“Osteoporose Aquática”


Queen’s University

Biólogos da Queen’s University descobrem nova ameaça ambiental nos Lagos da América do Norte

Lagos da Floresta Boreal sofrem de “osteoporose aquática”, sugere uma equipe de pesquisadores das Universidades Queen’s-York

O crustáceo lacustre, Daphnia (Pulga d’água), é um componente chave de várias cadeias alimentares aquáticas.Crédito: Shelley Arnott

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Kingston, Ontário – Uma nova e insidiosa ameaça ambiental foi detectada nos lagos da América do Norte por pesquisadores das Universidades Queen’s e York.

Em conjunto com cientistas de vários laboratórios do governo canadense, a equipe documentou os danos biológicos causados pelos níveis declinantes de cálcio em vários lagos de água doce de clima temperado.

Chamando o fenômeno de “osteoporose aquática” o pós-graduando (PhD) da Queen’s, Adam Jeziorski, autor principal do estudo, observa que o cálcio é um nutriente essencial para muitos organismos lacustres. “Quando o cálcio cai abaixo de um certo limiar, certas espécies chave não conseguem mais se reproduzir”, afirma ele. “Essas espécies e outros organismos que se alimentam delas estão ameaçadas”.

O estudo será publicado hoje na prestigiosa revista Science.

O professor de Biologia da Queen’s University, John Smol, extrai um núcleo de sedimento em seções.
Crédito: Marianne Douglas
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Os pesquisadores examinaram a pulga d’água, Daphnia, conhecida como um componente chave para várias cadeias alimentares aquáticas. A partir da identificação do nível de cálcio que prejudicaria a Daphnia em ambiente de laboratório, eles trabalharam com cientistas do governo para juntar centenas de “seqüências temporais de qualidade da água” ao longo da província, explica o professor de biologia Norman Yan da York University, a líder canadense nas pesquisas sobre a ameaça à vida aquática  causada pelo declínio do cálcio. “Nossa esperança era estabelecer se os danos já estariam ocorrendo em locais chave e, então, verificar o quão comuns essas condições estavam ao longo da província”, declarou ele.

Porém, o declínio do cálcio aconteceu em vários lagos, antes que as pessoas soubessem do problema e que programas de monitoramento fossem postos em ação. Estudando os minúsculos fósseis e outros indicadores nos sedimentos acumulados no fundo de cada lago, o professor de paleoecologia da Queen’s, John Smol, Presidente da Pesquisa Canadense de Mudanças Ambientais, e seus colegas foram capazes de reconstruir as tendências ambientais nos últimos 200 anos. Os pesquisadores descobriram que espécies chave de invertebrados vinham desaparecendo nos lagos com níveis declinantes de cálcio, o que freqüentemente começava na década de 1970.

Ligando o problema aos efeitos de longo prazo das chuvas ácidas no solo das florestas, bem como à exploração de madeiras e reflorestamento, os pesquisadores observaram que, a despeito de sinais de recuperação química, resultantes das recentes reduções das emissões de dióxido de enxofre, os níveis menores de cálcio podem retardar a recuperação biológica dos lagos dos efeitos da acidificação. “Isto tem importantes implicações para a administração”, diz um membro da equipe, o Dr. Andrew Paterson do Ministério do Meio Ambiente de Ontario e professor adjunto da Queen’s University. “Foi uma combinação de trabalho experimental, pesquisa paleoecológica e monitoração de longo prazo que ajudaram a identificar essa ameaça emergente”, acrescenta ele.

Os autores concluem que o fenômeno do declínio do cálcio está causando uma difundida mudança nas cadeias alimentares nos lagos boreais da América do Norte e em outras regiões sensíveis à acidificação no globo. Embora seu trabalho seja focalizado na pulga d’água Daphnia, eles observam que todas as espécies de vida lacustres precisam de cálcio, e diversas criaturas, inclusive lagostins, moluscos e peixes têm necessidades bem altas de cálcio. Todos eles correm riscos, dizem os pesquisadores, mas ainda não sabemos se os níveis de cálcio chegaram ao ponto de causar danos.

“Isto é tudo muito preocupante”, conclui o Dr. Smol, recipiendário da Medalha de Ouro Herzberg, em 2004, outorgada pelo Conselho Canadense de Pesquisas de Ciências Naturais e Engenharia (NSERC) como o melhor cientista canadense e co-diretor do Laboratório Paleoecológico de Avaliação e Pesquisa Ambiental (Paleoecological Environmental Assessment and Research Laboratory = PEARL) da Queen’s. “A boa notícia é que encontramos o ‘canário dos mineiros’ na forma dessas pulgas d’água que monitoram o declínio dos níveis de cálcio. A má notícia é que vários lagos podem já ter ultrapassado os limiares críticos”.

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A pesquisa foi apoiada em verbas do Conselho de Pesquisas de Ciências Naturais e Engenharia do Canadá, bem como do Ministério do Meio Ambiente de Ontário, e das entidades Environment Canada e Fisheries and Oceans Canada.

Também participaram da equipe: Anna DeSellas, Kyle McIver, Kristina Arseneau, Brian Ginn e Brian Cumming (Queen’s); Michelle Palmer (York); Michael Turner (Fisheries and Oceans Canada); Dean Jeffries (Environment Canada, National Water Research Institute); Bill Keller (Ontario Ministry of the Environment); Russ Weeber e Don McNicol (Environment Canada).

POR FAVOR OBSERVAR: uma cópia (PDF) do estudo e imagens JPEG estão disponíveis a pedido.
Contatos:
Nancy Dorrance, Queen’s News & Media Services, 613.533.2869
Molly Kehoe, Queen’s News & Media Services, 613.533.2877
Janice Walls, Media Relations, York University, 416.736.2100 x22101

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