As fases de um exoplaneta
06/08/09
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Exoplaneta orbitando próximo a seu sol. |
O novo telecópio Kepler da NASA, projetado para procurar exoplanetas, detectou a atmosfera de um gigante gasoso já conhecido, o que demonstra as extraordinárias capacidades científicas desse telescópio. A descoberta será publicada na edição de sexta-feira, 7 de agosto, da revista Science.
A descoberta se baseia em uns poucos 10 dias de dados coletados antes do início oficial das operações científicas. Essas observações demonstram a alta precisão do telescópio, pois foi feita antes mesmo que o software de análise de dados e a calibragem estivessem prontos.
Jon Morse, Diretor de Missões Científicas da Divisão de Astrofísica da NASA, declarou: “Na qualidade de primeira missão da NASA direcionada aos exoplanetas, o Kepler fez uma estréia espetacular. A detecção da atmosfera desse planeta com somente os 10 primeiros dias de dados é somente um aperitivo do que vai acontecer. A caça aos exoplanetas começou!”
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Distribuição das massas e tamanho das órbitas dos exoplanetas descobertos. Clique aqui para imagem ampliada. |
Os membros da equipe do Kepler dizem que esses novos dados indicam que a missão é realmente capaz de descobrir exoplanetas semelhantes à Terra, se eles existirem. O Kepler vai levar os próximos três anos e meio procurando por planetas pequenos como a Terra, inclusive aqueles que orbitem em uma zona quente o suficiente para haver água. Isso será feito procurando por quedas periódicas no brilho das estrelas que ocorrem quando os planetas que a orbitam “transitam”, ou seja, cruzam a frente das estrelas.
William Borucki, líder da equipe de pesquisas e principal autor do artigo, declarou: “Quando as curvas de luz de dezenas de milhares de estrelas foram mostradas para a equipe científica do Kepler, todos ficaram estarrecidos; ninguém tinha jamais visto antes medições tão minuciosamente detalhadas das variações da luz de tantos tipos diferentes de estrelas”.
As observações foram coletadas de um planeta chamado HAT-P-7, conhecido por transitar por uma estrela localizada a cerca de 1.000 anos-luz da Terra. Esse planeta orbita sua estrela em apenas 2,2 dias e está 26 vezes mais próximo do que a Terra de seu sol. Sua órbita, combinada com uma massa algo maior do que a de Júpiter, coloca esse planeta na classe dos “Júpiteres quentes”. Ele fica tão perto de sua estrela que ele fica tão quente quanto uma resistência de uma torradeira de pão.
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Comparação entre as curvas de luz obtidas a partir de observações da superfície da Terra e do espaço para o exoplaneta HAT P7b. |
As medições feitas pelo Kepler mostram o trânsito do exoplaneta HAT-P-7. Essas novas medições são tão precisas que elas mostram uma suave elevação e posterior queda da luz no meio do trânsito, causadas pela mudança de fases do planeta, similares às da nossa Lua. Além dessas elevação e queda, a curva de luz mostra uma pequena queda brusca, correspondente à “ocultação” que é quando o planeta passa por trás da estrela, bem no meio de cada trânsito.
Os novos dados obtidos pelo Kepler podem ser usados para estudar esse Júpiter-quente em detalhes jamais vistos. A profundidade da ocultação e o formato e amplitude da curva de luz mostram que o planeta tem uma atmosfera com uma temperatura diurna de cerca de 2.400 ºC. Pouco deste calor é levado ao frio lado noturno. O tempo de ocultação, comparado ao período total do trânsito, mostra que o planeta descreve uma órbita quase circular. A detecção da luz desse planeta confirma as previsões dos pesquisadores e dos modelos teóricos de que a emissão seria detectável pelo Kepler.
E essa descoberta também demonstra que o Kepler tem a precisão necessária para descobrir planetas do tamanho da Terra. A variação de brilho observada é apenas uma vez e meia a esperada para o trânsito de um planeta do tamanho da Terra. Mesmo sendo essa a medição de mais alta precisão jamais obtida por uma observação dessa estrela, o Kepler ficará ainda mais preciso depois que for completado o desenvolvimento do software de análise de dados.
David Koch, vice-chefe dos pesquisadores do Centro de Pesquisas Ames da NASA, em Moffet Field, Califórnia, diz: “Esses resultados preliminares mostram que o sistema de detecção do Kepler está funcionanado bem na marca. Isto é um bom augúrio para as possibilidades do Kepler detectar planetas do tamanho da Terra”.
O Kepler é uma missão NASA Discovery. O Centro Ames é responsável pelo desenvolvimento do sistema em Terra, pela operação da missão e pela análise dos dados científicos. O Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em Passadena, Califórnia, gerencia o desenvolvimento da missão. A Ball Aerospace and Technologies Corporation, de Boulder, Colorado, é responsável pelo desenvolvimento do sistema de voo do Kepler e pelo apoio às operações da missão.
Discussão - 4 comentários
A imagem do “Exoplaneta orbitando próximo a seu sol…” é apenas ilustrativa ou é real?
o.o
Apenas ilustrativa… O Kepler é bom, mas nem tanto…
Que tal convidar o Helio Schwartsman e o Reinaldo Lopes para escreverem no Roda de Ciência e revitalizar a rodinha?
Eu estou devendo muito ao Roda… Problemas pessoais não têm me permitido uma dedicação maior. Sugestão anotada… uma excelente ideia, por falar nisso.