Hildegarda de Bingen

No verbete desta semana você vai conhecer Hildegarda de Bingen, uma abadessa alemã que viveu no século XII. Aos oito anos de idade ela foi entregue pela família a carreira religiosa, o que lhe possibilitou acesso a uma ampla educação, algo que não era comum às mulheres na época. Se tornou magistra do mosteiro beneditino do qual fazia parte em 1136 e, alguns anos depois, começou a escrever seu primeiro livro. Como nos mostram Maria Cristina Martins e Edla Eggert, Bingen “fez parte de uma minoria de mulheres medievais que deixaram escritos literários, científicos e artísticos”. Sua produção foi vasta, além de escritora foi também compositora e sua contribuição se deu em diversas áreas, como a cosmologia, a medicina e a música. Entre suas obras de destaque estão aquelas nas quais a autora faz relatos a respeito de suas visões do plano espiritual: Scivias, Livro dos Méritos da Vida e Livro das Obras Divinas; um tratado de ciências naturais, intitulado Physica, e um tratado de medicina, intitulado Causas e Curas.

Maria Cristina da Silva Martins é professora associada do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da UFRGS, onde leciona latim e literatura latina. Atua em pesquisa, principalmente com os seguintes temas: latim clássico, latim tardio, latim medieval, filologia românica, filologia clássica e tradução comentada.

Edla Eggert é professora na Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PPGEdu e PPG de Teologia), PUCRS. Pesquisa temas da educação popular; da produção do conhecimento invisibilizado em atividades criadoras e artesanais; história da educação de mulheres e das resistências conscientes pela dignidade da vida das mulheres.

Venha conhecer mais sobre a vida e a obra de Hildegarda de Bingen. Leia o verbete aqui e acesse a entrevista com as autoras aqui.

Hildegarda de Bingen

(1098 – 1179) 

por Maria Cristina da Silva Martins,

Professora associada do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da UFRGS – Lattes

e Edla Eggert,

Professora da Escola de Humanidades da PUCRS – Lattes

PDF – Hildegarda de Bingen

Pintura de Santa Hildegarda, localizada em sua abadia, em Eibingen

Vida 

Hildegarda de Bingen, abadessa beneditina alemã, viveu numa época conhecida como o “Renascimento do Século XII”, de enorme progresso no campo cultural. Como abadessa, escritora e compositora fez parte de uma minoria de mulheres medievais que deixaram escritos literários, científicos e artísticos. Nasceu em Bermersheim, em 1098, e faleceu em Rupertsberg, em 1179. Foi contemporânea de Herrade de Landsberg (1125-1195), Heloísa de Argenteuil (1079-1142) e Elisabeth de Schönau (1129-1164), também abadessas de grande erudição, que igualmente deixaram escritos. Esta última endereçou à Bingen cartas muito comoventes, nas quais relatou suas visões, êxtases e sofrimentos. Santa Hildegarda, por sua vez, respondeu à abadessa de Trier, encorajando-a.

A Profetisa do Reno ou Sibila do Reno, como também é conhecida, destaca-se na literatura latina medieval pela quantidade e diversidade de sua produção escrita, que inclui, entre outros campos, cosmologia, medicina e música, disciplinas nas quais raramente contamos com a contribuição de mulheres. 

Décima e última filha de uma família nobre, foi oferecida a Deus como dízimo, e confiada, aos oito anos de idade, aos cuidados de Jutta Sponheim, madre superiora (magistra) do mosteiro beneditino misto de São Disibodo, que havia sido fundado recentemente. Jutta ocupou-se de sua educação até o momento em que morreu, em 1136, ano em que Hildegarda de Bingen foi eleita democraticamente para assumir esse posto. A partir do momento em que se tornou magistra, Bingen recebeu complementos para sua formação, por meio do monge Volmar, seu novo magister.

Não contamos com muitas informações sobre os primeiros anos de vida e de formação educacional da abadessa de Bingen. Uma obra anônima, cujo título é Vita domnae Iuttae inclusae [Vida da reclusa senhora Jutta] cita o nome de Hildegarda de Bingen. Refere-se a esta como uma discípula fiel que, por meio de uma revelação, afirmou que Jutta foi acolhida por um grupo de anjos quando deixara o seu corpo (Paz, 1999). É a partir da década de 1140 que contamos com mais dados sobre sua vida, quando ela começou a escrever suas obras e passou a inserir dentro delas informações autobiográficas. 

O livro Vita Sancte Hildegardis [Vida de Santa Hildegarda], conhecido sobretudo como Vita, é sua principal fonte biográfica. Foi escrito por dois monges, Godofredo de Disibodenberg e Teodorico de Echternach, entre 1173 e 1175, enquanto a abadessa ainda estava viva. Godofredo escreveu a primeira parte dessa obra, e Teodorico de Echternach assumiu a tarefa de terminá-la, concluindo-a em 1190, após a morte de Hildegarda de Bingen e de Godofredo. Entretanto, em Vita encontram-se fragmentos autobiográficos que foram publicados e comentados por Peter Dronke, em Women Writers in the Middle Ages [Mulheres escritoras na Idade Média, 1984, reimpr. 1991]. O livro Vita foi publicado pela CCCM (Corpus Christianorum Continuatio Mediaevalis, Brepols, 1993). 

Em Vita, denominação pela qual, na Antiguidade, costumava-se denominar uma biografia, destaca-se a passagem em que a própria Hildegarda de Bingen afirma ter vivenciado e experimentado visões desde os três anos de idade. Uma passagem autobiográfica bastante significativa é esta:

Nesta mesma visão compreendi os escritos dos profetas, dos Evangelhos e de outros santos, assim como de alguns sábios pagãos, sem ter recebido nenhum ensinamento humano; e expliquei alguns deles, ainda que tivesse um escasso conhecimento das letras, pois eu tinha sido educada por uma mulher inculta. E também produzi, sem nenhum ensino humano, cantos com melodia para louvar a Deus e aos santos, e os cantei, ainda que nunca tivesse aprendido nem as notas musicais nem as regras do canto”. (Vita (ed. Peter Dronke), 1991, p.232, apud Paz, 1999, p.20.)

Nessa passagem, Hildegarda de Bingen refere-se à sua mestra Jutta como uma indocta mulier “uma mulher inculta”. A atitude de desqualificação pessoal encontra-se também em Hildegarda de Bingen, que se declara como “não só como pobrezinha figura feminina, mas também inculta no magistério humano” (et ego paupercula feminea forma et humano magisterio indocta, conforme a Patrologia Latina de Migne, coluna 1055). O descrédito no potencial feminino está presente igualmente em outras mulheres de grande prestígio social e intelectual da Antiguidade Tardia, tais como Santa Paula, Santa Marcela (Martins, 2022) e Egéria (Martins, 2017). Ao nosso ver, essa conduta era adotada apenas para que elas fossem aceitas, com base na cultura da época, que levava em conta os preceitos de Paulo de Tarso, entre outros pensadores da Igreja, sobre o papel social das mulheres e a conduta de comportamento que deveriam seguir.

O século XII foi um tempo de inúmeras construções importantes, sobretudo as das catedrais góticas, na França. De fato, esse século ficou conhecido como o século das catedrais, do desenvolvimento das cidades e das Universidades. Hildegarda de Bingen nasceu nesse século que também foi marcado pelo final da Primeira Cruzada e início da Segunda Cruzada, entre os anos de 1147-1150, tempos de reafirmações institucionais e reordenamentos doutrinais. 

Os mosteiros orientavam-se de forma muito semelhante às regras de obediência hierárquica dos castelos, ocupando a nobreza, obviamente, uma posição privilegiada. Assim, os mosteiros precisavam prestar contas à nobreza de toda a sua estrutura, funcionamento e serviços prestados à comunidade. Suas construções possuíam uma estrutura similar às cidades muradas, ou seja, havia uma estrutura de estábulos, moinhos, fornos, espaços para produção de vinho e cerveja, oficinas para insumos agrícolas, escola, biblioteca, casa para hóspedes, hortas (uma para consumo de alimentos e outra para fins medicinais), igreja, hospital e cemitério. 

Entre 1147 e aproximadamente 1150, um grande empreendimento estava em andamento no coração dessa mulher autointitulada frágil e, simultaneamente, vigilante: ela planejava buscar um lugar exclusivo para suas monjas. Tratava-se de uma ordem divina e, para o espanto dos seus correligionários monges, a voz dos céus lhe anunciava que deveria sair do mosteiro misto de São Disibodo e rumar para Rupertsberg, um lugar próximo que ficava no cruzamento do rio Reno com o rio Nahe, perto do porto de Bingen, um lugar de grande circulação. Essa mudança foi requisitada através de cartas que a abadessa dirigiu ao Papa Eugênio III. Desde que esse Papa legitimou o texto do Sciuias para que a abadessa prosseguisse com sua escrita, passou também a incentivá-la em seus empreendimentos. A saída do mosteiro de Disibondenberg foi agitada, pois os monges sabiam que perderiam prestígio com a partida de Hildegarda de Bingen. Em Vita (apud Pernoud, 1986, p.25), consta que, em meio às controvérsias e negativas, ela adoeceu e assim permaneceu até que foi informada que o abade Arnold tinha autorizado o traslado das monjas para Rupertsberg. Segundo Feldmann (2009), imediatamente a abadessa se recuperou, como se estivesse esperando a notícia positiva. Segundo esse mesmo autor, vinte monjas acompanharam-na para a construção do mosteiro e lá trabalharam arduamente para erguer a igreja de São Ruperto (ou Roberto) e outras instalações, com a ajuda financeira da nobreza local. Hildegarda de Bingen escreveu a biografia de São Ruperto e de São Disibodo, respectivamente os santos padroeiros do primeiro mosteiro fundado por ela, assim como o do mosteiro misto do qual se retirou.

 Foi durante os anos de 1158 a 1163, quando o mosteiro de Rupertsberg já estava devidamente instalado, que a abadessa seguiu o chamado apostólico de viajar e pregar durante cinco anos, por meio de três grandes excursões. Viajou pelos rios Reno e Meno com paradas em vários mosteiros e em catedrais como as de Colônia e Trier (Tréveris). Suas pregações eram muito concorridas tanto entre os nobres como também entre a população campesina.

No ano de 1165, tamanha era a prosperidade do mosteiro de Rupertsberg em Bingen que Hildegarda de Bingen desejou fundar um segundo mosteiro, em Eibingen. Este existe até hoje, e é conhecido como Abadia de Santa Hildegarda, enquanto que o de Bingen foi destruído em 1632, durante a guerra dos Trinta Anos.

Mosteiro de Rupertsberg antes de sua destruição durante a guerra dos Trinta Anos. Gravura de cerca de 1620 (Fonte: Hildegarde de Bingen: sites historiques. Regenburg: Verlag Schnell & Steiner, 2014. ISBN 978-3-7954-8070-7)
Atual abadia de Santa Hildegarda em Eibingen (Fonte: https://abtei-st-hildegard.de/fran_abbaye/)

Detalhamento de algumas obras

O nome de Hildegarda de Bingen começou a ser mais difundido a partir da publicação de suas obras (quase) completas na Patrologia latina (PL), organizada por J. P. Migne. Essa publicação deu-se em 1855, ocupando as colunas de 1125 a 1352, do volume 197. Toda a sua obra, que abrange vários domínios do saber, foi escrita em latim. Segundo declarou a santa, tudo lhe foi revelado pela Luz Divina, à exceção das obras científicas e médicas, as quais a abadessa não diz ter recebido do alto; porém, não cita as suas fontes. No entanto, reconhecemos uma grande quantidade de leituras (de autores clássicos, neoplatônicos, traduções de árabes, etc) que teriam embasado o seu conhecimento (Moulinier, 1995).

Podemos dividir seus escritos pelos seguintes temas: (i) hagiografia: Vita Sancti Disibodi [“Vida de São Disibodo”], Vita Sancti Ruperti [“Vida de São Ruperto”]; (ii) trabalhos exegéticos: Solutiones triginta octo quaestionum [“Decomposições de trinta e oito questões”], Explanatio Regulae Sancti Benedicti [“Explicação da Regra de São Bento”], Explanatio Symboli Sancti Athanasii [“Explicação do Credo de Santo Atanásio”], Expositiones Evangeliorum [“Exposições dos Evangelhos”]; (iii) obras teológicas e místicas: Scivias (abreviação de Scito vias Domini [“Conheça os caminhos do Senhor”], Liber Vitae Meritorum [“Livro dos Méritos da Vida”], Liber Divinorum Operum [“Livro das Obras Divinas”]; (iv) medicina e ciências naturais: Physica [“Física”] e Causae et curae [“Causas e curas”]; (v) música e poesia: Symphonia Harmoniae Caelestium Revelationum [“Sinfonia da Harmonia das Revelações Celestes”] em 77 peças, Ordo Virtutum [“A ordem das Virtudes”], auto sacro musicado; (vi) linguística: Lingua Ignota [“Língua Desconhecida”]; (vii) epistolografia: Litterae [“Cartas”] (Martins, 2019).

Como vemos, as obras escritas por Santa Hildegarda abrangem várias áreas do conhecimento: teologia, hagiografia, música, poesia, linguística, ciências naturais e medicina. Faremos referência, neste momento, com um pouco mais de detalhamento, às obras de ciências naturais de Hildegarda de Bingen, uma vez que estamos no processo de tradução do livro Physica (Martins, 2019, 2020, 2022 (no prelo)). Atualmente, apenas uma de suas obras encontra-se traduzida para o português por uma editora comercial. Trata-se do livro Scivias, cuja tradução foi realizada a partir da língua inglesa. 

  1. Scivias

Scivias faz parte de um tríptico visionário, constituído por essa obra, e seguida por Liber Vitae Meritorum [Livro dos Méritos da Vida] e Liber Divinorum Operum [Livro das Obras Divinas]. Nelas a autora fez um relato de suas visões, recebidas do plano espiritual pela “Luz Viva”, que lhe ordenou para que escrevesse tudo o que lhe seria transmitido: “escreve com base não na linguagem do homem, não na inteligência da invenção humana, não na vontade humana de organização, mas, com base no fato de que vês e ouves o que vem lá do alto, do céu e das maravilhas de Deus (Prólogo do “Livro das Obras Divinas”, apud Vannier, 2015, p.18). Scivias, porta de entrada de suas visões, redigida durante dez anos, de 1141 a 1151, é a obra através da qual lhe foi conferido o título de “profetisa”. Na verdade, as visões da abadessa foram comparadas às dos profetas do Antigo Testamento, principalmente Isaías, como sendo expressões de um dom e de uma linguagem para com Deus. Estamos de acordo com Zatonyi (2012, apud Vannier, 2015) que Hildegarda de Bingen propôs, nessa trilogia, uma espécie de comentário das Escrituras, através da narrativa e da explicação de suas visões.

A redação de Scivias não ocorreu sem dificuldade. Além disso, a autenticidade de suas visões teve de ser reconhecida para que a abadessa pudesse continuar a escrita da obra. Seu grande padrinho foi o monge cistenciense Bernardo de Claraval, que reconheceu a veracidade de suas visões. Respondendo a uma carta que ela havia lhe enviado, ele assegurou que “não deveria ser permitido que uma lâmpada tão notável fosse obscurecida pelo silêncio, e que seria necessário confirmar essa grande graça que o Senhor quis manifestar em seu tempo” (apud Vannier, 2015, p.18). Depois disso, Bernardo de Claraval submeteu Scivias à aprovação no Concílio de Trier e, em seguida, ao Papa Inocente III. Ambas as autoridades identificaram o caráter genuíno das visões de Hildegarda de Bingen. Assim, a partir do momento em que obteve permissão para escrever, ela produziu sem parar, até o momento de sua morte, aos 81 anos.

Resumidamente, faremos referência ao conteúdo das obras que compõem a trilogia teológica da profetisa do Reno. Scivias fala da bondade de Deus na criação, da queda do homem, da relação entre o homem e o cosmos (da visão 1 à visão 6); da intervenção do Salvador e dos caminhos para a salvação, que são os sacramentos (da visão sete à visão treze); e, finalmente, da história da salvação. De maneira pedagógica, antes de representá-las iconograficamente, Hildegarda de Bingen narra as suas visões, propondo em seguida uma explicação para elas. Nenhuma das iluminuras que acompanham as obras visionárias é de autoria santa. Admite-se, entretanto, que as ilustrações de Scivias teriam sido supervisionadas por ela. 

O “Livro dos Méritos da Vida” (Liber Vitae Meritorum), escrito durante seis anos, entre 1158 e 1163, é uma obra prática, considerada de psicologia cristã, e desenvolvida a partir de seis visões que ela recebeu. Nela, a abadessa dá conselhos para transformar trinta e cinco vícios em trinta e cinco virtudes. Por exemplo, o vício da “petulância” pode ser transformado na virtude da “disciplina”, através de orações específicas, emprego do tempo com a observância do lema da Ordem de São Bento ora et labora (“ora e trabalha”), alimentação adequada, práticas de meditação com música, exercícios físicos e uso de ervas e de pedras.

O último livro do tríptico profético de Hildegarda de Bingen é o “Livro das Obras Divinas” (Liber Vitae Meritorum), redigido entre 1163 e 1173. Baseia-se em dez visões que foram ilustradas em dezoito imagens. O único manuscrito ilustrado desta obra, do século XIII, encontra-se em Lucca, na Itália. As visões descritas no “Livro das Obras Divinas” organizam-se em três registros: a Trindade, a antropologia — que situa o homem como a medida de todas as coisas no interior da Trindade —, e a salvação. 

  1. Physica

As obras de ciências naturais de Santa Hildegarda que chegaram até nós com os nomes de Physica e Causae et Curae faziam parte de uma só obra cujo título era Liber subtilitatum diuersarum naturarum creaturarum [Livro das diversas sutilezas das criaturas naturais]. Esta revelação está contida em uma carta de 1170, de seu secretário Volmar, e ainda num livro de profecias atribuídas a ela, de 1220.

A obra Physica foi escrita entre 1150 e 1158 e é composta de nove livros, cuja sequência é esta: De plantis, De elementis, De arboribus, De lapidibus, De piscibus, De auibus, De animalibus, De reptilibus, De metallibus [“Das Plantas”, “Dos Elementos”, “Das Árvores”, “Das Pedras”, “Dos Peixes”, “Das Aves”, “Dos Animais”, “Dos Répteis”, “Dos Metais].

Viriditas é o termo que perpassa todas as obras de Santa Hildegarda. Este vocábulo, que é derivado de viridis “verde”, não foi criado por ela, porque já existia em latim clássico, significando, num sentido concreto, “vegetação” e “verdor” e, em sentido figurado, “flor da idade” e “vigor” (Gaffiot, 1934, p. 1621). A abadessa, no entanto, expandiu o sentido de viriditas, visando englobar o vigor ou a energia vital derivada de qualquer elemento da natureza, que, por sua vez, é obra de Deus. Para ela, as doenças provêm do desequilíbrio entre o corpo, a alma e o espírito, causado pela perda da viriditas, ou seja, pela ruptura com o estado de vigor original. Em suma, pode-se dizer que viriditas representa a energia da natureza, a força ou energia vital que existe em toda a criação. Esse termo engloba a concepção de saúde difundida pela santa, que abrange todos os aspectos da existência do ser humano: o físico, o emocional e o espiritual. Hildegarda de Bingen trabalhou nessa perspectiva de religar o homem ao divino, estabelecendo vários paralelos, entre eles, a comparação do homem como um pequeno universo (microcosmo) sujeito às mesmas leis do universo (macrocosmo). 

Para promover a saúde, prevenindo ou curando doenças, a Profetisa do Reno empregava os elementos dos reinos animal, vegetal e mineral, além de indicar exercícios físicos, boa alimentação, sono adequado, preces, meditações e equilíbrio com a natureza. Quando se estuda a sua vastíssima obra, percebe-se o fio condutor que une todas elas, cujo objetivo é aproximar o homem de Deus, trazendo-lhe amor, paz, harmonia, beleza e saúde. Enfim, o ser humano em perfeito equilíbrio de corpo e alma está junto de Deus e em comunhão com ele. Atualmente, as técnicas utilizadas por Hildegarda de Bingen para promover saúde são muito semelhantes às que empregam a medicina ayurvédica e os terapeutas holísticos. Por isso a nossa santa vem sendo retomada com tanto entusiasmo. Os poderes curativos dos elementos da natureza indicam terapias alternativas para o tratamento de várias doenças. A obra Physica aconselha no Livro I (“Livro de Plantas”) e no Livro III (“Livro de Árvores”) o uso interno (através de chás, sucos, biscoitos, elixires preparados com vinho, etc.) e externo (folhas maceradas e unguentos fabricados com gordura animal e folhas trituradas) para a cura de várias doenças, tanto físicas, quanto mentais, emocionais e espirituais. Já o Livro IV (“Livro de Pedras”) preconiza o emprego de gemas (como a esmeralda e o topázio) e o Livro IX (“Livro de Metais”) de minerais como ouro e prata (em pó, para serem ingeridos em pequenas quantidades junto com a comida ou bebida) para tratar vários problemas de saúde. A medicina hildegardiana está bastante difundida na França, Bélgica e Alemanha, países onde há a formação de terapeutas hildegardianos. Nos Estados Unidos, existe igualmente uma quantidade não negligenciável de seguidores e de adeptos da medicina e do modus vivendi de Hildegarda de Bingen. No Brasil, estamos apenas no início da descoberta desta grande santa medieval que nos mostra que na “Idade das Trevas” também houve muita luz. Legou-nos uma obra vasta, de grande sabedoria e profundidade, que está sendo estudada e colocada em prática nos dias atuais como se contemporânea. O conhecimento transmitido tanto em Physica quanto em Causae et Curae por Hildegarda de Bingen em relação à medicina natural demonstra-se eficaz e constitui um verdadeiro instrumento de apoio para os tratamentos médicos atuais.

  1. A Língua ignota

Dentro da enorme produção intelectual de Hildegarda de Bingen, que não somente foi de importantes escritos teológicos e científicos, contamos também com literatura e música. Nessa perspectiva mais ligada às artes, a abadessa escreveu poesias (hinos e louvores), uma peça de teatro e várias composições musicais (suas poesias e seu teatro também foram musicados), e elaborou um alfabeto a partir do qual criou uma língua, que chamou de “desconhecida” (Lingua ignota). 

Publicada pela primeira vez no final do século passado por Roth, em 1880, a Lingua ignota, até o presente momento, permanece em dois manuscritos conhecidos, o Riesencodex e o manuscrito de Berlim. No fólio 461v do Riesencodex lê-se: Ignota lingua per simplicem hominem Hildegardem prolata [“Língua desconhecida criada pelo simples ser humano Hildegarda”]. 

A “Língua desconhecida” é composta por cerca de mil palavras, criadas por meio deste alfabeto: 

(Riesencodex, fl. 464v. Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Litterae_ignotae.png)

Alguns estudiosos, como Dumoulin (2012) e Newman (1988) consideram que a Lingua ignota foi criada para que a abadessa pudesse se comunicar secretamente com suas religiosas, e para proteger a comunidade dos ataques exteriores. Vannier (2015) supõe que a Lingua ignota tenha sido criada para dar conta de descrever algumas de suas visões que seriam incapazes de serem descritas pela sua língua materna ou pelo latim. Outros ainda cogitam que a Lingua ignota seria uma glossolalia, ou seja, uma língua desconhecida, recebida quando a pessoa está em transe religioso. Hildegarda de Bingen, numa carta, diz ter recebido de Deus essa língua, assim como todo o conhecimento presente em suas obras (Higley, 2007, p.22).

Vários estudos foram realizados na tentativa de descrever o conteúdo semântico e a morfologia do vocabulário criado por Hildegarda de Bingen. Um deles encontra-se no livro de Higley (2007) no qual, além de estudos linguísticos sobre a obra, também são apontadas as divergências filológicas entre os textos presentes nos dois manuscritos. 

Schnapp (1991) propôs uma classificação do vocabulário da Língua ignota identificando os seguintes temas: I) Ordem sobrenatural (Deus, anjos, santos, o homem como ser espiritual); II) Ordem humana (parentesco, condições corporais permanentes, partes do corpo, doenças da pele); III) A Igreja (hierarquia e ofícios, sacerdócio, ensino e educação); IV) Vida monástica (lugar de devoção, tipos de estruturas eclesiásticas, arquitetura e equipamentos da Igreja); V) Hierarquia secular (cargos de autoridade, estados na vida: líderes, artesãos, trabalhadores, animadores indivíduos moralmente deficientes, indivíduos fisicamente deformados, membros de grupos de caça e posição no interior do domínio); VI) Tempo (ciclo do dia, semana, tempo e luz, unidades de tempo maiores, termos relacionais); VII) O domínio socioeconômico (vestuário, fazenda, escrita e iluminação, costura e tecelagem, equipamento militar, ferramentas de artesão, fabricação de cerveja e vinho, lareira); VIII. o mundo natural (árvores, plantas, aves e insetos). 

Dentre todos esses temas, vale a pena chamar a atenção para uma parte do vocabulário da Lingua ignota que chocou Roth, descrevendo-o como absolutamente obsceno (“absolut obszön”), embora o próprio Roth reconhecesse que palavras dessa natureza já faziam parte de um glossário elaborado por Salomão III de Constância (bispo de 890 a 919): na Lingua ignota creveniz designa o membro viril, e vários termos são usados para caracterizar os excrementos.

Laurence Moulinier (1989), por sua vez, destaca o caráter trilíngue — em latim, alemão e na Lingua ignota —, para a denominação das plantas de Causae et Curae [As Causas e as Curas] (segundo volume da obra científica de Hildegarda de Bingen). Além disso, salienta a importância do glossário elaborado por Pitra, em 1882, sobre o herbarium que pode ser constituído apenas com as plantas caracterizadas por meio da Lingua ignota, que Moulinier considera como uma caricatura amalgamada das duas línguas que Hildegarda de Bingen conhecia, o alemão e o latim. Efetivamente, um quarto do total de palavras da Lingua ignota é dedicado ao mundo natural: são cento e trinta entradas para ervas e plantas, quarenta e oito ​​para árvores e sessenta para pássaros, sem contar o vocabulário do corpo ser humano e seus males (Moulinier, 1997). Além disso, encontram-se muitos termos oriundos da Lingua ignota nos hinos e louvores de Santa Hildegarda, entre os quais O orzichs Ecclesia, em que orzichs significa “imensa”, é dos mais conhecidos. 

Essa obra enigmática levanta numerosas questões, sendo que a principal persiste sem resposta: com que finalidade teria sido composto esse curioso léxico? Pretendemos aqui suscitar a curiosidade dos leitores para esse tema apaixonante e complexo. Temos a intenção de abordar o tema de forma profunda e abrangente, em um trabalho específico a ser desenvolvido posteriormente.

Os princípios da exegese feita por Hildegarda de Bingen

Assim como Bingen apresenta o conceito de Viriditas abrangendo uma compreensão ampla de saúde integral, portanto reunindo corpo de espírito, é possível observar que, apesar da sua posição conservadora frente aos temas eclesiásticos que demandavam lições para todos os crentes seguidores da fé católica, ela apresenta argumentos bastante criativos e uma boa parte deles relacionados com as experiências femininas.

Podemos afirmar que um dos princípios da sua exegese está no argumento do equilíbrio. Segundo Martins (2022b, p.29), nas obras sobre a saúde sua concepção “reunia bem-estar físico, emocional e espiritual, suas obras teológicas procuram igualmente estimular o homem a viver em harmonia com Deus, com a natureza e com o universo”.

Considerando o nosso tempo não a caracterizamos como uma mulher para além do seu tempo, defensora das mulheres, uma feminista ou proto-feminista. Nos atrevemos a sinalizar que há indícios de uma ambiguidade que apresenta formas muito distintas de apresentar Deus, fazendo da sua linguagem uma proposição teológica mais feminina, desde lugares conhecidos das experiências das mulheres. Concordamos com Barbara Newman (2015, p.70) que Bingen apresenta virtudes femininas que desempenham importância em sua teologia. Virtudes que oscilam entre qualidades humanas e luz brilhante, feito estrelas dadas por Deus. Ou ainda, podemos observar que Bingen não questiona o poder dos homens perante as mulheres, mas simultaneamente ela inverte algumas interpretações, como no caso da responsabilidade imputada a Eva por sua desobediência em comer do fruto do conhecimento do bem e do mal. Ou mesmo a própria escolha de Deus para com ela, uma mulher e por isso uma pobre e humilde mulher, feita instrumento nas mãos de Deus. 

Em mais de uma passagem no livro que temos atualmente para análise em nossa língua, o Scivias (2015), encontramos formas explicativas que remetem ao cotidiano das experiências das mulheres, bem como em cada um dos três livros que o Scivias contém. Apesar do conteúdo estar voltado para advertir e ensinar o clero, em cada um deles há detalhamentos sobre o funcionamento dos corpos dos homens e das mulheres, a orientação para a boa conduta e uso dos corpos. Essa forma de Hildegarda de Bingen apresentar os anúncios de Deus possibilita a percepção da mistura dos conhecimentos. Discernimento que demonstra uma compreensão integral entre corpo e alma. Ela defendeu uma interpretação conservadora frente à organização da escolástica, que se anunciava divisora e classificadora entre razão e emoção. Sinalizou sua crítica frente a essa nova estrutura de argumentos, demonstrando por meio das virtudes anunciadas por suas visões, de um Deus que falava por meio de uma mulher pouco letrada e incauta, que retornassem todos à humildade e à reverência a ele. 

Perspectivas para futuros estudos 

Hildegarda de Bingen foi descrita como a mulher que marcou o medievo pela extensão e profundidade de suas obras, as quais, no Brasil, ainda carecem de tradução. Tudo o que sabemos de suas múltiplas profissões como poeta, musicista, teóloga, médica/enfermeira, agrônoma, ecologista, cientista, gestora e cuidadora em sentido amplo (saúde do corpo e do espírito) ainda está reduzido a um seleto grupo de pesquisadoras e pesquisadores e/ou curiosos autodidatas que buscam conhecer a autora, sobretudo nas publicações internacionais. 

Santa Hildegarda tem sido reconhecida tanto no âmbito religioso, quanto no científico, em diversos lugares no mundo ocidental, em especial na Alemanha, Bélgica e França (Martins, 2020). A contribuição dessa religiosa polivalente para o estudo e o debate da tradição ética e moral da Igreja tem sua trilogia profética como eixo. O anúncio para que se conheça o caminho em direção a Deus e que se permaneça nele é a chave das suas visões e interpretações. Suas obras ligadas à medicina e aos cuidados com o corpo, a alma e a natureza conduzem na direção da busca pelo equilíbrio. Para ela, a perfeição poderia ser alcançada, dado que “Deus que não criou nada impuro” (Feldmann, 2009).

O exercício da leitura do livro Scivias requer um estudo introdutório sobre a teologia cristã nos tempos de Hildegarda de Bingen. A introdução de Barbara Newman compõe essa perspectiva, mas ainda há um longo caminho pela frente. É importante considerar os estudos de teólogas estrangeiras como os de Rosemary Ruether (1993) e Elizabeth Schüssler Fiorenza (1992), e das brasileiras Ivone Gebara (2012), Ivoni Richter Reimer (2014), que analisam os vestígios promulgados pelo cristianismo primitivo na direção oposta à de Jesus, que tratava as mulheres em pé de igualdade com os homens. Como se sabe, as mulheres tornaram-se cada vez mais obscurecidas com o fortalecimento da Igreja patriarcal. Também nessa perspectiva interpretativa é importante o entendimento que Maria Simone Marinho Nogueira e Ana Rachel G. C. de Vasconcelos (2022) apresentam sobre a maneira pela qual o cristianismo assimilou a filosofia grega e, portanto, subordinou-a à teologia por um longo tempo. Aos poucos, a partir do século IX, é que a filosofia constrói argumentos de autonomia e, por meio da escolástica, estabelece cada vez mais sua diretriz. Essa constatação é importante, pois situa Hildegarda de Bingen no tempo da ênfase teológica sobre a filosofia e, de certa forma, sua obra mantém essa ambiguidade. Ela não nega a importância do discernimento e da razão, mas também não separa essas capacidades intelectuais da experiência nos campos visionário e espiritual. 

Em seus escritos, Hildegarda de Bingen deixa explícito o receio que tinha sobre o perigo de a julgarem mal, por causa de suas visões. Não podemos esquecer que o contexto em que viveu era extremamente agressivo às mulheres e às novas ideias. Ela faz uso de uma estratégia que denominamos de ‘regra preventiva’ de apresentação de suas visões. Essa postura trazia um argumento de humildade para “sustentar a posição profética” (Deploige, 1999, p. 86). Outra maneira de se interpretar essa atitude é pela Retórica, que contemplava, dentro do exórdio, uma atitude de humildade para captar a benevolência do auditório (Lausberg, 1983, pp. 250-251, apud Paz, 1999, p. 19). Quando a monja falava em público, ou admoestava seus ouvintes, sempre alertava que era “uma frágil mulher” a serviço do Rei dos Reis.

Por seu pensamento teológico, de um lado conservador e, de outro, ousado, podemos incluí-la atualmente como pensadora no campo filosófico. Na área das ciências naturais, Hildegarda de Bingen é criativa e mostra-se como verdadeira pesquisadora, descrevendo a natureza e o seu funcionamento (incluindo as diferenças entre homem e mulher, que às vezes lhe valem o rótulo de feminista) com uma metodologia que hoje chamamos de científica.

Com o objetivo de suprir uma lacuna no oferecimento de obras da santa para falantes de língua portuguesa, está em andamento a tradução de Physica (Martins, 2019, 2020). O objetivo final é a publicação inédita em edição bilíngue latim-português de Physica e, em seguida, de Causae et Curae. Ao traduzirmos essas obras diretamente de sua língua original, esperamos contribuir para a divulgação das obras de ciências naturais de Santa Hildegarda, acreditando que serão de interesse para professores de história, estudiosos de língua latina, médicos, terapeutas, teólogos, espiritualistas, religiosos e do público em geral. Estamos engajados em um projeto que não é apenas de tradução, mas um projeto de vida. Que Santa Hildegarda nos abençoe, nos dê saúde e mente lúcida, a fim de que possamos interpretar corretamente seus ensinamentos, os quais nos foram transmitidos há quase um milênio, com uma atualização científica a partir das bases lançadas por ela. Esperamos ser dignas de realizar a tradução comentada de suas obras científicas no mais alto grau de excelência que a santa merece. Assim, o público de língua portuguesa poderá ler em sua língua materna inicialmente as obras científicas dessa impressionante mulher medieval, que contribuiu enormemente em diversas áreas do saber.

Referências Bibliográficas:

Obras de Santa Hildegarda traduzidas para o português

Bingen, H. de. (2015). Scivias: scito vias domini – Conhece os caminhos do Senhor. Tradução de Paulo Ferreira Valério. São Paulo: Paulus Editora.

Há dois livros de bolso com recortes de cartas e visões de Hildegarda publicados por uma editora de Dois Irmãos/RS. 

Bingen, H. de. (2020). Cartas Seletas. Tradução de Tiago Gadotti. Dois Irmãos: Minha Biblioteca Católica. 

Bingen, H. de. (2020). Visões. Tradução de Roberto Mallet. Dois Irmãos: Minha Biblioteca Católica. 

Bingen, H. de. Physica – em processo de tradução por Maria Cristina Martins (UFRGS – Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas – Setor de Latim, UFRJ – PPGLC – Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas)

Livros traduzidos sobre Hildegarda de Bingen

Pernoud, R. (1996). Hildegarda de Bingen: a consciência inspirada do século XII. Tradução de Eloá Jacobina. Rio de Janeiro: Rocco.

Pernoud, R. (2020). Santa Hildegarda: mística e doutora da Igreja. Tradução de Roberto Mallet. Dois Irmãos/RS: Minha Biblioteca Católica.

Literatura Secundária

Artigos e capítulos de livros publicados no Brasil

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Blasi, M. ; SCHAPER, V. G. (2020). Saúde e religião em perspectiva de gênero – reflexões a partir de Hildegard von Bingen e Katharina von Bora. Revista Caminhos, v.18, n.2, p.396-414. Disponível em:  http://dx.doi.org/10.18224/cam.v18i2.7907

Barcala, M. S.; NOGUEIRA, P. A. S. (2020). Os caminhos do Caminho; O Scivias de Hildegard von Bingen e sua hermenêutica bíblica visionária. Estudos de Religião, v.34, n.2 p.463-487. Disponível em: https://doi.org/10.15603/2176-1078/er.v34n2p463-487

Costa, M. R. N. (2012). Mulheres intelectuais na idade média: Hildegarda de Bingen – entre a medicina, a filosofia e a mística. Trans/Form/Ação, v. 35, n. spe, p. 187-208.. Disponível em:

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Outros Materiais E Fontes

Filme

Vision. Direção de Margarethe von Trotta, 2009.

https://www.youtube.com/watch?v=2EH79p_YL6Q&ab_channel=RamonFernandezdelaCigonha

INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS. Vozes que desafiam. Hildegarda de Bingen, mística e doutora da Igreja (1098-1179). Disponível em: 

https://www.ihu.unisinos.br/591114-vozes-que-nos-desafiam-hildegard-de-bingen-mistica-e-doutora-da-igreja-1098-1179

Sites:

GRUPO GERMINA. Uma filósofa por mês: Hildegarda de Bingen. Disponível em:

https://germinablog.wordpress.com/maio-hildegarda-de-bingen/

Um site em espanhol dedicado à monja: http://www.hildegardiana.es/

Um site norte-americano sobre a medicina hildegardiana:

https://www.healthyhildegard.com/ 

Carta Apostólica: Santa Hildegarda de Bingen, Monja Professa da Ordem de São Bento, é proclamada Doutora da Igreja universal. (2012). Disponível em https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/apost_letters/documents/hf_ben-xvi_apl_20121007_ildegarda-bingen.html

Um site em português sobre as obras de Hildegarda de Bingen:

 http://www.viriditasbingen.com/

Conferências online

Cirlot, V. “De Hildegard von Bingen a Max Ernst”. Disponível em: https://youtu.be/Larf70Xclww

Martins, Maria Cristina da S. “Aspectos da tradução comentada de Physica de Hildegarda de Bingen”. Conferência proferida em 16 de setembro de 2020, no “Seminário de Hildegarda de Bingen: relação entre teologia e ciência na Idade Média”, promovido pela PUCSP. Disponível em: https://www.pucsp.br/pucplay/video/seminario-santa-hildegarda-de-bingen-relacao-teologia-e-ciencia-na-idade-media-0

Martins, Maria Cristina da S. “Hildegarda de Bingen e a medicina natural” Conferência – proferida em 19/10/2021, no IV Curso de Extensão promovido pelo LAPEHME (Laboratório de Pesquisa e Estudo de História Medieval da Universidade do Pampa – Campus Jaguarão). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=0nt8lfYZqAg&ab_channel=CursosdeExtens%C3%A3o-Hist%C3%B3riaMedieval 

Martins, Maria Cristina da S. Hildegarda de Bingen e sua obra científica: aspectos de tradução e de crítica textual”. Conferência de abertura do V ENCULT e VI SEMP (Universidade Federal da Paraíba), proferida em 03/11/2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JQrTrmkPL8U 

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