Abelhas que fazem ninhos com pétalas

American Museum of
Natural History

Traduzido daqui: Bees that nest in petals

Cientistas dos EUA, Turquia, Suiça e Iran descrevem o ninho de uma rara abelha solitária


IMAGEM:
 
Uma abelha fêmea da espécie solitária Osmia
avosetta 
levando uma pétala para o ninho que está construindo no subsolo.

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Em uma rara coincidência, grupos de pesquisadores que trabalhavam simultaneamente na Turquia e no Iran descobriram no mesmo dia como uma rara espécie de abelhas constroi seu ninho subterrâneo. As fêmeas da espécie solitária Osima
(Ozbekosima) avoseta
embrulham os alvéolos com pétalas de flores cor de rosa, amarelas, azuis e roxas. Os alvéolos fornecem os nutrientes necessários para o crescimento e amadurecimento das larvas e protegem a próxima geração até o fim do inverno. A nova pesquisa foi publicada em fevereiro em American Museum Novitates.

“Foi uma total coincidência nós todos termos descoberto este comportamento incomum no mesmo dia”, diz Jerome Rozen, curador da Divisão de Zoologia de Invertebrados do Museu Americano de História Natural. Rozen e seus colegas estavam trabalhando próximos de Antalya, Turquia, enquanto outro grupo de pesquisadores estava no campo na província de Fars, Iran. “Eu estou muito orgulhoso de termos tantos autores contribuindo para este artigo”.


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Alvéolo fechado da espécie Osima
avosetta
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As abelhas são os animais polinizadores mais importantes que vivem hoje, e muitas plantas florescentes dependem de abelhas para se reproduzirem. Acontece que cerca de 75% das espécies de abelhas —  e há cerca de 20.000 espécies descritas — são solitárias. Isso signiifica que, para a maioria das abelhas, uma fêmea constroi um ninho para ela e provê cada alvéolo do ninho com alimentos para as larvas de sua descendência. Quando cada alvéolo fica pronto, a fêmea deposita um ovo e fecha o ninho se houver só um alvéolo por ninho. Os ninhos — encontrados em buracos no chão — precisam ser protegidos de várias ameaças potenciais a sua estrutura fíisica, tais como a compactação do solo, ressecamento, ou aquecimento excessivo. A sobrevivência das espécies de abelhas solitárias também depende de proteção contra fungos, virus, bactérias, parasitas e predadores.

Na espécie O. avosetta, a fêmea faz seu ninho com uma ou duas câmaras verticais, próximas da superfície, ou de 1,5 a 5 cm abaixo dela. Entrando por cima, a fêmea reveste cada câmara com pétalas superpostas de baixo para cima. Então a fêmea leva uma lama tipo argilosa para o ninho, espalha uma camada fina (cerca de 0,5 mm de espessura) sobre as pétalas e dá o acabamento ao revestimento com outra camada de pétalas. O ninho é basicamente um sanduiche de pétalas, construido no escuro.

Quando a estrutura fica pronta, a fêmea da O. avosetta
recolhe provisões de uma mistura pegajosa de néctar e pólen e a deposita no fundo da câmara. Um ovo é posto sobre o suprimento e a câmara cuidadosamente fechada dobrando as pétalas no topo. Então o ninho é lacrado com uma tampa de lama, selando a jovem abelha em uma câmara úmida que enrijece e protege a larva enquanto ela consome as provisões, tece um casulo e cai em um sono de 10 meses até a primavera. Os ninhos da espécie pode ser parasitados por uma vespa que ponha um ovo na câmara e mate o ovo de O. avosetta com suas mandíbulas largas e devore as provisões.


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Vista do ninho construido pela fêmea da abelha Osima avoseta com a tampa de lama retirada e interior exposto.

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“Nessa espécie, a fêmea decora as paredes de seus alvéolos com grandes pedaços de pétalas ou mesmo pétalas inteiras, frequentemente de várias cores”, diz Rozen. “Infelizmente, suas larvas jamais apreciam as cores brilhantes do ninho porque não tem olhos — e, de qualquer forma, precisariam de uma lanterna!”

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Alem de Rozen, os autores do artigo são Hikmet Özbek do Departamento de Proteção de Plantas da Universidade Atatürk, em Erzurum, Turquia; John S.
Ascher da Divisão de Zoologia de Invertebrados do Museu; Claudio
Sedivy e Andreas Müller do ETH de Entomologia Aplicada de Zurique, Suiça; Christophe Praz do Departamento de Entomologia da Universidade Cornell em Ithaca, Nova York, EUA; e Alireza Monfared do Departamento de Proteção de Plantas da Universidade Yasouj, em Yasouj, Iran. Os fundos para esta pesquisa foram fornecidos por Robert G. Goelet, o Museu Americano de História Natural e outros indivíduos e instituições.


Nota do Tradutor: não sei se me espanto mais com minha ignorância sobre o assunto, ou se com o fato de ser tão pouco conhecido o fato de que a maioria das espécies de abelhas não vive em colméias…

Discussão - 5 comentários

  1. Gabriel disse:

    Fiquei espantado tanto com a habilidade desta abelha, quanto a informação de que 75% das espécies de abelhas são solitárias, muito interessante.

  2. maria disse:

    o máximo isso. eu sabia que algumas abelhas faziam ninho no chão, mas a maioria? e pétalas, lindo!

  3. João Carlos disse:

    É, mas tem uma "pegadinha" nisso... A maioria das espécies faz ninho no chão. Mas talvez o número total de indivíduos das espécies ditas "sociais" seja maior do que o de todas as outras espécies juntas. Afinal, elas são meio que protegidas pela humanidade.

  4. Igor Santos disse:

    Eu acho que o problema é que essas abelhas solitárias não nos interessam. Nós somos (comercialmente) familiarizados com as melíferas que vivem em colmeias. As outras são "inúteis", do ponto de vista humano comum.

  5. João Carlos disse:

    O que é uma miopia ecológica das brabas... A humanidade pode não colher o mel delas, mas a agricultura depende um bocado delas na hora da polinização.

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