Roza Egipcíaca
Roza Maria Egipcíaca da Vera Cruz foi uma mulher escravizada e alforriada, sacerdotisa e autora mística que viveu entre 1719 e 1771 e teve seus escritos queimados durante seu processo de inquisição. Nascida na África e pertencente à nação courá (ou courana), natural da Costa de Uidá (ou Ajudá), atual Benin, ela foi trazida ao Brasil com seis anos de idade. Ao chegar ao Rio de Janeiro, então capital da colônia, em 1725, foi comprada e recebeu o nome de Roza.
Após uma vida de grande violência e maus tratos como escravizada, Roza Egipcíaca conseguiu sua alforria e se tornou uma importante líder espiritual na sociedade colonial setecentista, fundando e dirigindo o Recolhimento do Parto, uma instituição ligada à Igreja de Nossa Senhora do Parto, no Rio de Janeiro, que tinha como objetivo acolher mulheres — sobretudo ex-prostitutas e desvalidas — que quisessem seguir o caminho monástico.
O que sabemos hoje sobre Roza Egipcíaca é o que consta no processo da inquisição a que foi submetida após ser acusada de cumplicidade em embustes, bruxaria e feitiçaria. No verbete desta semana, nossos autores Beatriz Lopes e Ulysses Pinheiro se dedicam a elucidar os dois principais temas do pensamento da filósofa: a doutrina dos Sagrados Corações e a figura da maternidade espiritual.
Sobre os autores do verbete: Beatriz Santos Lopes é estudante de Filosofia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, possui bacharelado em Gravura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e faz parte do Contragrupo – Estudos de genealogia do cânone filosófico da UERJ.
Ulysses Pinheiro é professor titular do departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro; membro do PPGFil/UERJ e do PPGLM/IFCS/UFRJ; Pesquisador do CNPq; membro do projeto de extensão Quantas filósofas? e do projeto Extending New Narratives in the History of Philosophy (Simon Fraser University, Canadá).
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