Um Texto de Carlos Castañeda
O trecho em questão, trata das dificuldades do aprendizado da magia. Mas, se transportarmos as idéias para qualquer tipo de conhecimento, elas permanecem surpreendentemente válidas. Eu tomei o cuidado de omitir uma série de passagens que nada acrescentam à idéia básica do texto (ou, dito de outra forma, eu tirei toda a baboseira com a qual o Castañeda “enche linguiça”).
Lá vai:
– “Quando um homem começa a aprender, ele nunca sabe muito claramente quais são seus objetivos. Seu propósito é falho; sua intenção, vaga. Espera recompensas que nunca se materializarão, pois não conhece nada das dificuldades da aprendizagem.”
“Devagar, ele começa a aprender… a princípio, pouco a pouco, e depois em porções grandes. E logo seus pensamentos entram em choque. O que aprende nunca é o que ele imaginava, de modo que começa a ter medo. Aprender nunca é o que se espera. Cada passo da aprendizagem é uma nova tarefa, e o medo que o homem sente começa a crescer impiedosamente, sem ceder. Seu propósito toma-se um campo de batalha.”
“E assim ele se depara com o primeiro de seus inimigos naturais: o medo! Um inimigo terrível, traiçoeiro, e difícil de vencer. Permanece oculto em todas as voltas do caminho, rondando, à espreita. E se o homem, apavorado com sua presença, foge, seu inimigo terá posto um fim à sua busca.”
(…)
– “E o que pode ele fazer para vencer o medo?”
– “A resposta é muito simples. Não deve fugir. Deve desafiar o medo, e, a despeito dele, deve dar o passo seguinte na aprendizagem, e o seguinte, e o seguinte. Deve ter medo, plenamente, e no entanto não deve parar. É esta a regra! E o momento chegará em que seu primeiro inimigo recua. O homem começa a se sentir seguro de si. Seu propósito toma-se mais forte. Aprender não é mais uma tarefa aterradora. Quando chega esse momento feliz, o homem pode dizer sem hesitar que derrotou seu primeiro inimigo natural.”
(…)
– “Uma vez que o homem venceu o medo, fica livre dele o resto da vida, porque, em vez do medo, ele adquiriu a clareza… uma clareza de espírito que apaga o medo. Então, o homem já conhece seus desejos; sabe como satisfazê-los. Pode antecipar os novos passos na aprendizagem e uma clareza viva cerca tudo. O homem sente que nada se lhe oculta.”
“E assim ele encontra seu segundo inimigo: a clareza! Essa clareza de espírito, que é tão difícil de obter, elimina o medo, mas também cega.”
“Obriga o homem a nunca duvidar de si. Dá-lhe a segurança de que ele pode fazer o que bem entender, pois ele vê tudo claramente. E ele é corajoso porque é claro; e não para diante de nada, porque é claro. Mas tudo isso é um engano; é como uma coisa incompleta. Se o homem sucumbir a esse poder de faz-de-conta, terá sucumbido a seu segundo inimigo e tateará com a aprendizagem. Vai precipitar-se quando devia ser paciente, ou vai ser paciente quando devia precipitar-se. E tateará com a aprendizagem até acabar incapaz de aprender qualquer coisa mais.”
(…)
– “Mas o que tem de fazer para não ser vencido?”
– “Tem de fazer o que fez com o medo: tem de desafiar sua clareza e usá-la só para ver, e esperar com paciência e medir com cuidado antes de dar novos passos; deve pensar, acima de tudo, que sua clareza é quase um erro. E virá um momento em que ele compreenderá que sua clareza era apenas um ponto diante de sua vista. E assim ele terá vencido seu segundo inimigo, e estará numa posição em que nada mais poderá prejudicá-lo. Isso não será um engano. Não será um ponto diante da vista. Será o verdadeiro poder.”
“Ele saberá a essa altura que o poder que vem buscando há tanto tempo é seu, por fim. Pode fazer o que quiser com ele. Seu aliado está às suas ordens. Seu desejo é ordem. Vê tudo o que está em volta. Mas também encontra seu terceiro inimigo: o poder!”
“O poder é o mais forte de todos os inimigos. E, naturalmente, a coisa mais fácil é ceder; afinal de contas, o homem é realmente invencível. Ele comanda; começa correndo riscos calculados e termina estabelecendo regras, porque é um senhor.”
“Um homem nesse estágio quase nem nota que seu terceiro inimigo se aproxima. E de repente, sem saber, certamente terá perdido a batalha. Seu inimigo o terá transformado num homem cruel e caprichoso.”
(…)
– “E como o homem pode vencer seu terceiro inimigo, Dom Juan?”
– “Também tem de desafiá-lo, propositadamente. Tem de vir a compreender que o poder que parece ter adquirido na verdade nunca é seu. Deve controlar-se em todas as ocasiões, tratando com cuidado e lealdade tudo o que aprendeu. Se conseguir ver que a clareza e o poder, sem controle, são piores do que os erros, ele chegará a um ponto em que tudo está controlado. Então, saberá quando e como usar seu poder. E assim terá derrotado seu terceiro inimigo.”
“O homem estará, então, no fim de sua jornada do saber, e quase sem perceber encontrará seu último inimigo: a velhice! Este inimigo é o mais cruel de todos, o único que ele não conseguirá derrotar completamente, mas apenas afastar.”
“É o momento em que o homem não tem mais receios, não tem mais impaciências de clareza de espírito… um momento em que todo o seu poder está controlado, mas também o momento em que ele sente um desejo irresistível de descansar. Se ele ceder completamente a seu desejo de se deitar e esquecer, se ele se afundar na fadiga, terá perdido a última batalha, e seu inimigo o reduzirá a uma criatura velha e débil. Seu desejo de se retirar dominará toda a sua clareza, seu poder e sabedoria.”
“Mas se o homem sacode sua fadiga e vive seu destino completamente, então poderá ser chamado de um homem de conhecimento, nem que seja no breve momento em que ele consegue lutar contra o seu último inimigo invencível. Esse momento de clareza, poder e conhecimento é o suficiente.”
Physics News Update n° 779
PHYSICS NEWS UPDATE
O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 779, de 2 de junho de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi Physics News Update
SOUND AMPLIFICATION BY STIMULATED EMISSION OF RADIATION, ou SASER, é o análogo acústico de um laser. No lugar de uma potente emissão de radiação eletromagnética criada por re-alimentação (“feedback”), um saser emite um possante feixe de ultrasom. O conceito já existe há muitos anos e diversos laboratórios construíram modelos com diferentes características. Em uma nova versão, elaborada por cientistas da Universidade de Nottingham, na Grã-Bretanha, e do Instituto Lashkarev de Física de Semicondutores na Ucrânia, o meio de ganho — ou seja, o meio onde ocorre a amplificação — consiste de pilhas (ou uma super-grade) de finas camadas de semicondutores que, em conjunto, formam “poços quânticos”. Nestes poços – na verdade apenas regiões planas cuidadosamente confinadas – os elétrons podem ser excitados por pacotes de ultrassom, os quais caracteristicamente possuem energias de mili-elétron-volts (meV), equivalentes a uma freqüência de 0,1 a 1 THz. E, da mesma forma como a luz coerente pode ser amplificada em um laser pela emissão congruente e estimulada de luz de um monte de átomos, em um saser o som coerente pode ser amplificado pela emissão congruente de fonons de um monte de poços quânticos na super-grade. Nos lasers o aumento de intensidade da luz é mantido por uma cavidade opticamente refletiva. No saser anglo-ucraniano, o aumento de intensidade das ondas acústicas é mantidopor um engenhoso espaçamento da espessura das camadas da grade, de forma que as camadas funcionam como um espelho acústico (ver a figura aqui). Eventualmente a onda de som emerge do dispositivo em uma estreita faixa angular, como os pulsos de laser. A natureza monoenergética da emissão acústica, entretanto, ainda não foi totalmente verificada. Os pesquisadores acreditam que seu saser seja o primeiro a alcançar a faixa de freqüência de THz, usando uma pequena fonte de energia elétrica. O som coerente na faixa dos Terahertz é um campo relativamente novo de pesquisas. Sendo essencialmente ultrassom com comprimentos de onda medidos em nm, os dispositivos acústicos de THz podem ser usados para modular ondas de luz em dispositivos optrônicos. (Kent et al., Physical Review Letter, 2 de junho de 2006)
EXISTÊNCIA DOS ÁTOMOS CONFIRMADA NOVAMENTE. Uma nova experiência reproduziu um marco de um estudo de 1908 que demonstrou a existência física dos átomos, até mesmo para os muitos que (como o químico William Ostwald) duvidavam que a matéria consistia de partículas microscópicas, em lugar de serem estruturas contínuas na natureza. A nova experiência, realizada em parte como um exercício educativo para os universitários em Harvard, reproduziu (com equipamentos modernos) o trabalho feito em 1908 por Jean-Baptiste Perrin, um físico francês que, por sua vez, procurava verificar uma previsão de Albert Einstein. A miraculosa produção de Einstein em 1905 incluiu publicações famosas sobre a Relatividade Especial ou Restrita (que descrevia características do espaço-tempo e a equivalência entre matéria e energia) e o efeito fotoelétrico (explicando a natureza quântica da luz). As proposições sobre a relatividade e a teoria quântica se mostraram extremamente frutíferas e são freqüentemente postas à prova. Uma terceira publicação deste mesmo ano, devotada à explicação do Movimento Browniano, é, talvez, menos bem conhecida, mas também é de grande importância. O Movimento Browniano, observado pela primeira vez por Robert Brown em 1827, é o entrechoque de um conjunto de pequenas partículas (neste caso, grãos de pólen) com outras partículas, menores ainda (as moléculas de água circundantes). Einstein interpretou esse “empurra-empurra” como o incessante e flutuante efeito cumulativo de todos os presumíveis átomos ou moléculas sobre os grãos; ocasionalmente, a resultante das forças sobre o grão o empurrariam para um lado. Einstein concebeu uma fórmula que relacionava o tamanho dos grãos de pólen e seu movimento momentâneo médio (parte do que é chamado atualmente de “movimento aleatório” = “random walk”) e o tamanho das partículas invisíveis e circundantes que as empurravam (átomos e moléculas). Perrin realizou sua experiência usando emulsões contendo partículas microscópicas de goma-guta (um pigmento) ou mástique (um plástico claro). Usando um microscópio ele, a duras penas, observou, mediu e tabulou diversos deslocamentos das partículas individuais de goma-guta. Dessas observaçoes, ele confirmou as previsões de Einstein acerca da natureza estatística dos movimentos e, a partir disto, se pode calcular o Número de Avogadro, o número de átomos ou moléculas contidos em um mol dessa substância. Isso, por sua vez, apoiou a visão atomística da matéria. A nova versão de Harvard foi fiel ao trabalho de 1908, exceto pelo fato de que uma câmera CCD observou os movimentos das partículas e seus deslocamentos foram analisados por um programa de computador. (Newburgh, Peidle e Rueckner, American Journal of Physics, Junho de 2006).
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.
Physics News Update n° 778
PHYSICS NEWS UPDATE
O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 778, de 26 de maio de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi
PHYSICS NEWS UPDATE
O ALEIJADO SISTEMA SOLAR. Tendo viajado muito além dos planetas em sua viagem de 28 anos e meio, as duas espaçonaves Voyager vêm fornecendo novas informações sobre a Heliosfera, a bolha em forma de légrima que separa o sistema solar do espaço interestelar. Na Assembléia Conjunta, nesta semana em Baltimore, da União Geofísica Americana (American Geophysical Union – AGU), Ed Stone da Caltech relatou que a heliosfera é deformada, de acordo com as observações das Voyager, com a borda arredondada da lágrima protuberante no topo (o hemisfério Norte do Sistema Solar) e achatado no fundo (o hemisféio Sul). (Figuras e filmes aqui). Como explicou Rob Decker do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, a assimetria se deve a um campo magnético oriundo do espaço interestelar que pressiona o hemisfério Sul. O campo tem a intensidade de cerca de 1/100.000 do campo da Terra, mas seu efeito pode ser sentido por bilhões de milhas, uma vez que atua em uma grande área sobre o gás extremamente diluído nas bordas do Sistema Solar. O campo interestelar achata até uma importante zona esférica dentro da heliosfera, chamada o choque de terminação. De forma análoga ao círculo que se forma quando a água se despeja sobre uma pia, o choque de terminação representa a fronteira na qual o veloz vento solar (a corrente de gás carregado emitido pelo Sol) freia abruptamente e se acumula. As medições da Voyager 2 indicam que a parte Sul da esfera de terminação podem estar um bilhão de milhas mais próxima do Sol do que a parte Norte. Além disso, as forças dos ventos solares fazem com que o choque de terminação “inspire e expire” em cerca de cada doze anos. A Voyager 1 já passou além do choque de terminação, para o heliofólio, a região onde o vento solar e os gases interestelares se misturam. Assim, de certa forma, o final do Sistema Solar não é claramente definido. Stone estima que podem se passar outros 10 anos (3 a 4 bilhões de milhas) antes que as duas astronaves passem pela heliopausa (a fronteira mais externa da heliosfera) e entrem no espaço puramente interestelar. As espaçonaves ainda têm energia disponível para cerca de mais 15 anos. (Sessão SH02 na Assembléia; ver http://www.agu.org/meetings/ja06/?content=search)
Nota do tradutor: eu não estou bem certo dos termos técnicos de astronomia/astrofísica usados em português para “heliosphere”, “termination shock”, etc. Para facilitar a visualização dessas zonas, eu sugiro uma vista à figura da WikiPedia (em inglês) associada à página “Heliosphere“.
CONTANDO FÓTONS DA FAIXA DOS TERAHERTZ. Cientistas da Universidade de Tokyo e da Corporação de Ciência e Tecnologia do Japão conseguiram detectar fótons isolados na região de terahertz do espectro eletromagnético, pela primeira vez. Até agora, esses fótons, com energias de cerca de 4 mili-elétron-volts, não podiam ser observados individualmente. A radiação da faixa de THz, essencialmente no infravermelho longo, é, potencialmente, uma importante portadora para telecomunicações. Pode-se realizar não só a detecção, como também microscopia nas faixas ultra-baixas de THz. Por meio da varredura com um feixe de ponto quântico (altamente sensível à luz da faixa do THz) na superfície de uma amostra, pode-se capturar uma imagem da amostra com uma resolução de 50 microns (a própria radiação tem um comprimentode onda de 132 mícrons). Isto é ainda mais notável quando se considera que a potência emitida a partir da superfície explorada fica no nível de 10-19 Watts (0,1 attowatt). A atual microscopia de contagem de fótons consegue um vislumbre de uns poucos elétrons de cada vez, oscilando nas freqüências de THz em dispositivos semicondutores em fortes campor magnéticos. De acordo com Kenji Ikushima, a extraordinariamente alta sensibilidade da técnica de contagem de fótons em breve vai facilitar o estudo do “rock & roll” (“shaking, rattling and rolling”) de umas poucas moléculas de cada vez, vibrando nas freqüências de THz em dispositivos semicondutores em fortes campos magnéticos. (Ikushima et al., Applied Physics Letters, 10 de abril de 2006; www.dbs.c.u-tokyo.acjp/~komiyama )
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.
Royal Raymond Rife
Sabem como é… uma coisa leva a outra — e se for meu velho e cego cachorro Mozart se enredando nos fios do video-game do meu neto, vai sair uma cagada daquelas! — e assuntos desconexos arrumam um jeito de aparecerem em uma seqüência que deixam um místico como eu desconfiado…
Primeiro, foi uma pergunta no “Queremos Saber” (o link está aí do lado), sobre os processos de tratamento imaginados pelo personagem que dá título a este artigo. É extremamente curioso que um personagem real possa se chamar “Royal Raymond Rife”, mas o cara existe. Não só existe, como também inventou uma trapizonga de microscopia – lá pelos idos do século passado – que, segundo seus seguidores, era capaz de observar um vírus individual. E, alegadamente, criou um tratamento para o câncer com base na emissão de ondas eletromagnéticas (na faixa do ultravioleta) que funcionava como uma espécie de “forno de microondas” para os microorganismos específicos: explodia eles!
Uma rápida busca no Google me indicou um site sobre os méritos alegados de Rife. A linguagem do site alcançava uma alta pontuação no “Crackpot Index” do Baez (vide artigo anterior). Mas, como eu sou apenas um burrinho esforçado que tem a sorte de conhecer gente que realmente entende do assunto, fui encher o saco de meu amigo da juventude, o Professor Paulo Paes de Andrade, Biofísico do Departamento de Biologia da UFPE. A resposta que ele me mandou merece ser transcrita:
João, entrei lá no site que você linkou. Desculpe ter sido tão extenso na resposta, mas acho que você vai ler com prazer.
É interessante como um amontoado de coisas técnicas/ científicas pode soar verossímil, mas uma análise mais cuidadosa um pouco mostra que não é.
Abaixo tem um texto colado da página do tal Rife. [observação: o texto original é em inglês, portanto – para não perder o hábito – eu vou traduzir]Por volta de 1920, Rife tinha acabado de construir o primeiro microscópio para vírus do mundo. Por volta de 1933, ele tinha aperfeiçoado essa tecnologia e construído o incrivelmente complexo Microscópio Universal, composto por quase 6.000 diferentes peças e que era capaz de aumentar os objetos 60.000 vezes. Com este incrível microscópio, Rife se tornou o primeiro ser humano a realmente ver um vírus vivo e, até bem recentemente, o Microscópio Universal era o único capaz de ver vírus vivos.
Os modernos microscópios eletrônicos matam instantaneamente qualquer coisa que fique sob eles, mostrando apenas os resíduos mumificados e escombros. O que o microscópio de Rife podia ver era a enorme atividade dos vírus vivos, à medida em que eles se modificam para se acomodar às mudanças no ambiente, se reproduzir rapidamente em resposta a carcinogênicos e transformar células sadias em células de tumor.
Mas como foi que Rife foi capaz de conseguir isso, em uma época na qual a eletrônica e a medicina ainda estavam apenas evoluindo? Aqui vão alguns detalhes técnicos para aplacar os céticos…
Rife, com muito esforço, identificou a assinatura espectroscópica individual de cada micróbio, usando um espectroscópio de fenda acessório. Então, ele lentamente girava os prismas de blocos de quartzo para focalizar a luz de um único comprimento de onda sobre o microorganismo que queria observar. Esse comprimento de onda era selecionado porque ele estava em ressonância com a assinatura de freqüência espectroscópica do micróbio, com base no, agora estabelecido, fato de que cada molécula vibra em uma freqüência específica própria.
Os átomos que se juntam para formar uma molécula são presos nessa configuração molecular com uma ligação energética covalente que tanto emite, como absorve sua própria freqüência eletromagnética específica. Não há duas espécies de moléculas que tenham as mesmas oscilações eletromagnéticas ou assinatura energética. A ressonância amplifica a luz, do mesmo modo que duas ondas no oceano se intensificam, uma a outra, quando se combinam.
O resultado de empregar um comprimento de onda ressonante é que os micro-organismos que são inivisíveis na luz branca, subitamente se tornam visíveis, em um brilhante clarão de luz, quando são iluminados com a freqüência de cor que entra em ressonância com sua característica assinatura espectrográfica. Rife, assim, foi capaz de ver esses organismos, de outro modo invisíveis, e observá-los invadindo ativamente culturas de tecidos. A descoberta de Rife permitiu-lhe ver organismos que ninguém mais podia ver com microscópios comuns.
Mais do que 75% dos organismos que Rife pode ver com seu Microscópio Universal, somente são visíveis com luz ultravioleta. Mas a luz ultravioleta fica fora da faixa da visão humana, ela é “invisível” para nós. O brilhantismo de Rife permitiu que ele vencesse esta limitação, por meio da heterodinização, uma técnica que se tornou popular com as primeiras emissões radiofônicas. Ele iluminava o micróbio (usualmente um vírus ou bactéria) com dois comprimentos de onda diferentes da mesma freqüência de luz ultravioleta que entrava em ressonância com a assinatural espectroscópica do micróbio. Esses dois comprimentos de onda produzidos, interferiam entre sí ao se misturarem. O resultado dessa interferência era, com efeito, uma terceira onda, mais longa, que ficava dentro do espectro visível da radiação eletromagnética. Foi assim que Rife tornou os inivisíveis micróbios visíveis sem matá-los, um feito que os atuais microscópios eletrônicos não conseguem igualar.Esta conversa toda acima é para falar que o cabra tinha um microscópio ótico que ampliava 60.000 vezes.
Primeiro ponto: a física prova (não importa quão genial seja o inventor, isto não será mudado) que uma radiação eletromagnética só pode identificar dois pontos como sendo distintos, se a distância entre eles for maior que o comprimento da radiação empregada. Para a luz visível isto vai até 2.000 vezes, para o ultravioleta vai talvez a 5.000 vezes, nunca a 60.000 vezes! O tal Rife afirma que o microscópio dele “via” coisas vivas, então tinha que ser iluminado com luz (visível ou ultravioleta) e não com elétrons.
Segundo ponto: ele afirma que o ultravioleta não é visível, e portanto ele usava o recurso da ressonância para visualizar os objetos (vírus e outros) que ele examinava. As duas coisas estão certas, mas é preciso lembrar que a luz emitida por esta ressonância tem sempre comprimento de luz maior do que a radiação incidente (o próprio texto revela isso), portanto, menos poder de separar objetos próximos. Muitos organismos e moléculas fluorescem naturalmente, e é disso que o autor, de forma elíptica e retórica, fala. Ocorre que o conhecimento deste fenômeno é muito antigo e já foi aproveitado em microscopia. Mas só ganhou contornos de uso comum quando se começou a usar marcadores fluorescentes, isto é, moléculas ligadas a fluoróforos que por sua vez se ligavam especificamente a certos componentes celulares (ou virais, ou do espaço intercelular) para se transformar na microscopia confocal que temos hoje, uma versão muuuuuuito melhorada da proposta simplória do Rife. Mas mesmo a microscopia confocal (que usa vários, se não todos, os princípios enumerados pelo Rife) não consegue ampliar mais do que o limite definido pela física (usualmente 2000 X).
Para ter uma idéia das imagens, olhe o site
http://www.feinberg.northwestern.edu/cif/lsm510.htm .
Outro trechinho do site:Não obstante, muitos cientistas e doutores têm, desde então, confirmado a descoberta de Rife do vírus do câncer e sua natureza pleiomórfica, usando técnicas de “dark field”, o microscópio Naessens e experiências em laboratório.
Há coisas certas e outras nem tanto. A descoberta do vírus do câncer é atribuída a vários pesquisadores, e não a um só. A natureza pleiomórfica dos vírus (não só o do câncer) é bem conhecida, mas não se reflete na sua estrutura física, e sim na organização genômica e na forma como os vírus expressam seus genes e modificam suas proteínas. As técnicas de campo escuro (dark field) não são capazes de mostrar vírus, a menos que eles estejam envoltos com muito material do hospedeiro (fragmentos de membrana da célula hospedeira e coisas assim). O tal microscópio Naessens é essencialmente igual ao do Rife, e da mesma forma, posto em dúvida e declarado fraude por quase todo mundo. É claro que experimentos de laboratório confirmam o pleiomorfismo: que mais poderia confirmar, a inspiração divina?
Deste ponto em diante:Por meio do aumento da intensidade de uma freqüência que entrava naturalmente em ressonância com esses micróbios, Rife ampliava suas vibrações naturais até que eles se distorcessem e se desintegrassem por fadiga estrutural. Rife chamava essa freqüência de “the mortal oscillatory rate” (taxa de oscilação mortal) ou “MOR” e ela não causava qualquer dano aos tecidos adjacentes
O site envereda pela teoria de que o aumento da energia da freqüência de ressonância é capaz de destruir o objeto ressonante. E dá como exemplo um copo de cristal destruído pelo som. De novo, há aí coisas certas e erradas (faça uma mistura equilibrada de verdades e mentiras, e você consegue convencer qualquer um de qualquer coisa, veja o Ciro Gomes com a transposição do São Francisco, por exemplo).
Primeiro, o som não é uma radiação eletromagnética e o exemplo já começa mal.
Segundo, a radiação incidente tem que atingir o alvo, e os vírus estão dentro de células, por trás da pele e de outros tecidos. As radiações que conseguem penetrar nos tecidos estão todas na faixa dos raios X ou mais intensas ainda, e nada têm a ver com as radiações visíveis ou UV de que ele falava antes.
Terceiro, a ressonância só ocorre se não há outros fatores de atenuação envolvidos, que dispersem a energia, o que não é definitivamente o caso no ambiente celular.
Quarto: o objeto (ou vírus) deveria ser composto todo de uma mesma substância, o que não é o caso da maioria dos vírus, mesmo se levarmos em conta só o capsídeo (a casca deles). Só os vírus filamentosos e bacteríofagos são tão simples, os nossos vírus estão longe disso.
Quinto: para tristeza de todos, muitos dos nossos vírus (inclusive o perigoso HPV) deixam de existir como quase cristais e integram o seu DNA em nosso DNA, de forma que desaparecem completamente do alcance da técnica que é citada no site.
O texto depois se alarga numa discussão estéril de coisas que aconteceram há muitos anos e não têm mais como ser investigadas a não ser lá nos EUA. Nem vou comentar.
Minha análise final é a seguinte: mais uma técnica sem fundamento para engambelar aqueles que estão desesperados (e isso se aplica ao câncer ou a qualquer outra doença, e mesmo aos problemas humanos mais triviais, como falta de dinheiro, calvície, gordura, etc.
Em resumo – exatamente como eu esperava, ao consultar o Dr. Andrade – mais um exemplo de misturar fatos científicos não relacionados entre si e aparecer com “curas milagrosas”.
E, aí, me aparece o Physics News Update n° 777 (ver dois artigos atrás) com uma matéria sobre o uso de laser de extremo ultravioleta para observar objetos da ordem de dezenas de nanômetros.
Aí você para e pensa nos seguintes exemplos:
• Voltaire, em um artigo, relatava o hábito que as mães turcas tinham de, quando surgia uma epidemia de varíola, levar seus filhos à casa dos sobreviventes, na fase de “seca” da doença, e esfregar a pele das crianças contra as chagas em processo de cicatrização. Mas os médicos franceses desprezavam essa “crendice” de um “povo atrasado e supersticioso” como os Turcos. Pasteur e todas as noções sobre micro-organismos ainda estavam séculos à frente e “vacina” era um conceito totalmente desconhecido.
• Quando Amedeo Avogadro raciocinou que um mesmo volume de qualquer gás, em iguais condições de temperatura e pressão, deveria conter o mesmo número de moléculas, não se sabia direito o que eram “moléculas” ou “átomos”.
• A mesma coisa aconteceu com Mendeleyev e sua Tabela Periódica de Elementos. Ela foi baseada no cálculo do “peso atômico” dos elementos (quando nem se imaginava a existência de isótopos) e só foi devidamente esclarecida com o advento da mecânica quântica.
Será que o “crackpot” do Rife tinha algum fundo de razão? Será que ele realmente disse que podia enxergar os micróbios, ou será que disseram que ele disse? Existe uma técnica para cessar o crescimento de tumores malignos que “queima” com laser as células cancerosas periféricas do tumor. Isso teria alguma relação com os estudos de Rife?
A primeira coisa que o Dr. Andrade “passa batido” – porque é um fato tão conhecido que nem precisa mencionar – é que a técnica de Laser é muito posterior aos experimentos de Rife. Como é que ele conseguiria um feixe coerente de ultravioleta de forma a “mirar” em uma única bactéria? Que pontaria, né?… (Também, com uma acuidade visual como a dele – que conseguia “ver” vírus que ninguém mais conseguia ver…)
A segunda é que a nanotecnologia necessária para construir um microscópio, tal como o descrito no PNU n° 777, é extremamente recente. Com as válvulas e botões do tempo de Rife (e aqueles mostradores de ponteirinho), conseguir o grau de acurácia reivindicado é simplesmente impossível.
O Dr. Andrade fala de uma “técnica sem fundamento”. Eu acho que é coisa pior: é uma aldrabice com falsos fundamentos. Coisa que pessoas razoavelmente ignorantes – tais como yours truly – podem até ser convencidas de que realmente são fundamentadas, se derem meia dúzia de fontes de referência suficientemente vagos e não inter-relacionados, contendo as poucas “verdades” que formam uma grande mentira.
The Crackpot Index
Eu juro que pedi ao Professor John Baez a devida permissão para traduzir a página “The Crackpot Index”. Eu imagino que ele deve estar ocupado com coisas mais sérias do que responder a um “crackpot” brasileiro, de modo que mesmo sem a autorização, lá vai a tradução…
O Daniel, quando eu contei para ele que ia fazer essa tradução, me perguntou como eu ia traduzir “Crackpot”… Depois de muito pensar (quem foi o engraçadinho que falou “coitados dos vizinhos! o cheiro deve ter sido insuportável!”?) , eu me decidi por usar o termo “biruta”. Assim, o “Crackpot Index” virou:
O Índice de Birutice
de John Baez
Um método simples para classificar as contribuições potencialmente revolucionárias para a física:
1. Um crédito inicial de 5 pontos.
2. 1 ponto para cada declaração sobre a qual a maioria concorde que é falsa.
3. 2 pontos para qualquer declaração que seja claramente irrelevante.
4. 3 pontos para qualquer declaração que seja logicamente inconsistente.
5. 5 pontos para cada uma dessas declarações que, após uma correção cuidadosa, o autor insista em teimar.
6. 5 pontos para o emprego de uma experiência teórica que contradiga os resultados de uma experiência real largamente acreditada.
7. 5 pontos para cada palavra escrita toda em maiúsculas (exceto para os que têm teclados defeituosos).
8. 5 pontos para cada menção de “Einstien”, “Hawkins” ou “Feynmann”.
9. 10 pontos para cada afirmação de que a mecânica quântica é fundamentalmente errônea (sem provas concretas).
10. 10 pontos para afirmar que você freqüentou uma Faculdade, como se isso fosse uma prova de sanidade mental.
11. 10 pontos por começar a descrição de sua teoria, dizendo há quanto tempo você vem trabalhando nela.
12. 10 pontos para enviar sua teoria para alguém que você não conhece pessoalmente e pedir que não fale dela a ninguém, por medo de que suas idéias sejam roubadas.
13. 10 pontos para oferecer um prêmio em dinheiro para quem comprovar ou encontrar inconsistências em sua teoria.
14. 10 pontos para cada nova expressão que você inventar e usar sem definí-la adequadamente.
15. 10 pontos para cada declaração do tipo “eu não sou bom em matemática, mas minha teoria é conceitualmente correta, então, tudo que é preciso é que alguém exprima isso em equações”.
16. 10 pontos por argumentar que uma teoria corrente, bem estabelecida, “é apenas uma teoria”, como se isso fosse um argumento contra ela.
17. 10 pontos por argumentar que, embora uma teoria corrente, bem estabelecida, preveja os fenômenos corretamente, ela não explica “por que” eles ocorrem, ou não consiga explicar um “mecanismo”.
18. 10 pontos para cada comparação favorável de você com Einstein, ou qualquer argumento de que a as Teorias da Relatividade, Especial e/ou Geral, são fundamentalmente erradas (sem provas concretas).
19. 10 pontos por afirmar que seu trabalho é a “ponta de lança” de uma “mudança de paradigmas”.
20. 20 pontos por me enviar emails e reclamar do meu “Índice de Birutice” (E.g: dizer que ele “suprime o pensamento original” ou que eu escrevi errado “Einstein” no item 8.)
21. 20 pontos por sugerir que você é um candidato ao Nobel.
22. 20 pontos por cada comparação favorável entre você próprio a Newton ou por afirmar que a Mecânica Clássica é fundamentalmente errônea (sem provas concretas).
23. 20 pontos por cada emprego de obras de ficção científica ou mitos como se fossem fatos incontestes.
24. 20 pontos por defender-se mencionando ridicularizações (reais ou imaginárias) feitas a suas teorias anteriores.
25. 20 pontos por batizar alguma coisa com seu próprio nome (E.G, falar acerca da “Equação de Campo de Evans”, no caso de seu nome ser Evans.)
26. 20 pontos por falar acerca de como sua teoria é formidável, mas jamais explicar do que se trata.
27. 20 pontos por cada uso da expressão “reacionarismo tacanho”.
28. 20 pontos por cada uso da frase “auto-nomeado defensor da ortodoxia”.
29. 30 pontos por sugerir que uma figura famosa secretamente não acreditava em uma teoria que ele ou ela publicamente apoiava. (E.g., que Feynman era um secreto opositor da Relatividade Restrita, como se pode deduzir das entrelinhas de seus cadernos de notas quando ele era um calouro.)
30. 30 pontos por sugerir que Einstein, em seus últimos anos, estava inclinado a adotar as idéias que você agora advoga.
31. 30 pontos por afirmar que suas teorias foram desenvolvidas por uma civilização extraterrestre (sem provas concretas).
32. 30 pontos por alusões a um retardo em seu trabalho, durante o tempo em que você descansava em um asilo, ou referências ao psiquiatra que tentou convencê-lo a abandonar sua teoria.
33. 40 pontos por comparar os que discutem contra suas idéias com Nazistas, tropas de choque ou camisas pardas.
34. 40 pontos por afirmar que o “establishment científico” está empenhado em uma conspiração para impedir que seu trabalho obtenha sua merecida fama, ou coisa assim.
35. 40 pontos por se comparar a Galileu, sugerindo que uma Inquisição atual está empenhada em perseguí-lo, e por aí a fora.
36. 40 pontos por afirmar que, quando sua teoria for finalmente reconhecida, a ciência de hoje em dia será vista como a farsa que ela realmente é. (30 pontos adicionais por fantasiar acerca de julgamentos públicos, nos quais os cientistas que ridicularizaram você serão forçados a se retratar.)
37. 50 pontos por afirmar que você tem uma teoria revolucionária, mas não fazer qualquer previsão concretamente testável.
© 1998 John Baez
Esta avaliação, com as necessárias adaptações, serve para qualquer “teoria revolucionária” em qualquer ciência. Eu, honestamente, recomendo que, se você tem uma teoria dessas, examine sua pontuação atentamente.
Physics News Update n° 777
PHYSICS NEWS UPDATE
O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 777, de 18 de maio de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi
PHYSICS NEWS UPDATE
MICROSCÓPIO DE EXTREMO-ULTRAVIOLETA CONSEGUE UMA RESOLUÇÃO RECORD. Na próxima semana, na Conferência sobre Lasers e Eletro-Óptica – Conferência sobre Eletrônica Quântica e Ciência de Laser, na Califórnia, Courtney Brewer da Universidade do Estado do Colorado e seus colegas vão apresentar um sistema de bancada óptico de obtenção de imagens com o poder de revelar detalhes menores do que 38 nanômetros (bilionésimos de metro), um recorde mundial para um microscópio óptico compacto com fonte de luz. O microscópio pode inspecionar detalhadamente dispositivos de escala nanométrica, projetados para eletrônica e outras aplicações. Ele será capaz de detectar sutís defeitos de manufatura nos atuais circuitos de computador ultra-miniaturizados, nos quais defeitos com apenas 50 nm que, até agora, eram pequenos demais para gerar problemas, mas que poderiam causar desastres nas atuais dimensões nanométricas dos chips de computadores. Exceto por alguns detalhes “high-tech”, o microscópio funciona de maneira muito similar a um microscópio óptico convencional. A luz brilha através da amostra em exame. A luz transmitida é coletada em uma “placa de zona de objetiva” que forma uma imagem em um detector CDD, o mesmo tipo de dispositivo que grava as imagens em uma câmera digital. Entretanto, no caso do microscópio-sub-38nm, existem alguns truques tecnológicos. O microscópio usa um laser que produz luz no espectro do extremo ultravioleta (EUV), cujos comprimentos de onda extremamente pequenos tornam possível ver pequenos detalhes em uma amostra. A luz EUV é criada pela ablação (vaporização) da superfície de um material-alvo de prata ou cádmio, de forma a que o material vaporizado forme um plasma (uma coleção de partículas carregadas) que irradiam a luz laser. Para focalizar essa luz, os pesquisadores não usam lentes convencionais, porque estas absorvem a maior parte da radiação EUV. Em lugar delas, o microscópio usa “placas de zona difrativas”, estruturas que contém anéis concêntricos com espaçamento nanométrico, que focalizam a luz da maneira desejada. Outros microscópios ópticos do “estado-da-arte” já obtiveram rescoluções de até 15 nm, mas estes precisam de grandes sincrotrons. Este sistema mais compacto e menos dispendioso tem potencial para se tornarem mais largamente disponíveis para pesquisadores e indústrias. Além disso, uma vez que os laser de extremo-ultravioleta produzem pulsos de luz de duração muito curta (4 psicossegundos – trilhonésimos de segundo), os pesquisadores acreditam ser possível criar “instantâneos” na escala de psicossegundos de importantes processos em outras aplicações (Paper CME4, www.cleoconference.org)
FRICÇÃO À DISTÂNCIA, a fricção entre objetos próximos que não estão em contato, ainda não é bem compreendida. Seppe Kuehn e seus colegas em Cornell estão decididos a mudar isso. Em primeiro lugar, o que significa contato? Kuhen sugere que, quando dois objetos estejam separados por menos do que cerca de 1 nanômetro, eles podem ser ditos “em contato”. Pode-se pensar na fricção de contato como sendo um micro-processo do tipo “velcro” — os “montes” atômicos em uma superfície raspam através de “vales” atômicos da outra superfície. Para observar a fricção sem contato, a fricção entre duas superfícies separadas por mais de 1 nm, os pesquisadores de Cornell usam um pequeno microcantiléver mono-cristal, com menos de um milímetro de comprimento e com poucos milhares de átomos de espessura. Baixado verticalmente em direção a uma superfície e posto em movimento, o cantiléver vai frear em razão direta da fricção que sentir da superfície abaixo. Surpreendentemente, a fricção entre o cantiléver e a amostra depende da composição química da amostra. Estudando a dependência entre a fricção sem contato e a composição química da amostra, os cientistas de Cornell obtiveram a primeira detecção direta e mecânica da fricção sem contato, que surge dos fracos campos elétricos causados pelo movimento das moléculas nas amostras. As amostras incluiram vários materiais polímeros. Este trabalho é motivado por esforços recentes para a obtenção de Imagens por Ressonância Magnética (MRI) de moléculas singelas, que necessitam da detecção de forças muito pequenas e têm sido frustradas pela fricção sem contato. (Kuehn, Loring, Marohn, Physical Review Letters, 21 de Abril de 2006)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.
Lembranças de uma Estrela Distante
Esta materia foi postada na Comunidade “Astronomia!” do Orkut em 28/04/06, pela personagem Vanessa Love Schrick (não… eu não vou dar o link para a home-page dela… quem quiser que procure).
Lembranças de uma Estrela Distante… 28/04/2006 19:13
Os Dogon, povo tribal da África Ocidental, intrigam os estudiosos pelo conhecimento que têm do universo e pela precisão de suas noções de astronomia.
Como muitas tribos africanas, os Dogon, da República do Mali {antigos Sudão francês}, têm passado obscuro. Sabe-se que se fixaram no planalto Bandiagara, onde vivem até hoje, em alguma época entre os séculos XIII e XVI. Essa região localiza-se a cerca de 500 quilômetros ao sul de Timbuktu e durante a maior parte do ano é desolada e árida. Entre formações rochosas e desfiladeiros, os Dogon construíram seus vilarejos com casa de barro e palha. Seu modo de vida quase não mudou ao longo dos séculos.
Em princípio, não há nada de extraordinário nessa descrição. Para uma tribo “primitiva” e que vive isolada, não deixa de ser espantoso o conhecimento de astronomia. Os Dogon sabem, por exemplo, que Sirius, a estrela mais brilhante do céu, tem uma estrela vizinha, Sirius B, invisível a olho nu {ela está a 11′ da alfa, chamada de Sirius A, e só pode ser observada com auxílio de um telescopio de 320 milimetros}. Contam que é pequena e pesada {sua massa é 36.000 vezes mais densa que a do Sol e 50.000 vezes mais pesada que a da água}. O mais curioso é que os astrônomos nem sequer suspeitavam da existência dessa estrela até meados do século XIX. Uma descrição detalhada de Sirius B só foi feita em 1920 e sua primeira imagem fotográfica data de 1970. E são justamente as informações sobre ela que constituem o fudamento da mitologia dos Dogon. Tal povo cultua Sirius B em seus rituais secretos, representa-a em desenhos na areia, em sua arquitetura sacra, em esculturas e nas estampas dos cobertores, cujos padrões datam de centenas ou talvez de milhares de anos. O mundo ocidental tomou conhecimento da crença dos Dogon por intermédio do trabalho de dois respeitados antropólogos franceses, Marcel Griaule e Germaine Dieterlen. Em 1931, eles decidiram realizar um estudo profundo sobre esse povo. Durante 21 anos conviveram com a tribo.
O trabalho dos dois antrpólogos deixa patente que a crença dos Dogon se baseia num conhecimento profundo de astronomia. Sirius A e os astros e planetas que orbitam em torno dela constituem a referência fundamental de sua cosmovisão. Sirius B, a principal estrela vizinha, é feita de matéria mais pesada que qualquer elemento existente na Terra e seu movimento se dá numa orbita elíptica de cinquenta anos. Os dogons chamam essa estrela de “Po tolo” – referência ao grão de um cereal originário da nascente do rio Níger, cujo peso parece desproporcional a seu tamanho. Já na primeira metade do século XIX, os astrônomos do ocidente verificaram que algo curioso acontecia em torno de Sirius. Notaram, inicialmente, que o movimento da estrela não ocorria em linha reta, mas apresentava oscilações. O fato só poderia ser explicado pela existencia, perto dela, de outra estrela, cujo campo gravitacional atuasse sobre seu movimento. Em 1862, o americano Alvan Graham Clark, ao realizar testes com um novo telescopio, descobriu essa estrela e chamou-a de Sirius B. Após a primeira observação das peculiaridades de Sirius, passaram-se mais de cinqüenta anos até que se chegasse a uma conclusão sobre a estranha capacidade de um corpo tão pequeno exercer atração tão intensa. O responsável pelo esclarecimento foi Arthur Eddington, astrônomo e físico inglês que, na década de 1920, formulou a teoria das estrelas anãs brancas, ou seja, estrelas que no fim da vida, contraem-se e tornam-se superdensas. A descrição do fenômeno coincide com a versão dos Dogon.
“Permanece sem solução o problema de saber como esses homens, sem dispor de nenhum instrumento, podiam conhecer os movimentos e certas características de estrelas virtualmente invisíveis”.
Os Dogon conservaram uma antiga sabedoria que incluía não só informações sobre Sirius B, mas tambem sobre nosso sistema solar. Diziam que a Lua era “seca e morta”. Desenhavam o planeta Saturno com seus aneis, {há dois outros casos conhecidos de tribos que possuem essa informação}. Sabiam que os planetas giram ao redor do Sol e que a Terra gira em torno de seu próprio eixo. Em sua arquitetura sacra havia gravações dos movimentos de Vênus. Mencionavam as quatros “luas principais” de Júpiter – os quatros satelites descoberto por Galileu Galilei {1564-1642}. Que existe um número infinito de estrelas e que uma força em forma de espiral envolve a via-láctea, à qual a Terra está ligada. No caso particular de Sirius B, no entanto, os argumentos são irrefutaveis. Para simbolizar essa estrela, os dogons escolheram de forma deliberada o menor, embora mais importante, objeto que puderam encontrar: um grão de seu cereal básico. Para dar a ideia do peso do conteudo mineral de Sirius B, eles diziam: “Todos os seres da Terra reunidos não podem erguê-la”. A elipse em forma de ovo poderia ser interpretada como a representação do “ovo da vida”, ou algum outro símbolo desse tipo; porém os dogons insistiram que se tratava de uma orbita – fato astrônomico descoberto pelo alemão Johannes Kepler {1571-1630} no século XVI, mas certamente desconhecido por tribos africanas sem instrução. Além disso, eles situavam Sirius em sua posição exata dentro de órbita, isto é, no ponto focal, próximo à margem da elipse, e não no centro, como seria natural.
Esse povo conhecia realmente astronomia?
O mais curioso como teve acesso a esse conhecimento? Ainda é um misterio….
Na página da WikiPedia em inglês sobre o Povo Dogon encontra-se a seguinte argumentação, refutando o mistério (explorado pelo inglês Robert Temple, em seu livro The Sirius Mystery de 1975):
• O astrônomo Carl Sagan lida com o assunto em seu livro “Broca’s Brain” (1974), onde declara que existem muitos problemas com a hipótese, levantada por Temple (de que os Dogons teriam tido contato com civilizações extraterrestres, no estilo “Deuses/Astronautas”). Como exemplo Sagan menciona que os Dogon não parecem ter conhecimento de um outro planeta, além de Saturno, que tenha anéis, o que significaria que seu conhecimento teria origem européia e não extraterrestre.
• Outro astrônomo, Ian Ridpath, publicou um artigo no “The Skeptical Inquirer (1978), apontando diversos erros no livro de Temple. Ridpath declarou que, embora as informações que os Dogon provavelmente obtiveram de europeus, pareçam muito com os fatos sobre Sirius, o presumível conhecimento dos Dogon sobre o planeta é muito diferente dos fatos.
• James Oberg colecionou diversas alegações referentes à mitologia dos Dogon, no capítulo 6 de seu livro UFO’s and Outer Space Mysteries (1982), em seu capítulo 3. De acordo com Oberg, o conhecimento astronômico dos Dogon parece o conhecimento e as especulações do fim da década de 1920. Os Dogon poderiam ter obtido seus conhecimentos de astronomia de europeus visitantes, antes que sua mitologia fosse pesquisada em 1930. Oberg também observa que os Dogons não eram uma tribo isolada, portanto não era sequer necessário que estrangeiros informassem-nos dobre Sirius: eles poderiam ter obtido essas informações em outros lugares e as repassado a sua tribo, posteriormente. Dessa forma, quando Temple visitou os Dogon nos anos 1970, eles já teriam um grande contato com o mundo ocidental e teriam tido tempo de incorporar Sirius B a sua religião.
Pode ser… O que não fica claro, de maneira nenhuma é:
1 – Por que os Dogon – já que estiveram expostos a outras civilizações (não só a européia, mas os pretensiosos europeus não se lembram de que existem outras civilizações, muitas delas muito mais anitgas do que a porcaria da Europa) e, provavelmente, a uma intensa tentativa de cristianização ou maometização, foram incorporar a sua mitologia um fato obscuro da astronomia da década de 1920.
2 – Por que esse e não outro mito, foi tão prontamente incorporado à mitologia de um povo africano, enquanto diversas outras crenças – para os Dogon igualmente fantasiosas, como, por exemplo, os “canais” e a “moribunda civilização Marciana” (então em plena voga, segundo os devaneios de Schiaparelli) – não levantaram qualquer interesse.
3 – Por que – com seiscentos diabos! – um povo, entre todos os existentes na África Equatorial, foi criar uma mitologia nova em folha na década de 1920 e abandonar sua própria mitologia milenar.
Esse é o “modo europeu” de fazer ciência: se os europeus não sabem, ninguém mais pode saber. E se alguém sabe, foram os europeus que ensinaram…
Não vem ao caso se os “Deuses” eram ou não astronautas: bastou um adepto dessa tese (por falar nisso: européia) usar como exemplo o mistério dos Dogon, que, imediatamente, tratam de varrer o mistério para debaixo do tapete.
Se isso é “ciência”, eu sou um bule de chá…
Atualizando em 07/05/2006
O Mike Britto, da Comunidade “Astronomia!” do Orkut, apresentou uma contra argumentação bastante válida, que reproduzo abaixo:
Não precisa ir longe.
Os erros de conceitos na “crença” dos dogons, não só indicam que o conhecimento veio da europa… como também indicam que veio por meio de fontes não totalmente aprofundadas em física.
Contam que é pequena e pesada {sua massa é 36.000 vezes mais densa que a do Sol e 50.000 vezes mais pesada que a da água}.
“Massa mais densa”? “mais pesada do que qual quantidade de água”? Isso não só tem cara de contato cultural… como tem cara de contato cultural “mal aprendido”.
Tal povo cultua Sirius B em seus rituais secretos, representa-a em desenhos na areia, em sua arquitetura sacra, em esculturas e nas estampas dos cobertores, cujos padrões datam de centenas ou talvez de milhares de anos.
Uma pergunta que uma pessoa de bom senso imediatamente faz: Onde estão essas representações? É centenas ou é milhares de anos? Isso normalmente não é conclusão de uma pessoa experiente em datações. Um datador experiente não fornece uma datação dessas (a precisão é menor que o intervalo).
Isso tá parecendo um belo de um chute sem nenhum rigor, dado talvez, por alguem que estivesse interessado em fabricar uma evidência.
O trabalho dos dois antrpólogos deixa patente que a crença dos Dogon se baseia num conhecimento profundo de astronomia. Quem tem um pouco de afinidade com argumentação lógica, normalmente para de ler o texto nessa frase.
O conhecimento mostrado não é profundo:
• É estagnado: eles misteriosamente passaram centenas de anos com um conhecimento equivalente a especulações da década de 20… e misteriosamente pararam aí. O que foi descoberto depois pela astronomia eles não sabiam.
• É mal aprendido: As confusões de conceitos são muito comuns… “massa mais densa”… “mais pesado que a água”.
Isso é exatamente o que acontece quando um conhecimento é trasmitido e não totalmente assimilado.
Vamos direto ao que é muito claro:
«1 – Por que os Dogon – já que estiveram expostos a outras civilizações e, provavelmente, a uma intensa tentativa de cristianização ou maometização, foram incorporar a sua mitologia um fato obscuro da astronomia da década de 1920.»
«2 – Por que esse e não outro mito, foi tão prontamente incorporado à mitologia de um povo africano, enquanto diversas outras crenças – para os Dogon igualmente fantasiosas, como, por exemplo, os “canais” e a “moribunda civilização Marciana” (então em plena voga, segundo os devaneios de Schiaparelli) – não levantaram qualquer interesse.»
Que os dogons cultuavam Sírius já era sabido. Isso não era nenhuma novidade… nem é nada demais… já que Sírius é a estrela mais brilhante do céu.
Então, eles passam tendo contato com todo tipo de cultura. Num determinado momento, eles têm contato com informações sobre exatamente o simbolo maior da mitologia deles. Alguma dúvida sobre o motivo que os levou a incorporarem essas informações tão rápido?
Isso explica 2 coisas muito importantes:
• o fato de incorporar informações específicamente sobre sírius… e não outras informações culturais com as quais tiveram contato.
• sugerir que a mitologia sobre sírius é antiga… mesmo porque, ela é. Mas na verdade, as evidências que apontam apenas para o conhecimento da estrela em si… e não de detalhes dela.
Se colocarmos os fatos de forma lógica:
• Provar que o culto a sírius é antigo, é completamente diferente de provar que o conhecimento de suas caracteristicas também seja.
• O que se vê na pesquisa de Temple, é uma tentativa falaciosa de usar o fato da Sirius ser objeto antigo de mitologia, como argumento para demonstrar que o conhecimento das caracteriscas de Sírius também sejam antigas.
«3 – Por que – com seiscentos diabos! – um povo, entre todos os existentes na África Equatorial, foi criar uma mitologia nova em folha na década de 1920 e abandonar sua própria mitologia milenar.»
Eles não abandoram.
Se vc prestar atenção a todo o contexto, verá que eles apenas incorporaram informação ao que já estava no topo da mitologia deles.
«Esse é o “modo europeu” de fazer ciência: se os europeus não sabem, ninguém mais pode saber. E se alguém sabe, foram os europeus que ensinaram…»
Falácia. Linguagem preconceituosa.
Isso não é argumento para afirmar que o conhecimento em questão não seja europeu.
Além do mais, o tempo demonstrou claramente que a conhecimento dos Dogons estagnou. Era igual ao europeu, naquela época. O conhecimento deles não deu um passo depois disso.
Agora, responda vc:
Porque diabos a astronomia continuou avançou e a cultura dogon não deu 1 passo sequer??
O conhecimento que os dogons têm hoje, é identico ao que tinham quando foram visitados por Griaule e Dieterlen.
E esse conhecimento, se comparado com a astronomia de hoje, está muito longe de poder receber o adjetivo de “preciso”.
Por que?
Atualizando em 16/5/06:
Os pontos levantados pelo Mike são, obviamente, pertinentes. Existem indícios fortes de que houve uma “contaminação cultural”. O que me deixa “doente” é que, quando Griaule e Dieterlen constatarm esta curiosidade, o fato foi deixado de lado, provavelmente porque a maioria dos antropólogos desconhecia o fato astronômico. E – o que importa o que pensa uma tribo perdida no meio da África sobre uma estrêla que é matéria de suas “superstições pagãs”?.
Foi necessário que outro europeu, com idéias “crackpot” sobre “Deuses Astronautas” chamasse a atenção para o fato, de maneira sensacionalista, para que os luminares da ciência prontamente descartassem qualquer outra possibilidade, que não fosse a “contaminação cultural” e com origem européia.
Às perguntas do Mike, eu respondo o seguinte:
1 – A cultura Dogon não se importava com os aspectos “científicos” da estrêla Sirius – apenas com os aspectos mitológicos associados a ela. Provavelmente, como você observou, por ser ela a estrela mais brilhante do céu. Os Dogons nunca foram “cientistas” e sua tecnologia ainda é bastante primitiva.
2 – Os conhecimentos atuais dos Dogon são identicos àqueles constatados pelos antropólogos. Mas ninguém se lembrou de perguntar, em 1930, de onde vinham e a quanto tempo os Dogons acreditavam nisso. Agora, em 2006, é fácil descartar a hipótese de outra fonte para esse conhecimento. Mas o fato é que, na época, ninguém pesquisou.
3 – O conhecimento está longe de ser “cientificamente rigoroso”, mas, volto a dizer, para os Dogon trata-se de “crença”, de “misticismo”, não de um fato essencial a seu dia-a-dia. Um conhecimento expresso dentro de suas limitações culturais, que, evidentemente, não incluem sequer cálculos de paralaxe.
Eu sempre me reporto a um artigo de Voltaire que relata que os turcos tinham por hábito levar suas crianças para junto dos sobreviventes da varíola e esfregar a pele das crianças nas chagas em processo de seca. E constatava que a varíola era muito menos letal entre os turcos do que em outras etnias. Mas, na época, Pasteur ainda estava longe de nascer e esse fato não tinha qualquer “respaldo científico”, de acordo com o “estado da arte” médica.
Não se deve aplicar a “Navalha de Occam”, antes de estarmos certos de que não foram os “Ídolos de Bacon” que afiaram seu gume.
Physics News Update n° 776
PHYSICS NEWS UPDATE
O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 776 de 2 de maio de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi
O MAR DE QUARKS VIRTUAIS que vibram dentro de cada próton de cada átomo, foi agora estudado com uma espantosa precisão em uma experiência realizada no Jefferson Lab. O resultado surpreendente é que os pares quark-antiquark que borbotam irresistivelmente, sendo criados e aniquilados, especialmente os de sabor Estranho, contribuem tão pouco para a vida do próton que os teóricos ficaram mais embatucados ainda com a questão básica: o que é um próton? A resposta mais simples sempre foi que o próton consiste de três quarks regulares (de valência), sempre presentes, mais um efervescente “mar de quarks” que brotam do vácuo, mais uma frota de glúons mediadores de força. Mas o velho aforismo: “o todo é maior que a soma de suas partes”, é particularmente verdadeiro para o próton. Some-se as cargas dos quarks de valência e se obtem a carga do próton. Até aí, tudo bem. Mas, some-se as massas dos quarks de valência e obteremos menos de 1% da massa do próton. O “Hall A Proton Parity Experiment” (HAPPEx) no Jefferson Lab espalha um feixe de elétrons de 3-GeV, a partir de uma esbelta garrafa térmica de Hidrogênio líquido, que fornece um alvo cheio de prótons, e de um alvo de hélio, que fornece prótons e nêutrons. Somente os eventos onde os elétrons se espalham elasticamente (eles não perdem nada de sua energia, mas são defletidos em um ângulo de 6 graus) são escolhidos para análise. Pode-se raciocinar que um elétron é espalhado por um próton por meio do envio de um fóton virtual (portador da força eletromagnética) ou de um bóson Z virtual (portador da força fraca) que examina o próton da mesma forma que uma luz brilhante, enviada e espalhada por um microscópio, examina uma bactéria. Neste caso, o comprimento de onda do “microscópio” do HAPPEx é escolhido com grande cuidado (por meio da fixação da energia dos elétrons e pelo posicionamento do detector) para ser igual ao tamanho do próprio próton – mais exatamente um fentômetro: 10-15m. Neste caso, o “microscópio” visualiza todo o próton de uma só vez. Ele não tenta “fotografar” o próton, mas tenta determinar o que o próton é na ocasião do espalhamento. Controlando-se a polarização (orientação do spin) dos elétrons e comparando-se os dados do espalhamento produzido pelos alvos de prótons e de Hélio, pode-se estabelecer separadamente as contribuições para o espalhamento da eletricidade, do magnetismo e da força fraca. E, a partir destas, deduzir o grau de presença dos “quarks do mar” nos prótons (encapsulado em um parâmetro chamado de fator de forma). O próton é nominalmente feito de dois quarks Up e um quark Down, e, desta forma, os outros quarks Up e Down do “mar” contribuem com pouquíssima coisa digna de menção. Assim sendo, uma sondagem do “mar” é, na verdade, um referendo sobre o status do quark Estranho – o próximo quark na escala de massa – dentro do próton. Teorias anteriores, apoiadas em alguns indícios experimentais mais grosseiros, apoiavam a idéia de que os quarks Estranhos poderiam responder por até 10% do momento magnético do próton. Um dos cientistas do HAPPEx, Paul Souder, de Syracuse, relatou no Encontro de Abril da APS, na semana passada em Dallas, que, com uma precisão muito maior, os quarks Estranhos podem responder por cerca de 1% da carga do próton e não mais do que 4% de seu momento magnético, e que, devido à incerteza experimental, ambos os valores são consistentes com zero. Em outras palavras, o próton é muito menos estranho do que se pensava. Além de ser a melhor exposição dos quarks do “mar”, o HAPPEx é notável por três razões: é o emprego de um feixe de elétrons polarizados com maior controle; fornece a melhor medição, até agora, do espalhamento dos elétrons com seus spins apontados ao longo ou ao contrário do eixo de movimento, o que, por sua vez, fornece uma medição da força relativa do espalhamento eletromagnético e da força fraca, com um valor de cerca de 10-7; e chega a uma medição rudimentar de 20 attometros (nota do tradutor: 1am = 10-18m) para a distância entre um quark do “mar” e seu aniquark gêmeo, dentro do próton.
GANHO-SEM-INVERSÃO EM LASERS, EM UM SÓLIDO. Antigas descrições dos lasers enfatizavam que a maioria dos átomos participantes de um meio laser precisava ter passado por uma “inversão de população”. Isto é, a maioria dos átomos teriam que estar em um estado excitado, para que fossem melhor estimulados a emitir luz e contribuir para um crescente pulso de luz laser. Mas esse “ganho” pode ser conseguido sem inversão. Experiências mostraram que, mediante o controle de coerência dos elétrons em átomos em estado fundamental (“ground state”), através de um processo chamado transparência eletromagneticamente induzida, os elétrons podem, em sua maioria, serem impedidos de absorver a luz laser que é criada entre um pequeno número de átomos na amostra, estes sim, em estado excitado. Este fenômeno de “ganho-sem-inversão” (“gain-without-inversion” – GWI) foi agora demonstrado em um material sólido, pela primeira vez. Em uma apresentação, semana passada, na Conferência do Instituto de Física de Matéria Condensada e Física dos Materiais, em Exeter (Grã-Bretanha) Chris Phillips, do Imperial College, disse que seu laboratório conseguiu GWI em um dispositivo de nanoestruturas de semicondutores — com efeito, átomos artificiais. Não só o ganho, como a diminuição da velocidade da luz, podem ser obtidos a partir do dispositivo em estado sólido do Imperial College, tornando-o possivelmente útil para aplicações futuras em informação quântica. (Ver, também, Frogley et al., Nature Materials, Março de 2006)
CORREÇÃO. Nós erramos por 39 ordens de grandeza: no PNU n° 775, a densidade de energia máxima obtida pelo RHIC, em colisões de alta energia, é de 15 GeV por fentômetro cúbico, não por centímetro cúbico.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.
Physics News Update n° 775
PHYSICS NEWS UPDATE
O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 775 de 26 de abril de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi
À PROCURA DE UMA BRECHA NO UNIVERSO, na forma de um campo muito fraco, percolando o Cosmos, um que exerça uma força sobre o spin do elétron, que seria o equivalente ao fim da invariância de Lorentz. A invariância de Lorentz é a proposição que declara que as leis da física são as mesmas para um observador em repouso sobre a Terra, ou para um que sofra um rotação de qualquer ângulo, ou ainda que esteja se deslocando a uma velocidade constante com relação ao observador em repouso. Um ingrediente importante na Teoria da Relatividade Especial, a invariância de Lorentz foi confirmada por diversos experimentos. Um novo experimento foi realizado na Universidade de Washington procurou por um tal campo anômalo e não conseguiu encontrá-lo, sequer em uma escala de energia da ordem de 10-21 eV. Este é o experimento de maior acurácia já conduzido até agora (100 vezes mais preciso que o anteiror) sobre efeitos que poderiam violar a invariância de Lorentz, envolvendo elétrons. O trabalho de Washington, relatado, nesta semana, no encontro de Abril da Sociedade Americana de Física (APS) em Dallas por Claire Cramer, faz parte de uma corrente bateria de testes, realizado com uma aparelhagem, flexível e sofisticada, de balança de torção. No caso presente, monta-se um pêndulo com blocos cujo magnetismo se origina tanto do movimento orbital de um elétron em torno do núcleo, como do spin intrínseco do próprio elétron. Mediante a cuidadosa escolha e disposição dos blocos, pode-se criar um dispositivo que tenha magnetização nula, mas ainda tenha um spin eletrônico total diferente de zero. Cramer se refere a essa condição como um “dipolo de spin”, análogo ao caso de um dipolo elétrico, um objeto com carga total zero, mas que, por causa de uma assimetria na disposição das cargas positiva e negativa, tem um campo elétrico definido. A existência de uma força com uma direção preferencial, violando a invariância de Lorentz, relacionada ao spin do elétron, teria aparecido na forma de um pequeno desvio na rotação do pêndulo. Conclusão: qualquer campo quase-magnético dessa natureza terá que ter uma intensidade menor do que um femtogauss. Na reunião da APS, Eric Adelberger, chefe do grupo de Washington, fez um sumário de outros esforços em andamento em seu departamento, tais como a procura por indícios da existência de outras dimensões extra, na forma de divergências com a gravidade newtoniana (por exemplo, da razão inversa do quadrado da distância) em uma escala de dezenas de microns. De fato, ele declarou que alguma coisa estranha está acontecendo na escala de cerca de 70 microns, mas admitiu que a explicação mais provável seja uma imprecisão intrínseca do experimento.
PLASMA DE QUARKS-GLUONS —: TERÁ SIDO OBSERVADO? Barbara Jacak da Universidade Stony Brook é membro da equipe PHENIX, uma das quatro que compõem a colaboração que estuda a colisão em altas energias de núcleos de Ouro no Colisor Relativístico de Íons Pesados (RHIC) de Brookhaven. Durante uma palestra, na reunião da APS desta semana, Jacak argumentou que os novos dados experimentais fornecem indícios de que, nas colisões, os núcleos de Ouro, inclusive seus complementos de nêutrons e prótons, e todos os quarks e gluons que os constituem, são derretidos em um verdadeiro plasma de quarks e gluons. Este plasma possui a maior densidade de energia de qualquer substância produzida em um laboratório – até 15 GeV/cm³ (correção publicada no PNU n° 776: 15 GeV por fentômetro cúbico; não por centímetro cúbico). Na Reunião de Abril da APS do ano passado, todas as equipes do RHIC unanimemente concordaram que, nas colisões, era criado um peculiar líquido de quarks. Peculiar e inesperado: em lugar de um gás de quarks com interações fracas, a bola de fogo, decorrente da colisão de frente de dois núcleos, resultava em um líquido de quarks com interações fortes (http://www.aip.org/pnu/2005/split/728-1.html ). Mas isso não é a mesma coisa que afirmar que o fluido fosse um verdadeiro plasma. Para ser um plasma, os quarks deveriam ficar fora de seus costumeiros grupos de dois ou três; dois quarks (um par quark-antiquark) compõem um méson, enquanto que os agrupamentos de três quarks são chamados de bárions. Mésons e bárions são coletivamente chamados de hádrons. Uma das propriedades observadas dos hádrons é que eles têm “cor neutra” (tal como os átomos comuns são eletromagneticamente neutros), sendo a “cor” o nome-de-fantasia para o equivalente, em termos de força nuclear forte, da carga eletromagnética. Por exemplo, um próton normalmente consistiria de quarks de cores vermelho, azul e verde que (em termos de cores) somam zero. E, tal como um plasma elétrico é um no qual as partículas possuem cargas [eletromagnéticas], um plasma nuclear seria um no qual as partículas tivessem “cores”. Na Reunião de Abril do ano passado, foi apresentada a observação de que o material formava um líquido. De acordo com Jacak, estudos posteriores, ao longo deste último ano, forneceram – ao menos para ela e um crescente número de cientistas do RHIC – a prova necessária de que há um estado de plasma.
Um fato notável que apoia a idéia da formação de um plasma, é o fato – aparente nas últimas análises dos dados – de que os jatos de quarks “Charm” são suprimidos. Na bola de fogo são produzidos quarks “Charm”, embora em uma taxa muito menor do que os quarks leves (Up, Down e Strange). Por causa de seu peso, os quarks Charm (ou, para ser preciso, os jatos de hadrons que eles engendram) deveriam ser capazes de romper seu caminho para fora do plasma, para serem observados nos detectores externos – só que não são. O que parece estar acontecendo é isto: o plasma, constituído principalmente por quarks leves, está absorvendo ou engolfando os quarks pesados, através de frequentes e intensas interações. Como diz Jacak, é como se um rio caudaloso estivesse pegando as pedras do leito e empurrando-as junto com a corrente. Um rio de hádrons (quarks embalados em pacotes de cor neutra)não seria capaz de fazer isso tão prontamente como um rio de quarks livres.
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.
Physics News Update n° 774
O Boletim de Notícias de Física do American Institute os Physics, número 774, de 19 de abril de 2006, por Phillip F. Schewe, Ben Stein e Davide Castelvecchi
INDÍCIOS DE UMA MUDANÇA NA RAZÃO DAS MASSAS ENTRE PRÓTON E ELÉTRON apareceram em comparações entre o espectro do Hidrogênio gasoso, medidas em laboratório e o espectro de luz que vem de nuvens de Hidrogênio na distância de quasares. Este é outro teste acerca das, assim chamadas, constantes físicas que podem não ser absolutamente constantes. Por exemplo, a constância da Constante da Estrutura Fina (representada pela letra alfa), definida como o quadrado da carga do elétron, dividido pela velocidade da luz vezes a constante de Planck, vem sendo objeto de discussão (ver http://www.aip.org/pnu/1999/split/pnu410-1.htm ). Alguns testes mostram que ela está mudando, outros dizem que não. Isto é uma questão importante, uma vez que alfa estabelece a intensidade geral da força eletromagnética, a força que une os átomos. Similarmente, a razão entre as massas do próton e do elétron (representado pela letra mu) é importante no estabelecimento da escala da Força Nuclear Forte. Até agora, não existe uma explicação do porque a massa do próton deva ser 1.836 vezes a do elétron. Esta nova pesquisa, em busca de um valor variável de mu foi realizada por Wim Ubachs da Vrije Universiteit Amsterdam. Ele e seus colegas abordaram a tarefa, examinando o Hidrogênio gasoso em laboratório, realizando uma espectrocopia de ultra-alta definição na faixa quase inacessível do extremo-ultravioleta. Esses dados são comparados com precisas observações de espectros de absorção de Hidrogênio distante (que absorve a luz de quasares ainda mais distantes), realizadas pelo Observatório Europeu do Sul (European Southern Observatory – ESO) no Chile. O Hidrogênio astronômico é, essencialmente, Hidrogênio, tal como ele era a 12 bilhões de anos atrás, de forma que se pode procurar indícios de um valor mutante para mu. Por que a comparação? Porque a posição de uma linha espectral, em particular, depende do valor de mu; localize uma linha espectral precisamente (isto é, seu comprimento de onda) e você pode inferir um valor para mu. Dessa forma, os pesquisadores informam que eles observaram indícios de que mu diminuiu em 0,002% nesses 12 bilhões de anos. De acordo com Ubachs (www.nat.vu.nl/~wimu ), a precisão estatística de sua comparação espectroscópica está no nível 3,5 do padrão de desvios. (Reinhold et al., Physical Review Letters, 21 de Abril de 2006, website em www.nat.vu.nl/~laser)
ÓPTICA QUÂNTICA NUCLEAR. Normalmente o reino atômico, caracterizado por uma escala de energia da ordem de elétron-volts ou menos, está muito distante do reino nuclear, cujas energias são medidas em milhares e milhões de eV. Algumas interações de laser nos núcleos pode ser obtida indiretamente, usando-se luz para criar plasmas, cujas partículas secundárias, ou interagem com os núcleos, ou, em um terceiro estágio, produzem raios gama que, por sua vez, influenciam os estados nucleares. Os cientistas no Max-Planck-Institut fur Kernphysik agora estudaram como as atuais e futuras instalações de laser de raios-X poderão tornar possível uma intervenção direta dos lasers nos núcleos e como isso abrirá um novo ramo de óptica quântica. Fontes de Raios-X, tais como o dispositivo TESLA no laboratório DESY em Hamburgo, não só vão produzir feixes de alta energia e alta intensidade, como consistirão, ao menos parcialmente, de uma radiação coerente (tipo laser). Não é necessário luz coerente para excitar um núcleo, mas a coerência pode ser importante para exercer um maior controle sobre fenômenos ópticos, análogos aos dos sistemas atômicos. Os exemplos incluem excitar uma completa inversão de população de um núcleo alvo, ou mesmo a obtenção de algum tipo de “transparência eletromagnética induzida” nuclear. Um dos pesquisadores, Thomas Burvenich, diz que um benefício adicional da óptica quântica nuclear será a medição direta de fatos nucleares específicos, tais como os momentos dos dipolos nucleares e os níveis de energia dos núcleos. (Burvenich et al., Physical Review Letters, 14 de Abril de 2006; website do laboratório em http://www.mpi-hd.mpg.de/keitel/evers/ )
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.