Fórum mundial ciência e democracia

O leitor Jorge Oliveira deixou uma mesagem de parabéns pelo nascimeto da minha filha e, nos comentários, nos deixou de “presente”, um texto que vem ao encontro dos princípios do Geófagos. Reconhecendo a importância do texto e sabendo que o campo de comentários desperta pouca atenção, resolvi postá-lo na integra para que mais pessoas possam ter conhecimento  dos ‘Questionamentos e Diretrizes Oriundos do I Fórum Mundial Ciência e Democracia’,  realizado em Belém, PA, entre os dias 26/01 a 01/02 de 2009.
Jorge, agradecemos o presente!
QUESTIONAMENTOS E DIRETRIZES ORIUNDOS DO
I FÓRUM MUNDIAL CIÊNCIA E DEMOCRACIA – BELÉM 26/1-1/2/2009
Preâmbulo
O presente texto é o resultado inicial do I Fórum Mundial Ciência e Democracia realizado em Belém de 26 de janeiro a 1º de fevereiro de 2009. Foi elaborado e subscrito por participantes de 18 países em 4 continentes. Ele dá início a um processo amplo e inclusivo tendo por objetivo construir uma rede internacional de movimentos, organizações e indivíduos que compartilham questionamentos a respeito da ciência, da tecnologia, e de outras formas de conhecimento, à luz dos interesses sociais e democráticos.
Questionamentos e diretrizes
1. Todo conhecimento, inclusive a ciência, é herança comum da humanidade. Expandir o conhecimento tem sido uma das aspirações mais fundamentais da humanidade ao longo da história.
2. O conhecimento e os métodos de sua produção podem resultar tanto na emancipação e no bem de todos, como em dominação e opressão.
3. Apoiamos os regimes que garantem e promovem os bens públicos e comuns e outros sistemas de recompensa da inovação que não envolvem a criação de monopólios de conhecimento e geração de lucros.
4. A ciência e a tecnologia estão implicadas nas crises que assolam o mundo nos dias de hoje – a crise econômica, a ecológica, a energética e as relacionadas à segurança alimentar, à democracia, à guerra e ao militarismo. É necessário aprofundar nossa compreensão a respeito de como a ciência e a tecnologia são parte tanto das causas quanto das possibilidades de superação dessas crises.
5. É necessário reconhecer que os valores das comunidades científicas são moldados por processos históricos e culturais. A autonomia e a responsabilidade social dos pesquisadores, bem como o caráter público e universal da ciência, precisam ser promovidos, porém levando em conta as diversidades sociais e culturais do tempo presente.
6. Reconhecemos que em diferentes países, e em diversos níveis, incluindo o das instituições científicas e o das comunidades locais, existem diferentes regimes de produção do conhecimento. Os contextos históricos influenciam os desenvolvimentos políticos, culturais, educacionais e científicos na sociedade, dando origem à diversidade na produção do conhecimento tanto científico quanto tradicional. É necessário um novo tipo de sistema de eco-conhecimento adequado a diferentes regimes de propriedade intelectual. Nesse contexto apoiamos iniciativas como a do Acesso Aberto para as publicações científicas.
7. Devem ser promovidas iniciativas visando o envolvimento informado de cidadãos nos processos de tomada de decisões relativas às políticas científicas e tecnológicas em todos os níveis, internacional, nacional e local.
8. É necessário mudar a situação atual, em que os interesses do mercado, o lucro das empresas, a cultura consumista e os usos militares são os principais fatores determinantes dos rumos da pesquisa científica, tecnológica, e da inovação.
9. Adotamos a preservação da vida humana como um valor primordial, e assim conclamamos as comunidades científicas e tecnológicas a não se envolverem em pesquisas com fins militares.
10. É imprescindível promover a participação social e o empoderamento da população a fim de exercer o controle democrático sobre as políticas científicas e tecnológicas.
11. É necessário desenvolver sistemas de pesquisa colaborativos e participativos, de baixo para cima.
12. Temos por objetivo a construção de uma rede internacional que ressalte a importância da ciência e da tecnologia, mas questionando as tendências perigosas que elas manifestam nos dias de hoje em relação à democracia, ao meio ambiente, e à dinâmica da globalização capitalista.
13. Esta rede aberta deve incluir as comunidades da ciência e da tecnologia, e diversos movimentos sociais. Nosso objetivo é estabelecer um diálogo democrático e uma relação de colaboração entre organizações científicas e de cidadãos, e movimentos sociais.
14. A rede visa fortalecer os movimentos que questionam a maneira como a ciência e a tecnologia é dominada por interesses empresariais, privados, militares, políticos e estatais, que afetam os valores éticos e a produção do conhecimento científico e tecnológico.
O presente texto é dirigido a
· Cientistas, tecnólogos, acadêmicos, educadores e especialistas, e suas instituições no mundo todo;
· Povos indígenas, associações de agricultores, sindicatos e outros movimentos sociais e políticos, ONGs, organizações e instituições no campo da ciência e da tecnologia;
· Todos os participantes dos fóruns globais, regionais e locais;
· Autoridades internacionais, regionais, nacionais e locais em todo o mundo.
A ciência, a pesquisa, as tecnologias e inovações estão ligadas a questões amplas e importantes referentes ao futuro de nossas sociedades e do meio ambiente. Conclamamos todos, portanto, a estabelecer conexões concretas entre as respectivas agendas e prioridades políticas e o conteúdo deste documento.
Convidamos todas as organizações científicas e sociais, participantes dos Fóruns Sociais, e cidadãos no mundo todo a ampliar e fortalecer este movimento a partir de agora, de acordo com a seguinte agenda:
Janeiro de 2010: Fóruns regionais Ciência e Democracia
Janeiro de 2011: II Fórum Mundial Ciência e Democracia
Conclamamos todas as pessoas, e todas as organizações, movimentos e redes, a organizar debates públicos a fim de conscientizar a maior parte de nossas respectivas sociedades e comunidades a respeito dessas questões.
Belém do Pará, 1º de fevereiro de 2009

Professor ou pesquisador?

Não é porque me encontro, finalmente, numa posição profissionalmente confortável que deixarei de comentar indignado as distorções na contratação de profissionais com pós-graduação no país, principalmente nas universidades públicas. Nos concursos para professor universitário atualmente se confere uma relevância grande ao currículo de publicações de um doutor ou mestre. Publicações são interessantes, não discordo, e podem ser uma medida razoável da capacidade do profissional em divulgar as pesquisas que fez ou faz. Mas, parafraseando o rei de França, onde está o trecho no testamento de Adão que obriga todo professor universitário a ser pesquisador? De que vale um excelente pesquisador com um espesso currículo que dê aulas execráveis? Em universidades com programas de pós-graduação sólidos e com estabelecida história de pesquisa, pode ainda valer muito, mas em universidades em que sequer há tais programas, em que o foco é a formação de profissionais com perfil mais técnico que acadêmico, não seria muito mais interessante profissionais com excelentes abilidades técnicas e didáticas mesmo que sem um currículo de tar torsicolor? O grande problema é a macaqueação, a ânsia ignorante de imitar as soluções americanas para problemas que eles têm e nós não temos. Isso mesmo. As universidades americanas de pesquisa costumam contratar (sem concurso) pesquisadores de comprovada competência. Comprovada pelas publicações relevantes em relevantes periódicos. Mas eles têm a solução, que não adotamos, para os profissionais com pós-graduação que não queiram ser pesquisadores: universidades voltadas prioritariamente ao ensino. Eça de Queirós, no século XIX, já se afligia pela insistência de seu conterrâneos em imitar desastradamente os estrangeiros, em geral de forma grotesca. Que falta faz aos fazedores de políticas (e a todos nós) ler os clássicos. Deixaríamos de ser tão estúpidos.

Enquanto só falam sobre a Amazônia…

Um estudo realizado pela equipe do professor Manuel Eduardo Ferreira, da Universidade Federal de Goiás, aponta para uma estimativa de crescimento da área desmatada do cerrado brasileiro de cerca de 14% até 2050. A preocupação com outros ecossistemas brasileiros, além da tão citada Amazônia, já vem sendo por mim levantada aqui, no Geófagos, outras vezes. Isso pode ser visto aqui e aqui.
Reportagem do Estado de São Paulo mostrou dados preocupantes levantados pela equipe do referido professor. Por meio de análises de imagens de satélite eles puderam concluir que, mantido o mesmo ritmo atual de desmatamento, a área suprimida do cerrado brasileiro será de cerca de 40 mil km2 por década, elevando a área devastada de 800 mil km2 para 960 mil km2. A área preservada seria de cerca de 1 milhão de km2. O principal causador de tamanha elevação é o avanço da fronteira agrícola na região. Até 2020 devem ser incorporados cerca de 60 mil km2 à essa atividade. Avanço naqueles que, há cerca de quatro décadas atrás, eram considerados solos inaptos ao cultivo. Estima-se que a área desmatada chegará à metade do tamanho do estado de Goiás ou equivalente a dez vezes aquele referente ao Distrito Federal. A expansão da fronteira agrícola se dá em direção, principalmente, do cerrado nordestino (Piauí, Bahia e Maranhão).
O Cerrado é o segundo maior ecossistema brasileiro, ficando atrás somente da Amazônia. Sua riqueza, com grande presença de espécies endêmicas, é reconhecida como de grande importância há tempos. Basta lembrar que esse ecossistema, juntamente com a Mata Atlântica, constituem os dois Hotspots de biodiversidade brasileiros, propostos pelo ecólogo inglês Norman Myers para identificar áreas de conservação e preservação prioritárias, desde de 1988. Além disso, no cerrado estão importantes nascentes de bacias hidrográficas importantes como a Amazônica, do São Francisco e do Prata.
Enfim, que dê-se a devida importância também a outros ecossistemas brasileiros.
Carlos Pacheco

O Geófagos e a Rede Minas de Televisão 2

Caríssimos!

Na próxima semana, na Rede Minas de Televisão, será apresentado o último episódio do Programa Planeta Minas sobre a Serra do Espinhaço.

Quero registrar que achei excelente a matéria exibida nesta semana sobre a Serra do Cipó. Foram entrevistados vários pesquisadores, entre estes, os Analistas Ambientais do Parque, João Madeira e Kátia Ribeiro. Todos os entrevistados mostraram, de alguma forma em seus argumentos, a importância do desenvolvimento de pesquisas naquela área, enfatizando a necessidade de preservação daquele ecossistema.

Lembrando que o objetivo mestre do Geófagos é a divulgação científica, parabenizamos a toda a equipe de produção do programa Planeta Minas pela iniciativa e pela oportunidade que nos deram de divulgar nossas pesquisas.

Particularmente, quero reiterar os meus agradecimentos à Jornalista Julia, ao Operador de Câmera e Diretor Jordane, e ao Cenógrafo e Motorista Paulo.

Sinceros agradecimentos a todos!

Elton Luiz Valente.

E.T. O resultado da primeira fase do nosso trabalho, ou seja, a tese, deve receber um ponto final muito brevemente. Uma vez que ela estiver catalogada na Biblioteca da UFV, eu prometo colocar um lembrete aqui no Geófagos, buscando um meio de disponibilizá-la a todos da melhor forma possível.

Vive le Roi

Não pude desperdiçar a oportunidade de escrever o primeiro post da mais nova encarnação do Geófagos. Certamente novos leitores surgirão, então um pequeno histórico pode ser relevante.
O nome Geófagos foi inspirado em dois eventos aparentados. Quando decidi criar o blog Geófagos, eu acabara de cursar minha última disciplina no doutorado em Solos e Nutrição de Plantas na Universidade Federal de Viçosa, disciplina chamada Pedogeomorfologia, que resumidamente trata da interação entre a geologia e o relevo influenciando a formação dos solos e estes “retroinfluenciando” os dois primeiros. O professor, Carlos Schaefer, durante toda a disciplina enfatizou o papel crucial da biota do solo sobre a formação e características dos solos tipicamente tropicais, como os Latossolos. Minhocas e cupins são os principais atores nesta peça milenar, ambos geófagos. Neste mesmo período eu estava lendo fascinado o último livro publicado por Charles Darwin, The formation of vegetable mould through the action of worms, with observations on their habits, que entre outras coisas trata da surpreendente ação das minhocas na formação da camada superficial, enriquecida em matéria orgânica, de solos de regiões temperadas. Novamente, geófagos fazendo solos.
Por fim, inspirado na minha impressão de que, afinal, somos todos geófagos, estava decidido o nome do blog. A decisão de escrever um blog de divulgação científica surgiu, primeiramente, pela ânsia de expor em linguagem clara o muito ou pouco que eu até então aprendera ou fizera em ciência; e pela constatação de que muitos dos blogs de ciência que eu então lia, a maioria extintos, discutia muito a divulgação científica mas não divulgava nada. A vocação, por assim dizer, de divulgador científico foi despertada em mim pela leitura fascinante da coluna que o saudoso paleontólogo americano Stephen Jay Gould mantinha na revista Natural History. Controvérsias à parte, ninguém escreveu sobre ciência tão bem quanto Gould, sinceramente acredito.
A primeira versão do Geófagos foi timidamente lançada em julho de 2006, na plataforma Blogspot. Quando realmente vi que havia leitores interessados e que o tempo não era perdido, resolvi “profissionalizar” o blog um pouco mais, principalmente em termos de visual, e mudei para o WordPress. Nesta segunda fase convidei alguns amigos do doutorado para escrever conjuntamente o Geófagos e a tarefa foi aceita pelo Carlos Pacheco, pelo Elton Valente e pelo Juscimar Silva. Elton e Juscimar, assim como eu mesmo, terminaram já o doutorado. O Pacheco está nos finalmentes. Crescemos, recebemos mais leitores do que ousáramos desejar e fomos enfim convidados pelo Carlos Hotta e pelo Átila Iamarino para fazer parte do condomínio de blogs de ciência Lablogatórios. Aceitamos entusiasticamente e não nos arrependemos.
O espírito empreendedor de Hotta e Iamarino abriram as portas para que pudéssemos hoje publicar o Geófagos na versão brasileira da maior plataforma de blogs científicos do mundo. É uma oportunidade que desejávamos mas que nem sempre acreditamos possível. Para mim em especial, esta nova etapa do Geófagos vem acompanhada de perto de uma nova e feliz etapa profissional como pesquisador da Embrapa Hortaliças. O ano de 2009 será sem dúvida memorável. Faremos tudo para manter e melhorar a qualidade dos posts publicados no Geófagos e tentaremos ser uma referência para aqueles que procurarem informações acessíveis sobre Ciência do Solo, Agricultura e Meio Ambiente. Que o Geófagos viva.

Evolução

Caríssimos leitores e amigos, este é provavelmente o último post publicado no Geófagos como parte do condomínio Lablogatórios. A partir da próxima semana, faremos parte da elite mundial dos blogs de divulgação científica, os ScienceBlogs. Será a quarta mudança por que passará o Geófagos. Comecei timidamente com o Geófagos dia 22 de julho de 2006, poucos dias depois de meu trigésimo aniversário, ainda na plataforma blogspot. O número de leitores aumentou, assim como o ritmo de minhas atividades. Decidi transferir o blog para a plataforma WordPress e convidar alguns amigos para colaborarem na empreitada, primeiro o Juscimar Silva e depois o Carlos Pacheco e o Elton Valente, passando o Geófagos então a ser uma equipe. Desde quase o início, tinha a ambição de ser um dia um ScienceBlogger ou algo semelhante, embora não soubesse bem se isto seria possível. Foi. A chave para isso foi o convite feito pelos acadêmicos empreendedores (uma espécie raríssima) Carlos Hotta e Átila Iamarino para que o Geófagos fizesse parte do condomínio de blogs científicos Lablogatórios. Aceitamos quase imediatamente e não nos arrependemos um iota. Estamos agora nos preparando para a quarta encarnação do blog Geófagos, novamente intermediada pelo Carlos Hotta e pelo Átila Iamarino. Esperamos manter os leitores fiéis e angariar muitos outros. Aqueles de vocês que assinam o feed não precisam se preocupar, a atualização será automática. Muitíssimo obrigado a todos e espero que continuem nos lendo. Le Roi est mort, vive le Roi!

Mais Uma Tese Defendida No Mundo!

Por Elton Luiz Valente

Senhores! Peço licença para anunciar que defendi na tarde de ontem (29/01/2009) minha tese de doutorado. Cujo título, sugerido pela banca, é: Relações solo-vegetação no Parque Nacional da Serra do Cipó, Espinhaço Meridional, Minas Gerais.

Embora a ciência, necessária, prime pela objetividade, peço, humildemente, que me permitam fazer uso de adverbialidades. Pois o fato posto de defesa da tese implica dizer que encerrei minha carreira oficial de estudante (stricto sensu). Relembrando e parafraseando Vladimir Maiakovski, eu digo: ‘não estou alegre, é certo, mas também por que razão haveria de ficar triste?’

Não estou alegre porque, imagino, a vida vai exigir que eu deixe de novo a Academia. E o meu retorno a Ela foi A-B-S-O-L-U-T-A-M-E-N-T-E gratificante. Em um curto período de tempo foram diversas mudanças para melhor (de rumo, de entendimento, de aspirações). Foram mudanças rápidas, graduais e consecutivas a cada disciplina ótima que eu fazia. Além dos amigos que adquiri no percurso desta empreitada. E agora devo perdê-los de alguma forma.

Um bom exemplo desses amigos, somos nós, Os Quatro Mosqueteiros do Geófagos! Porque, vocês sabem, Os Três Mosqueteiros eram na verdade quatro. Mas existem outros excelentes amigos adquiridos aqui, alguns deles ilustres blogueiros, como Marcus Locatelli. E alguns que perdemos definitivamente na seara de Deus, que sempre vem de alguma forma ceifar seus campos e realizar sua colheita… E assim temos de seguir em frente.

Por tudo isso não estou alegre. Mas não há razão para estar triste. Como diria Maiakovski: “As ameaças e as guerras, havemos de atravessá-las, rompê-las ao meio, cortando-as como uma quilha corta as ondas.”

Numa tentativa de reconhecimento à minha Comissão Orientadora, tanto de mestrado quanto de doutorado, bem como de alguns caríssimos amigos (consultores) que me socorreram em algumas encruzilhadas desse caminho, eu escolhi uma frase atribuída a Sir. Isaac Newton, na qual ele diz, com muita propriedade: If I have seen further it is by standing on the shoulders of Giants – Se enxerguei mais longe foi porque me apoiei nos ombros de Gigantes.

É isso meus caros! Até mais ver…!

Mulheres na Ciência (e na chefia)

Tenho certeza que está próximo o tempo em que mulheres em posições proeminentes na Ciência serão um fato tão comum a não causarem mais surpresa. A Ciência do Solo, ramo do conhecimento a que se dedicam todos os autores do Geófagos, e a Embrapa assumem a vanguarda desta tendência. Acaba de assumir a chefia geral da Embrapa Solos, localizada no Rio de Janeiro, a pesquisadora Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin, engenheira agrônoma maranhense com doutorado em Pedologia e Geomática pela École Polytechnique Fédérale de Lausanne (Suíça). Doutora Maria de Lourdes é a primeira mulher a ocupar o cargo.

Nota de Rodapé (2)

Por Elton Luiz Valente

Recentemente publiquei aqui no Geófagos, em 14/12/2008, um texto no qual eu falava das decepções com alguns “ícones” de nossa história. Naquele texto, emiti minha opinião a respeito da conduta de Niemeyer na sua condição de “celebridade”. Pois bem, na penúltima edição da revista Veja, edição 2096 de 21/01/2009, saiu uma matéria interessante sobre Niemeyer e sua tentativa de “amenizar” a biografia de Stalin. Vale a pena conferir. A matéria está disponível em:

http://veja.abril.uol.com.br/210109/p_130.shtml.

PS. Ultimamente tenho refletido sobre a velhice. Se tivermos sorte (ou não), a maioria de nós vai enfrentá-la. “Em face dos últimos acontecimentos”, fiquei pensando… A velhice pode ser muito boa se o indivíduo deixar, por completo, de se comportar como o imbecil que foi na juventude.

 

Atrasado mas ainda em tempo: um pequeno manifesto contra o corte no orçamento do MCT!

Essa semana a ciência brasileira sofreu um duro golpe. Nada mais, nada menos que 18 % do orçamento elaborado pela União foram “foiçados” pelo congresso Nacional. Ainda não sentiu o drama? Isso equivale a cerca de 1,2 bilhões de reais. Isso mesmo, 1,2 bilhões de reais (comparado a países desnvolvidos isso é pouco, mas para a ciência brasileira…)! Esse valor é 10 % maior que toda a receita a agência financiadora estadual mais bem provida financeiramente do país, a Fapesp (Fundação de Amparo a Pesquisa de São Paulo), segundo publicou a Folha Online em sua edição do dia 22/01/2009.
O estapafúrdio ato foi elaborado pelo senador petista Delcídio Amaral (MS), aquele mesmo presidente da CPMI dos correios. Alguém poderia, por obséquio, avisar o senhor relator que, só os benefícios que ele pode receber mensalmente, pagam algo em torno de 5 bolsas de doutorado (cerca de R$ 1800,00). Se multiplicarmos os benefícios (veja que não estou falando de salários e sim de benefícios) de “vossas excelências” (que podem chegar a cerca de R$ 10000,00) pelo número de Deputados Federais e Senadores (513+27 = 540) chega-se à quantia de R$ 5400000,00. Dividindo isso pelos citados R$ 1800,00, chegaríamos a cerca de 3000 bolsas de doutorado mensais. Se cortes têm realmente que serem feitos, por que não começar com as mordomias de “nossos representantes”?
Acho que é desnecessário tecer comentários a respeito da relação custo-benefício de pagar-se bolsas de doutorado (ou mestrado) quando comparadas aos “mimos” pagos à vossas-excelências, né? Além disso, o Brasil segue no rumo oposto das grandes economias mundiais. Enquanto eles investem em ciência e tecnologia para sair da difícil situação, aqui corta-se verbas dessa mesma área.
Essa notícia me fez lembrar a “dark age” do intelectual sociólogo e de seu discípulo, ministro da educação Paulo Renato de Souza. Quem não se lembra da política de “arrochamento” adotada para com as Instituições Federais de Ensino? Bolsistas da época sabem bem do que estou falando, afinal de contas foram 8 anos de congelamento. 
Ademais, será que teremos que voltar à era de peregrinação aos laboratórios em busca de reagentes e equimpamentos, a boa e velha “saga em busca do ácido clorídrico”? E os recém aprovados Institutos Nacionais de Tecnologia, como ficam? Será que, como disse o próprio ministro Sérgio Rezende, bolsistas realmente serão “demitidos”? São perguntas ainda sem resposta e que, dependem sobretudo, da força política do presidente Lula. Afinal, não é ele o ícone petista?
Espero, sinceramente, que as melhorias advindas da política para com a educação federal do atual governo e praticadas desde 2002 não sejam jogadas ralo abaixo agora. Pro-Unis, Reunis, reajustes salariais e de bolsas de nada adiantam sem verbas, infra-estrutura, equipamentos e matéria prima suficientes para condução dos trabalhos. O momento EXIGE pesado investimento em tecnologia. É hora do presidente honrar o seu discurso na WEC 2008 (World Engineers Convention), realizada em Brasília. “Esta crise internaciolnal obriga a todos nós, de forma profunda, a desenvolver uma capacidade imensa de melhor aproveitar os recursos e propor soluções. É momento da retomada do desenvolvimento”, foram as palavras de Lula. Em suma, o governo pretende investir em tecnologia e, para tal, deve articular-se politicamente para revogar a infeliz decisão do Congresso Nacional.
Carlos Pacheco

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