Cientistas marinhos voltam de expedição a um vulcão submarino em erupção


Press Release 09-090 Marine Scientists Return From Expedition to Erupting Undersea Volcano

Descobertos um enorme cone vulcânico e novas espécies animais das profundezas

A lava irrompe sobre o fundo do mar no NW Rota-1, criando uma pluma esfumaçada e extremamente ácida.

A lava irrompe sobre o fundo do mar no NW Rota-1, criando uma pluma esfumaçada e extremamente ácida.
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5 de maio de 2009

Os cientistas que acabam de retornar de uma expedição a um vulcão submarino em erup­ção próximo da Ilha de Guam, relatam que o vulcão parece ser continuamente ativo, tendo crescido consideravelmente nos últimos três anos e que sua atividade sustenta uma comu­nidade biológica única que se expande a despeito das erupções.

Vista em 3-D do vulcão NW Rota-1.

Esta vista tridimensional mostra o vulcão NW Rota-1, local da recente expedição.
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Uma equipe internacional de cientistas nesta expedição, financiada pela Fundação Nacio­nal de Ciências (National Science Foundation = NSF), obteve novas informações importantes so­bre a atividade eruptiva do NW Rota-1.

“Essa pesquisa nos permite, pela primeira vez, estudar vulcões submarinos em detalhes e de perto”, disse Barbara Ransom, diretora do programa na Divisão de Ciências Oceânicas da NSF, que financiou a pesquisa. “O NW Rota-1 continua sendo o único lugar na Terra on­de se pode observar diretamente a erupção de um vulcão submarino”.

Os cientistas observaram já tinham observado erupções no NW Rota-1, primeiro em 2004 e de novo em 2006, segundo Bill Chadwick, vulcanólogo da Universidade do Estado de Oregon (OSU) e investigador-chefe desta expedição. Entretanto, desta vez descobriram que o vul­cão tinha criado um novo cone com 40 metros de altura e 300 de largura.

“Isso tem a altura de um prédio de 12 andares e a largura de todo um quarteirão”, prosse­gue Chadwick. “Da mesma forma que o cone cresceu, observamos um significativo aumen­to na população animal que vive por cima do vulcão. Estamos tentando estabelecer se há uma conexão direta entre o aumento da atividade vucânica e o aumento da população”.

O vulcão NW Rota-1 fica ao Norte de Guam.

O vulcão submarino NW Rota-1 fica ao Norte da Ilha de Guam.
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Os animais nesse ecossistema desusado incluem cama­rões, caranguejos, caramujos e cra­cas, alguns dos quais são espécies totalmente novas.

“Eles são especialmente adaptados a seu ambiente”, ex­plica Chadwick, “e estão prospe­ran­do nas hostis condições químicas que seriam tóxicas para a vida marinha normal”.

“A vida aqui é, na verdade, alimentada pelo vulcão em erupção”.

Verena Tunnicliffe, uma bióloga da Universidade de Victoria, disse que a maior parte dos ani­mais são dependentes das fumarolas hidrotermais difusas que provêem o alimento bási­co na forma de filamentos de bactérias que revestem as rochas.

“Parece que, desde 2006, as fumarolas difusas se espalharam e, com elas, os animais das fumarolas”, explica Tunnicliffe. “Agora existe uma biomassa muito grande de camarões no vulcão e duas espécies são capazes de suportar as condições vulcânicas”.

Duas espécies novas de camarão descobertas no NW Rota-1.

Duas espécies únicas de camarão foram descobertas no NW Rota-1.
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Os camarões revelam uma intrigante adaptação à vida no vulcão.

“O camarão ‘Loihi’ se adaptou a pastar os filamentos bacte­rianos com pequenas pinças se­melhantes a tesouras de jardinagem”, prossegue Tunnicliffe. “O segundo camarão é uma nova espécie – eles também pastam durante a infância, mas quando se tornam adultos, suas pinças crescem e eles se tornam predadores”.

O camarão Loihi já era conhecido apenas em um pequeno vulcão ativo próximo do Hawaii — a uma grande distância. Ele sobrevive das bactérias de rápido crescmento e tenta evitar os perigos das erupções vulcânicas. Nuvens desses camarões foram vistas fugindo de jatos do vulcão.

As outras espécies atacam o camarão Loihi e predam a vida marinha que se aventura muito perto das plumas vulcânicas e morrem. “Nós vimos peixes, lulas, etc, mortos chovendo so­bre o monte submarino, onde eles eram assaltados pelos camarões vulcânicos — uma linda adaptação à exploração dos efeitos nocivos do vulcão”, relata Tunnicliffe.

Jason sendo içado

O Jason é içado do mar apos um mergulho.
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Os novos estudos são importantes porque o NW Rota-1 é um laboratório natural, único no gê­nero, para a investi­gação da atividade vulcânica submarina e sua relação com ecossiste­mas com base nas substâncias químicas encontradas em fumarolas hidrotermais, onde a vida na Terra pode se ter originado.

“É raro que um vulcão seja continuamente ativo, mesmo em terra”, sublinha Chadwick.

“Isso nos apresenta uma oportunidade fantástica para a­prender sobre processos que nunca pudemos observar di­retamente antes. Quando os vulcões entram em erupção em águas ra­sas, eles podem ser extremamente perigo­sos, criando grandes explosões e até tsunamis. Porém aqui podemos observar seguramente uma erupção no oceano profundo e aprender lições valiosas sobre como interagem a lava quente e a água do mar”.

Chadwick diz que as plumas vulcânicas se comportam comportam de maneira totalmente diferente debaixo d’água e em terra, onde a nuvem da erupção é cheia de vapor e cinzas, e os outros gases ficam inisíveis.

O ,<i>Jason</i> pronto para mergulhar.

O veículo de controle remoto  Jason pronto para um mergulho.
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“No oceano, qualquer vapor se condensa imediatamente e desaparece, e o que fica visível são claras bolhas de dióxido de carbono e uma densa nuvem feita de peque­nas gotículas de enxofre derretido que se formam quan­do o dióxido de enxofre se mistura com a água do mar”, explica Chadwick. “Esses gases vulcânicos tornam a nuvem da erupção extremamen­te ácida — pior do que os ácidos estomacais — o que é outro desafio para as comunidades biológicas que vivem nas proximidades”.

A acidificação dos oceanos é uma séria preocupação por causa da acumulação de dióxido de carbono na at­mosfera, causada pela atividade humana. Chadwick diz: “Os vulcões sub­marinos são locais onde podemos es­tudar como os animais se adaptaram a condições am­bientes muito ácidas”.

Durante a expedição de abril de 2009, a bordo do R/V Thompson da universidade de Wa­shing­ton, os cientistas realizaram mergulhos com o Jason, um veículo de controle remoto (remotely operated vehicle = ROV) operado pela Instituição Oceanográfica Woods Hole.

Cientistas controlam o Jason a bordo.

Cientistas acompanham o progresso do Jason no fundo do mar de uma sala de controle a bordo do navio.
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Chadwick disse que “era interessante ver o quanto o Jason podia chegar perto das fumaro­las em erupção porque a pressão a uma profundidade de 520 metros no oceano impede que a energia liberada pelo vulcão fique explosiva demais”. Algumas das observações mais in­trigantes aconteceram quando o vulcão lentamente expe­lia lava pelas fumarolas.

“Quando isso estava acontecendo, o chão a nossa frente balançava e tremia, e grandes blo­cos eram empurrados para fora, de modo a abrir caminho para a lava que emer­gia das fuma­rolas”, descreve Chadwick.

Parte dos indícios de que o vulcão está em um constante estado de erupção, vem de um mi­crofone submarino – ou hidrofone – que foi instalado no ano passado pelo geólogo da OSU Bob Dziak.

O Jason colhe amostras.

O braço do Jason colhe amostras no NW Rota-1. As rochas escuras são lava.
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O hidrofone monitorou os sons da atividade vulcânica. Os dados por ele recolhidos mostram claramente que o vulcão ficou ativo pelo ano inteiro antes dessa última expedição. Outro hi­drofone e outros instumentos irão monitorar o vulcão no ano vindouro.

A equipe internacional incluiu cientistas dos Universidade do Estado do Oregon, Universida­de de Washington,
Univer­sidade de Victoria, Universidade de Oregon, Laboratório Am­bien­tal Marítimo do Pacífico da NOAA, Nova Zelãndia e Japão.


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