“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (12/02/09)

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12 de fevereiro de 2009

200 Anos de Darwin: A Luta Contra a Evolução Continua

Por Jim Dawson
ISNS

Hoje (12/02) é 200º aniversário do nascimento do biólogo evolucionista Charles Darwin, cujo livro, publicado em 1859, “Da Origem das Espécie” mudou profundamente a natureza da ciência biológica e nossa compreensão sobre de onde viemos e quem somos. A Teoria da Evolução de Darwin, reforçada pela atual pesquisa genética, é tida por virtualmente todos os biólogos como o princípio básico, ou “conceito central”, da moderna biologia.

No entanto — fundamental como é para a ciência moderna — a evolução permanece sob ataque organizado e difundido por parte de grupos religiosos e outros que insistem em tentar diminuir sua importância no ensino de ciências nas escolas públicas dos Estados Unidos.

A guerra contra a evolução é focalizada nos conselhos estaduais de educação e alguns dos 15.000 distritos escolares dos EUA. O esforço para fazer cessar o ensino daquilo que Darwin dscobriu quando estudou a estranha mistura de espécies nas Ilhas Galápagos em 1835, começou com toda a força no “Julgamento dos Macacos” (“Scopes Monkey Trial”) em 1926.

O resultado do julgamento foi a primeira e última vitória dos criacionistas.  “Nós perdemos o caso Scopes, mas, desde então, não perdemos uma”, declarou Glenn Branch, subdiretor do Centro Nacional para Educação em Ciências (National Center for Science Education = NCSE) em Oakland, Califórnia. O centro que descreve sua missão como “defender o ensino da evolução nas escolas públicas”, monitora os esforços dos anti-evolucionistas para inserir alguma forma de criacionismo nos padrões de ciências para as escolas públicas e nos livros-texto de biologia.

A grande  preocupação atual do NCSE e outros que defendem o ensino da evolução nas aulas de ciências, é uma lei, aprovada no verão passado pelo legislativo do Estado de Louisiana, chamado de “Lei de Educação em Ciências da Louisiana” (Louisiana Science Education Act).  A lei cujo propósito ostensivo é apoiar a liberdade acadêmica, permite aos professores utilizar “material suplementar” quando forem ensinar “evolução biológica, as origens químicas da vida, aquecimento global e clonagem de seres humanos”.

“Essa lei foi criada por conservadores com o auxílio do Instituto Discovery Institute”, declarou Barbara Forrest, professora de filosofia na Universidade Estadual do Sudeste da Louisiana, em Hammond,.  (O Instituto Discovery, com base em Seattle, Estado de Washington, tem estado na vanguarda do movimento anti-evolucionista desde sua fundação em 1990).  Forrest, que lidera a luta contra os esforços para incluir o material criacionista nas aulas de ciencias, explica que o governador sancionou a lei e os que tentam defender o ensino científico da evolução estão “perdendo a cada rodada” no estado.

“Nesta semana a linha de ataque é contra os padrões de ensino de ciências usados pelas escolas do estado”, diz ela. “Eu acredito que os livros-texto de biologia sejam o alvo do ano que vem. Eles (os anti-evolucionistas) estão estendendo seus tentáculos por todas as partes”. Organizações científicas no estado, assim como cientistas de várias universidades da Louisiana, estão finalmente ficando alarmados, diz ela, “e eu estou recebendo ofertas de assistência”.

Mas existe pouco que Forrest ou o NCSE possam fazer, a menos que um pai em um dos distritos escolares registre uma queixa contra o que está sendo ensinado. “A carga de fazer alguma coisa recai sobre os pais”, diz ela, mas a legislação também tornou o processo de registrar uma queixa difícil e demorado.

Embora a Louisiana esteja atraindo a maior parte da atenção no momento, as tentativas sempre mais elaboradas dos criacionistas para intrometer suas idéias nos currículos de ciências, continuam em diversos legislativos e conselhos de educação em vários outros estados:

  • No Mississippi, uma lei que teria determinado que o conselho de educação exigisse que todo livro texto que discutisse a evolução, incluísse uma ressalva que descrevesse a evolução como uma “teoria controversa”, foi rejeitada em uma Comissão. A ressalva, que teria a forma de um adesivo colado aos livros, seria similar àquela atualmente obrigatória no Alabama. Embora a lei do Mississippi tenha sido rejeitada, sua autor, Gary Chism, declarou que ele pensa em apresentar novo projeto no ano que vem. “Ou você acredita na história do Gênesis, ou você acredita que um peixe andou para a terra”, ele declarou.
  • Um projeto de lei, apresentado em 3 de fevereiro na Câmara de Deputados de Iowa, intitulado de “Lei da Liberdade Acadêmica sobre a Evolução” (“Evolution Academic Freedom Act”), permitiria que os professores apresentassem “um completo espectro de pontos de vista cinetíficos” quando fossem ensinar a evolução. Apesar de parecer inócuo, esses “pontos de vista científicos” incluem o “intelligent design”, que aponta de maneira bem anti-científica para um criador sobrenatural.
  • Um projeto de lei similar sobre “liberdade acadêmica” foi apresentado no legislativo do Alabama em 3 de fevereiro, com a intenção de minar o ensino da evolução, de acordo com o NCSE.
  • No Novo México foi apresentado recentemente um projeto de lei que exige que as escolas permitam aos professores informar aos estudantes “acerca de informações científicas relevantes com respeito à solidez científica ou às fraquezas científicas a respeito da evolução biológica ou evolução química”. Segundo Branch do NCSE, essa discussão sobre “solidez e fraquezas”, assim como a “liberdade acadêmica”, nas leis propostas pelos anti-evolucionistas, são fórmulas casuísticas para criar leis que não mencionem “Deus” ou “Religião” e, assim, possam sobreviver ao questionamento no judiciário.
  • No Texas uma votação recente no Conselho Estadual de Educação aprovou uma revisão dos padrões de ensino de ciências estaduais que removeu o dispositivo que falava da “solidez e fraquezas”, introduzido pelos criacionistas nos padrões. Enquanto o jornal Dallas Morning News descreveu como “uma grande derrota para os conservadores”, o Conselho não adotou o que o NCSE descreve como “revisões cientificamente indefensáveis” para outros padrões para o ensino de ciências.

Branch se delarou encorajado pela declaração do Presidente Barack Obama, durante a campanha presidencial, de que: “Eu penso que é um erro tentar obnubliar o ensino de ciências com teorias que — francamente — não se mantém frente a uma análise científica”.

“O governo federal não está diretamente envolvido nisto porque é uma tarefa atribuída aos estados e aos conselhos de educação”, exlica Branch. “Porém [Obama] pode estabelecer o tom, usando de seu púpito agressivamente”.

Nota de pé de página: O Julgamento Scopes e Além

John Scopes, um professor de ciências da escola secundária no Tennessee, foi acusado, em 1926, de ensinar o evolucionismo, em violação à Lei Butler, que declarava ilegal “ensinar qualquer teoria que negue a estória da Criação Divina do homem, tal como ensinada na Bíblia, e ensinar, em lugar disso, que o homem descende de uma forma inferior de animais”.

Depos de oito dias de debates entre o promotor Williams Jennings Bryant e o advogado de defesa Clarence Darrow, o juri deliberou por apenas nove minutos, até decidir que Scopes era culpado. O tribunal o multou em US$ 100. O julgamento foi retratado em uma peça,“ Inherit the Wind” (“Herdará o vento”), em 1955 e, cinco anos depois, um filme com o mesmo título recebeu quatro indicações para o Oscar.

Os ataques de hoje em dia vêm ostensivamente de grupos religiosos tais como o “Respostas no Gênesis” (com base no Kentucky) e organizações quse-científicas, tais como o Instituto Discovery em Seattle, Washington.  A preocupação fundamental das organizaçõesanti-evolucionismo é que o ensino da evolução nas escolas mine a autoridade do criacionismo bíblico.


Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

Discussão - 3 comentários

  1. Bi disse:

    mto bom seu texto!

  2. amanda disse:

    Oi, muito bom seu texto. Sobre os 200° aniversário de Darwin eu vi na tv que está passando um especial e pelo que vi gostei. Bom se você quiser dar uma olhada tem no site: http://mais.uol.com.br/view/8zedvdipch98/especial-mas-de-darwin-04023468D8916326?types=A& .

  3. João Carlos disse:

    Agradeço os elogios ao texto em nome de Jim Dawson do ISNS.

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