Monteiro Lobato é racista? Pior: é obsoleto

O que motiva este post é outro post do meu querido Declev no Diário de um Professor, a respeito da discussão (que chegou ao Supremo) sobre supostos conteúdos racistas na obra de Monteiro Lobato, mais exatamente no livro “Caçadas de Pedrinho”, livro este proposto como livro-texto para estudantes.

A primeira constatação que se deve fazer é que Lobato – como, de resto, a elite intelectual brasileira de sua época – é racista, sim. É racista e eurocentrista como todos os “bem-pensantes” da primeira metade do século passado. Antes de sair me xingando de iconoclasta, burro, ou qualquer outro epiteto, é sempre bom lembrar que “preconceito” é exatamente o que a origem etimológica sugere: um “conceito” (uma ideia) que uma pessoa absorve de uma cultura existente, sem que essa ideia passe pelo crivo de uma análise lógica. E eu me confesso racista: a todo momento tenho que fazer minha razão protestar contra os preconceitos que eu adquiri quando era criança e que eram tidos como “verdades por si só evidentes”.

Será, então, que o livro “Caçadas de Pedrinho” deve ser banido da bibliografia escolar?… Eu opino que sim. Não só pelas duas ou três referências derrisórias à personagem “Tia Nastácia” por ser negra, mas, principalmente, por deixar subentendido que caçar animais silvestres (especialmente a onça-pintada – espécie ameaçada de extinção) é algo digno de louvor.

Na época em que Lobato escreveu o livro, nada disso era tido como pernicioso. Nenhum negro iria se manifestar ofendido pela caracterização de Tia Nastácia como analfabeta, ignorante, supersticiosa, porque isso não era ficção; era a realidade para a esmagadora maioria dos negros no Brasil, recém saídos da escravidão e sem a menor chance de progresso social. Para ser mais enfático, quando eu era criança, quase metade dos brasileiros eram analfabetos e dava para contar nos dedos quantos dos alfabetizados eram negros ou mestiços de negro (e, para apresentar a exceção que confirma a regra, um dos meus colegas de infância era filho de um desses negros, um deputado federal e sociólogo de boa cepa).

Igualmente, uma das oportunidades que um menino tinha de “se mostrar homem-feito”, era exatamente participar de caçadas – coisa que grande parte daqueles que moravam no interior faziam até mesmo por questão de subsistência. Onça, ainda tinha muita…

O caso é que a sociedade que Lobato descreve e onde ambienta suas obras é coisa do passado. As crianças de hoje não vivem mais em um mundo onde o meio de comunicação mais rápido é o telegrama. As fazendas das Vovós “Benta Encerrabodes de Oliveira” não são mais vizinhas de matas onde se encontre um mísero cachorro-vinagre; estes e outros animais silvestres são, cada vez com mais frequência, encontrados vagando atônitos por bairros de cidades que invadiram seu habitat.

Eu cresci lendo Lobato e meus filhos ainda curtiram Lobato adaptado para a televisão. E a própria versão para televisão já fazia algumas concessões. Por exemplo, “pirlimpimpim” tinha deixado de ser um pó (com conotações óbvias) e passado a ser uma palavra-mágica… Ah!… Sim… Na primeira metade do século passado, cocaína era algo que se comprava na farmácia para dor de dentes.

Hoje, eu não consigo fazer meu neto largar os “animes” e “mangas” e se interessar por um sabugo de milho com ares de fidalgo e filósofo.

Se é com esses textos de (nas palavras de Lobato) uma sensaboria relambória que pretendem ensinar o português a nossas crianças de hoje, boa sorte!… Talvez seja possível cativar ainda algum futuro (sempre nas palavras de Lobato) “Sr. Coisado Pereira, intelectual de Pilão Arcado, onde vive tísico e todo caspas” que venha a escrever outra obra como “A Mulatinha do Caroço no Pescoço” (obra e autor fictícios, extraídos de um texto de Lobato defendendo a tradução dos clássicos estrangeiros).

Fica para o Supremo descascar este abacaxi… E, para os que são incapazes de reconhecer as limitações de uma “vaca-sagrada”, acreditar na máxima: “O que foi bom para meu avô e meu pai, foi também bom para mim e será bom para meus filhos e netos”.

Lobato estaria corado de vergonha…

Discussão - 24 comentários

  1. João Marx disse:

    Excelente post...Tava esperando ler algo do gênero.As coisas tem que ser bem contextualizadas, hoje as crianças não conhecem a cultura desse país, vivem algo de estrangeirismo e cultura de massa em suas programações na televisão, leitura então nem se fala não é?
    Bem, eu sou da geração que só assistia a Rede Manchete e seus desenhos japoneses e americanos e cresci com isso, mas tbm gostava de ler mitologias e contos variados, e joguei bola, soltei pipa e etc, coisas que atualmente nem parece acontecer na infância de muitas crianças,que com seus vídeo games e etc desconhecem o mundo.
    Obviamente muitos livros não correspondem a nossa realidade, mas servem como material para entendermos o passado, em suas ideologias, interesses e percepções culturais que mudam, inclusive o racismo e outras estruturas que narram perfeitamente uma época.

    • João Carlos disse:

      Eu concordo inteiramente com a parte do "material para entendermos o passado". O raio é que um livro como "Caçadas de Pedrinho" é dirigido a uma faixa etária que ainda não tem conhecimentos, nem discernimento, para avaliar a obra como um "retrato de um passado".
      Tanta coisa boa de Lobato, e vão me escolher logo esse livro...

  2. Karl disse:

    Muito bom, João. Mas acho melhor ser obsoleto que racista. Na verdade, acho que o termo mais indicado seria anacrônico. Eu fui um leitor meio pesado de Monteiro Lobato. Li inclusive a obra para adolescentes e algumas coisas para adulto. Lobato era, segundo alguns autores, leitor de Nietzsche e parece ser dele a frase “Da obra de Spencer saímos spencerianos, da de Kant saímos kantistas, da de Comte saímos comtianos, da de Nietzsche saímos tremendamente nós mesmos”. (Citada aqui http://www.achegas.net/numero/dez/aluizio_alves_10.htm)

    Daí a interpretações rasas sobre questões raciais pode ser um passo que recomendo fortemente evitarmos. No final, depois de seu post, fiquei mesmo pensando que fica difícil para uma criança se transportar hermeneuticamente para a época de Lobato e abstrair certos (pré)conceitos em voga para, então, usufruir dos livros dele.

    Talvez não devêssemos mesmo cobrá-los como leitura obrigatória.
    Obrigado.

    • João Carlos disse:

      Pois é, Karl. Eu li Lobato de cabo a rabo; obras para crianças e obras para adultos. Como eu também sou muito pedante, o pedantismo de Lobato não me atinge e eu rolo de rir com a fina ironia dele.
      O problema com a obra dele dirigida às crianças é que ela toda está "dated"... Não temos mais as fazendas do interior iluminadas a lampião de querosene (minha família tinha uma no interior do Estado do Rio), nem temos mais as "Tias Nastácias" e os "Tios Barnabés", tão comuns ainda na época de minha infância.
      Se fosse possível re-escrever a obra de Lobato para crianças, seria fácil adaptar as viagens de imaginação para um ambiente de realidade virtual e escoimar os "politicamente incorretos" da coisa. Lobato descrevia o mundo que via e o fazia com uma visão crítica extremamente acurada. Infelizmente, só reparamos o quanto somos preconceituosos quando esses preconceitos batem em nossa cara.
      É o ponto para o qual eu tento chamar a atenção: muito mais "politicamente incorreto" é a caçada do Pedrinho, do que os comentários racistas da Emília... E ninguém está reparando nisso...

  3. Edenilson Francisco disse:

    Meu Amigo, creio que é função / capacitação dos professores, situar uma obra em seu devido contexto, trabalhando o entendimento em que tempo o texto foi escrito e que tempo o livro retrata, justamente por conta de estar dirigido dirigido a uma faixa etária que ainda não tem conhecimentos, nem discernimento, para avaliar a obra como um “retrato de um passado”. O banimento ou a não inclusão de obras que recebam um não "imprimatur" de grupos fiscalizadores de uma nova consciência ou daquilo que estão a chamar o devidamente correto é para mim o atestado de higienismo cultural, ou para ser mais claro, é lavagem cerebral! Ora, prq não incentivar exatamente o necessário e balizador discernimento?

    Uma das alegações feitas é que os professores não estão capacitados, para no fundo, trabalhar este tal discernimento, mas eu e minha mania de perguntar; SE capacitados, teriam estes profissionais a liberdade de fazê-lo sem estarem atrelados á uma cartilha, qualquer cartilha?

    E repito questionamentos feitos, mas só o Monteiro Lobato? Vamos higienizar Machado de Assis, Eça de Queiroz, Dante Aleghieri, Allan Kardec, José de Alencar, Zélio de Moraes, Nina Rodrigues, etc.. Vamos higienizar tudo o que seja considerado etnocentrico, racista, antiambiente!

    É para mim de uma incoerência sem fim a proposição que estão a fazer de banimento, por mais que digam que não, as palavras ah! as palavras, pois o que se pretende é; Oh! livremos as nossas crianças do contato com o mal! Construamos um futuro mais humano, livre e igualitário!.

    Deixe-me ver onde mesmo tal discurso já foi usado...ah sim Revolução Chinesa de Mao, Revolução Bolchevista, Revolução Cubana, Ditadura Militar no Brasil, Nazifascimo, Expansão do Cristianismo Católico e Protestante, enfim a História esta´recheada de exemplos de grupos de "bem-pensantes", pouco importa se engravatados ou usando tangas que ao seu modo, mas invariavelmente, implantaram e tentaram implantar seus modelos de mundo perfeito.

    "Ah mas peraí Deni, é preciso contextualizar, não dá para colocar todos no mesmo saco!", poderia talvez vc me dizer... então, contextualizar é apresentar, trabalhar, debater, é estimular este bichinho chamado discernimento, SEM ENGESSAR EM CARTILHAS!

    Banir, demonizar, jogar para debaixo do tapete ou lacrar numa caixa num quartinho sujo e escuro da escola é fazer igualzinho o que fizeram os até ontem opressores.

    Abraços Fraternos!

    • João Carlos disse:

      Não, Deni. Não se trata de "varrer para debaixo do tapete" as realidades incômodas. E, sim: vamos "higienizar" todos os autores - por mais vacas-sagradas que sejam - que relatam o cotidiano de uma época em que os valores sociais eram diferentes até que os alunos tenham informação e discernimento suficientes para colocar as obras no contexto correto.

      "Caçadas de Pedrinho" é um livro dirigido a crianças de até, no máximo, 11-12 anos. Uma ova que o linchamento da onça-pintada traria uma mensagem positiva para elas.

  4. Fernando disse:

    Mas é só Lobato que mostra "mau-comportamento" para as crianças? As obras de ficção estão cheias de assassinato, caçadas, estupros e outros desvios do que nós consideramos boa conduta.
    Os próprios "mangás", citado como exemplo de leitura dos jovens de hoje, têm em seu conteúdo, quase que em obrigatoriedade, muito sangue e violência.
    Acho que privar as crianças de Lobato, mesmo se considerado racista e obsoleto, não deve ser a melhor opção. Talvez uma nova abordagem dos livros seja bem mais interessante do que esse caminho.
    A solução que consigo enxergar é a de transformar essa literatura em estudo da nossa história, da evolução da nossa sociedade.

    • João Carlos disse:

      Concordo, Fernando. E acho ótima sua ideia de usar isso para o estudo de história. Nada melhor do que a literatura de época para ambientar as crianças quanto aos valores "morais" de uma sociedade.
      O grande problema é que, para as crianças abaixo dos 15-16 anos, um livro-texto obrigatório vem com um beneplácito da "autoridade": "isto é um comportamento aprovado", implícito.

  5. Meire disse:

    Monteiro Lobato virou literatura para adultos. João Carlos foi muito feliz quando lembrou do fato da própria Rede Globo ter excluído/modificado determinadas passagens.
    Continuo amando Monteiro Lobato. Ele fez parte da minha infância - fui criança leitora voraz - e nunca me transferiu nada de racismo. Mas ele está desatualizado para a educação das crianças de hoje. Quando elas crescerem poderão apreciá-lo como a toda literatura clássica repleta de reflexos da época em que foram escritos.

  6. Edenilson Francisco disse:

    Adicionando; Como você sabe, minha índole é de ser transparente, pois bem, somente após ter postado meu comentário é que fui ler o artigo do Sr. Declev, confesso que fiquei contente de ter dito com outras palavras, assim vejo, o que ele apontou.

    Abraços Fraternos!

  7. Igor Santos disse:

    Toda a nossa literatura infanto-juvenil é datada. Todos os livros "paradidáticos" (que termo ridículo para se dar à literatura) retratam, para as crianças deste século, outro mundo.
    Monteiro Lobato, por se passar num sítio dentro da mata, é mais inadequado ou obsoleto que o Rio-de-Janeiro-de-calçamento de Machado de Assis ou a Bahia-semi-deserta de Jorge Amado? O Cortiço ainda é leitura obrigatória nas escolas, mas será que ainda é relevante?

    Na escola eu precisei ler Senhora, de José de Alencar. Depois de adulto, li muito Jane Austen e achei semelhante. Não consigo me relacionar com nenhum dos dois, mas isso não me impede de apreciar as obras.

    O mesmo vale para o interior da Mãe Rússia Burocrática de Dostoievski, a densidade mental de Sartre, os costumes pouco acessíveis de Shakespeare ou os zumbis de George Romero. O contexto e as descrições ambientais importam muito pouco.
    Até o "Grande Tratado das Piadas Internas" que é a Divina Comédia ainda é apreciado hoje em dia!
    Eu acho que o importante são os personagens, suas personalidades e suas aspirações.

    Como as obras de quase 400 anos de Shakespeare demonstram, uma estória pode ser sustentada somente pelo fato de os leitores conseguirem reconhecer sua própria humanidade nos personagens, e eu acho isso o principal.

    • João Carlos disse:

      Igor, você cita "Senhora" de José de Alencar (eu também padeci essa sensaboria relambória...). Uma coisa que eu jamais vou perdoar: me terem feito engolir algumas das piores obras de Machado de Assis, sem nunca terem me apresentado aos seus contos.

  8. Edenilson Francisco disse:

    João, se a ideia é higienizar, então está morto o argumento de trabalhar o discernimento, que leva ao despertar do senso crítico. Você confirma que a proposta é mesmo de lavagem cerebral, ou ainda, de um outro tipo de lavagem mais "muderninho". Confirma-se a proposta de que professores devam servir a cartilhas ideológicas, e sob a capa de uma nova consciência, a formação de seguidores, de ovelhinhas.

    Quantas e quantas vezes dissemos a mesma coisa ou nos aproximamos, com outras palavras e construções? O nome disso é percepção diferenciada que exatamente no cruzamento com outras formas de percepção, gera o questionamento, o abalo, a necessária reflexão, mas o que será e de onde fulano, sicrano e beltrano está tirando tal concepção?

    Quem nos incentivou a agir assim? Professores! E claro, topadas das boas nos paralelepípedos. Não nego colocaram na semeadura algo de si, como haveria de ser diferente? Mas o fizeram, e não foi varrendo para debaixo do tapete, como as declarações do impetrantes da ação deixam muito claro. É possível que as crianças de hoje TALVEZ não se reconheçam em Lobato, como eu me reconhecia no Pedrinho e no Visconde, mas não vejo nisso impedimento para que o cerne de nossa conversa seja o objetivo maior, a fomentação do discernimento.

    É este dito cujo que faria o "linchamento da onça" ser avaliado sob diferentes ângulos, e não apenas um, como você aponta.

    É, é isso, chegamos mais uma vez a uma concordância por vias tortas, o que se pretende é apenas e tão somente isso, uma "nova" forma de cabresto.

    Abraços Fraternos!

    • João Carlos disse:

      Deni, é claro que a ideia não é fazer lavagem cerebral. Trata-se, apenas, de não forçar demais a barra, nem exigir demais de professores despreparados.

      Talvez eu não tenha deixado bem clara minha intenção original: estão questionando o livro pelo motivo errado. O "racismo" (em duas ou três passagens menos importantes), além de questionável, é muito menos importante do que considerar "normal" (e até "louvável") caçar uma onça (que estava quieta em sua mata e é assassinada, só para Pedrinho se sentir "muito macho").

      O próprio fato dessa ação legal estar sendo feita com uma motivação "politicamente correta" (portanto, hipócrita e descabida), mostra que ninguém se deu conta do que realmente estamos apresentando a nossas crianças como "texto sancionado pelas autoridades".

      Pelo andar da carruagem, em breve, nos terreiros, estaremos sendo atendidos pelos "afro-descendentes da terceira idade", porque "preto-velho" é duplamente ofensivo... Enquanto isso, marmotagens politicamente corretas vão passar batidas.

      Resumindo: a intenção era denunciar - de uma só vez - o ridículo hipócrita (e, a meu ver, verdadeiramente racista) da ação legal em curso e a falta de critério na seleção de livros-texto para estudantes, apresentando obras (cujo valor literário eu não discuto; apenas a "oportunidade" delas) de vacas-sagradas da literatura brasileira.

      Dando um exemplo atual: meu neto (que cursa a a 8ª série) teve que ler neste ano dois livros: "O menino do pijama listrado" e "O diário de Anne Frank". Eu achei isso totalmente errado e contra-producente. O que não quer dizer que eu ache que se deva varrer o Holocausto para debaixo do tapete; apenas que são dois livros fora de contexto para uma criança que ainda está na Revolução Industrial no estudo de história.

  9. Edenilson Francisco disse:

    "Resumindo: a intenção era denunciar – de uma só vez – o ridículo hipócrita (e, a meu ver, verdadeiramente racista) da ação legal em curso e a falta de critério na seleção de livros-texto para estudantes, apresentando obras (cujo valor literário eu não discuto; apenas a “oportunidade” delas) de vacas-sagradas da literatura brasileira."

    Bem, sobre a 1ª parte não há dúvidas, quanto a 2ª parte... aí a conversa passa para instâncias bem mais superiores, pois estaríamos entrando na alçada de quem está capacitado a indicar a leitura do autor (ops! será que haveria algum tipo de cartilha aqui?, rsrsrsrsrs).

    A minha opinião, mesmo não sendo formado no assunto, reitero, é a de que o autor pode sim ser apresentado, lido e debatido. Como qualquer outro texto, aliás eu não concordo com a censura imposta ao livro do Edir Macedo, "Orixás, Deuses e Demônios", pois em nome do respeite o meu credo foi feito um cale a sua boca e não se procurou com argumentos derrubar as suas "teses".

    Aliás, exatamente por serem vacas sagradas é que apresenta-los é A grande oportunidade de tirá-los do pedestal ou da baia dourada, rsrsrsrsrs

    Abraços Fraternos!

  10. VIVA A DITADURA! disse:

    (Apague meu post se tiver coragem, seu ditador!)
    Há crianças estripando os orgãos humanos e matando prostitutas em seus videogames, outros assistindo videos de pornografia tranquilamente pela internet e escutando músicas que fazem uma apologia ao sexo bem debaixo do nariz dos pais.
    Você vai fazer o que? Censurar? Não! Porque isso seria a base de uma ditadura (CENSURAR!).
    Se uma criança que mata mil pessoas em seu joguinho virtual decorrente na idade-média jamais teria coragem de matar ninguém na vida real, por que a mesma que leu uma história de uma livro se tornaria racista?
    Você é um boçal ignorante, o tão enjoativo pseudo-intelectual apoiando seu grande cretino politicamente correto.
    "Esselivro é racista! Aquele jogo trás má influência para a criança! Essa música eu não gosto então ninguém pode escutar!"
    Existe uma coisa chamada Código Penal! Se uma pessoa mata ou discrimina outra pessoa, você vai preso! Portanto não tem necessidade de censura para um livro por mais banal que ele seja, tendo que certas condutas são puníveis.
    A sua ação é o que conta e não pelo que você consome!

  11. corado de vergonha? Por acaso o senhor sabia que nenhum outro conteúdo desse teor é encontrado na obra dele ou em sua correspondência pessoal após as informações das atrocidades nazistas trazidas pela propaganda de guerra?! Acontece que julgar atitudes do passado com valores atuais é ANACRONISMO, um erro cometido por muitos intelectuaizinhos por aí, assim como pela Igreja Católica, que proibia livros de autores pagãos gregos, contribuindo para a estagnação cultural do Ocidente, enquanto Bizâncio e depois muçulmanos floresciam.
    Se é pra censurar, então que se faça com esses conteúdos impróprios em músicas e filmes puramente comerciais, nada culturais. Censurar essas porcarias defende HOJE o que é a moral de HOJE, e não traz prejuízo nenhum à sociedade porque essas obras não têm finalidade cultural.
    Se é pra censurar, vamos censurar campanhas de marketing enganosas, como as da indústria de cosméticos, que promentem o céu na televisão e chegam a ser ridículas.
    Agora, não vamos censurar o homem que defendeu a abertura de estradas para escoamento da produção; a abertura de poços de petróleo com capital nacional e que criticava o resguardo deles para a chegada do capital estrangeiro; o autor que elevou a literatura infantil e a literatura como um todo, por ser pioneiro em abrir uma EDITORA NACIONAL de livros, isso mesmo, os escritores brasileiros tinham que ir para Paris ou outra cidade estrangeira para publicar seus livros, competindo com inúmeros outros; o pensador que dizia, em 1930, que a tecnologia levava ao crescimento da nação e que, com razão, criticava a preguiça do povo brasileiro. Todos pensamentos a frente do seu tempo para o Brasil, mas era um "pagão", pois não se encaixava aos nossos valores em relação a relação entre etnias, que só surgiram após a segunda guerra. Prova disso: os Estados Unidos tinham leis segregatórias até a década de 50!!!!!!!!! A eugenia era tida como ciência na década de 30 não só na Alemanha e grandes pensadores e inventores acabara seguindo essa perigosa tendência. Os tolos persistiram, os sábios, como Lobato, que apesar de nunca ter se redimido publicamente, desistiram da idéia.
    Atenciosamente.

    • João Carlos disse:

      Por acaso, senhor, eu li e reli (e me deliciei, sempre) com a obra de Monteiro Lobato. Mas negar seu caráter elitista e o ranço racista de seus escritos é tentar tampar o sol com uma peneira. Lobato não tem "culpa" disso: as "Tias Nastácias" eram legítimas representantes dos negros na sociedade paulista/paulistana onde Lobato nasceu e cresceu. A figura é apresentada sempre de forma carinhosa, embora estereotipada. Aliás, aproveito para lembrar o caráter "Julioverniano" do conto de Lobato "O Presidente Negro".
      Não se trata de "censurar" coisa alguma. Trata-se de não apresentar a crianças ainda sem discernimento, um livro com a chancela de "clássico da literatura" onde os comportamentos dos personagens, peculiares a uma época, podem ser mal interpretados. O livro "Caçadas de Pedrinho" é particularmente ilustrativo disso, porque enaltece a caça a animais silvestres.
      Você toca na questão da eugenia, que aparece em diversos trechos de Lobato. Pois é... é outro problema.
      Só para tentar (mais uma vez...) as coisas na perspectiva correta, como explicar a estudantes dos dias de hoje que Lima Barreto – expoente da luta contra a discriminação racial – fosse fundador da "Liga Fluminense Anti-Football"?.. No entanto, para quem conhece os primórdios segregacionistas do futebol no Brasil, a posição dele é clara e coerente.
      A história quando ensinada sem critério e sem os devidos cuidados, pode levar os simplórios a conclusões nazi-fascistas e a literatura de época também.
      É neste contexto que eu digo e repito: Lobato é pior do que "racista": é obsoleto!

  12. Raquel disse:

    Meus sinceros cumprimentos.
    Além de compartilharmos a mesma opinião sobre Lobato, eu acho que uma extremada vigilância do que é politicamente (in)correto tem ganhado vulto simplesmente porque é fácil de se fazer.
    Difícil mesmo é ensinar metodologia científica e estimular o interesse pelas ciências: isso exige preparo.
    Faço referência a Michael Shermer quando disse algo parecido a não ensinar os jovens o quê devem pensar mas como pensar.

  13. Noemi Souza disse:

    Acho muito interessante querer varrer em nome de preconceitos tudo o que faz parte de uma época. Se fosse assim como agiriam países como Estados Unidos ou África do Sul? Se a caça ás bruxas fosse feito nesse países imaginem o tamanho das fogueiras com livros e mais livros queimados por citações racistas ou politicamente incorretas! Li todos os comentários e em nenhum deles percebi a preocupação dos pais de estarem junto aos filhos, explicando o que é certo ou errado no mundo de hoje! Nunca delegamos somente á escola e principalmente ao professor a arte de educar nossos filhos. Sempre acreditamos que essa é uma parceria que nunca deve ser desfeita. Principalmente porque valores morais e éticos são os pais que devem dar e não o pobre do professor! Então as "Caçadas de Pedrinho "não terão problema algum se a criança tiver o acompanhamento dos pais para explicar o que é certo ou errado. E finalmente numa notícia antiga vi que Fernando Haddad quando ainda era ministro da educação não proibiu a leitura do livro nas escolas e sim colocou algumas notas de rodapé explicando algumas passagens. Espero que esses adendos não tenham mudado o sentido da obra.

  14. Luís disse:

    Colocar as obras do Monteiro Lobato no STF lembra as velhas ditaduras de esquerda da União Soviética, onde o passado era reescrito a todo momento.
    A ignorância da massa esta mais viva do que nunca, os analfabetos funcionais estão ai, tentando reescrever a história. Risco de vida virou risco de morte, substituiu-se a letra "o" no final da palavras por "u". O miguxês e o internetês assume a função de linguagem culta, e ainda se dizem alfabetizados....

    • João Carlos disse:

      Não vou discutir qual tipo de ditadura gosta de reescrever a história, mesmo porque Orwell já denunciou a extrema semelhança existente entre esquerda e direita quando se pilham com poder absoluto. E não é disso que este post trata...
      Quanto ao declínio da qualidade do ensino, não é privilégio do Brasil. Outros países de "1º Mundo" vão pela mesma via...

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