“Por Dentro da Ciência” do Insituto Americano de Física (19/12/08)

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19 de dezembro de 2008

Mais Ciência e Menos Ficção: O que Hollywood Realmente Quer dos Cientistas e Engenheiros

Por Emilie Lorditch
Colaboradora do ISNS

Los Angeles, Califórnia, EUA — A maior parte dos cientistas sente calafrios quando vêem ciência e engenharia exibidos nos filmes.

“Seria ótimo não ver a ciência ser esculachada na tela”, disse John Underkoffler, um expert em arte e ciência na media do Massachusetts Institute of Technology, quando participou no mês passado da nova iniciativa da Academia Nacional de Ciências (National Academy of Sciences = NAS), o intercâmbio entre ciência e arte.  “Eu não consigo esperar para ver idéias de cientistas incendiarem Hollywood”, prosseguiu Underkoffler, que foi conselheiro de ciências & tecnologia para os filmes “Minority Report” e “The Incredible Hulk”.

A meta do intercâmbio ciência e entretenimento foi conectar as principais mentes da ciência e engenharia com as principais mentes da produção e dos roteiros para programas de televisão e filmes. Alguns pesquisadores partilharam suas experiências em trabalhar com Hollywood, enquanto outros experts tiveram uma chance de lançar [N.T: no original, “to pitch”] suas descobertas para os cineastas de Hollywood. O resultado do intercâmbio é que algumas dessas idéias podem terminar aparecendo em seus programas favoritos da TV ou em flmes no futuro.

“O processo da pesquisa científica e de fazer um filme são muito parecidos”, declarou Jerry Zucker, o diretor dos filmes “Airplane!” (“Apertem os cintos! O piloto sumiu!”) e “Ghost”. “Você precisa de paixão, impulso e inspiração, há um aspecto técnico e isso é de conhecimento público”. [N.T: Mas, hem?… 😯 ]

Embora sempre exista uma certa tensão entre os cientistas, que buscam por absoluta precisão em suas pesquisas, e os cineastas, que têm que se focalizar na estrutura da narrativa da estória, os dois pontos de vista não estão sempre em conflito. Um encontro fortuito, há muitos anos, deu a Neil deGrasse Tyson, astrofísico e diretor do Planetário Hayden no Museu Americano de História Natural, uma oportunidade que poucos cientistas têm com diretores de Hollywood.  “Certo dia, eu literalmente esbarrei em James Cameron e disse a ele que o céu no seu filme “Titanic” estava errado”, conta Tyson.  “Não só era um céu errado, mas um céu mal feito, porque as estrelas na metade esquerda do céu eram refletidas no lado direito”. Finalmente, Tyson foi recompensado por seu esforço.

“Algum tempo depois, eu recebi uma chamada do estúdio”, continua Tyson. “Eles estavam preparando a edição comemorativa em DVD de 10 anos do “Titanic” e Cameron disse que eu tinha um novo céu para eles”.

Para os cientistas e engenheiros que não tinham tido seu breve contato com Hollywood,  o intercâmbio deu uma visão do que os cineastas procuram dos pesquisadores.  “Se for uma boa estória, então Hollywood vai querer contá-la”, declara Kimberly Pierce,  diretor dos filmes “Boys Don’t Cry” (“Meninos não choram”) e “Stop-Loss”. Algumas das histórias verídicas desses cientistas e engenheiros podem ser visualizadas em alguns dos atuais programas mais populares da TV.

Bactérias que brilham no escuro e falam entre si pode parcer com algo da trama de um espisódio de “C.S.I.”, mas para Bonnie Bassler, uma bióloga molecular da Universidade de Princeton em Nova Jersey e Investigadora Médica Howard Hughes, estudar essas bactérias que brilham no escuro tem sido o trabalho de sua vida pelos últimos 19 anos.

“Por que as bactérias ‘acendem’ quando há um grupo delas, mas permanecem escuras quando estão sozinhas”, perguntou Bassler,  “É o que se chama de sentido de quorum, quando as bactérias ‘falam’ com outras bactérias e descobrem que há um grupo delas, elas brilham”. Atualmente, Bassler está trabalhando em descobrir maneiras para melhorar e impedir esse processo, o que pode levar a novos tipos de antibióticos.

Outro exemplo de pesquisa apresentado no intercâmbio pode ser o que os espectadores encontrem em um futuro episódio de “Grey’s Anatomy”: um paciente com lesão cerebral acorda, certa manhã, e pensa que seu ente querido é um impostor.

Para V.S. Ramachandran, neurologista e diretor do Cento para o Cérebro e Cognição da Univeridade da Califórnia em San Diego, esses verdadeiros mistérios da medicina são sempre mais estranhos do que qualquer ficção criada por Hollywood. A Síndrome de Capgras é um raro delírio que faz com que um paciente acredite que a pessoa amada pareça exatamente com a pessoa que elas conhecem, mas na verdade é outra pessoa. “A parte do cérebro que processa o sinal cerebral de reconhecimento facial está funcionando, mas o sinal que vai para a parte do cérebro que controla as emoções fica interrompido, de forma que o paciente não tem qualquer ligação emocional com o ‘impostor’”, explica Ramachandran.

A pesquisa de Ramachandran com neurônios e espelhos para pacientes que sofreram AVCs poderia ser facilmente vista em um episódio de “House”.  “Nós colocamos um espelho na frente do membro paralizado, de forma que o paciente só ve o membro saudável”, explica Ramachandran.  “Fazemos o paciente realizar exercícios com o membro saudável, mas, por causa do espelho, eles só vêem o membro oposto (o paralizado) se mover e isso engana o cérebro”. Pacientes que ficaram paralizados  por anos, conseguiram recuperar os movimentos de seus membros com o tratamento com o espelho, disse ele.

Com os cientistas de verdade e engenheiros “arremessando” suas pesquisas para os cineastas de verdade em Hollywood, como resultado da iniciativa da NAS, os cientistas podem sentir menos calafrios quando virem seu trabalho mostado em filmes e na TV. E as audiências podem ver mais fatos cinetíficos misturados na ficção de Hollywood.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

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