Em qual país é esta eleição?
É inquietante observar que, a poucos dias das eleições para presidente da República, governos dos Estados, parlamentos federais e estaduais, as mal chamadas questões ambientais – as que dizem respeito ao meio físico, concreto, em que vivemos – continuam, como nos pleitos anteriores, tão distantes das discussões que se travam que se pode, no final das contas,perguntar: mas em que país se disputam essas eleições? Será em Plutão, que acaba de ser rebaixado, nem planeta mais é?
Muitas vezes tem sido citado aqui o pensamento do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, segundo quem os problemas que ameaçam a sobrevivência da espécie humana são as mudanças climáticas em curso e a insustentabilidade dos padrões mundiais de produção e consumo. Se é assim, essas questões deveriam estar no centro das discussões sobre o futuro do País. Mas não estão.
E o que será que surpreende o Sr. Washington Novais? As questões ambientais deveriam estar no cerne dos Programas de Governo dos candidatos, mas dificilmente, serão preocupações imediatas para os eleitores em 1º de outubro.
Questões um pouquinho mais imediatas, tais como desemprego, falência da segurança pública, escândalos de malversação dos parcos recursos públicos, certamente serão preocupações mais agudas para os eleitores.
A preocupação é em eleger um governo com um mínimo de competência para gerir questões básicas de administração pública. Se conseguirmos este mínimo, poderemos passar a cobrar preocupações de nível mais elevado, tais como a conservação do meio-ambiente e a exploração racional dos recursos naturais.
Em um país que há gente morrendo de fome, morrendo na porta dos hospitais públicos, saindo pela porta da escola tão ignorante quanto quando entrou, morrendo estupidamente com balas perdidas, a conservação do meio-abiente até que está razoavelmente bem encaminhada, com a legislação já existente.
Quem parece estar saindo da órbita de Plutão e se dirigindo à Nuvem de Oort é o Sr. Washington Novais. Uma coisa eu posso responder à pergunta dele: certamente não é nos EUA!…
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