O FMI e o desequilíbrio econômico mundial
Salve, Pessoal! Mais uma matéria interessante do New York Times na seção de economia sobre os desequilíbrios no consumo mundial. Lá vai a tradução:
22 de setembro de 2005
FMI Alerta para Desequilíbrio no Consumo Mundial
por EDMUND L. ANDREWS
WASHINGTON, 21 Set – Os Estados Unidos provavelmente experimentarão um crescimento econômico mais lento no ano que vem e sua dívida externa, rapidamente crescente, está no coração de perigosos desequilíbrios globais, disse o Fundo Monetário Internacional na 4ª feira.
O Fundo disse que o crescimento econômico global se tornou muito dependente de um punhado de países, liderados pelos Estados Unidos, que consomem muito mais do que produzem. Este desequilíbrio, alerta o Relatório Semestral sobre a Economia Mundial, pode levar a uma correção violenta.
Em uma evidente referência aos Estados Unidos, com seus grandes déficits orçamentários e desenfreados gastos em consumo, o FMI alertou para que o consumo mundial está “sendo alimentado por crescentes estímulos fiscais insustentáveis, bem como preços de moradia que estão ignorando a Lei da Gravidade”.
Mas o FMI também criticou abertamente a União Européia, dizendo que ela continuará a crescer em um passo anêmico, por não flexibilizar suas rígidas legislações trabalhistas e puxar as rédeas dos gastos com subsídios sociais.
“Os cidadãos Eurpeus não parecem estar convencidos de que o remédio amargo de reformas estruturais continuadas possam curar a parálise que aflige grande parte do continente”, disse Raghuram Rajan, Diretor de Pesquisas do Fundo. “É uma falha da política que as pessoas não cheguem a ver que, quanto mais eles quiserem manter o atraente estilo de vida Europeu, mais a maneira pela qual eles trabalham terá que mudar”.
No geral, o relatório prediz que o crescimento econômico americano vai diminuir para 3,3% em 2006, dos 3,5% deste ano. As economias das 12 nações que usam o Euro como moeda comum, vai se expandir apenas 1,8% no próximo ano, prediz o relatório, mais, porém, do que os 1,2% em 2005.
O Japão, que teve um crescimento real muito pequeno ao longo da última década, foi uma das poucas nações industrializadas cujas previsões de crescimento foram revistas para cima. Com sinais de que a longa batalha do Japão contra a deflação está quase no fim e o consumo, subindo, o Fundo diz que a economia japonesa deve crescer cerca de 2% no ano que vem. Seis meses atrás, a previsão era de crescimento zero para o Japão.
Os economistas do FMI indicaram que eles não esperam que os efeitos do Furacão Katrina deixem marcas profundas na economia americana, reduzindo o crescimento, segundo suas estimativas, em um décimo de ponto percentual.
Mas eles expresaram uma preocupação considerável quanto ao impacto dos altos preços do petróleo, que subiu mais de US$ 20 por barril este ano e tem estado acima de US$ 60 desde o início de Agosto (o petróleo fechou em Nova York, na 4ª, a US$ 66,80). Na verdade, o Fundo alertou para que outra alta nos preços do petróleo, talvez até US$ 80, continuava sendo possível.
No relatório, divulgado em antecipação das reuniões anuais das Diretorias do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, o fundo alardeou seus alertas anteriores acerca dos desequilíbrios globais.
O défcit nos balanços das contas de comércio exterior dos Estados Unidos é estimado em cerca de US$ 700 bilhões e ficar em torno de 6% do PIB. Dito de outra forma, os Estados Unidos estão absorvendo uma porção recorde do dinehiro das poupanças e investimentos mundiais. Tal como no passado, o Fundo diz que o desequilíbrio financeiro americano tem sido agravado pelos grandes déficits orçamentários.
Mesmo sem os grandes gastos do tesouro americano esperados para a reconstrução das áreas atingidas pelos furacões, disse o FMI, a meta da administração Bush para a redução do déficit permaneceu “desambicioso”.
O Presidente Bush e os Republicanos no Congresso começaram a propor cortes nos gastos para compensar parte dos gastos com o furacão e as enchentes. Mas as autoridades da administração continuavam, na 4ª feira, a sustentar que os cortes de impostos do Sr. Bush se tornassem permanentes, o que custaria, ao menos, US$ 1,4 trilhões em um prazo de dez anos, e se recusam a retardar o início do programa de distribuição de medicamentos (“Medicare”) que se estima que vá custas cerca de US$ 45 bilhões por ano.
“Nós queremos estar certos de que a maneira pela qual nós vamos tratar dos desequilíbrios, maximize o crescimento”, declarou Timothy D. Adams, sub-secretário do Tesouro para Assuntos Internacionais. “É uma resposabilidade partilhada”.
O relatório do FMI concorda com isso, ao menos em parte. Ele atribui grande parte do aumento do desequlíbrio global aos países europeus e asiáticos, observando que a demanda doméstica na Europa permanece fraca, deixando os Estados Unidos como a locomotiva mundial para o crescimento do consumo. E alerta para que esta fraqueza européia a torna mais vulnerável a choques oriundos dos preços do petróleo ou uma grande mudança nas taxas de câmbio.
Até que, enfim, alguém reparou no fato de que qualquer nação não pode gastar mais do que ganha, inclusive os países do “Primeiro Mundo”.
Ou eu sou muito paranóico, ou a China está preparando um golpe de mestre: vão acabar deixando os EUA (e todos os panacas que forem na onda dos americanos) pendurados na broxa, enquanto levam a escada embora. Eles estão absorvendo toda a tecnologia de ponta e, de uma hora para outra, podem fechar a fronteira de novo. Afinal, um quinto da humanidade é chinesa. Dos outros quatro quintos, uns três são de fudidos terceiro-mundistas que podem, perfeitamente, mudar o padrão de moeda de dólar para yuan rapidinho…
Os americanos são cada vez menos “donos” da própria economia. Eu não espero estar vivo para ver, mas vocês, mais jovens, deveriam começar a aprender Mandarim…
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