CAST explora o lado negro do universo
Original em inglês por Corinne Pralavorio – 18 Set 2015. Última atualização em 21 Set 2015.
Vídeo em timelapse do CAST seguindo o Sol pela manhã e à tarde (Vídeo: Madalin-Mihai Rosu/CERN)
Pelos próximos 10 dias o Telescópio de Áxions Solares do CERN (CERN’s Axion Solar Telescope – CAST) receberá os raios do Sol. O curso do Sol só fica visível da janela da instalação do CAST duas vezes por ano, em março e setembro. Os cientistas vão se aproveitar desses poucos dias para melhorar o alinhamento do detector com o Sol até um décimo de um radiano.
No período fora desse alinhamento, o CAST segue o Sol, mas não consegue vê-lo. O experimento com astropartículas procura por áxions solares, partículas hipotéticas que, se acredita, interagem de modo tão fraco com a matéria comum que passam livremente pelas paredes. É para detectar essas partículas elusivas que o detector do CAST segue o movimento do Sol por uma hora e meia no nascente e outras hora e meia durante o poente.
Os áxions foram propostos como solução para solucionar uma discrepância entre a teoria do infinitamente pequeno e o que é realmente observado. Eles foram batizados com uma marca de sabão em pó porque sua existência pode permitir a “limpeza” da teoria. Se eles existirem, os áxions podem também ser bons candidatos para a vaga de matéria escura do universo.. Acredita-se que a matéria escura represente 80% da matéria do universo, porém sua verdadeira natureza ainda é desconhecida.
Depois de 12 anos de pesquisa, o CAST (ainda) não detectou áxions solares, mas já estabeleceu os limites mais restritivos para sua força de interação. Por conta disso, a experiência se tornou a referência global sobre o assunto.
Ao longo de dois anos, a colaboração que envolve cerca de 70 pesquisadores de 20 e tantos institutos, também procurou por outro tipo de partícula hipotética: camaleões. Estas foram propostas para soluconar o problema da energia escura. A energia escura que, como seu nome sugere, permanece misteriosa e indetectável, e tida como representante de 70% de toda a energia do universo e como responsável pela expansão observada no cosmos. Teorias propõem que essa energia escura seja uma quinta força fundamental e que as partículas camaleão podem comprovar a existência dessa força. Elas foram batizadas com o nome do réptil porque, se acredita, elas podem interagir de formas diferentes segundo a densidade do material com quem interagem.
Se as camaleões existirem, elas poderiam, tal como os áxions, ser também produzidas pelo Sol e detectadas pelo CAST. A colaboração acaba de instalar dois novos detectores nas extremidades na ponta do magneto. E também está se preparando para instalar um sensor inovativo com uma membrana ultra fina, capaz de detectar um deslocamento da ordem de 10-15 metros – o tamanho de um núcleo atômico!
Discussão - 2 comentários
Partículas camaleão????? Sério que nossa inteligência se resume a explicar ciência com abracadabra? Fala sério... O pessoal do CERN tá ateasadissimo...
Eu, particularmente, não gosto nem da ideia dos áxions... Mas o fato é que alguma coisa é "matéria escura" e outra é "energia escura", então, por enquanto e enquanto houver matemática decente suportando o raciocínio, a ciência deve pesquisar. Como o artigo diz, "até agora, nada foi encontrado". (por falar nisso, isso vale igualmente para as ondas gravitacionais).
A ciência experimental não é só feita de sucessos; os fracassos sempre ensinam algo