O telescópio Spitzer está se aquecendo para uma nova carreira
[ RELEASE
:
09-099 NASA’s Spitzer Telescope Warms Up to New Career ]
Por Whitney Clavin
Jet Propulsion Laboratory, Pasadena, Califónia.
O fim do refrigerante marcará o início de uma nova era para o Spitzer. O telescópio vai começar sua missão “quente” com dois canais de um instrumento ainda funcionando em plena capacidade. Algumas linhas científicas que um Spitzer mais quente vai explorar serão as mesmas e outras serão inteiramente novas.
Robert Wilson, o gerente do projeto do Spitzer no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Passadena, diz: “Nós gostamos de pensar que o Spitzer está renascendo. O Spitzer
teve uma vida incrível, com um desempenho acima e além de seu dever. Sua missão primária pode estar se encerrando, mas ele vai empreender novas pesquisas científicas e novas descobertas, com certeza, vão aparecer”.
O Spitzer é o último dos Grandes Observatórios da NASA, um conjunto de telescópios projetados para enxergar as cores visíveis e invisíveis do universo. O conjunto inclui também os Telescópios Espaciais Hubble e Chandra da NASA. O Spitzer explorou, com uma sensibilidade sem precedentes, o lado infravermelho do cosmo, onde se escondem os objetos escuros, empoeirados e distantes.
Para que um telescópio possa detectar a luz infravermelha – essencialmente calor – vinda de frios objetos cósmicos, ele deve ter um calor próprio muito pequeno. Durante os últimos cinco anos, o hélio líquido correu pelas “veias” do Spitzer, mantendo seus instrumentos resfriados a -271°
Celsius, ou seja, menos de 3 graus acima do zero absoluto, a mais baixa temperatura teoricamente atingível. A criogenia foi projetada para durar apenas dois anos e meio, mas o projeto eficiente e a cuidadosa operação do Spitzer permitiram que ele durasse por mais de cinco anos e meio.
A nova temperatura de funcionamento “quente” do Spitzer é ainda bem congelante: -242°C, muito mais frio do que um dia de inverno na Antártica quando as temperaturas algumas vezes atingem -59°C. Esse aumento de temperatura significa que dois dos instrumentos a bordo do Spitzer – seu fotômetro imageador multifrequência de ondas mais longas e seu espectrógrafo infravermelho – não estarão mais frios o suficiente para poder detectar objetos frios no espaço.
No entanto, os dois detectores de comprimentos de onda mais curtos no dispositivo de câmera infravermelha do telescópio continuarão a funcionar perfeitamente. Eles ainda vão conseguir captar o brilho de vários objetos: asteríides em nosso sistema solar, estrelas em nuvens de poeira, discos de formação de planetas, planetas gigantes gasosos e galáxias distantes. Além disso, o Spitzer ainda será capaz de enxergar através da poeira que permeia nossa galáxia e bloqueia observações na faixa da luz visível.
Michael Werner, cientista do Projeto Spitzer do JPL que trabalha com o Spitzer há mais de 30 anos, declarou: “Nós faremos pesquisas excitantes e importantes com esses dois canais infravermelhos. Nosso novo programa de pesquisas tira vantagem do que esses canais podem fazer de melhor. Vamos nos focalizar em aspectos do cosmo sobre os quais ainda temos muito o que aprender”.
Desde seu lançamento de Cabo Canaveral em 25 de agosto de 2003, o Spitzer fez incontáveis descobertas na astronomia. Observações de cometas, próximos e distantes, mostrou que o material de cometas e planetas é similar por toda a galáxia. Fotos de tirar o fôlego de berçários estelares de poeira levaram a novas percepções sobre como nascem as estrelas. E o olho do Spitzer apontado para o universo mais distante, a bilhões de anos-luz, revelou centenas de buracos negros gigantes espreitando na escuridão.
Talvez as descobertas mais revolucionárias e surpreendentes do Spitzer envolvam os planetas que orbitam outras estrelas – os chamados exoplanetas. Os exoplanetas são, em quase todos os casos, próximos demais a suas estrelas-mãe para poderem ser vistos de nosso ponto de vista na Terra.
Não obstante, os caçadores de planetas continuam a descobrílos, buscando mudanças nas estrelas-mãe. Antes do Spitzer, tudo o que sabíamos acerca dos exoplanetas vinha desse tipo de observação indireta.
Em 2005, o Spitzer detectou os primeiros fótons vindos diretamente de um exoplaneta. Por meio de uma engenhosa técnica, agora conhecida como método do eclipse secundário, o Spitzer foi capaz de coletar a luz de um exoplaneta quente e gasoso e aprender sobre sua temperatura. Estudos espectroscópicos posteriores, mais detalhados, revelaram mais sobre a atmosfera (ou o “clima”) em planetas semelhantes. Mais recentemente, o Spitzer testemunhou as mudanças no clima de um exoplaneta gasoso altamente excêntrico – uma tempestade de proporções colossais que nascia em uma questão de horas, antes de se dissipar rapidamente.
“Ninguém tinha qualquer ideia se o Spitzer seria capaz de estudar diretamente os exoplanetas quando o projetamos”, disse Werner. “Quando os astrônomos planejaram as primeiras observações, não tinhamos ideia se iam funcionar. Para nosso espanto e deleite, elas funcionaram”.
Estas são algumas poucas das realizações do Spitzer nos últimos cinco anos e meio. Os dados desse telescópio são citados em mais de 1.500 artigos científicos. E os cientistas e engenheiros esperam que as recompensas ainda continuem a surgir desses anos dourados do Spitzer.
Algumas das novas linhas de pesquisa do Spitzer incluem o refinamento das estimativas da Constante de Hubble, a taxa de expansão do universo; a procura de galáxias na borda do universo observável; avaliação dos asteróides potencialmente perigosos para a Terra, medindo o tamanho dos asteróides; e a caracterização das atmosferas de planetas gigantes gasosos cuja descoberta é prevista para breve pela missão Kepler da NASA. Assim como foi na época da missão “fria” do Spitzer, esses e outros programas são selecionados através de uma competição para a qual são chamados a participar cientistas de todo o mundo.
O JPL gerencia a missão Spitzer para a Diretoria de Missões Científicas da NASA em Washington. As operações científicas são conduzidas no Centro de Ciências Spitzer no Instituto de Tecnologia da Califórnia (CalTech) em Pasadena. A missão e as operações científicas são apoiadas pela
Lockheed Martin Space Systems em Denver e pela Ball Aerospace &
Technology Corp. em Boulder, Colorado. O dispositivo de câmeras infravermelhas do Spitzer foi construído pelo Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland; o principal pesquisador dos instrumentos é Giovanni Fazio do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian em Cambridge, Massachusetts. A Ball Aerospace & Technology Corp.
construiu o espectrógrafo infravermelho do Spitzer; seu principal pesquisador é Jim Houck da Universidade Cornell em Ithaca, N.Y. A Ball Aerospace &
Technology Corp. e a Universidade do Arizona em Tucson, construíram o fotômetro imageador mutibandas para o Spitzer; e seu principal pesquisador é George Rieke da Universidade do Arizona.
Para mais informações sobre o Spitzer, visite:
e
http://www.spitzer.caltech.edu/spitzer
Discussão - 2 comentários
"Michael Werner, cientista do Projeto Spitzer do JPL que trabalha com o Spitzer há mais de 30 anos, declarou: "
não seriam 3 anos?
Segundo o press-release da NSF, são trinta anos, mesmo. A dedução lógica é que o Werner trabalha no projeto do Spitzer desde o início quando os primeiros projetos começaram a ser feitos.