Sophie Bọ́sẹ̀dé Olúwọlé; Abọ́sẹ̀dé Olayemi

Sophie Bọ́sẹ̀dé Olúwọlé; Abọ́sẹ̀dé Olayemi

(1935 – 2018)

 

por Carlos Eduardo da Silva Rocha,

doutorando e licenciando em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – Lattes

 

PDF – Sophie Bọ́sẹ̀dé Olúwọlé

 

Imagem retirada do Google images

Sophie Bọ́sẹ̀dé Olúwọlé foi uma filósofa nigeriana cujo trabalho se debruçou sobre o estudo e divulgação das filosofias africanas, em especial Ifá, a filosofia de Ọ̀rúnmìlà. A vida da filósofa, doutora e professora Sophie Bọ́sẹ̀dé Olúwọlé foi um exemplo de perseverança, dedicação e luta contra o eurocentrismo ainda tão forte na academia mundial. Olúwọlé enfrentou de frente a colonialidade acadêmica que ainda resiste em reconhecer a existência das filosofias Africanas. Como Filósofa, ela denunciou o racismo estrutural que sufoca o estudo, a pesquisa e a divulgação de todo o pensamento que não seja branco e Ocidental.

 

Nascimento e os primeiros anos 

 

No artigo biográfico Remembering the African Philosopher, Abosede Sophie Oluwole: A Biographical Essay”. [Lembrando da Filósofa Africana, Abosede Sophie Oluwole: Um ensaio Biográfico], Ademola Kazeem Fayemi nos lembra que Abọ́sẹ̀dé Olayemi Sophie Olúwọlé nasceu em 1935 em Igbara-Oke no Estado de Ondo, Nigéria, em uma família de fé Anglicana. Ambos seus pais eram naturais do Estado de Edo.

 Apesar da crença popular de que Olúwọlé é uma Yorùbá devido sua proeminência no estudo da filosofia Yorùbá, na verdade sua ancestralidade vem de Edo, e o fato de ela ter nascido em Igbara-Oke foi resultado de seu pai ter vivido lá (Fayemi, 2018, pp. 119-120). Por ser uma mulher de ancestralidade Edo, Olúwọlé compreendia o dialeto Edo, contudo não era fluente. Todavia, Fayemi observa que é mais adequado considerá-la mais como uma pessoa Yorùbá do que Edo, devido à origem Yorùbá de seu nome. Ambos os nomes de nascimento da filósofa (sem contar seu nome de casamento, Olúwọlé) são de origem Yorùbá. Abọ́sẹ̀dé significa “uma menina nascida em um domingo” e Olayemi significa “eu mereço a fortuna”. 

 

O início da educação e carreira acadêmica

 

Os primeiros anos da educação da filósofa foram marcados por um fato curioso: o recebimento do nome “Sofia”, por volta dos 8 anos de idade, quando ela foi batizada. O nome foi dado por um amigo da família que era, também, o diretor da escola comunitária de Igbara-Oke onde ela estudava. O diretor batizou a futura filósofa como Sofia por reconhecer que Abọ́sẹ̀dé Olayemi era uma criança de extrema inteligência. O nome dado pelo diretor foi um divisor de águas na vida de Sophie, pois, pelo reconhecimento de sua notória inteligência, ela passara a viver na casa do diretor e, daí, começou a frequentar a St. Paul’s Anglican Primary School em Igbara-Oke, onde teve sua educação primária (Ibid., pp. 120-121). Então, ela passou a frequentar a Anglican Girl Modern School na cidade de Ile-Ife, em 1951. Em 1953 foi para Ilesha e lá frequentou o Women Training College, onde se qualificou para a profissão docente. Uma outra curiosidade quanto ao nome da filósofa é que, de acordo com Fayemi, a mudança de “Sofia” para “Sophie” foi uma questão de escolha da própria filósofa, embora não fique claro o motivo da mudança (Ibid. p. 120).

 Ela obteve sua primeira formação em filosofia em 1970. Fayemi (2018, p. 122) destaca que durante sua graduação ela nunca foi introduzida à filosofia africana, muito provavelmente pelo fato de seus professores não terem formação em filosofia africana, mas sim formação no cânone tradicional eurocêntrico da filosofia acadêmica, mais especificamente as filosofias grega, britânica e alemã. Ela concluiu seu mestrado cujo título da dissertação foi An Introduction into the Relationship between Transformational Grammar and Logical Analyses [Uma Introdução acerca da Relação entre Gramática Transformacional e Análise Lógica] em 1974 pela Universidade de Lagos. Foi durante a redação de sua dissertação de mestrado que Olúwọlé ouviu pela primeira vez o conceito de filosofia africana por parte de J. B. Danquah (Jr.). O interesse de Danquah pela filosofia africana se voltava à filosofia egípcia antiga e a relação da filosofia grega com o pensamento egípcio, mas Olúwọlé tinha certas restrições quanto à pesquisa de Danquah (Ibid.). A preocupação de Olúwọlé não estava em comparar o pensamento egípcio com o grego ou investigar a africanidade da civilização egípcia. Ao invés disso, ela ponderava as seguintes questões: “Se os Egípcios eram pretos e estudaram filosofia primeiro, o que aconteceu com o povo originário, o povo que iniciou a filosofia?”, “Haverá algum resíduo de pensamento africano que possa pré-datar a invasão islâmica e cristã em terras africanas?” (Fayemi, 2018, p. 122). Com sua dissertação de mestrado ela pretendia lançar alguma luz sobre essas questões. 

No entanto, como bem coloca Fayemi (2018, p. 123), o sonho de Olúwọlé em pesquisar filosofias africanas foi frustrado pelo simples, porém grave, fato de não haver quem pudesse orientá-la em sua pesquisa. Ou seja, em uma Universidade Africana não havia nenhum professor ou professora com qualificação para orientar uma pesquisa em filosofia africana, visto que a formação dos professores de Olúwọlé era a canônica eurocêntrica. Então, o assunto de sua dissertação mudou de filosofia africana para filosofia da linguagem no pensamento ocidental. Contudo, mesmo diante das adversidades, a filósofa não perdeu seu intuito de investigar e pesquisar o pensamento africano. Em sua pesquisa de doutorado iniciada em 1977, ela tinha a intenção de estudar a ética Yorùbá, tendo a pesquisa o título The Rational basis of Yorùbá Ethics [A Base Racional da Ética Yorùbá]. Porém, mais uma vez ela encontraria barreiras em sua busca pela filosofia africana, especificamente, da negação por parte de seu orientador Peter Bodunrin da existência de um corpus de pensamento africano que pudesse ser classificado como filosofia, isto é, Bodunrin negava a possibilidade da existência de uma filosofia africana, sendo sua especialidade a filosofia grega. Assim, o tema da pesquisa de doutorado de Olúwọlé foi a metaética e a regra de ouro. Essas barreiras encontradas pela filósofa foram mencionadas por ela em sua conferência na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2018, quando ela disse:

 

“Quando eu escrevi minha tese de doutorado que eu terminei em 1984, não me permitiram trabalhar um tópico africano, pois não existia uma filosofia africana. Então, eu tive que obedecê-los e tive que estudar a filosofia ocidental e tudo o que me ensinavam era filosofia ocidental. Durante meu doutorado eu queria mostrar para eles que havia filosofia africana, todos os artigos que escrevi eram para mostrar para eles que existia filosofia africana” (Olúwọlé, 2018, transcrição e tradução nossa).

 

Mas como lembra Fayemi (Ibid., p. 123), embora não tivesse interesse em pesquisar filosofia ocidental, Olúwọlé usou essa pesquisa para mostrar sua capacidade enquanto pesquisadora em temas filosóficos — o que ela fez com louvor ao defender com muito sucesso sua tese em 1984, sendo a primeira mulher a receber o título de Doutorado em filosofia por uma Universidade Nigeriana e em toda África Subsaariana —, o que acabou por abrir as portas para ela se dedicar ao estudo de filosofias africanas, que teve início com seu primeiro contato com Ifá. 

Ifá é a filosofia de Ọ̀rúnmìlà (filósofo yorùbá do séc. IV a.C.), transmitida de forma oral. O corpus filosófico de Ifá é composto por 256 poemas chamados Odù — que se dividem em 16 Odù maiores, os Ojú Odù, e 240 Odù menores, chamados Ọmọ Odù — que são interpretados por uma série de sistemas oraculares. A introdução de Olúwọlé ao pensamento de Ọ̀rúnmìlà não ocorreu em uma Universidade ou pelo intermédio de algum professor, mas por Funke Geshide, filha de Olúwọlé. Geshide estudava a tradição oral de Ifá em seu período na Universidade de Lagos. Quando ela se casou, deixou grande parte de sua coleção de livros para sua mãe, sendo um desses livros Awon Oju Odu Mereerindinlogun [Sixteen Great Poems of Ifá/Dezesseis Grandes Poemas de Ifá] (1977), de Wande Abimbola, um babaláwo (sacerdote oraculista), estudioso e professor da filosofia de Ifá. Quando Olúwọlé leu alguns versos dos Odù Ejiogbe e Owonrin meji, percebeu a beleza e a racionalidade do pensamento do filósofo Yorùbá antigo (ibid., p. 124). Esse encontro aleatório com livros que traziam em suas páginas transcrições da tradição filosófica oral de Ifá foi o ponto de virada na vida, carreira e pensamento de Sophie Olúwọlé, pois ela finalmente encontrara o que tanto procurava, um sistema endógeno Yorùbá de conhecimento que, de fato, se classificava como filosofia. Ao entrar em contato com Ifá, (Ibid., p. 125) Olúwọlé se deparou com uma tradição filosófica oral que discutia questões humanas fundamentais como ética, metafísica, epistemologia, entre outras. Mais uma vez a barreira da língua se mostraria um desafio para a filósofa, pois como uma Nigeriana imersa em uma realidade colonial, a “língua materna” de Olúwọlé era o inglês, o que levou a filósofa a buscar tutores em idioma yorùbá para que pudesse ler e interpretar os versos dos Odù que compõem o corpus Ifá que, como grande parte da literatura da antiguidade, era composto em um complexo estilo linguístico (Ibid, p. 125). O encontro com Ifá fez com que a filosofia de Ọ̀rúnmìlà se tornasse a pedra angular do pensamento de Sophie Olúwọlé, e com que ela se tornasse uma das maiores especialistas e divulgadoras de Ifá enquanto filosofia e pesquisa acadêmica. 

Em 23 de dezembro de 2018, em Ibafo, Estado de Ogun na Nigéria, Sophie Bọ́sẹ̀dé Olúwọlé deixou o Àyié (mundo material, segundo Ifá) para encontrar com seus ancestrais no Ọ̀run (mundo imaterial, segundo Ifá), mas a marca que ela deixou nunca será apagada. Com sua obra, Olúwọlé, de fato, colocou o pensamento Yorùbá no mapa, mostrando que a filosofia não é universal, mas pluriversal. Com sua obra, Sophie Bọ́sẹ̀dé Olúwọlé mostrou que, para o estudo da filosofia é necessária a busca pelas origens, ou como ela mesma disse: “O caminho para frente, é voltando para casa” (Olúwọlé, 2018, transcrição e tradução nossa)

 

Obras da filósofa

 

  1. A preocupação com a língua e sua relação com a identidade

 

Em sua conferência na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2018, Olúwọlé chamou atenção para a importante questão de que a filosofia não tem uma língua particular, ou seja, a filosofia ocidental é difundida em muitas línguas como, por exemplo, o inglês, o francês ou o alemão. O que a filósofa quis dizer é que não existe uma única filosofia ocidental, mas filosofias ocidentais. Na conferência, ela disse:

 

“Quando me falavam de filosofia ocidental, eu retrucava: ‘não existe filosofia ocidental’. Existe filosofia inglesa, existe filosofia francesa, existe filosofia alemã, mas não podemos colocá-las juntas, pois as línguas são diferentes. Então, se você quiser ensinar filosofia africana busque o que os africanos dizem em suas próprias línguas” (Olúwọlé, 2018, transcrição e tradução nossa). 

 

Olúwọlé usou a si mesma como exemplo, pois, como se dedicou à filosofia de Ifá, ela teve que aprender o idioma yorùbá para, assim, compreender o que Ọ̀rúnmìlà e seus discípulos/as disseram. Porém ela lembra que seu estudo se focou no yorùbá e na filosofia de língua yorùbá, por isso ela não entendia outras línguas de matriz africana como, por exemplo, o idioma ibo. O importante ponto sublinhado pela filósofa é que, assim como não existe uma única filosofia ocidental, também não existe uma única filosofia africana, mas filosofias africanas, cada qual com sua língua materna.

A rejeição do pensamento africano e dos próprios africanos em instituições de ensino da África levou Olúwọlé a escrever Katanfuru: who are (we/they) Africans? Some memorable Questions [Katanfuru: quem são (nós/elas/eles) Africanos? Algumas questões memoráveis]. Katanfuru, segundo a filósofa, significa “alguém que perdeu sua língua e, portanto, é um tolo/a”. A filósofa observa que se um indivíduo não consegue falar sua própria língua ou quando as pessoas não entendem a sua língua, isso significa que elas não têm nada. A filósofa observa que foi isso que ela aprendeu ao estudar a língua yorùbá, ou seja, a importância do resgate das línguas originárias para a cultura e para a filosofia. 

 

  1. A importância das tradições orais enquanto filosofia

 

Um dos temas a que Olúwọlé se dedicou foi a relação entre filosofia e as tradições orais. Como observa Gail Presbey em seu artigo “Sophie Olúwọlé’s Major Contributions to African Philosophy” [As maiores contribuições de Sophie Olúwọlé para Filosofia Africana] (2020, p. 233), Olúwọlé critica todo um grupo de eruditos africanos em filosofia que, por décadas, desacreditaram as tradições orais de sabedoria.

Como aponta Presbey, a filósofa critica esses eruditos por considerar que eles taxaram, de forma injusta, as tradições orais como autoritárias e dogmáticas. Ela rebate esses eruditos afirmando que as tradições orais africanas não são autoritárias, pelo contrário, são parte da tradição liberal na África. Segundo a filósofa, (Olúwọlé, 1997a, pp. 67 e 70 apud Presbey, 2020, p. 233), as histórias orais são dinâmicas, não são apenas memorizadas, mas também analisadas, ou seja, as histórias orais não eram compreendidas de forma literal, mas interpretadas. As histórias orais, como os Odù Ifá, trazem nos versos de seus poemas belíssimas lições filosóficas sobre ética, metafísica, epistemologia, entre outras lições que estão contidas nas narrativas míticas de seus poemas.

 

  1. Sobre bruxaria e reencarnação

 

Em seu livro Witchcraft, Reincarnation and the God-head [Bruxaria, Reencarnação e a Cabeça como Divindade], como afirma Presbey (2020, p. 232), Olúwọlé realiza um estudo acerca da bruxaria mantendo, ao mesmo tempo, a mente aberta e uma posição cética para com aqueles que acreditam na eficácia da bruxaria. A filósofa faz também uma crítica ao materialismo ocidental contrastando-o com a crença em reencarnação das culturas africanas.

Segundo a filósofa, não se pode refutar totalmente a eficácia da bruxaria usando o método científico, já que há alguns casos nos quais algumas pessoas manifestaram resultados que podem ser considerados como evidência empírica com demonstrações experimentais, mesmo que em âmbito hipotético. Ela aponta que físicos têm absoluta crença na realidade dos neutrinos, embora os seres humanos não possam experimentá-los de forma direta, mas apenas seus efeitos (Olúwọlé, 1995, p. 368 apud Presbey, 2020, p. 232). Por outro lado, a filósofa convida os praticantes da bruxaria a admitir que suas crenças não são infalíveis e imutáveis, para assim aprender com seus próprios erros. 

Quanto ao tema da reencarnação, a filósofa discute estudos empíricos (inclusive nos Estados Unidos) que traziam evidências acerca da reencarnação, ainda que de forma inconclusiva. Olúwọlé percebeu que alguns filósofos africanos se referiam à reencarnação como prova de que os africanos eram retrógrados intelectualmente. Olúwọlé aponta que os africanos que defendem a crença na reencarnação como retrógrada o fazem porque essa defesa se encaixa em suas próprias ideias metafísicas, já que eles afirmam ter “evidências empíricas demasiadas” que corroboram sua defesa (Olúwọlé, 1992a, p. 52 apud Presbey, 2020, pp. 232-233). Para Olúwọlé, são os materialistas ocidentais que defendem uma posição irracional, pois, ao insistir em acreditar apenas em fenômenos que possam ser provados pela ciência, acabam rejeitando qualquer evidência empírica que desafie seu compromisso com o materialismo. Ela também expõe sua posição em favor da reencarnação ao chamar a atenção para umas das próprias definições da filosofia que diz que as explicações filosóficas são racionais, baseadas na intuição e na experiência. E já que a maior parte da reflexão filosófica se dá pela especulação, não devemos pensar que a filosofia lide unicamente ou primariamente em absolutos. 

 

  1. Comparando as Filosofias Africanas e Ocidentais

 

O ápice do trabalho de Sophie Bọ́sẹ̀dé Olúwọlé é a comparação que ela faz entre as filosofias africanas e ocidentais, mais especificamente a Yorùbá e a Helênica ao comparar os dois maiores representantes dessas filosofias: O Grego Sócrates e o Yorùbá Ọ̀rúnmìlà. Ao apontar similaridades e diferenças entre os dois filósofos, Olúwọlé mostra, assim, as similaridades e as diferenças entre os pensamentos africano e ocidental. 

Como bem lembra Presbey (2020, p. 234), Olúwọlé contextualiza Ọ̀rúnmìlà como uma pessoa histórica nascida no séc. IV a.C., cujas ideias foram transmitidas de forma oral para seus discípulos. Ou seja, ela postula que Ọ̀rúnmìlà foi um filósofo que, de fato, viveu e teve discípulos, apesar de ser considerado um Òrìṣà, parte do panteão das divindades de Ifá. Na verdade, o que Olúwọlé faz é uma caracterização dos dois filósofos em três instâncias:

 

4.1. O Sócrates Fictício

 

Ao retratar o Sócrates fictício, Olúwọlé (2017, p. 31) toma o Sócrates retratado por Aristófanes nas peças As Nuvens e As Aves. O Sócrates de Aristófanes propunha que o que determinava as qualidades de um líder era a posse do conhecimento, o entendimento e a virtude moral. Essas eram as qualidades que justificavam quem deveria ser apontado para reger os assuntos de Estado. Aristófanes descrevia um Sócrates que propunha mudanças drásticas para o pensamento e crenças tradicionais gregas, ou seja, questionando poetas como Homero e Hesíodo e políticos como Sófocles ou Sólon, assim como sofistas como Protágoras ou Górgias. Para Aristófanes, Sócrates era um revolucionário radical que levaria a sociedade Grega à anarquia.

 

4.2. O Sócrates Corporativo

 

Nesta caracterização, Olúwọlé (2012, p. 32) toma o Sócrates retratado por seu discípulo Platão. O Sócrates de Platão era uma síntese crítica do pensamento grego anterior e contemporâneo ao período em que Platão escreveu seus diálogos. Por corporativo, Olúwọlé caracteriza o Sócrates como um revolucionário à frente de um movimento intelectual. Por isso, ela observa que Platão retratava Sócrates como um representante dessa corporação intelectual que surgia em Atenas. Uma corporação que considerava Sócrates como o mais sábio dos gregos e líder revolucionário. 

 

4.3. O Sócrates Histórico

 

Quanto ao Sócrates Histórico, Olúwọlé (2017, p. 33) traçou os dados da vida de Sócrates, o homem que viveu na Atenas do séc. IV a.C., como, por exemplo, os nomes e as ocupações de seus pais. O nome do pai de Sócrates era Sofronisco, um pedreiro do distrito de Alopece, que ficava ao sul de Atenas. Sua mãe era parteira e se chamava Fenarete. 

Olúwọlé menciona Composta (1990, p. 139) lembra que Diógenes Laércio afirmou que Sócrates tinha dez discípulos, dos quais muitos eram seus amigos. Ela lembra que o número de discípulos era provavelmente maior devido ao fato de cinco escolas de pensamento socrático terem sido estabelecidas. 

Olúwọlé (2017, p. 34) observa que, segundo registros históricos, o filósofo viveu na era em que a religião ateniense era o culto aos doze Olimpianos encabeçados por Zeus, lembrando que o santuário de Orfeu em Delfos alojava o famoso oráculo de Apolo. Quanto à aparência física de Sócrates, Olúwọlé menciona Durant (1926, p 336) que faz menção à imagem do busto de Sócrates o retratando como um homem feio para os padrões gregos. O busto mostra um homem de rosto largo, nariz chato, lábios grossos e de barriga grande. Quanto ao restante de sua personalidade, ainda mencionando Durant (Ibid.), tanto Platão como Xenofonte retratam Sócrates como alguém com uma grande tolerância para o álcool, que usava vestes simples, preferia andar descalço e sempre comia a convite de seus colegas. Era dito que sua pobreza era resultado de sua indiferença para com a riqueza, pois se sentia rico na pobreza. 

Aos setenta anos de idade, Sócrates foi acusado do crime de impiedade, julgado, declarado culpado e condenado à morte. Seus amigos arquitetaram sua fuga da prisão, mas ele recusou.

 

4.4. O Ọ̀rúnmìlà Mítico

 

Segundo Sophie Olúwọlé (2017, p.43), a tradição oral Yorùbá descreve Ọ̀rúnmìlà como membro de um grupo celestial, os Òrìṣà que foram enviados por Olódúmarè (Todo Poderoso) para o Àyié (mundo material), com tarefas específicas. A tarefa de Ọ̀rúnmìlà era usar sua sabedoria para organizar os assuntos da sociedade. O centro de suas atividades era Ile-Ife, o lar ancestral do povo Yorùbá do sudeoste na Nigéria.

 

4.5. O Ọ̀rúnmìlà Corporativo

 

Aqui, Olúwọlé caracteriza Ọ̀rúnmìlà como uma representação corporativa do axioma intelectual do povo yorùbá em um ponto particular no desenvolvimento de sua tradição filosófica. Como o líder de uma corporação, uma escola mística que surgia e difundia seu pensamento (2017, p. 43). 

Ela chama atenção para uma questão quanto ao nome do filósofo, pois o termo “Ifá”, em um sentido, se refere à vasta tradição oral do povo Yorùbá, mas também é usado como nome alternativo para o próprio Ọ̀rúnmìlà. Ela afirma que o líder histórico desse grupo de pensadores tomou o nome “Ọ̀rúnmìlà” como uma alcunha, uma prática que, segundo ela, ainda é comum entre os yorùbá. 

A filósofa lembra que os Ojú Odù, os 16 poemas maiores do Corpus Ifá são creditados como registros das 16 discípulas e discípulos originais de Ọ̀rúnmìlà, que em seus poemas registraram os ensinamentos e discussões que tiveram com seu mestre. Gerações posteriores adicionaram seus próprios pensamentos aos registros dos 16 discípulos originais e, como aprendizes, eles tinham que memorizar os versos dos Odù para, assim, adquirirem a competência necessária para analisar e interpretar os ensinamentos dos poemas. Então, cada um dos 16 Odù maiores foram compostos pelos 16 discípulos e discípulas originais a partir dos ensinamentos de seu mestre, ao passo que esses 16 discípulos também tiveram seus próprios discípulos e discípulas que também compuseram seus próprios Odù chamados Ọmọ Odù. Ou seja, os Odú são composições dos discípulos de Ọ̀rúnmìlà e dos discípulos dos discípulos de Ọ̀rúnmìlà, totalizando um corpus filosófico de 256 Odù, o que significa que o corpus Ifá foi composto por 256 filósofas e filósofos cuja linhagem começa com Ọ̀rúnmìlà, o fundador do sistema filosófico e criador dos sistemas oraculares que interpretam esse sistema cujo corpus supera o número de 400.000 versos.

 

4.6. O Ọ̀rúnmìlà Histórico

 

Para a caracterização histórica, Olúwọlé (Ibid.) cita Emanuel (Ifa Festival, 2000, p. 233) que menciona uma lenda que descreve Ọ̀rúnmìlà como uma personalidade histórica nascida por volta de 500 a. C. Ela observa que o Odù Ọ̀sá Méji contém uma descrição detalhada quanto à confusão do local de nascimento de Ọ̀rúnmìlà. O Odù conta que quando dito que o filósofo nasceu em Ado, ele respondeu que, na verdade, ele não era natural de Ado, mas que visitou Ado quando descobriu que a população de lá não tinha religião e foi até lá para levar Ifá para as pessoas. 

Diz também que ele era de Òffá; no entanto mais uma vez Ọ̀rúnmìlà diz que ele não era natural de Òffá, mas que foi até lá, pois as pessoas estavam doentes. Olúwọlé menciona (2017, p. 45) Emanuel (2000, p. 56) que explica que a confusão quanto ao local de nascimento de Ọ̀rúnmìlà nos versos do Odù Ọ̀sá Méji dão maior credibilidade às evidências de que ele era nascido e criado em Òkè Ìgẹ̀ti em Ilé-Ifè. 

Quanto a sua aparência física, Olúwọlé cita novamente Emanuel (2000, p. 355) que se refere ao Odù Òyẹ̀kú Méji que descreve Ọ̀rúnmìlà como um homem feio, de barriga protuberante devido a muita bebida e de pele preta como se tingido com índigo.

Olúwọlé observa que a lenda acerca da vida de Ọ̀rúnmìlà afirma que ele era um sábio excepcional, o que o tornou extremamente famoso. Sua fama era tamanha que as pessoas o procuravam para se tornarem seus aprendizes, mas ele escolheu apenas 16 cujos nomes coincidem com os Ojú Odù (Odù maiores) de Ifá. Segundo a filósofa (2017, p. 46) há um testemunho textual de que ele lecionou em uma escola estabelecida em Òkè Itàsè e outra escola em Ilé-Ifè, que é hoje o santuário central de Ifá como uma religião mundial. 

Ao comparar Sócrates e Ọ̀rúnmìlà, o que Olúwọlé faz é uma comparação entre as filosofias ocidental e africana. Ela mostra que, assim como Sócrates, Ọ̀rúnmìlà merece seu lugar na história da filosofia como um sábio da antiguidade cujo pensamento exerce influência até os dias de hoje.

 

Importância da filósofa e sua obra 

 

A trajetória da vida de Sophie Bọ́sẹ̀dé Olúwọlé foi marcada por adversidades e pela superação das mesmas. Olúwọlé foi uma vítima da colonialidade que ainda tem suas marcas profundas no continente e nos povos africanos, impondo as culturas ocidentais como norma, reduzindo as culturas originárias africanas ao primitivismo e à irracionalidade. Olúwọlé era uma mulher preta, africana e estudante em instituições de ensino africanas, mas que ousou querer ir além, ousou querer estudar filosofia africana, um desejo que seus orientadores rejeitaram afirmando que não existia filosofia africana. A colonialidade sufoca as vozes originárias e foi assim que Olúwọlé deve ter se sentido, sufocada e impedida de falar. No entanto, sua voz não seria calada por muito tempo.

Embora seus títulos acadêmicos tenham sido alcançados com a pesquisa de pensadores brancos e ocidentais, Olúwọlé conseguiu algo inédito na história da África contemporânea: ser a primeira mulher com título de doutorado em filosofia na Nigéria e em toda a África Subsaariana. A conquista da Doutora Olúwọlé abriria para ela a oportunidade de dar os primeiros passos na direção de volta para casa, ou seja, em direção ao pensamento e às vozes de seus ancestrais. Mal ela sabia que sua conquista ajudaria a fortalecer a defesa da existência e do estudo das filosofias africanas, abrindo o caminho para que outras/os estudantes pudessem encontrar seus caminhos de volta para casa, de volta para as vozes de seus ancestrais. Em sua jornada, Olúwọlé viu que a concepção de uma “filosofia universal” era falaciosa, ou seja, Olúwọlé percebeu a pluriversalidade da filosofia. Percebeu que a filosofia está presente em todas as culturas, com faces, cores e etnias diferentes e que uma das marcas dessa pluriversalidade é a língua. A Filósofa percebeu que os numerosos povos africanos com seus numerosos idiomas e dialetos produziram suas próprias filosofias, que representam suas diferenças e particularidades culturais. Olúwọlé chegou à conclusão de que para ouvir as vozes de seus ancestrais e estudar suas filosofias é necessário aprender suas línguas para, assim, sorver suas palavras, conceitos e as filosofias contidas nelas. Foi isso que Olúwọlé fez quando se deparou com Ifá, a filosofia de Ọ̀rúnmìlà, o que a levou a redação de sua Magnum Opus

Nessa obra, Olúwọlé faz um estudo comparativo entre Sócrates e Ọ̀rúnmìlá, dois filósofos que transmitiram seu pensamento de forma oral para seus discípulos. Como é amplamente sabido, Sócrates não deixou nada escrito, e tudo o que sabemos do filósofo heleno e seu pensamento, sabemos pelos registros de seus discípulos, em especial, Platão. Assim como Sócrates, Ọ̀rúnmìlá viveu em uma sociedade de tradição oral. Portanto, o que sabemos do pensamento do filósofo Yorùbá vem da longa linha de discípulos e discípulos de seus discípulos, que foram passando a sabedoria de Ọ̀rúnmìlá de forma oral de geração para geração, chegando até nós como um sistema filosófico e religioso que ainda é amplamente praticado e transmitido, tanto na África quanto na Diáspora, de forma ininterrupta por pelo menos 2.600 anos. 

Como afirma Presbey (2020, p. 239), por seu vasto conhecimento e compreensão da filosofia contida nos Odù Ifá, Olúwọlé, em vida, sempre esteve na mídia, em matérias sobre sua vida e sua obra e, após sua morte, sua presença na mídia aumentou. Presbey observa (Ibid.) que, de acordo com uma rádio nigeriana, muitas vezes quando se referiam à filósofa, o faziam pelo apelido de “Mamaláwo”, uma adaptação do termo “Babaláwo”. Babaláwo são os sacerdotes que interpretam os Odù Ifá através de sistemas oculares, ou seja, são os especialistas na filosofia de Ọ̀rúnmìlá que treinam durante muitos anos para memorizar os 256 Odù, interpretar seus mitos e manipular seus oráculos. O termo “babaláwo” é geralmente traduzido por “Pai do segredo”, assim, o apelido de Olúwọlé seria algo como “Mãe do segredo” em reconhecimento de seu profundo conhecimento da filosofia de Ifá.

A palavra yorùbá para “ser humano” é “ènìyàn” que literalmente significa “Aquela/e que escolhe” e essa escolha é Orí, a cabeça que, segundo Ifá é o receptáculo da personalidade e destino humano. Assim, para Ifá, escolhemos nossos destinos antes de nascermos. Então, quando Olúwọlé se deparou com a obra Awon Oju Odu Mereerindinlogun de Wande Abimbola, não foi uma mera coincidência, mas uma obra do destino escolhido pela filósofa no Ọ̀run. Mas Ifá adverte em seus Odù que, mesmo com a escolha de um bom destino, o mesmo não pode ser alcançado sem o empenho de Ìwà, do Bom Caráter, o que faz da escolha do destino um ato constante. Em sua vida, Olúwọlé enfrentou inúmeras adversidades que a impediram de encontrar a filosofia africana que buscava, mas ela nunca desistiu de buscar a voz e a sabedoria de seus antepassados. Ou seja, seu Ìwà, seu Bom Caráter, nunca foi dobrado diante das dificuldades. Quando ela finalmente encontrou a voz de Ọ̀rúnmìlá, empenhou seu caráter com ainda maior afinco para que essa voz ancestral fosse ouvida e reconhecida como o que ela é, como filosofia. Sophie Olúwọlé não foi apenas uma estudiosa de filosofias africanas, mas a mulher que estava destinada a ser a filósofa que deu ao pensamento de Ọ̀rúnmìlá o devido reconhecimento, um destino por ela mesma escolhido.

Portanto, em sua vida e obra, Sophie Bọ́sẹ̀dé Olúwọlé foi uma filósofa que quebrou barreiras, como ser a primeira mulher a obter o título de Doutora em filosofia pela Universidade de Ibadan, e por defender Ifá como sistema filosófico e Ọ̀rúnmìlá como um filósofo da antiguidade. Em sua obra, assim como em sua vida, Olúwọlé buscou legitimar o pensamento africano, mostrando que as filosofias africanas não devem, em nada, às filosofias ocidentais e que, assim como Sócrates, Ọ̀rúnmìlá foi um filósofo cujo pensamento merece seu lugar na história da filosofia. Assim como os dois filósofos que ela compara, a filósofa Sophie Bọ́sẹ̀dé Olúwọlé também deixou sua marca na história da filosofia ao mostrar que, como Sócrates pode ser considerado como o “Santo Patrono” das filosofias ocidentais, Ọ̀rúnmìlá pode igualmente ser considerado como o “Santo Patrono” das filosofias africanas e que o eurocentrismo que impregna a academia não pode mais ofuscar a importância do pensamento africano nem de suas filósofas e filósofos.

 

Referências Bibliográficas

 

Obras da Filósofa

 

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Links Úteis

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Bibliografia Complementar

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