“Por dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (20/10/08)

Inside Science News Briefs
20 de outubro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Precisa-se de Girinos

O que acontece com o ecossistema de uma corrente quando todos os sapos morrem e não há mais girinos (sapos bebês) nadando pela água? Um fungo letal que vem dizimando as populações de anfíbios pelo mundo deu aos pesquisadores da Universidade da Geórgia uma infeliz oportunidade de responder esta questão e eles descobriram que os girinos dempenham um papel chave em manter produtivas as algas na base da cadeia alimentar. Sem as algas coisas ruins acontecem, descobriram eles. “Muitas coisas que vivem na corrente dependem das algas como fonte básica de alimentação”, declarou Scott Connelly, um estudante de doutorado em ecologia, cuja pesquisa foi publicada em Ecosystems. “E nós descobrimos que o sistema é mais produtivo quando os girinos estão lá”. A pesquisa revela a interconexão dos sistemas ecológicos e como até mudanças aparentemente triviais podem causar um efeito em cascata pelos sistemas. Em 2003,  Connelly e uma equipe de pesquisadores começaram a estudar locais em duas correntes no Panamá. Um dos locais já tinha sofrido uma catastrófica perda de sapos, devida a uma invasão dos fungos quitrídicos. Os sapos na outra corrente estavam saudáveis, mas estavam no caminho da epidemia de fungos.

Experiências nos dois locais indicaram que, através de uma série de interações, as correntes sem girinos nadando nelas tinham um aumento de 150% nos sedimentos, o que bloqueava a luz solar necessária para o crescimento das algas. Em 2004 os fungos atacaram pesadamente a população de sapos saudáveis e, quando o morticínio começou, as mudanças na corrente foram ainda maiores do que os cientistas esperavam. As populações de outras criaturas que dependiam das algas diminuiu, tal como as populações que dependiam dos sapos — tal como as cobras. “Nós havíamos previsto a direção das mudanças, porém subestimamos sua magnitude”, declarou a ecóloga Catherine Pringle. “Uma vez que os sapos morrem, é como se um incrível silêncio descesse sobre toda a área. É uma coisa esquisita”. Os cientistas podem salvar um sapo infectado com o fungo, porém não encontraram um fungicida que possa funcionar para todo um leito d’água.

O Alarme das Estalagmites

No início de dezembro de 1990, escolas e estabelecmentos comerciais nos quatro estados próximos à região de New Madrid no Missouri fecharam suas portas com medo, depois que Iben Browning, um biólogo aposentado, predisse que havia uma chance de meio-a-meio de acontecer um terremoto de magnitude 6,5 na região da Falha de New Madrid. Ele baseou suas previsões em forças de maré — o alinhamento da Terra, da Lua e do Sol. O tal terremoto não aconteceu, mas o medo tinha suas bases na história da região. Quatro fortes terremotos atingiram a área entre 1811 e 1812. Um dos tremores, de magnitude 8,0, fez o Rio Mississippi reverter seu curso temporariamente, conforme os relatos. Terremotos de magnitude entre 2,0 e 5,0 são comuns na área. Agora, pesquisadores que trabalham com o Serviço Geológico do Estado de Illinois e a Universidade de Illinois descobriram uma maneira inesperada, não só de traçar a história dos terremotos no que é conhecida como a Zona Sísmica de New Madrid (NMSZ), mas, talvez, predizer quando o próximo “dos grandes” vai atacar.  Keith Hackley, um geoquímico de isótopos na equipe de pesquisa geológica, disse que, por causa da grande quantidade de sedimentos que cobrem a NMSZ, traçar seus movimentos passados é uma tarefa difícil. Caracteristicamente, as falhas só podem ser encontradas através da busca por raros “vulcões de areia” e “características de liquefação”, pequenos montes de areia líquidificada que jorram para a superfície através de fraturas durante os terremotos. Ocorreu aos pesquisadores que as estalagmites que se erguem do chão das cavernas encontradas na região, poderiam ter a chave para o histórico de terremotos da NMSZ. Usando técnicas de datação nas estalagmites de duas cavernas no Sudoeste do Illinois, os pesquisadores descobriram que algumas delas começaram a se formar exatamente na época dos terremotos de 1811-12. As estalagmites se formam quando a água se infiltra através de fendas no teto de uma caverna e pinga no chão, formando um pilar de carbonato de cálcio. Quando grandes terremotos ocorrem, velhas rachaduras podem ser seladas e outras novas serem abertas, levando à formação de novas estalagmites. Perfurando as estalagmites, os pesquisadores encontraram indícios de sete terremotos históricos que datam de até 18.000 atrás. Usando as estalagmites para preencher o históricos dos terremotos, os pesquisadores esperam descobrir se existe mesmo um padrão regular na ocorrência de grandes terremotos na Zona, um padrão que possa prever futuros tremores.

A Pista de Dança dos Dinossauros

No meio de uma região desértica como o Sahara que existiu há 190 milhões de anos atrás no que agora é o Sudoeste dos EUA, havia um olho d’água que, aparentemente, era muito popular entre vários dinossauros. Geólogos da Universidade de Utah identificaram ao menos um milhar de pegadas de dinossauros — e talvez mais outro milhar — em uma área selvagem dentro do Monumento Nacional de Vermillion Cliffs (Penhascos Vermelhos) na fronteira entre o Arizona e Utah. O sítio com cerca de 1.350 m², chamado tanto de “superfície pisoteada”, como de “pista de dança dos dinossauros” pelos geólogos que trabalham no local, era conhecida há algum tempo, porém aqueles que tinham visto o local remoto pensavam que as pegadas eram apenas marcas formadas pela erosão. Marjorie Chan, catedrática de geologia e geofísica na Universidade de Utah, visitou o local pela primeira vez em 2005 com um patrulheiro do Serviço de Patrimônio Público que ficou curioso a respeito dos buracos. Chan, a princípio, os identificou como meros buracos (do tipo causado por erosão), mas a grande concentração deles em apenas uma área era inconsistente com o que se poderia esperar da erosão pelos fatores climáticos. Em 2006, seu colega Winston Seiler visitou o local e, “depois de perambular por cinco minutos, eu percebi que eram pegadas de dinossauros”. Acredita-se que a área era um olho d’água, talvez um de uma rede de olhos d’água, na vasta área desértica que cobriu a região no início da Era Jurássica.  Seiler disse que as trilhas indicam que, pelo menos, quatro espécies de dinossauros usaram esse olho d’água, adultos e filhotes.  “O diferente tamanho das pegadas [entre 2,5cm até meio metro] pode estar mostrando as mães passeando com seus filhos”, declarou ele. Os pesquisadores também encontraram o que eles acreditam ser marcas deixadas pelas caudas arrastadas pelos dinossauros.  “Era um local que atraía multidões, assim como se fosse uma pista de dança”, disse Chan. A pesquisa será divulgada na publicação internacional de paleontologia Palaios.

Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.

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