Nanotecnologia vs. Meio ambiente

Photobucket

Testes mostram que um dos tipos [de nanopartículas] pode causar mutações no DNA de plantas.

14 de maio de 2012

 

Por Joel N. Shurkin, contribuidor do ISNS 
Inside Science News Service

 

Nanoparticle large

Imagem em tamanho original
O aumento da exposição a nanopartículas nos rabanetes acarreta um aumento no impacto sobre seu crescimento. (A concentração de nanopartículas no ambiente cresce da esquerda para a direita).
Crédito: H. Wang, U.S. Environmental Protection Agency

(ISNS) – Não é mais um assunto de ficção científica: as nanopartículas são cada vez mais comuns. Esses objetos extremamente pequenos podem fazer quase qualquer coisa, desde filtrar poluição, até distribuir medicamentos no interior do corpo. No entanto, ninguém sabe ao certo os efeitos que elas podem causar, se se espalharem pelo meio ambiente.

Uma equipe de cientistas do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (National Institute of Standards and Technology = NIST) e da Universidade de Massachusetts em Amherst pensa que há motivos para preocupações.

Eles ainda não comprovaram que as partículas sejam perigosas, mas demonstraram que algumas nanopartículas podem ser absorvidas por plantas e causarem mutações em seus DNA, o que, dizem eles, é merecedor de maior atenção.

As nanopartículas são tão pequenas que agem como uma ponte entre o tamanho dos átomos e algo tangível. A espessura de um fio de cabelo humano é medida em milionésimos de metro; as nanopartículas são medidas em bilionésimos de metro.

E, atualmente, elas estão por toda a parte. Os fabricantes as põem em roupas, tais como as meias, para matar bactérias. Elas estão em um tipo de tinta para casas auto-limpante e no revestimento de lentes de óculos. Loções de filtro solar lançadas no mercado contêm nanopartículas de zinco ou titânio. Em breve os carros terão pinturas auto-reparantes que vão “auto-curar” os riscos e arranhões.

As nanopartículas se tornaram tão comuns que se presume que elas acabarão, inevitavelmente, misturadas ao meio ambiente.

Para ver o que aconteceria com plantas expostas a nanopartículas, os pesquisadores pegaram partículas de óxido de cobre e expuseram três tipos de plantas às mesmas: rabanetes e dois tipos de centeio – conforme seu relato em Environmental Science & Technology.

Eles escolheram nanopartículas de cobre porque elas são amplamente usadas para colorir vidros, em cerâmicas, como um polidor e na manufatura de rayon. Elas são também usadas na indústria eletrônica para a manufatura de semicondutores, explica Bryant Nelson do National Institute of Standards and Technology.

A equipe de pesquisa também usou partículas de óxido de cobre maiores que as nanopartículas, para comparar os resultados, bem como íons de cobre padrão.

O óxido de cobre é um agente oxidante e alguns agentes oxidantes metálicos podem causar câncer em pessoas, o que é um motivo para preocupação.

“Nós realizamos os testes para ver se as partículas tinham ou não a capacidade de penetrar nas plantas e danificar seu DNA”, declarou Nelson.

Segundo os resultados, elas tinham…

“Os danos eram visíveis a olho nu”, comentou Nelson.

Segundo Nelson, os resultados variaram. Os rabanetes exibiram um dano considerável, apresentando lesões no DNA das plantas que ficaram atrofiadas. Essas lesões, na presença de nanopartículas, eram o dobro das causadas pelas partículas maiores e as plantas absorveram mais cobre com as partículas menores. Os dois tipos de centeio foram menos suscetíveis, mas os resultados foram diferentes para cada um. Todos os três tipos de plantas absorveram partículas.

Nelson enfatizou que foi usado um número de partículas muito maior de nanopartículas do que as plantas provavelmente encontrarão no ambiente. O estudo foi apenas para verificar se a absorção seria ou não possível. Estão planejadas novas experiências com um nível de exposição mais natural, com menos partículas.

Kathleen Eggleson do Centro de Nano Ciência e Tecnologia da Universidade Notre Dame disse que o estudo demonstra a complexidade da pesquisa em nanotecnologia. Durante o estudo, os pesquisadores observaram duas plantas do mesmo gênero reagindo de maneira diferente às nanopartículas, observou  Eggleson.

Além disso, não está claro como diferentes ambientes podem afetar a absorção, ou mesmo se as nanopartículas penetrariam as plantas a partir do solo ou da água, ela acrescenta.

No entanto a tecnologia já é ubíqua.

“A nanotecnologia está desenvolvendo estruturas cada vez mais complexas”, declarou Eggleson. “É um fenômeno mais evolucionário do que revolucionário. Não se trata de uma nova invenção avassaladora”.

“Examinar todas as nanopartículas e todas as permutações, revestimentos, assim como todos os diferentes organismos e concentrações, é uma tarefa absolutamente titânica”, complementou Eggleson.


Joel Shurkin é um escritor freelance de Baltimore. Ele é o autor de nove livros sobre ciência e a história da ciência, e ensinou jornalismo científico na Universidade Stanford, na UC Santa Cruz e na Universidade do Alaska em Fairbanks

Discussão - 2 comentários

  1. Lucas disse:

    o titulo está errado, não? " um dos tipos pode causar "

Deixe um comentário para João Carlos Cancelar resposta

Seu e-mail não será divulgado. (*) Campos obrigatórios.

Sobre ScienceBlogs Brasil | Anuncie com ScienceBlogs Brasil | Política de Privacidade | Termos e Condições | Contato


ScienceBlogs por Seed Media Group. Group. ©2006-2011 Seed Media Group LLC. Todos direitos garantidos.


Páginas da Seed Media Group Seed Media Group | ScienceBlogs | SEEDMAGAZINE.COM