A Pesquisa científica

Salve, Pessoal! No meu artigo anterior, eu termino com a afirmativa: Ciência é isso: a melhor explicação que se pode obter com a tecnologia disponível, daquilo que é observável!
Resta saber, então, como obter essa melhor explicação possível.
O primeiro filósofo a estabelecer o que nós, atualmente, chamamos de “pesquisa científica” foi Francis Bacon (sobre ele, eu recomendo a página em inglês da WikiPedia — a página em português é fraquíssima). Ele foi o primeiro a propor que as “Leis da Natureza” fossem deduzidas a partir de medições e experimentos, ou seja, adaptar as idéias aos fatos e não os fatos às idéias, como era, até então, a moda. Na introdução de sua obra Novum Organum, ele explica que as idéias das pessoas são distorcidas pelo que ele chama de “Ídolos”. Os Ídolos de Bacon, como são conhecidos, são as distorções na forma de pensar que todos temos: Ídolos da Tribo, a forma de pensar decorrente da origem étnica da pessoa; Ídolos da Caverna, que são as distorções devidas às experiências pessoais de cada um; Ídolos do Mercado, que são as distorções causadas pelo uso coloquial de cada linguagem; e Ídolos do Teatro, resultantes da aceitação irrestrita da “opinião oficial” (ou “opinião pública”: o famoso “todo o mundo sabe que…”). Como fazer, então, para se livrar das interpretações errôneas das idéias expressas por outros, e mesmo das observações errôneas feitas por outros, distorcidas pelos Ídolos?
A resposta de Bacon é um verdadeiro “ovo de Colombo”. As “Leis” ou “Princípios” enunciados deveriam ser, não só fruto de medições e observações, como deveriam propor experimentos, sob condições claramente descritas, que pudessem ser reproduzidos por outros pesquisadores para a comprovação dos resultados obtidos. Uma decorrência inevitável desse método é que a única linguagem realmente universal: a matemática, passa a ter uma enorme relevância no processo de pesquisa científica.
Ocorre que, atualmente, as fronteiras da ciência foram grandemente ampliadas. A química e a física vieram substituir a alquimia (e, se não consguiram — ainda — a Pedra Filosofal e o Elixir da Longa Vida, descobriram processos para transmutar elementos e avançaram muito nos conhecimentos sobre a composição da “matéria”), a Astronomia veio substituir a Astrologia (embora a Astrologia ainda encontre adeptos — entre eles yours truly) e a Medicina e a Bioquímica progrediram bastante na direção apontada por Paracelso. No início do século passado, registraram-se avanços espetaculares na Física e Química, chegando-se exatamente ao problema atual: os domínios do muito grande e do muito pequeno.
Na Química Orgânica chegamos à descoberta das macromoléculas, polímeros e, principalmente, ao DNA. E constatamos que essas moléculas têm estruturas tão complexas que desafiam nossa capacidade de processamento de dados. Na Física, como já mencionei anteriormente, a Escala Cósmica e a Subatômica continuam a escapar à percepção de nossa tecnologia disponível. É até engraçado ler os contos de sci-fi dos meados do século passado e encontrar “Cérebros Eletrônicos” (de proporções gargantuescas, é claro: os computadores de “estado sólido” só foram aparecer na década de 1970) “dominando o mundo”. Em 2005, o melhor dos supercomputadores ainda não consegue lidar com um modelo de núcleo atômico maior do que o Hélio… E o melhor Modelo Cosmológico disponível, o do Big Bang, ainda tem muito caminho pela frente para explicar como o Universo chegou ao estágio atual. A cada nova descoberta da Astronomia, surgem novas questões sobre o modelo.
E é nesse atual “estado da arte” que surgem as tentativas daqueles que se assustam com um Cosmos de proporções inimagináveis, de voltar a “Escrituras Sagradas” e empurrar o pinto para dentro do ôvo, e este para dentro da galinha de novo (sem abdicar da Internet, é claro…)
Vamos por umas reticências por aqui e mudar (no próximo artigo) para a questão da religiosidade.

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