O focinho que causa o rabo

Se os homens ficassem grávidos,
o aborto seria um sacramento”.
Florynce Kennedy

Salve, Pessoal! Lembram-se quando, a algum tempo atrás, um Médico nos EUA observou que as mulheres com mais de 40 anos que engravidavam e pariam, eram normalmente saudáveis? E que, a partir dessa observação, ele “deduziu” que a gravidez acima dos 40 anos “era saudável para as mulheres”? Bom… Eu sou tabagista e já sobrevivi um enfarto e a uma cirurgia de pontes de safena (mas não tomei vergonha na cara…) Como eu, conheço outros. Será que o bom Doutor, baseado nessas amostras, chegaria à conclusão que fumar faz bem para cardiopatas?
Isso lembra aquela historinha do cara que, todo dia, sentava-se atrás de uma cerca, na qual faltava uma tábua, e via, de manhã, uma vaca indo para o pasto; de tarde, a vaca voltando do pasto. Um dia, após muito refletir, ele disse: “Descobri! O focinho causa o rabo!”
Pois, agora, me parece que alguém descobriu um novo “focinho que causa o rabo”. […como não podia deixar de ser, o Daniel me passou a perna e meteu um link no site dele para a matéria, originalmente publicada no New York Times…] Eu vou usar a transcição da matéria feita pelo “O Globo”. Lá vai:
17/05/2005 – 18h05m
Desenvolvimento embrionário explica orgasmo feminino, sustenta pesquisadora em livro
The New York Times
NOVA YORK – Estudiosos da evolução nunca tiveram dificuldade de explicar o orgasmo masculino, firmemente atrelado, como é, à reprodução. Mas a lógica darwiniana por trás do orgasmo feminino permaneceu uma incógnita. As mulheres podem ter relações sexuais e até engravidar – fazendo sua parte para a perpetuação da espécie – sem experimentar o orgasmo. Então, qual o propósito evolutivo disso?
Ao longo das últimas quatro décadas, cientistas surgiram com uma variedade de teorias, argumentando, por exemplo, que o orgasmo encoraja as mulheres ao sexo e, assim, à reprodução; ou que ele leva as mulheres a favorecer homens mais fortes e saudáveis, maximizando as chances de sobrevivência de sua prole.
Mas, em um novo livro, a filósofa de ciências e professora de biologia da Universidade de Indiana Elisabeth A. Lloyd examina as 20 principais teorias e revela como cada uma delas deixa a desejar. O orgasmo feminino, ela argumenta, não tem qualquer função evolutiva.
Em “O Caso do Orgasmo Feminino: Preconceito na Ciência da Evolução”, Elisabeth A. Lloyd diz que a teoria mais convincente é de 1979. Foi concebida pelo antropólogo Donald Symons. A teoria diz que o orgasmo feminino é simplesmente um artifício – um subproduto do desenvolvimento paralelo de embriões femininos e masculinos em suas primeiras oito a nove semanas de vida.
Nesse período preliminar, são estabelecidos os caminhos de nervos e tecidos para vários reflexos, inclusive o orgasmo, lembra Lloyd. Com o desenvolvimento, hormônios masculinos saturam o embrião, e a sexualidade é definida.
Nos meninos, o pênis se desenvolve, com o potencial para orgasmos e ejaculação; as meninas, porém, “obtêm os mesmos caminhos para o orgasmo por terem, inicialmente, o mesmo planejamento corpóreo”.
Nos homens, os mamilos são, igualmente, vestígios, compara a professora. Enquanto nas mulheres os mamilos têm propósito, os mamilos masculinos parecem ser simplesmente restos de um estágio inicial de desenvolvimento embrionário.
Por essa lógica, o orgasmo feminino, ela diz, “é para divertir”.
A professora Lloyd diz que os cientistas insistiram em encontrar uma função evolutiva do orgasmo feminino em seres humanos, porque eles investiram na crença de que a sexualidade das mulheres tem que encontrar um paralelo exato na dos homens ou porque eles estavam convencidos de que todos os traços têm que ser “adaptações” – ou seja, têm que servir uma função evolutiva.
As teorias sobre o orgasmo feminino são significativas, acrescenta a pesquisadora, porque “as expectativas dos homens sobre a sexualidade normal das mulheres, sobre como as mulheres deveriam se comportar, são construídas com base nessas noções”.
– E os homens são os que refletem imediatamente para a mulher se ela é ou não adequada sexualmente – diz a professora, que usou como um ponto central de sua tese o fato de que as mulheres não têm orgasmos freqüentemente quando fazem sexo.
Ela analisou 32 estudos, realizados ao longo de 74 anos, sobre a freqüência do orgasmo feminino durante o sexo.
Quando a relação era “não assistida” – não acompanhada pela estimulação do clitóris – apenas um quarto das mulheres estudadas experimentavam orgasmos freqüentemente ou muito freqüentemente durante o sexo, descobriu a pesquisadora.
Cinco a dez por cento delas nunca havia tido orgasmos. Ainda assim, muitas dessas mulheres ficaram grávidas.
Os números a que a professora Lloyd chegou são menores do que os detectados por Alfred Kinsey, relatados no livro “O comportamento sexual no ser humano feminino”, de 1953. Na pesquisa de Kinsey, 39% a 47% das mulheres relatavam ter orgasmo sempre ou quase sempre durante a relação sexual. Mas Kinsey, explica Lloyd, incluiu orgasmos assistidos pela estimulação do clitóris.
Lloyd diz não ter dúvidas de que o clitóris seja uma adaptação, selecionada para criar excitação, levando ao sexo e à reprodução. Mas “sem uma ligação com a fertilidade e a reprodução”, diz a professora, “o orgasmo não pode ser uma adaptação”.
Nem todo mundo concorda. O professor de biologia John Alcock, da Universidade do Estado do Arizona, criticou uma versão preliminar da tese de Lloyd, discutida em 1987, num artigo do renomado paleontólogo e divulgador da ciência Stephen Jay Gould, na revista “Natural History”.
Por telefone, Alcock disse que ele não havia lido o novo livro de Lloyd, mas que ele mantinha sua opinião de que o fato de o orgasmo “não ocorrer toda vez que uma mulher faz sexo não é prova de que não seja uma adaptação”.
– Estou pasmo com a noção de que o orgasmo tem que acontecer todas as vezes para ser uma adaptação – disse o cientista.
Alcock teoriza que a mulher pode usar o orgasmo “como um meio inconsciente de avaliar a qualidade de um macho”, sua adequação genética e, assim, quão apropriado ele seria como pai de sua prole.
Mas será o Benedito? Senão vejamos: a toda necessidade fisiológica do corpo humano, satisfazê-la corresponde a uma sensação de “prazer” e não satisfazê-la, corresponde a uma sensação de “desconforto”. Isso é verdade para alimentação (“fome” e “saciedade”), ingestão de água (“sede” e “saciedade”), excreção de dejetos (“alívio” e “aperreio”), autoproteção (“dor”, “ardência” e “alívio”) e até do instinto gregário (“aprovação pelo grupo” e “rejeição pelo grupo”). Porque, com mil demônios tibetanos, teria que ser diferente para o “Instinto de Preservação da Espécie”???
Realmente, o emprenhamento de uma mulher pode ser realizado sem que ela sinta prazer com isso (que o digam as sociedades que praticam o costume inqualificável de “Circuncisão Feminina“). Mas, se uma mulher frígida tiver como escapar à prática do sexo (ou seja, possar escapar do estupro — porque sexo sem prazer é estupro), a Perpetuação da Espécie passa a contar com menos uma reprodutora voluntária. Sem contar que, copular com uma mulher que não sente qualquer prazer com o ato, me parece uma forma de necrofilia… (mas há quem goste…). Quanto aos efeitos da estimulação dos mamilos dos machos e do ânus, em ambos os sexos, eu vou me eximir da discussão, para não me tornar mais escabroso, ainda. Mas, para quem não sabe, sabem como é que se faz um touro ejacular o semen para coleta e comercialização? Introduzindo um aparelho que dá pequenos choques no reto do pobre animal e botando uma “camisinha” para coletar o semen… QED!…
Em suma,a “filósofa de ciências e professora de biologia da Universidade de Indiana Elisabeth A. Lloyd” perdeu uma excelente ocasião de ficar calada!

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