Como ter um cérebro “sarado”
Estudo mostra que a meditação pode aumentar a matéria cinzenta
Por Mark Wheeler | 12/5/2009
Flexões, abdominais, academias, personal trainers — as pessoas têm muitas estrategias para criar músculos maiores e ossos mais fortes. Mas será que existe um exercício para aumentar o cérebro?
Meditação.
Isso foi o que descobriu um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) que usaram ressonância magnética de alta definição para escanear os cérebros de pessoas que praticam meditação. Em um estudo publicado na revista NeuroImage – disponível online para assinantes – os pesquisadores relatam que certas regiões dos cérebros de praticantes de longa data de meditação são maiores do que as mesmas regiões em pessoas de um grupo de controle.
Especificamente, os praticantes de meditação exibiram volumes significativamente maiores no hipocampo e áreas dentro do cortex orbito-frontal, do tálamo e o giro temporal inferior — todas regiões conhecidas por participarem do controle das emoções.
A principal autora do artigo e pesquisadora associada no Laboratório de Neuro-imagem da UCLA, diz: “Nós sabemos que pessoas que praticam regularmente a meditação, têm uma capacidade singular em cultivar emoções positivas, manter a estabilidade emocional e agir de maneira consciente. As diferenças observadas na anatomia dos cérebros pode nos dar uma pista sobre o motivo dos praticantes de meditação terem essas capacidades excepcionais”.
Pesquisas anteriores já tinham confirmado os aspectos benéficos da meditação. Além de serem mais focalizados e manterem um melhor controle de suas emoções, muitas pessoas que meditam regularmente têm níveis de estresse menores e sistemas imunológicos mais resistentes. Mas sobre a ligação entre a meditação e a estrutura do cérebro, se sabia muito menos.
No presente estudo, Luders e seus colegas examinaram 44 pessoas — 22
pessoas que não praticam meditação, em um grupo de controle e 22 que praticavam várias formas de meditação, inclusive Zazen, Samatha e Vipassana, entre outras. Os praticantes o fizeram por um perído que variava de 5 a 46 anos, com uma média de 24 anos.
Mais de metade dos praticantes de meditação disseram que a concentração profunda era uma parte essencial de sua prática, e a maioria meditava de 10 a 90 minutos todo dia.
Os pesquisadores usaram um tipo de ressonância magnética tridimensional e de alta definição, e dois tipos de abordagem diferentes para medir as diferenças nas estruturas dos cérebros. Uma abordagem era dividir automaticamente o cérebro em várias regiões de interesse, permitindo aos pesquisadores comparar o tamanho de certas estruturas cerebrais. A outra dividia o cérebro em tipos de tecidos diferentes, permitindo aos pesquisadores comparar as quantidades de massa cinzenta dentro de regiões específicas do cérebro.
Os pesquisadores encontraram medidas cerebrais significativamente maiores entre os praticantes de meditação, em comparação às do grupo de controle, inclusive maiores volumes do hipocampo direito e mais matéria cinzenta no cortex orbito-frontal, no tálamo direito e no lobo temporal inferior. As pessoas no grupo de controle não apresentaram em local algum volumes de matéria cinzenta maiores do que dos praticantes de meditação.
Uma vez que essas áreas do cérebro são intimamente ligadas às emoções, Luders diz: “essas odem ser as entreligações entre neurônios que dão aos praticantes de meditação sua excepcional capacidade de regular as emoções que lhes permite apresentar respostas bem ajustadas para seja o que for que a vida jogar em seu caminho”.
Segundo ela, o que não se sabe e precisará de novos estudos é quais são as correlações específicas no nível microscópico — ou seja, se há um número maior de neurônios, se os neurônios ficam maiores, ou se se trata de um padrão particular de “cabeamento” que os praticantes de meditação podem desenvolver e as outras pessoas, não.
Uma vez que este não foi um estudo longitudinal — que teria rastreado os praticantes de meditação desde o tempo em que começaram a praticar — é possível que os praticantes de meditação já tivessem mais matéria cinzenta nessas regiões específicas; isso poderia ser o que os atraiu para a meditação, sugere Luders.
Entretanto, ela também observou que vários estudos anteriores apontaram a notável plasticidade do cérebro e como o enriquecimento do ambiente pode causar mudanças na estrutura cerebral.
Os demais autores do estudo são Arthur Toga, diretor do Laboratório de Neuro-imagem da UCLA; Natasha Lepore da UCLA; e Christian Gaser da Universidade de Jena na Alemanha.
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Belas dicas!