Uma galáxia queimando tudo


McGill University

Um tipo raro de galáxia é encontrado, queimando furiosamente o combustível gerador de estrelas

 IMAGEM: Este pontinho vermelho (ampliado no destaque) é a galáxia mais eficiente na formação de estrela já observada.

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Os astrônomos descobriram uma galáxia que está convertendo o gás em estrelas com uma eficiência de quase 100%, uma fase raramente vista da evolução das galáxias, a mais extrema observada até hoje. A descoberta é oriunda do interferômetro IRAM no Plateau de Bure nos Alpes Franceses (IRAM =  Institut de radioastronomie millimétrique), do satélite WISE da NASA (Wide-field Infrared Survey Explorer) e do Telescópio Espacial Hubble da NASA.

“As galáxias queimam o gás como o motor de um carro queima a gasolina. A maior parte das galáxias tem motores razoavelmente ineficientes, o que significa que elas formam estrelas a partir de seus “tanques de combustível” muito abaixo da taxa teórica máxima”, explica Jim Geach of  da Universidade McGill, principal autor de um estudo a ser publicado em Astrophysical Journal Letters.

“Já esta galáxia é como um carro esporte totalmente ajustado, que converte o gás em estrelas na taxa mais alta que se crê possível”, prossegue ele.

A galáxia, chamada SDSSJ1506+54, saltou às vistas dos pesquisadores quando eles examinaram is dados oriundos da varredura total do céu em infravermelho do WISE. A luz infravermelha borbota da galáxia, equivalendo a mais de mil bilhões de vezes a energia de nosso Sol.

“Como o WISE varre todo o céu, ele pode detectar galáxias raras como esta que se destaca das demais”, declarou Ned Wright da UCLA, o principal investigador do WISE.

As observações em luz visível do Hubble revelaram que a galáxia é extremamente compacta e a maior parte da luz que emana dela o faz de uma região de poucas centenas de anos-luz de extensão.

“Esta galáxia está formando estrelas a uma taxa centenas de vezes mais rápida do que nossa Via Láctea, porém a vista acurada do Hubble revelou que a maior parte da luz das estrelas da galáxia está sendo emitida por uma região com uns poucos porcento do diâmetro da Via Láctea. Isto é a formação de estrelas em seu ritmo mais extremo”, disse Geach.

A equipe então usou o Interferômetro IRAM no Plateau de Bure para medir a quantidade de gás na galáxia. O telescópio com base em Terra detectou luz na faixa do milímetro, evidenciando o monóxido de carbono, um indicador da presença do gás hidrogênio, o combustível das estrelas. Combinando a taxa de formação de estrelas a partir dos dados do WISE e a massa do gás medida pelo IRAM, os cientistas tiraram uma medida da eficiência da formação de estrelas.

Os resultados revelaram que a eficiência na formação de estrelas dessa galáxia está próxima do máximo teórico, chamado de Limite de Eddington. Nas regiões das galáxias onde estão se formando novas estrelas, partes das nuvens de gás está colapsando devido à gravidade. Quando o gás fica denso o suficiente para espremer os átomos e começar a fusão nuclear, nasce uma estrela. Ao mesmo tempo, os ventos e a radiação das estrelas que acabaram de se formar, podem impedir a formação de novas estrelas, exercendo pressão sobre o gás circunvizinho, abortando o colapso.

O Limite de Eddington é o ponto no qual a força da gravidade que comprime o gás e balanceada pela pressão para o exterior feita pelas estrelas. Acima do Limite de Eddington, as nuvens de gás são dispersadas, o que cessa a formação das estrelas.

“Podemos ver algum gás fluindo para fora desta galáxia a milhões de quilômetros por hora e esse gás pode estar sendo soprado para fora pela poderosa radiação das estrelas recém-formadas”, argumenta Ryan Hickox, um astrofísico do Dartmouth College, Hanover, N.H. e co-autor do estudo.

Por que a SDSSJ1506+54 tão singular? Os astrônomos acreditam que flagraram a galáxia em uma fase de curta duração de sua evolução, possivelmente desencadeada pela fusão de duas galáxias em uma. A formação de estrelas é tão feroz que em poucas dezenas de milhões de anos – um piscar de olhos em termos da vida de uma galáxia – o gás será consumido e a galáxia irá amadurecer em uma maciça galáxia elíptica.

Os cientistas também se valeram de dados do Sloan Digital Sky Survey, do Observatório W.M. Keck no Mauna Kea, Hawaii, e do Observatório MMT no Mount Hopkins, Arizona.

 

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Acesse o artigo original: http://iopscience.iop.org/2041-8205/767/1/L17

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