Diminuindo os riscos das radiações no espaço
Descobertas sobre a radiação na Lua podem ajudar a reduzir riscos de saúde para os astronautas
Concepção artística do satélite Lunar Reconnaissance Orbiter da NASA em órbita da Lua. O telescópio CRaTER aparece no centro da imagem no canto esquerdo inferior da espaçonave. Imagem: cortesia da NASA. Clique aqui para imagem ampliada |
DURHAM, N.H. –- Cientistas espaciais da Universidade de New Hampshire (UNH) e do Southwest Research Institute (SwRI) relatam que os dados recolhidos pelo satélite Reconhecimento Orbital Lunar (Lunar Reconnaissance Orbiter = LRO) da NASA, mostram que materiais tais como plásticos leves proporcionam um escudo eficaz contra os perigos da radiação, enfrentados pelos astronautas durante longas viagens espaciais. A descoberta pode ajudar a reduzir os riscos de saúde para as pessoas em futuras missões no espaço.
O material comumente empregado para a construção de espaçonaves vem sendo basicamente o alumínio, porém este fornece uma proteção relativamente pequena contra os raios cósmicos de alta energia e pode acabar por aumentar tanto a massa da espaçonave que o custo do lançamento fica proibitivo.
Os cientistas publicaram suas descobertas online na publicação Space Weather da União Geofísica Americana, sob o título “Measurements of Galactic Cosmic Ray Shielding with the CRaTER Instrument” (Medições da Proteção Contra Raios Cósmicos Galáticos com o Instrumento CRaTER – link para o resumo aqui). O trabalho é baseado nas observações feitas pelo Telescópio de Raios Cósmicos para os Efeitos da Radiação (Cosmic Ray Telescope for the Effects of Radiation = CRaTER) à bordo da espaçonave LRO. O autor principal é Cary Zeitlin do Departamento de Terra, Oceanos e Espaço do SwRI na UNH e o co-autor e principal investigador do CRaTER é Nathan Schwadron do Instituto para o Estudo da Terra, dos Oceanos e do Espaço da UNH.
Segundo Zeitlin, “Este é o primeiro estudo que emprega observações feitas no espaço para confirmar o que já se pensava há algum tempo — que plásticos e outros materiais leves são, quilo por quilo, mais eficazes em fornecer uma blindagem contra a radiação cósmica do que o alumínio. A blindagem não fornece proteção total contra a exposição à radiação no espaço profundo, mas existem diferenças claras na eficácia de diferentes materiais”.
A comparação entre o plástico e o alumínio já tinha sido feita antes, em testes feitos em Terra com o uso de feixes de partículas pesadas para simular os raios cósmicos. “A eficácia da blindagem em plástico no espaço coincide bastante com o que descobrimos nessas experiências com os feixes, de forma que ficamos bastante confiantes nas conclusões que tiramos deste trabalho”, diz Zeitlin. “Qualquer coisa com um alto conteúdo de hidrogênio, inclusive água, vai funcionar bem”.
Os resultados obtidos no espaço são um produto da capacidade do CRaTER de medir com precisão a dose de radiação dos raios cósmicos que passam através de um material conhecido como “plástico equivalente a tecidos” que simula o tecido muscular humano. Antes das medições feitas com o CRaTER e as recentes medições do Detector de Avaliação de Radiação (Radiation Assessment Detector = RAD) a bordo do veículo de exploração Curiosity em Marte, os efeitos de blindagens espessas sobre os raios cósmicos só haviam sido simulados em modelos de computador e em aceleradores de partículas, com poucos dados de real observação oriundos do espaço profundo.
As observações do CRaTER validaram os modelos e as medições feitas em Terra, o que significa que materiais leves para a blindagem podem ser empregados com segurança para missões longas, desde que suas propriedades estruturais possam ser adequadas a suportar os rigores do voo espacial.
Desde o lançamento do LRO em 2009, o instrumento CRaTER vem medindo partículas energéticas carregadas — partículas que podem viajar a velocidades próximas à da luz e podem causar danos à saúde — desde raios cósmicos galáticos até partículas oriundas de eventos solares. Felizmente, a atmosfera espessa e o forte campo magnético da Terra fornecem uma blindagem contra essas partículas de alta energia.
Discussão - 2 comentários
Riscos
Em pesquisas realizadas pelo Interphone Study Group em parceria com a Internacional Agency for Research on Cancer (IARC), concluiu-se que existem suspeitas de aumento de tumor maligno no sistema nervoso central para usuários que utilizam frequentemente o celular do mesmo lado da cabeça. Diante desse cenário, a IARC classifica o campo magnético emitido pelos celulares como possivelmente carcinogênico para humanos, ou seja, a radiação interfere na saúde do ser humano, porém as evidências atuais ainda não são suficientes para classificar essa radiação como carcinogênica para humanos.
Segundo estudo científico realizado por especialistas da National Institute on Drug Abuse, há uma associação entre utilizar por 50 minutos o celular no modo convencional (perto da cabeça) e o aumento do metabolismo da glicose cerebral. Até o momento, essa evidência não tem significância clínica para que se possam tirar conclusões sobre o que esse efeito pode provocar na saúde.
Para outra pesquisa elaborada na Universidade de Tampere (Finlândia), os tumores malignos em usuários de celular não se localizam necessariamente em partes atingidas pela radiação emitida pelos aparelhos, ou seja, eles podem surgir em outros lugares do corpo, afetando negativamente a saúde humana.
Também na Universidade de Oxford, foi sinalizado o aumento dos riscos de tumor maligno associado ao uso prolongado do celular (mais de cinco anos), sendo que o risco aumenta proporcionalmente aos anos de uso. Assim como também afirma um grupo de trabalho gerido pela IARC, segundo o qual as chances de ocorrência de câncer em 10 anos podem aumentar em 40%, quando o celular é utilizado perto da cabeça por em média 30 minutos por dia.
Outro efeito associado à radiação e a saúde, envolve a interferência que a radiação eletromagnética emitida principalmente pelos celulares, causa em medicamentos homeopáticos. Existem estudos que indicam a diminuição dos efeitos de medicamentos em animais expostos à radiação eletromagnética.
Regulação
No Brasil, existem limites para a Taxa de Absorção Específica (SAR ou Specif Abortion Rate), estabelecidos por meio da Resolução nº 303, de 02 de julho de 2002 da Anatel, que estabelece o valor máximo da SAR de 2 watts por quilo (W/kg) para as regiões da cabeça e do tronco. Nos Estados Unidos, a SAR estabelecida pela Federal Communications Commission (FCC) é de 1,6 W/kg. Esse valor significa que em um quilo de tecido da cabeça e do tronco não pode ser absorvido mais de 2 watts de energia provinda da radiação emitida pelo celular. Esses valores são os mesmos adotados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que foram determinados pela Comissão Internacional de Proteção contra as Radiações Não Ionizantes (ICNIRP, sigla em inglês). No entanto, em discussão na Câmara dos Deputados do Brasil, foi apontado que os valores determinados pela ICNIRP datam de 1998 e somente consideram os efeitos na saúde da radiação para curto tempo de exposição. O cenário mundial é outro na atualidade, principalmente no Brasil. É preciso determinar os limites de absorção da radiação baseado nos seus efeitos à saúde para uso prolongado dos aparelhos. Só para se ter uma ideia, de acordo com um levantamento de um site britânico, em média os usuários passam 90 minutos por dia interagindo com o telefone celular. E brasileiros já interagem com o celular assim que acordam, segundo IBOPE.
Os limites da SAR estabelecidos pela Anatel e pela FCC valem também para aparelhos de wireless de uso restrito, ou seja, aqueles que usamos em casa, o chamado roteador wi-fi. Esses aparelhos também emitem radiação eletromagnética e também apresentam os mesmos riscos à saúde associados aos telefones celulares.
Olá, Belmiro!
Como você mesmo frisa, os dados existentes não são conclusivos e – me permita uma primeira observação – todo novo "gadget" é alvo de várias "lendas urbanas" e "teorias de conspiração". Os celulares são um exemplo recente disso. Pinçando um trecho de seu comentário: "Outro efeito associado à radiação e a saúde, envolve a interferência que a radiação eletromagnética emitida principalmente pelos celulares, causa em medicamentos homeopáticos." Pois eu cá não acredito em homeopatia, portanto não levo a sério estudos sobre possíveis efeitos de radiações EM nesse tipo de medicação.
E – me permita uma segunda observação – há uma enorme diferença entre os tipos de radiação EM que incidem sobre os humanos na superfície da Terra (sempre lembrando que mesmo aquelas radiações de origem solar podem ser carcinogênicas) e alquelas a que os astronautas ficam sujeitos fora da proteção da atmosfera e do campo magnético da Terra.
Obrigado por seu comentário.