Agência Espacial Européia vai lançar dois novos telescópios espaciais
Herschel e Planck |
ESA vai lançar dois grandes observatórios para espiar as profundezas do espaço e do tempo
7 de maio de 2009
PR 08-2009. Duas das mais sofisticadas espaçonaves já construídas – Herschel e Planck – serão lançadas pela ESA neste mês para órbitas no espaço em torno de um ponto de observação especial além da órbita da Lua.
A partir de lá, ambas as espaçonaves iniciarão um programa de observação revolucionário que ampliará nossa compreensão da história do universo.
O Herschel é um telescópio espacial que funciona na faixa do infravermelho distante, projetado para estudar alguns dos objetos mais frios no espaço, em uma faixa do espectro eletromagnético ainda pouco explorada. O Planck é outro telescópio que irá mapear a luz fóssil do universo – a luz do Big Bang – com sensibilidade e precisão sem precedentes. As duas missões estão entre as mais ambiciosas jamais empreendidas pela Europa e assinalam a transposição de uma nova fronteira no campo da astronomia com base no espaço.
O par será lançado em conjunto por um veículo Ariane 5 ECA. A decolagem está prevista para as 13:12 GMT (10:32, hora de Brasília) da quinta-feira 14 de maio, do Espaçoporto Europeu na Guiana Francesa. O Herschel e o Planck vão se separar logo após a decolagem e seguirão de maneira independente na direção do ponto lagrangiano L2 do sistema Sol-Terra, um ponto de estabilidade gravitacional no espaço a cerca de 1,5 milhões de km da Terra na direção oposta ao Sol. Enquanto orbitam aquele ponto, eles serão capazes de realizar observações contínuas em um abiente termicamente estável, longe das perturbações causadas pelas radiações do Sol, da Terra e da Lua.
O Herschel, com seus 7,5-m de altura e 4 m de largura, é o maior telescópio infravermelho já lançado. A superfície extremamente lisa de seu espelho primário, com 3,5 m de diâmetro, é quase uma vez e meia maior que a do Hubble e seis vezes maior que a do seu predecessor, o ISO lançado pela ESA em 1995.
Com sua grande capacidade de coleta de luz e seu conjunto de sofisticados detectores, resfriados perto do zero absoluto por mais de 2.000 litros de hélio superfluido, o Herschel vai observar as fontes de infravermelho mais tênues e distantes, e procurar nas faixas ainda não mapeadas do infravermelho distante e submilimétrica do espectro eletromagnético.
O Herschel será capaz de enxergar através da opacidade da poeira e do gás cósmicos, e observar as estruturas e eventos distantes que datam da formação do universo – tais como o nascimento e a evolução das primeiras estrelas e galáxias – há cerca de 10 bilhões de anos, em um esforço para descobrir exatamente como tudo começou. Um pouco mais perto, dentro de nossa galáxia, o
Herschel também vai observar objetos extremamente frios, tais como as nuvens de poeira e os gases interestelares dos quais são formados as estrelas e os planetas, e até a atmosfera em torno dos cometas, planetas e suas luas em nosso próprio sistema solar.
Com seu telescópio de 1,5 m e instrumentos sensíveis à radiação de micro-ondas, o Planck vai medir as variações de temperatura no universo muito jovem. Ele vai monitorar o Fundo Cósmico de Micro-ondas, a relíquia das primeiras luzes jamais emitidas no espaço, cerca de 380 mil anos depois do Big Bang, quando a densidade e a temperatura do jovem universo diminuiu o bastante para permitir, finalmente, que a luz se separasse da matéria e viajasse livre pelo espaço.
Com seu “coração” funcionando em baixas temperaturas, nunca antes alcançadas, o telescópio Planck terá uma sensibilidade e uma capacidade de definição sem precedentes. Medindo as pequenas flutuações na temperatura do fundo de micro-ondas, os cientistas poderão extrair, pelo menos, 15 vezes mais informações acerca da origem, evolução e futuro do universo do que de seu mais recente predecessor.
Os detectores do Herschel serão resfriados a 0,3 grau acima do zero absoluto. Os detectores do Planck atingirão temperaturas ainda mais frias, somente 0,1 grau acima de 0 K. Com efeito, durante a missão, os pontos mais frios do universo estarão dentro da nave. Está planejado que o satélite colha cerca de 500 bilhões de amostras brutas para produzir um conjunto de mapas celestes com muitos milhões de pixels que também auxiliará os cientistas a compreender a estrutura do universo e dar conta de seus elementos constituíntes de forma jamais feita. O Planck será capaz de calcular o número total de átomos existentes no universo, inferir a densidade total de matéria escura – um componente elusivo ainda inacessível às observações diretas, mas “visível” indiretamente, através de seus efeitos sobre as vizinhanças – e até mesmo de lançar algumas luzes sobre a natureza da misteriosa energia escura.
Discussão - 1 comentário
João Carlos: os temas aqui encontrados despertam curiosidade estudantil, portanto, são ajustadíssimos para oferecer um link; um abraço.