A Influência Através da Ignorância

“Pescado” do EurekAlert…

University of Southern California
Informação demais? Estudo mostra a influência da ignorância.
Na corrente edição do “The RAND Journal of Economics”, pesquisadores da USC apresentam um desafio ao modelo econômico clássico de manipulação da informação, no qual saber mais do que todo o mundo é a chave para influenciar.
Em lugar disto, os economistas Isabelle Brocas e Juan D. Carrillo apresentam uma situação – comumente observada na vida real – na qual todos os atores têm acesso à mesma informação, porém um dos atores ainda consegue controlar a opinião pública.
Por exemplo, uma companhia farmacêutica, tal como a Merck, pode ser obrigada a tornar públicos todos os resultados de todos os estudos relacionados a uma nova droga. Testes preliminares podem indicar a ausência de efeitos colaterais a curto prazo e a companhia pode escolher não realizar testes de acompanhamento posterior, antes de lançar o medicamento no mercado.
“Para otimizar o resultado, se deseja fornecer informação suficiente para que os outros atores cheguem a um determinado nível de confiança, mas se deve parar ao atingir esse nível,” explicou Brocas. “De outra forma, pode acontecer que mais informações façam com que o nível de confiança diminua.”
O estudo, “Influência Através da Ignorância”, é o primeiro a examinar extensamente situações onde o poder se origina em controlar o fluxo de informação para o público, em oposição à posse de informações exclusivas.
Como explicam Brocas e Carrillo, existem segredos – fatos que são deliberadamente omitidos – e existem fatos que não são conhecidos por pessoa alguma.
“Não é necessário ter informações extra,” afirma Brocas. “Você pode induzir as pessoas a fazer o que você quer, apenas por cessar o fluxo de informação ou por fazê-lo continuar. Isto basta.”
Incrivelmente, o ator que manipula o fluxo de informação deve deliberadamente escolher permanecer desinformado, também – o que pode sair pela culatra.
No caso da Merck, um estudo, publicado cinco anos depois que o medicamento foi introduzido no mercado, mostrava que tomar Vioxx aumentava significativamente o risco de ataques cardíacos. A Merck financiou o estudo, que foi realizado para verificar se o analgésico era também eficaz contra pólipos no cólon.
Aí, envolvida em uma pendência judicial de US$4,85 bilhões, a companhia afirma que o Vioxx, estatisticamente, não oferece qualquer risco significativo a longo prazo para o coração, uma vez que sua administração tenha sido suspensa. Esta afirmação é discutível: a Merck parou de monitorar os pacientes depois de apenas um ano, cessando o estudo logo que o medicamento foi retirado do mercado.
Da mesma forma, explicam os pesquisadores, o presidente de um conselho pode encerrar as discussões e a apresentação de novos indícios, digamos, sobre a continuação da procura por armas de destruição em massa. Exigir uma votação enquanto os sentimentos parecem estar com uma certa tendência, efetivamente restringe o quanto todos os membros, inclusive o presidente, sabem acerca do assunto em questão.
No geral, a capacidade de controlar o fluxo de notícias e permanecer publicamente ignorante, dá ao líder algum poder, que é usado para influenciar as ações dos seguidores,” afirmaram os pesquisadores. “Nossos resultados sugerem que um presidente (de qualquer comitê), o Presidente (da República) e a mídia podem influenciar as decisões de um comitê, do eleitorado e do público, por meio de uma restrição estratégica do fluxo de informações.”
Brocas e Carrillo estão realizando um estudo complementar que mede o quanto as pessoas compreendem, de maneira intuitiva, o fenômeno da “influência através da ignorância”: “Estamos interessados em saber se as pessoas entendem sua capacidade de manipular informações e se o fazem de maneira otimizada”, diz Brocas.
O estudo também aborda as implicações de diversas variáveis importantes, tais como o quanto a opinião pública é afetada quando existe mais de uma fonte de informação disponível para todos e que não seja excessivamente custosa para obter (em outras palavras, disponível e acessível para todos).
A competição, provida pela diversidade da mídia e por fontes públicas de verbas para pesquisas, não só faz com que as fontes de informação revelem mais dados, como também faz com que o efeito de “influência através da ignorância” diminua – e, sob certas circunstâncias, desapareça – descobriram os pesquisadores.

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Brocas, Isabelle and Juan D. Carrillo, “Influence Through Ignorance.” The RAND Journal of Economics: 38:4; 931-947.

Comparar com o famoso “De Bonner para Homer”… E tirem suas próprias conclusões…
Mas existe o velhíssimo adágio: “Quem só ouve um sino, só ouve um som”…

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