Internet, Academia e Ética

Minha abordagem inicial sobre o tema foi – necessariamente – superficial. Afinal, “não vá o sapateiro além das sandálias”. Eu não sou acadêmico, nem cientista. Nesta “Roda”, eu represento o leigo que quer aprender. O curioso que é bombardeado por informações diversas, cuja qualidade não sabe avaliar. Em uma palavra: o ignorante.
Só que “ignorante” não quer dizer “tolo”. “Ignorante” é aquele que não sabe, porque não aprendeu (ou porque lhe ensinaram errado). A “ignorância” é mal curável. Já a desonestidade, a arrogância e a tolice, não são.
A Internet é uma formidável ferramenta para o rápido intercâmbio de idéias, para obtenção de dados necessários a uma pesquisa, para a troca de informações e discussão de temas. Infelizmente, certas idéias ficariam melhor restritas, os dados podem ser levianamente usados, certas informações são incovenientes e certos temas não deveriam sequer ser abordados.
Fazer o que? Voltar à Idade Média e restringir o conhecimento a uns poucos “escolhidos”? E qual será o critério para a seleção desses “escolhidos”?
O Daniel criticou o “moto” dos defensores do livre porte de armas nos EUA (National Rifle Association, se não me engano), mas é uma verdade. “Armas não matam pessoas; pessoas matam pessoas”. O mesmo pode ser dito de automóveis. Aliás, qualquer coisa pode ser bem ou mal utilizada (por má-fé, imperícia, imprudência ou negligência).
Mas não deixa de ser sintomático que as Ditaduras escancaradas que ainda existem neste mundo sejam os maiores opositores da Internet. Isso torna o pesadelo de “1984” de Orwell impraticável, porque o “Big Brother” não controla mais a “verdade”. A opinião pública não é mais necessariamente “a opinião que se publica”.
Eu freqüentemente praguejo que “Graham Bell” deveria ter inventado a torradeira, porque o telefone é uma fonte de incríveis aporrinhações, principalmente depois que inventaram a praga do “telemaketing”.
Orkuts, MSNs, Paltalks e coisas assim são – por si só – uma ferramenta de grande utilidade. Não reside nelas a culpa em serem mal utilizadas. A futilidade das pessoas e a preocupação de “espertinhos” (como o que Kinismós menciona) de se mostrarem “mais matreiros” que os “otários comuns”, não servem como desculpa para condenar a Internet, nem na Academia, nem em local algum.
“Abusus non tolit usus!” E, se a maior parte das pessoas que tem acesso à Net o faz para propósitos levianos, maldosos ou simplesmente imbecís, o problema está nessas pessoas.
Da mesma forma que o prelo de Gutenberg revolucionou o mundo, permitindo que o saber se popularizasse, a Internet está fazendo desabar as fronteiras políticas, permitindo que a informação percole todas as camadas da sociedade.
Ainda é muito cedo para se emitir juizos sobre seus efeitos globais. Da mesma forma que a palavra impressa pôs fim à Idade das Trevas, também permitiu a divulgação de “Mein Kampf”.
Os malucos e megalômanos (como eu) são um preço a pagar. Só que a liberdade não tem preço que possa ser estimado como excessivo.

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