“Por dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (13/10/08)

Inside Science News Briefs
13 de outubro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
O Aquecimento Global está criando oceanos mais barulhentos

Na medida em que os oceanos da Terra absorvem quantidades maiores de dióxido de carbono da atmosfera, gerada por atividades humanas, eles se tornam mais ácidos e mais barulhentos, de acordo com os pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Aquário da Baía de Monterey, em Moss Landing, Califórnia. Seu estudo, publicado recentemente no Geophysical Research Letters, diz que o aumento no barulho corresponderá à capacidade do som de percorrer uma distância até 70% maior na água do mar acidificada, por volta de 2050. Isto pode aumentar muito a capacidade dos mamíferos marinhos em se comunicar a longas distâncias, mas também pode aumentar o nível de ruído de fundo com o qual os mesmos mamíferos têm que conviver. Os químicos de oceanos já sabia, há anos, que a absorção de sons na água do mar se modifica com a química da água, de acordo com a pesquisa da União Geofísica da América (AGU). A absorção de sons envolve várias interações químicas, algumas entendidas, outras não, mas o padrão básico, de acordo com os pesquisadores, é quanto mais ácida estiver a água, menos sons de média e baixa freqüência ela vai absorver. A acidez crescente, causada pela mudança no pH da água do mar, à medida em que ela remove o carbono da atmosfera, terá seus maior efeito na faixa dos sons abaixo de cerca de 3.000 ciclos por segundo, a faixa que inclui a maior parte dos sons de baixa freqüência usados pelos mamíferos marinhos para descobrir alimento e parceiros. De acordo com a AGU, essa faixa também inclui os sons submarinos gerados pelas atividades industriais e militares, bem como barcos e navios. “As águas na parte mais rasa do oceano estão passando, atualmente, por uma transição extraordinária em seu estado químico fundamental em um passo nunca antes visto na Terra por milhões de anos e os efeitos são sentidos não somente como impactos biológicos, porém também nas propriedades geo9físicas básicas, inclusive na acústica dos oceanos”, escrevem em seu artigo os pesquisadores, chefiados pelo Dr Keith Hester. {Nota do tradutor: já divulgado neste Blog, no post “Ensurdecendo as Baleias“]

O Aquecimento está empurrando os animais do Yosemite para altitudes maiores

Os cientistas que foram atualizar uma pesquisa de 1918 dos pássaros, mamíferos, répteis e anfíbios da Sierra Nevada no Parque Nacional de Yosemite, descobriram que o aquecimento global está causando grandes mudanças no território de pequenos mamíferos, forçando muitos deles a buscar terrenos mais altos e mais frios. O estudo, realizado por biólogos da Universidade da Califórnia em Berkeley, descobriu que animais tais como musaranhos, ratos e esquilos se moveram para terrenos mais altos, essencialmente fazendo com que as espécies se misturem em um único lugar qualquer. “Nós não viemos estudar os efeitos das mudanças climáticas, mas para ver o que havia mudado e por que”, desde que a pesquisa já com 90 anos de idade foi completada, disse Craig Moritz, diretor do Museu de Zoologia de Vertebrados da UC Berkeley. “No entanto, a descoberta mais dramática … foi essa mudança das espécies para terrenos mais altos. Quando nos perguntamos: ‘O que mudou?’, a resposta veio no meio de nossa cara: o clima!” Moritz disse que o aquecimento generalizado no Yosemite ocorreu nos anos recentes, como fica patente de uma elevação de cerca de 3ºC nas temperaturas mínimas noturna e pelo retraimento das geleiras e o aumento da precipitação de chuva, em lugar de neve. Os pesquisadores descobriram que, dos 28 pequenos mamíferos observados na área do estudo, metade deles expandiu seu território para cima em mais de 480 metros. A mudança de territórios das espécies é algo que sempre aconteceu, diz o biólogo James Patton da UC Berkeley, mas a velocidade com que isto aconteceu com as espécies do Yosemite, em resposta ao aquecimento, “nos faz parar para refletir”.

O relógio circadiano é crítico para a capacidade de lembrar

A maior parte das pessoas toma consciência de seus relógio interno circadiano quando atravessa vários fusos horários e experimenta o que se chama de “jet lag”, porém os cientistas já sabiam, há décadas, que o ritmo interno do relógio humano regula quase todos os sitemas biológicos, da pressão sanguínea ao desejo sexual. Agora, os pesquisadores da Universidade Stanford demonstraram que, quando o sistema circadiano é rompido, a memória vai junto. Em um artigo publicado em Proceedings of the National Academy of Sciences, o biólogo Norman Ruby descobriu que os hamsters com sistemas circadianos desabilitados não eram capazes, diferentemente dos hamsters “normais”, de reconhecer seu ambiente. “Eles não conseguem se lembrar de coisa alguma”, disse Ruby acerca dos hamsters. Os cientistas há muito tempo suspeitavam que o aprendizado e a memória poderiam ser relacionados com diferentes níveis de função cerebral, ou de vigilância, que muda ao longo do dia devido ao ritmo circadiano normal, porém ainda não havia sido demonstrado que o sistema circadiano era crucial para o aprendizado e a memória.  Ruby descobriu que o aprendizado e a memória parecem depender da substância neuro-química GABA, que é encontrada nos cérebros de todos os animais. O GABA, que inibe a atividade cerebral, é ritmadamente liberado pelo corpo de acordo com o relógio circadiano que controla os ciclos de vigília e sono. Quando Ruby deabilitou o relógio dos hamsters, manipulando sua exposição à luz, os hamsters  experimentaram níveis cronicamente altos de GABA  e praticamente perderam sua capacidade de se lembrar. As descobertas têm implicações para pessoas com a Síndrome de Down, que crescem com o que vem a ser um cérebro super-inibido, de acordo com a pesquisa. Isto pode ter também implicações para o declínio da memória que os adultos mais velhos freqüentemente experimentam. “Nos humanos idosos, uma das coisas mais importantes que acontece é que o sistema circadiano começa a degradar e se rompe”, diz Ruby. “Pode ser que a degradação dos ritmos circadianos as pessoas idosas contribua para seus problemas com memórias recentes”.

Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

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