Gripe suína H1N1: algumas dicas

Eu tentei me manter afastado do assunto, uma vez que não sou médico, nem biólogo, muito me­­nos versado em saúde pública. Mas, na qualidade de cidadão interessado — e preocupado, já que não sou diferente de ninguém — e como tenho acompanhado tanto o noticiário na grande mídia, como fontes mais – digamos – “especializadas” (blogs de ciências e noticiário direto do Centers for Disease Control and Prevention = CDC), me sinto no direito de dar meus palpites so­bre essa ameaça de pandemia.

Essa gripe vai chegar ao Brasil?

Provavelmente, sim! Aliás, eu me arriscaria a dizer que “com certeza, sim!” Vigiar portos e aeroportos é muito bom e uma providência indispensável. Mas não é suficiente… O Brasil tem uma enorme (e pouquíssimo vigiada) “fronteira seca” com todos os países hispâ­nicos da América do Sul, à excessão de Chile e Equador. Por mais que se vigie os portos e areoportos, mais cedo ou mais tarde essa epidemia acaba entrando pelo interior de um des­ses países que, sem demérito implícito algum, têm muito menos recursos de saúde pública que o Brasil.

O governo pode tomar alguma providência para impedir?

Claro que não! Os Estados Unidos não puderam evitar que cruzasse a fornteira do Rio Grande, muito menos o governo brasileiro poderá evitar…

Já que não dá para impedir, dá para reduzir os efeitos?

Dar, dá… E, pelo que eu vejo, as providências cabíveis já estão sendo tomadas. O mai­or problema é que os dados disponíveis sobre a doença ainda são poucos, e as tais “provi­dências cabíveis” são muito genéricas: vigiar portos e aeroportos, isolar casos suspeitos, au­mentar os estoques de medicação, mobilizar os recursos da saúde pública, entre outras.

E essas providências serão suficientes?

A resposta mais honesta é: “Ninguém sabe!” Na verdade, sempre que há uma pandemia, depois que ela passa, fica muito fácil descobrir o que poderia ter sido feito, mas não foi… A julgar pelos dados mais recentes, a situação parece sob controle. Desde que o alerta foi emitido, o mundo registrou vários casos isolados em (até agora) 17 países. O lugar onde apareceu o maior número de infectados foi em Nova York, com 50 casos registrados e ne­nhuma morte até agora.

Os dados iniciais vindos do México — que falam de óbitos de 1 em cada 10 casos — ainda não estão confirmados oficialmente. Isso quer dizer que podem estar acontecendo três coi­sas, isoladamente ou em conjunto:

1. Nem todos os casos de gripe H1N1 no México foram registrados. Pode ter havido um nú­mero bem maior de casos (o governo mexicano só informou oficialmente à OMS 26 casos com 7 mortes). Os jornais falam de milhares de casos e dezenas de mortes.

2. A população atingida no México pode ser mais vulnerável do que a média mundial. É um dado que, se for verdadeiro, vai demorar muito para aparecer, se é que um dia vai…

3. A contaminação direta, dos porcos para as pessoas, é muito mais letal do que aquela de pessoa para pessoa. Antes que alguém pense que eu pirei, é só lembrar do vírus H5N1  avi­á­rio: mortal quando transmitido das aves para as pessoas, mas nem chegou a se tornar transmissível de pessoa a pessoa; faltou uma mutação… Talvez a mutação que torna esse H1N1 transmissível de pessoa a pessoa, enfraqueça o vírus de alguma forma.

Mas esse vírus não é igual ao da “Gripe Espanhola”?

Não! Ele é do mesmo tipo, H1N1, mas não é o mesmo. Este atual parece ser um cruza­mento de duas espécies “suínas”, mais uma “aviária”, parentes da “Espanhola”. E é sem­pre bom lembrar: não estamos mais no primeiro quartel do século XX — os recursos de saú­de pública são muito melhores agora, inclusive e principalmente a comunicação! Tanto que a OMS emitiu uma alerta fase 5, antes que a gripe matasse alguém fora do México!

Que providências cada brasileiro deve tomar agora para se proteger?

Em primeiro lugar, não vá ao México! Se for possível, evite qualquer outro país onde foi relatado um caso. Mas se lembre que, por exemplo, foram relatados dois casos em Israel. E, se você tiver que ir a Israel, corre muito mais risco de ser detonado por um homem-bom­ba do que de pegar a gripe suína… Então, nada de frescura!

No caso de (ou seja: quando) a gripe chegar ao Brasil, com força de epidemia (é sempre bom lembrar), as precauções são as mesmas para qualquer gripe… Desta vez, as precau­ções vão ser mais levadas a sério, por conta da gravidade das consequências.

Não enriqueça desnecessariamente o dono da farmácia! Não saia comprando um lote de Tamiflu (“que nada!… Esse aqui é muito melhor e sai pela metade do preço!” — e tome um encalhe!…), não faça um estoque de máscaras, daquelas “de hospital”, nem se tranque em casa com medo. Se a situação ficar realmente grave, o governo vai divulgar as providên­cias que devem ser tomadas. (para os que “não confiam no governo”: “eles” são quem mais sofre — no bolso! — os efeitos de uma pandemia).

E se lembre: quando for para entrar em pânico, pode deixar que eu aviso! (A internet funciona de qualquer lugar do mundo… só que o vírus também…)

Atualizando em 1 de maio:

O Ministro da Saúde concorda comigo em duas coisas: a gripe vai chegar ao Brasil; e que é besteira sair fazendo estoques de medicamentos e máscaras (essas máscaras vendidas na farmácia não protegem você: protegem os outros de seus perdigotos…) Vide notícia do G-1: Temporão diz que chegada de vírus é inevitável, mas sem motivo para pânico.

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