárias que serviram como base para um projeto de “civilização” por meio da conquista, e, mais que isso, do apagamento de outras ideias, saberes, culturas, cuidados, etc.
A gordofobia, de forma similar à construção de corpos superiores e inferiores, raças superiores e inferiores, gênero binário, é o resultado desse processo colonizador. A socióloga Sabrina Strings (2019) sublinha a história de Saartjie “Sarah” Baartman — sugiro ver o filme Vênus Negra — (Kechiche, 2009), uma mulher sul-africana escravizada e gorda, explorada pela elite francesa em espetáculos e festas. Essas origens racistas da gordofobia perpetuam-se até os dias de hoje, refletindo-se em nossos conhecimentos, estilos de vida, corpos, culturas e linguagens.
A lógica do regime cisheteronormativocolonial é política na reprodução de corpas e tecnologias que estejam dentro de um pensamento hegemônico, no que tange a corpas “normais” e “patológicas”. As gordas têm apresentado perspectivas de saberes que rompem com esse regime político hegemônico. Elas constroem novos saberes a partir da violência epistemológica contra elas. É dessa perspectiva colonial de pessoas que foram historicamente perseguidas, torturadas e silenciadas que acontece o epistemicídio (Carneiro, 2005). Um saber único, branco e patriarcal, como a outra face do genocídio, atua como instrumentalização e legitimação de violência e apagamento de saberes, modos de vidas, línguas, corpas.
Estudar a gordofobia é entender que não se pode ignorar sentimentos, emoções, dores e violências na construção de conhecimento, já que essas mulheres sofrem todo tipo de violências desde suas infâncias por serem gordas. Romper paradigmas e propor novas epistemes que transpassem nossas corpas e visões sobre o mundo, a partir do feminismo gordo, transpõe a proposta colonial capitalística impregnada no fazer filosófico e intenciona a construção de uma pesquisa socialmente transformadora, que denuncia violências coloniais patriarcais dentro de uma proposta para o reconhecimento de nossas potencialidades e de uma filosofia gorda.
Foucault (1997, p. 127) explica: “O certo é que as redes do poder passam hoje pela saúde e pelo corpo. Antes passavam pela alma, agora pelo corpo”. Ou seja, acaba-se por imprimir na corpa — revestida de símbolos e interpretações — julgamentos e expectações, à qual “[…] se aplicam sentimentos, discursos e práticas que estão na base das vidas sociais” (Ferreira, 1994, p. 101). Pensar epistemologicamente em um feminismo dentro dessa análise é entender que esse movimento tem como centralidade a denúncia de violências e de epistemes patriarcais, além de propostas de epistemologias decoloniais feministas que valorizem as experiências das mulheres no mundo como saberes legítimos, potentes e revolucionários.
No que se refere à proposta do feminismo decolonial, as cuirs, lésbicas, pretas, latinas, putas, trans, asiáticas, indígenas, feias, gordas e sudakas apresentam perspectivas de conhecimento que rompem com esse regime político hegemônico, ou seja, quando se tem a ideia única e universal de conhecimento, legitima-se o pensamento eurocêntrico como superior. Essa construção colonizadora de uma episteme soberana às demais, principalmente as do Sul do mundo, está ligada diretamente ao contexto histórico/social da colonização, no qual se deslegitima todo pensamento que não esteja localizado numa lógica heteronormativa-colonial.
No Brasil, a partir de 2017, começa a se organizar a pesquisa e ativismo gordo, em consequência se origina o Grupo de Estudos Transdisciplinares das Corporalidades Gordas, o Pesquisa Gorda, propondo uma pesquisa ativista feminista no país. O grupo acontece com encontros para leituras, discussões, produções de artigos, textos, mas também de apoio e cuidado entre suas membras.
Realizamos reuniões abertas para pessoas gordas e aliades, além de encontros fechados para planejar as atividades do grupo. Nosso objetivo é oferecer um ambiente inclusivo para compartilhar experiências e apoio mútuo. Para mais informações, siga nosso perfil no Instagram e site da Pesquisa Gorda.
Em 2022 aconteceu o I Congresso da Pesquisa Gorda no Brasil, “Pesquisa Gorda: Ativismo, Estudo e Arte”, de forma remota, registrado no Youtube do Pesquisa Gorda. Tivemos mais de 200 inscrições e 60 trabalhos apresentados, 4 mesas de debate, com participação de pesquisadoras da Argentina, Colômbia, México, show de encerramento do Rap Plus Size e a produção de Anais com trabalhos completos apresentados no Congresso.
Em 2023, o grupo Pesquisa Gorda lançou a Manifesta Gorda em celebração aos 50 anos do lançamento do primeiro Manifesto antigordofobia elaborado por feministas gordas, o “Fat Liberation”, em 1973, nos Estados Unidos, um marco na luta contra a gordofobia. Os estudos/pesquisas das corporalidades gordas começam a acontecer desde a década de 1960, junto ao Ativismo Gordo, na ocasião da morte da cantora Cass Elliot, que faleceu por gordofobia, por não ter acesso a exames e tratamentos para um câncer.
Mulheres gordas desde a década de 1970 nos EUA começam a se organizar para pensar e se mobilizar para responder às consequências desse tratamento hostil em suas vidas. O ativismo gordo nasce da morte da vocalista, Cass Elliot da banda The Mamas & The Papas, que era uma mulher gorda que vinha sofrendo de muitas dores abdominais e os atendimentos de cuidados médicos nos hospitais, consultórios eram sempre para que ela emagrecesse, e quando descobriu um câncer no estômago era tarde e acabou falecendo. Em decorrência dessa morte, mulheres gordas próximas à cantora começaram a se organizar e questionar o preconceito contra suas corpas, dores e queixas (Jimenez-Jimenez, et al, 2023b, p.30).
Por ser estrutural e institucionalizada, a gordofobia ultrapassa as experiências pessoais e transborda na construção do conhecimento, já que as epistemologias que existem sobre nossas corporeidades são patologizantes, medicalizadoras e preconceituosas. Propomos, através de nossos estudos ativistas e vivências, o rompimento de paradigmas violentos com as pessoas gordas, na construção de epistemologias engorduradas.
Feminismo gordo na transformação social
O feminismo gordo vem despontando na América Latina e no Brasil a passos largos, com representações de muitas corpas e propostas subalternas. Considerando o surgimento de “novos feminismos”, vamos aprendendo com outros ativismos de mulheres que a mudança é possível, através dos movimentos sociais.
Mulheres gordas latino-americanas começam a se organizar pela internet e em coletivos para pensarem e discutirem ferramentas construídas ao longo da vivência no mundo a partir de uma corpa gorda que sofre gordofobia desde sua infância. A partir de nossas vivências, é possível reinventar o jeito de estar no mundo. É um processo demorado e lento, mas existem mulheres como nós, consumindo e fazendo ativismo numa nova proposta de (re)entender sua corpa gorda em sociedade e a si mesmas, na preocupação de recriar saberes que não mais patologizem, medicalizem e matem corpas gordas.
O feminismo gordo denuncia, portanto, uma injustiça epistêmica sobre nossas corpas e se contrapõe à estigmatização social dessas mulheres, à patologização e ao silenciamento, à perda do acesso à sexualidade como sujeito participante de suas próprias práticas sexuais, desejos e prazeres.
Levar em consideração outros entendimentos, suas contradições e as consequências de saberes violentos também é identificar nosso lugar social, nossos pontos de vista e afetações, o que é muito importante para estar à vontade e confiante na escrita, na pesquisa, na vida. Nossas histórias importam, a pesquisa/vida/ativismo — como rompimento com o colonialismo gordofóbico, cisheteronormativo, racista, masculino, machista — propõe ruptura de paradigmas e construção de novos saberes, novos mundos. É preciso e estão acontecendo denúncias dessas violências epistemológicas, propostas epistemológicas a partir desse entendimento, revisões do que já existe, mas, principalmente, um rompimento com essa ciência colonialista e violenta com os corpos abjetos (Butler, 2016) e uma construção de saberes subalternos que não sejam violentos com nenhuma corporalidade (Preciado, 2021).
Apryl Williams, bell hooks, Angela Davis, Sueli Carneiro, Lélia Gonzalez, Carla Akotirene, Thula Pires, entre outras feministas negras, trazem em suas filosofias uma crítica já bem sistematizada sobre a epistemologia dominante, que, embora travestida de neutra e universal, é masculina e branca. A construção do “científico”, dentro dessa “civilidade” violenta sobre o conhecimento construído, traz uma ideia de neutralidade, mas o que propõe são opressão, hierarquização e violências.
Quando bell hooks (2017, p. 86) denuncia que “[…] a língua padrão esconde os ruídos da matança e da conquista”, ela delata a construção da língua formal como instrumento de hierarquização de conhecimentos, nos traz para essa discussão de construção de saberes que mais violentam do que ensinam, mais destroem do que constroem. Para que serve o conhecer, se não para resistir ao mundo que oprime quem não está dentro da caixa padronizada que é o sistema capitalista?
É nessa lógica que o feminismo gordo propõe repensar nossa maneira de usar a linguagem, já que ela é violenta: racista, gordofóbica, machista, homofóbica, transfóbica, sexista, classista, etarista, entre outras brutalidades estão na composição na forma como escrevemos, falamos, argumentamos. Isso posto, incentivamos a pensarmos no uso da linguagem, assim como gênero, raça, classe, sexualidade, deficiência, geolocalização, tamanho, idade, profissão, entre outras interseccionalidades relacionadas às corporalidades gordas, e a rever o uso de palavras como “obesidade”, “acima do peso”, “excesso de peso” em nossas escritas, falas, trocas, a menos que sejam usadas com aspas, acompanhadas de uma análise crítica-política.
O ativismo gordo na internet é importantíssimo para essas mulheres, pois é o meio em que se sentem seguras para expor a fragilidade e um pedido de ajuda, escuta e apoio, já que falar sobre gordofobia ainda é um tabu em nossa sociedade. Entender nossas corpas de outra maneira e fazer uso dessa experiência para compreender nossa existência como política pode ser estar mais feliz no mundo.
Estamos falando de um ativismo em busca da transformação da sociedade por meio da ação tanto virtual como presencial, em mobilizações ou acontecimentos nas cidades. Como vimos, o ativismo antigordofobia, mesmo que timidamente, mas a passos largos, vem ocupando espaço no mundo virtual e físico e se posicionando como político e revolucionário no que se refere a entender, conhecer e se colocar como mulheres gordas no mundo.
*O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil (150533/2022-5).
Referências Bibliográficas
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