Publicado
31 de jan de 2011

Continuando nossa série de palestras internacionais em
Psicologia Evolucionista e Biologia Evolutiva veremos hoje o psicólogo do desenvolvimento Jay Belsky falando sobre a aplicação do evolucionismo ao desenvolvimento das estratégias reprodutivas. Professor na
Birkbeck Univeristy of London, Belsky está preparado para a celebração esse ano dos 20 anos sua revitalizada
Teoria Evolucionista da Socialização de 1991.
Gravada em outubro de 2010, sua palestra no ciclo de seminário do
EvoS da Birghamtom Univesity começa com a constatação dele que muitos dos psicólogos do desenvolvimento negligenciam a importância da Evolução para o desenvolvimento. Ele conta a história de sua teoria, como foi inspirado por estudos sobre a influência da ausência paterna nas estratégias sexuais, e como a princípio relutou em abandonar teorias clássicas sobre o tema. Ele frisa que o suporte comparativo de diferentes espécies e o poder de gerar novas predições o convenceram da relevância do evolucionismo para as teorias de desenvolvimento e maturação.

Segundo a Teoria Evolucionista da Socialização, ambientes estressantes com escassez de recursos e suporte emocional na infância acelerariam a puberdade e induziriam a estilos de apego inseguros e uma estratégia sexual de curto prazo – muito relacionamentos curtos sem muito laço afetivo. Enquanto um ambiente infantil pouco estressante levaria a estilos de apego seguros e estratégias sexuais de longo prazo.
Ele apresenta todos seus e outros artigos mais importantes para o suporte de sua teoria, e com uma explicação rica em metáforas mostra o porquê os resultados fazem sentido. Ao final ele mostra como tem lidado com críticas e como atualizou sua teoria. A mais contundente é a possibilidade de influência genética determinar mais a estratégias sexuais futuras do que o ambiente infantil. Estranhamente ele não cita o estudo de gêmeos que mostrou que esse parecer ser o caso e nem o estudo intercultural que mostrou que a necessidade de cuidado biparental do ambiente atual é mais determinante das estratégias sexuais do que o ambiente infantil. Pelo menos ele já incorporou a possibilidade da existência de uma mistura de estratégias alternativas (genéticas) e condicionais (abertas a influências ambientais relevantes) nos determinantes das diferencias individuais quanto à maturação. E agora frisa a variação genética à suscetibilidade a essa influencia ambiental na infância.
Childhood Experience and Development of Reproductive Strategies: An Evolutionary Theory of Socialisation Revisited. Uma palestra de uma hora, da hora, interessante e pertinente para muitas linhas de pesquisa no país. Aproveitem.
Jay Belsky – Childhood Experience and Development of Reproductive Strategies: An Evolutionary Theory of Socialisation Revisited from EvoS on Vimeo.
Publicado
7 de jan de 2011

Feliz 2011 primatas do mundo!! Começaremos o ano continuando a série de palestras internacionais em
Psicologia Evolucionista e Biologia Evolutiva. A palestra de hoje é de
Helena Cronin sobre o porquê as diferenças sexuais importam na perspectiva darwinista. Vimos uma entrevista com ela em
Diferenças Sexuais e a Seleção Sexual. Ela é uma filósofa muito entendida em Darwinismo e propõe que ao invés de vingirmos que não existem diferenças entre homens e mulheres devemos entendê-las para evitar injustiças.
Ela resolve vários mal-entendidos sobre o assunto, como o que diz que se a natureza humana é fixa então mudanças políticas são impossíveis, e a confusão entre diferença e desigualdade. Nada nos fatos sobre a diferença entre homens e mulheres justifica ou embasa nenhum julgamento de valor automaticamente. Temos que combater o sexismo e a desigualdade embasados em princípios morais e direitos universais do ser humano e não em fatos sobre a mente de homens e mulheres.
A palestra foi gravada em 2009 no evento
Revolución Darwin no Chile divulgado aqui no Marco Evolutivo. E o vídeo tem 40 min e está dublado para o espanhol o que deixa bem fácil para entedermos. Aproveitem!
Publicado
6 de dez de 2010

É com muito prazer que comemoramos não
UM nem
DOIS, mas
TRÊS anos de
MARCO EVOLUTIVO nesse último dia 28 de novembro. Foi um ano inteiro aqui no ScienceBlogs Brasil sem mudanças de endereço virtual, mas com mudança de endereço real. Nesse ano de 2010 estive aqui no Canadá fazendo meu doutorado sanduíche na McMaster University então não tive como me dedicar mais ao blog. Mesmo assim foi um ano de tópicos importantes e interessantes.


No período o blog teve mais de 33 mil visitas. Tivemos 31 mil visitas no Brasil e 1400 de Portugal, EUA e Canadá com mais de 200 visitas cada, e Angola, Espanha, Reino Unido, Japão, Irlanda com 50 ou mais visitas cada. Os países com mais de 10 acessos foram, em primeiro Portugal, EUA, Canadá, Angola, Espanha, Reino Unido, Japão, Irlanda, Moçanbique, França, Alemanha, Itália, México, Suíça, Argentina, Cabo Verde, Austrália, (um país não reconhecido pelo google analytics!) e Colômbia. As palavras mais usadas antes de encontrar o MARCO EVOLUTIVO foram: “Lamarck”, “Antropocentrismo”, “Período Fértil”, “Psicologia Evolucionista”, e “Seleção Sexual”.

E como presente evolutivo nesse terceiro aniversário estou iniciando uma
série de palestras internacionais de altíssimo nível sobre
Psicologia Evolucionista e Biologia Evolutiva. Trarei uma compilação única de temas importantes e professores renomados para que juntos complementemos nossa formação acadêmica nacional (e nosso
listening) conhecendo de perto autores internacionais e suas idéias. Inicio nossas palestras evolucionistas com um dos fundadores da Psicologia Evolucionista,
Martin Daly e sua palestra de outubro de 2010 aqui na McMaster sobre
Evolved Decision Processes and Rational Choice. Descubra de forma descontraida em 53 min que nossa racionalidade para algumas coisas e irracionalidade para outras, assim como a ilusão das decisões conscientes, são mais bem explicadas a luz da evolução.
Publicado
30 de nov de 2010

Apresento aqui uma palestra muito interessante por dois motivos: ser muito bem ilustrada graficamente e por se tratar de um ponto de vista evolutivo para nossas capacidades de apreciação estética.
Denis Dutton lançou ano passado o livro
The Art Instinct e nele apresenta a Estética Evolucionista e as ligações entre a seleção sexual e as manifestações artísticas. De nossa fascinação por paisagens ao humor, passando pela música e dança todas guardam as cicatrizes evolutivas das interação sociais ancestrais que promoveram o sucesso reprodutivo diferencial. Vale a pena dar uma conferida nessa sua palestra, na outra palestra de uma hora abaixo mais aprofundada e
no site do seu livro. Aproveitem.
Publicado
16 de nov de 2010

A
Discovery Brasil lança uma série de vídeos curtinhos e dublados promocionais sobre a ciência do
sex appeal. Basicamente eles mostram resultados de estudos em Psicologia Evolucionsita sobre escolha de parceiros e amor que apontam que beleza está aspectos específicos tanto d rosto como do corpo, do cheiro, da voz, do modo de flertar e nos recursos que se possui. Os vídeos são bem ilustrativos e interessantes, recehados de entrevistas com os pesquisadores da área.
Só fiquem espertos com afirmações descuidadas, como “O esforço incansável dos homens para conquistar mulheres pode, na realidade, não ser culpa deles…” do segundo vídeo, por exemplo. Procurar na Biologia do comportamento humano, seja evolução ou hormônios, desculpas para qualquer que seja o comportamento é o maior erro que se pode cometer, principalmente quando da popularização desses estudos. Fazer isso é incorrer nos mesmo erros dos séculos passados como eugenia e dawinismo social que tanto mancharam essa área. Tolerância zero com a falácia naturalista!! Não deixe mal-entendidos prejudicarem seu conhecimento da área, lembre-se Explicar não é Justificar, assim como Entender não é Perdoar!!!
Os vídeos abaixo são a série toda em inglês para os destemidos. Aproveitem!!
Publicado
3 de nov de 2010

Muitos podem pensar que eleição é um comportamento muito recente, e sendo assim, não tendo nada a ver com a evolução do comportamento humano, certo? Pois é, mas a dimensão cultural humana não é tão facilmente separável da dimensão biológica assim como podemos intuir. A Biologia do comportamento humano oferece importantes contribuições e implicações para pensarmos eleições, candidatos e resultados. Não estou dizendo que existia eleições democráticas com urna eletrônica e tudo mais no nosso ambiente ancestral, mas sim que aspectos básicos da nossa cognição social primata estão em cena no nosso moderno cenário eleitoral. Veremos como nossas propensões psicológicas influenciam e são influenciadas pelas eleições, como a presidencial que acabamos de ter no Brasil.

A primeira coisa que temos que entender é que o modo como nós concebemos eleições, como uma vitória democrática histórica e uma construção social moderna não são como nossa mente primata a percebe. Para nossa mente eleição nos remete à velha tarefa de escolher e aliar-se a coalizões de poder, algo que, durante o período evolutivo, foram favorecidas decisões que poderiam influenciar positivamente sua aptidão e também a sobrevivência e reprodução de seus parentes. Então se quisermos concretizar todas as implicações dos ideais de eleições democráticas modernas temos que entender melhor as nossas propensões psicológicas que influenciam a velha tarefa de escolher e aliar-se a coalizões de poder.


Escolher um representante de coalizão é uma difícil tarefa que muitas vezes tem implicações bem próximas a você e com conseqüências prolongadas. Até para aqueles que não se deixam influenciar pelo assédio ou compra de votos, não imitam a escolha de alguém importante (seja líder religioso, artístico, acadêmico ou familiar) e nem tentam seguir a maioria mostrada nas pesquisas eleitorais, existem muitas outras influências internas enviesando tal escolha. Em 2002, Stanford Gregory Jr. e Timothy Gallagher da Kant State University publicaram o estudo
“Spectral analysis of candidate’s nonverbal vocal communication: Predicting U.S. presidential election outcomes”.

Eles analisaram o tom da voz de candidatos a presidência dos EUA em debates desde 1960 e obtiveram que tons de voz mais graves induziam percepções de maior dominância social, o que previa a quantidade de votos recebido em todas as 8 eleições analisadas. Parece que em nossas deisões eleitorais ainda estamos nos guiando por pistas de dominância social que, como diferentes estudos apontam, se relacionam com níveis de testosterona, força física e resistência a parasitas.
Tais parâmetros são os mesmos acessados na busca por parceiros amorosos, pois sabemos que a sobrevivência é só um meio para se chegar à própria reprodução e a de parentes. Então as disputas entre coalizões podem ser entendidas como sendo parte da competição intra-sexual por poder sobre recursos, sendo o acesso sexual um dos mais relevantes evolutivamente.

Em muitas espécies quando um macho vence o macho alfa dominante ele mata todos os filhotes induzindo as fêmeas a pararem de investir nos filhos do outro macho para investir em se reproduzir novamente, com ele dessa vez. Visto isso seria esperado que a coalizão vencedora estivesse mais motivada sexualmente, apresentando alto apetite sexual do que a coalizão perdedora. Pois bem, acaba ser publicado no número de novembro do Journal Evolution and Human Behavior uma pesquisa que testa exatamente essa hipótese com relação a eleições.

Eles encontraram que nos estados em que a maioria votou no partido vencedor as pessoas usaram mais palavras no Google em busca de pornografia do que nos estados em que a maioria votou para o partido perdedor. Pois é parece que ainda lidamos com as eleições de formas semelhantes como os outros mamíferos lidam com das disputas de poder onde o acesso sexual é um dos prêmios finais.

Vimos apenas dois exemplos de como a Psicologia Evolucionista pode contribuir para entendermos e, posteriormente, aprimorarmos nosso processo eleitoral. Mais pesquisas precisam ser pensadas a esse respeito em países diferentes para vermos se esse resultados se mantém. E claro como estamos a menos de uma semana após as eleições presidenciais brasileiras fique com um eslogam eleitoral evolucionista: “Dê privacidade ao computador para os que votaram no partido vencedor”.
Publicado
29 de set de 2010

Inspirado pelo
comentário do Karl resolvi escrever um singelo post dando dicas de livros em Medicina Evolucionista e também em Psiquiatria Evolucionista. Espero que ajude a catalisar a curiosidade sobre o assunto no Brasil.
Segundo Randolph Nesse, a Medicina Darwinista ou Evolucionista (como tem sido chamada mais recentemente) nada mais do que faz uso da Biologia Evolutiva para entender, prevenir e tratar doenças. Ela não é radical, não propõe métodos de tratar pacientes e nem é oposta à medicina convencional. Basicamente existem atualmente 4 pontes interligando Bio Evolutiva e Medicina: 1) Pelos métodos estabelecidos da genética populacional; 2) Pelos métodos filogenéticos comparativos e estudos das migrações humanas; 3) Pelo estudo da dinâmica evolutiva das doenças infecciosas, não apenas a resistência aos antibióticos, mas os modelos evolutivos visando diminuir a virulência dos patógenos; e 4) mais recentemente, Pelo entendimento de como a evolução deixou nossos corpos e mentes vulneráveis por não serem tão bem projetados, ainda mais quando não estamos vivendo em grande parte no modo de vida em que evoluímos, algo que o Nesse tem enfatizado mais.

Sobre a dinâmica evolutiva das doenças infecciosas gostaria de salientar as semelhanças a ecologia da agricultura. Qualquer vestibulando sabe que a dinâmica agrotóxico-praga é a mesma entre antibióticos-patógenos e que ambas nunca tem fim. Quanto mais forte e mais for usado o agrotóxico ou o antibiótico mais resistentes serão as novas gerações de pragas e patógenos. E já que o produto químico não co-evolui naturalmente com as infestações que sempre têm um ciclo de vida muito mais rápido do que as novidades que a indústria de agrotóxico e farmacêutica são capazes de produzir, sempre estaremos perdendo. Assim como o controle biológico, que introduz uma praga da praga pra combatê-la, é a solução óbvia, inclusive pelos prejuízos ambientais, a fagoterapia criada da antiga união soviética também seria a saída óbvia para a Medicina, inclusive por evitar muitos efeitos colaterais. Vírus projetados para infectar nosso patógenos podem coevoluir com eles eser mais bem sucedidos a longo prazo já que por terem ciclo de vida menor estarão sempre na frente. Mas assim como o controle biológico teve vários casos de descontrole, a Medicina precisaria estar bem ciente dos potenciais prejuizos da fagoterapia. É claro que a indústria de agrotóxico e farmacêutica não gostam nada dessas soluções, mas isso vai acontecer uma hora ou outra independente dos interesses delas.

Em suma estamos apenas no começo dessa interessante fase de intercâmbio de conhecimentos nas áreas da saúde, inclusive só numa busca rápida pelo google achei mais de dez livros só sobre Medicina Evolucionista e dois deles já estão na segunda edição. Achei também 4 livros sobre Psiquiatria Evolucionista. Descobri também que o próprio Nesse veio ao Brasil dar uma palestra ano passado em 10 de maio na 29ª Semana Científica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Então estou colocando essa gravação feita por
WistarLabRat abaixo após um outro vídeo do Randolph Nesse sobre sociedade e saúde também do ano passado. Cnheci ele no Congresso Internacional de Psicologia em Berlin em 2008.
Mas ainda hoje, infelizmente, os evolucionistas entendem pouco de Medicina e os médicos pouco de evolução. Então para diminuir essa distância aí vão as dicas de livros e vídeos do MARCO EVOLUTIVO. Aproveitem!!!
Medicina Evolucionista
clique nos títulos dos livros para ler partes dos livros

Evolutionary medicine (Wenda Trevathan, Euclid O. Smith, James Joseph McKenna, Oxford University Press US, 1999)
Psiquiatria Evolucionista
clique nos títulos dos livros para ler partes dos livros
Assita
aqui uma palestra do R. Nesse sobre Depressão

Publicado
13 de set de 2010

Morreu no dia 08, semana passada, do mal de Alzheimer aos 83 anos
George C. Williams (1926 – 2010), um dos mais importantes evolucionistas da atualidade. Professor emérito da Biologia na State University of New York em Stony Brook nos EUA, foi visionário e pioneiro que contribuiu enormemente para nosso entendimento evolutivo sobre o envelhecimento, menopausa, a reprodução sexuada, o adaptacionismo, os níveis de seleção e a medicina e doenças.
Para
Niles Eldredge, George C. Williams foi um pensador profundo e cuidadoso, muito tímido e bem legal.
Stephen Jay Gould o achava um cavalheiro quieto com uma enorme influência na teoria evolucionista que sempre esteve avançado em relação ao seu tempo quanto à sua clareza teórica. Para
Richard Dawkins, ele foi um cientista maravilhoso e um grande cavalheiro de uma sabedoria lendária. Para
Steven Pinker ele é um dos mais famosos escritores na história da ciência. Para
Daniel Dennett, ele mostrou pela primeira vez como é difícil ser um bom evolucionista e como é fácil cometer erros simples. Para Martin Daly, George William faleceu sendo o maior biólogo evolucionista de seu tempo que influenciou tanto a ecologia comportamental quanto a psicologia evolucionista. Para
Michael Ruse, ele foi parte do grupo de biólogos que mudou completamente a natureza da teoria da evolução a meio século atrás. Para
Randolph Nesse, ele foi o mais importante biólogo do século XX que com uma abordagem consistente e um pensamento metódico perseguiu questões importantes e destilou suas conclusões em prosa límpida.

Em seu primeiro livro e um dos mais importantes da área
Adaptation and Natural Selection: A Critique of Some Current Evolutionary Thought (1966) ele influenciou gerações de evolucionistas com um adaptacionismo mais rigoroso e desbancando de vez o selecionismo de grupo ingênuo, que infelizmente, ainda vemos muito na narração de documentários sobre animais, algo do tipo “tudo para o bem da espécie”. Ele mostrou que a adaptação é um conceito oneroso e que teve ser criticamente testado segundo vários critérios antes de aceitá-lo finalmente como conclusão.

Em
Sex and Evolution (1975),
Natural Selection: Domains, Levels, and Challenges (1992), ele atualizou e expandiu suas idéias anteriores, introduziu a idéia de seleção de clado e foi fundo na questão dos níveis de seleção. Ele fez um distinção muito importante para evitarmos muitos mal entendidos em biologia evolutiva. Temos que reconhecer que existem dois domínios distintos em biologia evolutiva: um é o da matéria, no qual gene significa cadeia de DNA, o outro é o da informação, no qual gene significa pacote de informação, mensagem, receita. Então para entender os níveis de seleção não se pode incorrer no erro de misturar os dois domínios como indivíduo (material) e gene (pacote de informação), pois os diferentes domínios não são correspondentes, deve-se ter a clareza de comparar níveis dentro de um mesmo domínio.


Williams mostrou como é um absurdo a idéia de restaurar a homeostase, ou seja, tudo de incomum manifestado em seu corpo durante a doença deve ser combatido, com um exemplo bem claro: Imagine que você chega na sua casa e dois fatos incomuns estão acontecendo: 1) tem um caminhão vermelho estacionado na frente e vários seres jogando água na sua casa; 2) tem muita fumaça saindo pela sua janela. O que você deve fazer para restaurar a homeostase da sua casa é dar um fim em todos os fatos incomuns, então você se livrar dos seres molhados, guinchar o caminhão vermelho e não deixar fumaça sair pela janela, pronto resolvido!!! Eles mostraram que muitos dos sintomas das doenças são estratégias coordenadas do seu corpo inerentes do processo. Dawkins chegou a sugerir a todos que comprem duas cópias do livro e receitem um para seu médico. Segundo profetizou o próprio Williams:
“In twenty or thirty years, medical students will be learning about natural selection, about things like balance between unfavorable mutations and selection. They will be learning about the evolution of virulence, of resistance to antib
iotics by microorganisms, they will be learning about human archaeology, about Stone Age life, and the conditions in the Stone Age that essentially put the finishing touches on human nature as we now have it. These same ideas then will be informing the work of practitioners of medicine, and the interactions between doctor and patient. They’ll be guiding the medical research establishment in a fundamental way, which isn’t true today. At the rate things are going, this is inevitable. These ideas ought to reach the people who are in charge — the doctors and the medical researchers — but it’s even more important that they reach college students, especially future medical students, and patients who go to the doctor.”

Em seu último livro
Plan and Purpose in Nature (1996), Williams,
rebate claramente os argumentos criacionistas mostrando que se existe um criador e ele é minimamente inteligente nunca faria algo tão mal-adaptado como nosso corpo. Os exemplos vão de peixes ao olho, garganta e muitos outros. Nesse livro fica claro o porquê Randolph Nesse o considera um mal-adaptacionista, já que eles compartilham o fascínio pelos aspectos do corpo e da mente que aparentam não fazer sentido em termos evolutivos.
Sem dúvida George C. Williams foi um marco evolutivo com alcances para além das ciências biológicas. Espero com essa homenagem aumentar o conhecimento sobre ele no Brasil e o ainda mais o alcance de sua contribuição científica.
Fique com uma palestra dada por Randolph Nesse na comemoração sobre o Ano de Darwin 2009 sobre The Great Opportunity: New Evolutionary Applications in Medicine.
Publicado
12 de maio de 2010

Cansado de ter que ler vários livros tediosos pra aprender evolução e inglês? Preferia ficar ouvindo um rap em alto e bom som? Pois seus problemas se acabaram!! Chegou o
The Rap Guide To Evolution!!! Pois é minha gente, depois de ouvirmos músicas sobre Darwin e evolução no post e nos comentários de
Cantando Darwin, depois de ouvirmos
a versão reggae de cada um dos capítulos do Origem das Espécies, chegou a hora de ouvirmos o que o rap tem a nos dizer sobre evolução.

Baba Brinkman é um raper canadense fissurado em plantar árvores que lançou seu mais novo álbum
“The Rap Guide To Evolution”. Graças às conversas com um amigo biólogo evolucionista e muitas leituras, ele compôs 16 músicas interessntes sobre vários aspectos da evolução. Até a Olivia Judson, a
Dra Tatiana do Consultório Sexual para todas as espécies, falou bem dele
em sua coluna no The New York Times.
Em suas músicas ele explica a seleção natural, desacredita o criacionismo, explica a seleção artificial, ressalta nossa descendência comum com todos os seres vivos e afirma que todos os seres humanos são africanos. Ele ainda fala sobre Psicologia Evolucionista cita autores como
Leda Cosmides e
Geoffrey Miller, explica a relação do desconto de futuro com o homicídio comentando o
livro de Martin Daly e Margo Wilson. Além disso, ele explica memética, seleção de grupo, seleção sexual, DNA mitocondrial e muito mais. Tudo isso numa liguagem clara, bem humorada e fácil de entender.

Gostei dele ter dedicado uma música ao ácido universal.
Daniel Dennett refere-se a ideia de Darwin como um ácido que corrói tudo a sua volta, pois nenhum
modelo instrutivo se sustenta frente ao
modelo seletivo (
veja o porquê). Ou seja complexidade e inteligência podem sugir de processos simples e burros sem nenhuma instrução mágica, basta performance, feedback e revisão por um longo período de tempo. No
site dele vocês podem ouvir e baixar as músicas e ver muito mais.

No vídeo abaixo veremos
Baba Brinkman no Cambridge Darwin Festival ano passado comemorando o
Ano de Darwin frente aos famosos evolucionistas. Ele canta o rap em que explica como funciona o modelo seletivo e como usando os mesmo passos da seleção natural: performance, feedback e revisão é possível aprender e aprimorar até o mais fajuto rascunho de letra de rap, porque o rap também é evolução. Divirtam-se cantando e aprendendo.
Publicado
24 de set de 2009
As celebrações em nosso 2009, Ano de Darwin no Brasil, continuam muito boas e não param. Recomendo fortemente esses eventos passados, presentes e futuros para todos aqueles dispostos a expandir seu entendimento sobre a vida e sobre si mesmo.
Aconteceu durante a semana passada inteira o evento
“Leituras de Darwin” que, através de palestra oficinas e mini-cursos, promoveu o conhecimento darwinista em São Caetano do Sul. Para aqueles que perderam fica a dica de seguir o
“Leituras de Darwin” pelo Twitter.
Acontece no Museu de Zoologia da USP desde 11de setembro até 28 de fevereiro de 2010 a Exposição temporária “Darwin: Evolução para Todos”. Nela a curadora Maria Isabel Landim apresenta a história da Teoria da Evolução e como ela permeia a pesquisa realizada no museu. A proposta é suscitar a curiosidade para que todos saiam dela com desejo de saber mais sobre Darwin, evolução e sobre si próprio.
Acontecerá no Museu de Ciência e Tecnologia/UNEB em Salvador na Bahia o evento “Darwin na Bahia” -Um Encontro Celebrando o Ano Darwin 2009 durante os dias 6, 7 e 8 de outubro. O público alvo é desde professores e estudantes de universidades e também de escolas da educação básica, até pessoas interessadas da população em geral. Serão 29 palestras imperdíveis distribuídas em conferências e mesas redondas, dentre elas duas serão internacionais.

Evelyn Fox Keller (MIT, Estados Unidos) falará sobre Darwinism, Neo-Darwinism, and Post-Darwinism.
E famoso biógrafo de Darwin, James Moore (The Open University, Inglaterra) falará sobre Darwin’s Sacred Cause, título de seu último livro junto com Adrian Desmond.
Os temas das mesas serão: Integrando conhecimentos na biologia evolutiva, O pensamento evolutivo hoje, História do pensamento evolutivo,
Integrando o conhecimento sobre evolução com outras áreas do conhecimento, Aplicações tecnológicas do pensamento evolutivo: computação bio-inspirada, Ensino de Biologia e Popularização da Ciência, A chegada do Darwinismo ao Brasil e Evolução e desenvolvimento. Hilton Japyassú (UFBA) falará sobre A psicologia evolutiva e a evolução da cognição. Charbel El-Hani (UFBA) dará uma conferência sobre O que sabemos e o que precisamos saber sobre evolução. Ricardo Waizbort (FIOCRUZ) falará sobre Miranda de Azevedo e a chegada do Darwinismo ao Brasil. Entre muito outros, é imperdível!
Fique ligado também no Programa de Ações Educativas Darwin na Bahia e a Origem das Espécies e no blog sobre eventos de Darwin na Bahia. Realmente o pessoal da UFBA em Salvador está fazendo a diferença na quantidade e qualidade dos eventos sobre Darwin no Brasil!! Continuem assim!! O MARCO EVOLUTIVO admira e divulga essas iniciativas!
Veja um vídeo de recomendação do livro Darwin’s Sacred Cause- Race, Slavery and the Quest of Human Origins para todos interessados em história da Ciência e biografia. Nele os autores detalham como a visão de Darwin contra a escravidão informou seus raciocínios sobre a origem comum dos seres vivos e a seleção natural.