“O universo assombrado por fantasmas” (eu acho que alguém já usou esse título…)
Esta é uma imagem composta de uma pequena região do Campo Profundo Norte do Chandra. Em azul aparece uma imagem profunda do Observatório Chandra de Raios-X e, em vermelho, uma imagem do Multi-Element Radio Linked
Interferometer Network (MERLIN), um conjunto de rádio-telescópios com base na GrãBretanha. Outra imagem do Sloan Digital Sky Survey
(SDSS) aparece em branco, amarelo e laranja.
O objeto difuso em azul próximo do centro da imagem parece ser um “fantasma” cósmico gerado por uma enorme erupção de um buraco negro super-maciço em uma galáxia distante. Esse fantasma em Raios-X, também conhecido como HDF 130, é o remanescente de poderosas ondas de rádio, emitidas por partículas que se afastavam do buraco negro quase à velocidade da luz, ondas essas que já morreram. Quando os elétrons irradiam sua energia, produzem raios-X pela interação com o onipresente mar de fótons remanescentes do Big Bang – a radiação cósmica de fundo. As colisões entre esses elétrons e os fótons do fundo podem transferir energia suficiente aos fótons para enviá-los para a faixa de energia dos raios-X. O formato de charuto do HDF 130 e seu comprimento de cerca de 2,2 milhões de anos-luz são consistentes com as propriedades dos jatos de rádio.
O HDF 130 está a mais de 10 bilhões de anos-luz de distância e existiu a uns 3 bilhões de anos depois do Big Bang, quando as galáxias e os buracos negros estavam se formando em um ritmo acelerado. Perto do centro desse fantasma em raios-X fica uma fonte de rádio puntual que indica a presença de um buraco negro super-maciço em crescimento. Essa fonte corresponde à localização de uma galáxia elíptica maciça visível em imagens ópticas muito profundas (não exibidas aqui). O objeto vermelho nas vizinhanças, na imagem do SDSS, logo acima e à direita da fonte de rádio, é outra galáxia – não relacionada com o caso – que fica mais próxima da Terra.
Créditos: X-ray: NASA/CXC/IoA/A. Fabian et al.; Optical: SDSS; Radio: STFC/JBO/MERLIN
Discussão - 2 comentários
Que monstruosidade!
Eu sempre me impressiono com as escalas dessas coisas, sempre nos mi- e bilhões.
Mas eu também não entendi o “formato de charuto”. Para mim parece mais uma formiga sem as patas. O que Roschach diria disso?
Segundo o anedotário, quando Freud foi flagrado por seus discípulos pitando um belo charuto, teria declarado: “Senhores!… Há ocasiões onde um charuto é apenas um charuto!”
Eu também não vi um “charuto”, mas algum astrônomo com preocupações fálicas viu… Provavelmente alguém que gostaria de ter um… com anos-luz de tamanho.
Allas!… All human!…