Aquecimento global – CO2 ou CFC?


University of Waterloo

O aquecimento global é causado pelos CFCs, não pelo dióxido de carbono, diz novo estudo

 IMAGEM: Gráfico comparativo das temperaturas globais com as concentrações de CO2 e CFCs na atmosfera.
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WATERLOO, Ontário, Canadá. (quinta-feira, 30 de maio de 2013) — Os clorofuorcarbonetos (CFCs) são os responsáveis pelo aquecimento global desde a década de 1970 e não o dióxido de carbono, de acordo com uma nova pesquisa da Universidade de Waterloo publicada na edição desta semana de International Journal of Modern Physics B.

Já se sabia que os CFCs destruíam a camada de ozônio da atmosfera, porém uma análise estatística profunda mostra agora que os CFCs são também os componentes chave das mudanças climáticas globais e não as emissões de dióxido de carbono (CO2).

“O modo de pensar tradicional diz que a emissão pela atividade humana de gases diferentes dos CFCs, tais como o dióxido de carbono, são os principais causadores do aquecimento. Porém nós observamos os dados até a Revolução Industrial que mostram que essa compreensão convencional está errada”, afirma Qing-Bin Lu, professor de física e astronomia, biologia e química na Faculdade de Ciências de Waterloo. “De fato, os dados mostram que os CFCs, em conspiração com os raios cósmicos, causaram tanto o buraco polar na camada de ozônio, como o aquecimento global”.

“As teorias mais convencionais preveem que as temperaturas globais continuem a aumentar no passo em que os níveis de CO2 levels continuem aumentando, como têm feito desde o entorno de 1850. O que é chocante é que as temperaturas globais, desde 2002, na verdade diminuíram – coincidindo com um declínio dos CFCs na atmosfera”, explica o Professor Lu. “Meus cálculos do efeito estufa dos CFCs mostram um aquecimento global de cerca de 0,6 °C de 1950 a 2002, no entanto a Terra na verdade esfriou a partir de 2002. A tendência de resfriamento deve continuar pelos próximos 50-70 anos, na medida em que a quantidade de CFCs na atmosfera continuar a diminuir”.

As descobertas têm como base uma análise estatística profunda dos dados observados desde 1850 até os dias de hoje, A teoria de reação dos elétrons aos raios cósmicos do Professor Lu (cosmic-ray-driven electron-reaction = CRE) da depleção do ozônio e sua pesquisa anterior sobre a depleção de ozônio sobre a Antártica e temperaturas da superfície global.

 IMAGEM: Gráfico comparativo dos ciclos solares de 11 anos, resfriamento da estratosfera e a camada de ozônio polar. 
Clique aqui para créditos e imagem ampliada.

“A ideia geralmente aceita por duas décadas é que a camada de ozônio era depletada pela destruição dos CFCs na atmosfera pela luz ultravioleta do Sol”, prossegue ele. “Em contraste, a teoria CRE diz que os raios cósmicos – partículas de energia originárias do espaço – exercem o papel dominante na ruptura das moléculas que causam a depleção do ozônio e, então, do próprio ozônio”.

A teoria de Lu vem sendo confirmada pelos dados das observações correntes de raios cósmicos, CFCs, ozônio e da temperatura da estratosfera, ao longo de vários ciclos solares de 11 anos. “A CRE é a única teoria que nos fornece uma excelente reprodução das variações em ciclos de 11 anos, tanto das perdas de ozônio polares, como do esfriamento da estratosfera”, afirma o Professor Lu. “Depois de remover o efeito natural dos raios cósmicos, meu novo artigo demonstra uma pronunciada recuperação de ~20% do buraco de ozônio sobre a Antártica, consistente com o declínio dos CFCs na estratosfera polar”.

Comprovando a ligação entre os CFCs, a depleção do ozônio e as mudanças das temperaturas na Antártica, o Professor Lu foi capaz de obter uma relação quase perfeita entre as elevações das temperaturas de superfície globais e os CFCs na atmosfera.

“O clima na estratosfera Antártica foi completamente controlado pelos CFCs e raios cósmicos, sem qualquer impacto do CO2. A mudança na temperatura de superfície global, depois da remoção do efeito solar, não mostrou qualquer relação com o CO2, mas, sim, uma relação linear quase perfeita com os CFCs – um coeficiente de correlação alto como 0,97.”

Dados colhidos de 1850 a 1970, anteriores a qualquer emissão significativa de CFCs, mostram que os níveis de CO2 aumentaram significativamente, como resultado da Revolução Industrial, porém a temperatura global, excluído o efeito solar, se manteve quase constante. O modelo de aquecimento convencional de CO2, sugere que as temperaturas deveriam ter aumentado de 0,6°C ao longo deste período, similar ao período de 1970-2002.

As análises indicam da dominância da teoria CRE de Lu e o sucesso do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Depletam a Camada de Ozônio.

 IMAGEM: Professor Qing-Bin Lu
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“Já sabíamos há algum tempo que os CFCs tinham um efeito realmente danoso em nossa atmosfera e tomamos as medidas para reduzir suas emissões”, diz o Professor Lu. “Agoras sabemos que esforços internacionais, tais como o Protocolo de Montreal, também tiveram um efeito profundo sobre o aquecimento global, porém estas devem ter uma base científica mais sólida”.

“Este estudo sublinha a importância da compreensão da ciência básica subjacente a depleção da camada de ozônio e a mudança climática global”, declarou Terry McMahon, decano da Faculdade de Ciênicas. “Esta pesquisa é de particular importância não só para a comunidade de pesquisas, como também para os responsáveis pelas políticas e o público em geral, na medida em que envisionamos o futuro de nosso clima”.

O artigo do professor Lu, Cosmic-Ray-Driven Reaction and Greenhouse Effect of Halogenated Molecules: Culprits for Atmospheric Ozone Depletion and Global Climate Change, também prevê que o nível global dos mares continuará a subir por alguns anos, na medida em que a camada de ozônio se recupera, e o aumento no derretimento das calotas polares.

“Somente quando o efeito da recuperação da temperatura global obtiver o domínio sobre o da recuperação dos buracos de ozônio polares, tanto as temperaturas, como o derretimento das calotas polares cirão conjuntamente”, afirma Lu.

O artigo, revisto por pares, publicado nesta semana, fornece não só novas compreensões fundamentais sobre os buracos de ozônio e as mudanças climáticas globais, como tem uma capacidade de predição superior em comparação com os modelos convencionais de depleção de ozônio pela luz solar e aquecimento causado pelo aumento do CO2.

 

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Referencia do artigo:

Cosmic-Ray-Driven Reaction and Greenhouse Effect of Halogenated Molecules: Culprits for Atmospheric Ozone Depletion and
Global Climate Change
Qing-Bin Lu, University of Waterloo

Publicado em 30 de maio em International Journal of Modern Physics B Vol. 27 (2013) 1350073 (38 páginas).

O artigo está disponível online em: http://www.worldscientific.com/doi/abs/10.1142/S0217979213500732


Nota do Tradutor:

Publico este post, recomendando sua absorção com mais do que uma pitada de sal… Primeiro porque as credenciais do Professor Lu são as de um  homem-dos-sete-instrumentos. Segundo porque nenhuma agência noticiosa repercutiu ainda uma novidade tão bombástica.

Ver para crer…

Discussão - 8 comentários

  1. Ver pra crer mesmo. Eu tenho mais do que um grão de sal. As temperaturas oceânicas estão subindo e o gelo derretendo - apesar de as temperaturas da baixa atmosfera não estarem subindo no momento. Além disso, já houve período de diminuição da temperatura atmosférica dentro dessa grande tendência de aquecimento global.

    []s,

    Roberto Takata

    • João Carlos disse:

      E um "google" sobre a enigmática figura do Dr. Lu traz várias reações ao artigo (originalmente publicado pela Elsevier). O único que aceita sem reservas a opinião da "estrela emergente de Waterloo" é o colunista Lawrence Solomon do Financial Post. Outros blogueiros mais respeitáveis também estão adotando uma posição de "vamos-ver-no-que-vai-dar".
      Os alunos de Lu acham ele "boa praça", embora não consigam entender o "ingrês" dele...

  2. Pessoal do Skeptical Science já havia analisado artigo de Lu de 2010 no mesmo tema:
    http://www.skepticalscience.com/CFCs-global-warming.htm
    ---

    []s,

    Roberto Takata

    • João Carlos disse:

      Observe no texto do press-release traduzido a referência ao "trabalho anterior" de Lu. A crítica do Skeptical Science é sobre esse "trabalho anterior" e, pela coincidência de grandes partes de texto da argumentação, fica claro que o Professor Lu "atualizou os dados" (uma das ressalvas do Skeptical Science é que as medições das temperaturas ditas "globais" que Lu emprega, não são realmente "globais") e apenas deu um "Copy & Paste" no artigo de 2009.

      Outra coisa a observar no link que você remeteu (do Skeptical Science) é o comentário desairoso sobre a publicação International Journal of Modern Physics B. Parece que os "pares" que revisam os artigos são cuidadosamente selecionados pelo Heartland Institute...

      Enfim... A AAAS publicou o press-release e, embora o EurekAlert tenha um "disclaimer", esse artigo ganhou algo da "púrpura" da AAAS. (Reproduzo o "disclaimer": AAAS disclaims responsibility for the accuracy of material posted to EurekAlert! by contributing institutions and for the use of any information obtained through EurekAlert!. Support from sponsors does not influence content or policy).

  3. Luiz Bento disse:

    Mais uma tostão sobre o tema:

    Qing-Bin Lu revives debunked claims about cosmic rays and CFCs

    http://www.climatesciencewatch.org/2013/05/31/qing-bin-lu-revives-debunked-claims-about-cosmic-rays-and-cfcs/

    • João Carlos disse:

      Vale a pena traduzir, nem que seja um pequeno trecho, do link dado por Luiz Bento:

      - Esta teoria [NT: dos Raios Cósmicos & CFCs] já foi analisada e rejeitada antes. Em 2010 a Academia Nacional de Ciências foi incumbida pelo Congresso de examinar todos os indícios envolvidos na questão do aquecimento global, inclusive a teoria de que raios cósmicos podem influenciar o clima da Terra. Em seu relatório, concluiu que "não tinha sido demonstrado um mecanismo físico plausível" e que "os raios cósmicos não são vistos como um elemento climático importante".
      - Em 2011, um artigo revisto por pares constatou que as conclusões de Lu "são baseadas apenas em correlações... não têm base na física... e que as descobertas do IPCC... continuam indiscutíveis".
      - Em resposta à publicação mais recente de Lu, vários cientistas, entrevistados pelo Vancouver Sun foram unânimes em dizer que as conclusões de Lu "[são] contrárias a 150 anos de física fundamental".
      - Os críticos sublinham que o artigo de Lu não consegue passar da correlação para a causa, um dos erros mais básicos e comuns na ciência. Esse tipo de erro é ilustrado pela clássica fábula do galo que acredita que o Sol só nasce porque ele canta. Duas coisas podem acontecer simultaneamente, mas isso não quer dizer que uma cause a outra. A existência de um "mecanismo físico" que conecte os dois eventos tem que ser conhecida, para que a causalidade seja inteiramente compreendida.
      - Em contraste, existem fortes indícios experimentais da existência do mecanismo físico por meio do qual o CO2 aquece o planeta, indícios estes que (como os cientistas supra-mencionados que contestam Lu observam) datam desde 150 anos atrás.

      E tudo isso passou pela suposta peer-review do artigo de Lu...

  4. Roberto disse:

    hoje saiu a discussão do SkS sobre o Lu mais recente:
    http://www.skepticalscience.com/lu-2013-cfcs.html

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