O que seria “uma novidade revolucionária” na ciência?

Uma pergunta difícil… A Astronomia está, praticamente, redesenhando o “Universo Conhecível” e ele parece ser muito mais estranho e “populoso” do que se pensava. Até anteontem a Relatividade Geral tinha as soluções para o comportamento das galáxias, suas estrelas e seus planetas… De repente (bom… não foi tão “de repente”, assim…), se chega à conclusão de que não está faltando só a tal “matéria escura”: mais da metade do universo deve ser constituído de algo mais misterioso ainda — a tal “energia escura”.

Enquanto isso, aqui na Terra, o LHC foi um fiasco comparável à passagem do Cometa de Halley… “O maior instrumento científico jamais construído” (e isso me lembra o quase-fiasco do Telescópio Hubble) pifou, ainda na fase de preparação…

No campo da nanotecnologia as coisas vão a pleno vapor. O Carbeno parece ser o meta-material dos sonhos dos nano-engenheiros. Quando (e se) puder ser fabricado em escala industrial, o leque de aplicações parece ser quase ilimitado. Já os computadores quânticos continuam na fase do “sonho meu”… A spintrônica parece ainda confinada aos ambientes banhados em hélio líquido.

Na área da biologia, os segredos contidos nos genes vão caindo, um a um, e a evolução da vida na Terra cada vez mais faz sentido (particularmente apropriado no ano em que se comemora o bicentenário do nascimento de Darwin — embora o fundamentalismo religioso continue insistindo em exercitar seu jus esperneandi).

E a melhor notícia parece estar vindo da maior potência mundial: a equipe científica escolhida pelo futuro presidente americano é composta por Cientistas (com direito ao “C” maiúsculo). E é aí que eu vou dar um polimento na minha bola de cristal e proferir um vaticínio sobre onde eu espero que a ciência apresente algo realmente revolucionário…

E, para gáudio do Osame, a idéia vem da Ficção Científica — mais exatamente do penúltimo livro de meu autor favorito: Robert Anson Heinlein, “Friday”. Como sempre, Heinlein “adivinha” algo que aparece como uma mera peça cenográfica no enredo, tal como foi o caso dos braços articulados mecânicos (os “Waldos”) e os colchões de água…

Pegando uma tangente, a nomeação de Steven Chu para Secretário de Energia do novo governo americano me parece a peça que faltava no quebra-cabeças. Senão, vejamos… Qual é o principal problema que a ciência tem que resolver, e bem depressa? A questão da energia, certo?… Não dá para continuar gastando a fábula de energia que a civilização precisa, só na base do consumo dos combustíveis fósseis. Se o padrão de geração de energia continuar como está, ficamos espremidos entre mudanças climáticas catastóficas, uma acidificação dos oceanos, mares, lagos, rios e até meras pocinhas d’água e a pura e simples exaustão total dos ditos combustíveis fósseis. A saída mais imediata, os biocombustíveis, são um mero tapa-buraco: as terras agricultáveis e os recursos hídricos também são finitos e, na verdade, estão bem próximos da exaustão, também. O que resta são fontes de energia ou perigosas — como as usinas nucleares — ou razoavelmente imprevisíveis — como a solar e a eólica.

O maior problema não é tanto do “como gerar” essa energia: é como armazenar os excessos para proporcionar um suprimento constante. Dizendo de outro modo, energia solar, durante o dia, é abundante. O problema é fazer essa energia solar se transformar em eletricidade à noite. Em suma: precisamos de baterias melhores e mais eficazes.

E é aí que entra o tal gadget que Heinlein apresenta em “Friday”: as “Shipstones” — baterias de rendimento próximo de “perfeito”. No momento, algo totalmente fora da realidade… porém o Departamento de Energia já está dedicando verbas para a pesquisa de melhoramentos na tecnologia das baterias. Certamente, não vão ser o resultado dos esforços de um “inventor de porão” (como na novela de Heinlein), mas eu levo fé em equipes de pesquisa multidisciplinares. E tenho a impressão de que a solução vai ter muito a ver com a biologia, notadamente com o modo de armazenamento de energia pelas plantas — algo como uma “bateria orgânica”.

Então?… Suficientemente “revolucionário”?… 😀

(Este post é parte da discussão do Roda de Ciência. Comentários aqui, por favor).

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