Estresse causa mais estresse


University of Calgary

Mecanismo novo e inesperado identificado: como o cérebro responde ao estresse

O “desligamento” de uma proteina faz com que “os freios falhem” em nossa habilidade natural em responder ao estresse

Calgary, Canadá — O estresse crônico cobra uma taxa física e emocional sobre nosso corpo, e os cientistas estão trabalhando na montagem de um quebra-cabeças para compeender como respondemos ao estresse a nível celular no cérebro. Ser capaz de responder rapidamente e com sucesso ao estresse é algo essencial para a sobrevivência.

Usando um rato como modelo, Jaideep Bains, PhD, um cientista da Universidade de Calgary, e sua equipe de pesquisadores do Hotchkiss Brain Institute descobriram que os neurônios no hipotálamo, o centro de comando no cérebro para resposta ao estresse, interpreta “sinais químicos de ‘desligado’ ” como “sinais químicos de ‘ligado’ ” quando percebe o estresse. “É como se os freios em seu carro passassem a acelerar o veículo, em vez de diminuir a velocidade”, diz Bains. Esta descoberta inesperada foi publicada na edição online de 1 de março de Nature Neuroscience.

Normalmente, os neurônios recebem diferentes sinais químicos que lhes dizem para “ligar” ou “desligar”. O sinal de “desligar”, ou freio, somente funciona se os níveis do íon cloro nas células forem mantidos em um nível baixo. Isto é realizado por uma proteína, conhecida como KCC2. O que Bains e seus colegas demonstraram que o estresse reduz a atividade da KCC2, removendo, assim, a capacidade do “freio”, uma substância química conhecida como GABA, para funcionar adequadamente. Uma perda da capacidade do cérebro em “frear” pode explicar algumas das consequências emocionais danosas do estresse.

Embora a descoberta dê uma nova explicação da mecânica sobre como o cérebro interpreta os sinais de estresse, “ainda é necessário muito trabalho na ciência básica deste fenômeno, antes que ocorram quaisquer novos avanços no tratamento médico do estresse”, prossegue Bains

“Isto abre avenidas inteiramente novas e totalmente inesperadas para o controle das resposta ao estresse”, declara Yves De Koninck, PhD, presidente-eleito da Associação Canadense de Neurociência e professor de psiquiatria na Universidade Laval.

“Eu fiquei fascinado quando soube desse trabalho. Não estava claro, até agora, como a resposta neuro-endócrina ao estresse era ativada por estressantes externos. O trabalho de Bains mostra uma solução complexa, embora elegante, que envolve uma mudança de inibição para excitação”, diz Jane Stewart, PhD, uma neurocientista comportamental da Universidade Concordia. “Esta descoberta pode levar a uma melhor compreensão das mudanças na sensibilidade ao estresse que resulta da exposição crônica”.

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O estudo completo pode ser encontrado (em formato PDF e em inglês) aqui


Discussão - 1 comentário

  1. Veri disse:

    Acho q vou me candidatar a cobaia da Universidade de Calgary! haha
    Bjo!

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