Deu no New York Times…

Salve, Pessoal! Abaixo vai transcrita e traduzida a matéria do pernicioso Larry Rother, publicada no New York Times de hoje.

June 5, 2005

Líder Brasileiro Cai na Defensiva, a Medida em que O Escândalo se Alastra

RIO DE JANEIRO, 4 de junho – Um crescente escândalo de corrupção pôs o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na defensiva e minou o apoio popular a seu governo, justamente quando as manobras políticas preparatórias para a eleição do novo presidente, no próximo ano, estão se aquecendo.Com uma CPI, agora em andamento no Congresso Brasileiro, e que promete se arrastar por meses, os assuntos legislativos normais ficaram paralisados. Essa parálise ameaça a agenda do Sr. da Silva, que inclui reformas dos Códigos Tributário e Trabalhista, longamente esperadas por grupos de empresários, e leis sobre gastos sociais para benefício dos pobres. Os auxiliares do Sr. da Silva têm tentado atrair os congressistas “em cima do muro” da maneira tradicional, com a distribuição generosa de verbas (o termo usado por Rother foi: pork-barrel money).
O escândalo começou no mês passado, quando o semanário Veja publicou uma matéria de capa detalhando o que é descrito como um esquema de fraudes no serviço nacional de correios. Em uma fita de vídeo que foi repetidamente divulgada pela televisão, um alto funcionário dos correios é mostrado, pedindo a um potencial fornecedor por um suborno, em nome de um dos mais importantes aliados políticos do Sr. da Silva. Ele também alegava que outros funcionários politicamente nomeados em outras agências estatais, também estariam envolvidos em esquemas semelhantes para beneficiar os partidos aliados ao Sr. da Silva.
O sistema político do Brasil é estruturado de forma tal que é virtualmente impossível para um único partido obter uma maioria no Congresso. Para obter a aprovação dos Projetos de Lei, o Partido dos Trabalhadores, do Sr. da Silva, tal como seus antecessores, foi obrigado a formar coalizões com vários partidos menores, cujas ideologias são flexíveis e cujo principal interesse é indicar ocupantes de cargos públicos e outros espólios.
Um deles é o Partido Trabalhista Brasileiro, cuja representação no Congresso praticamente dobrou desde que o Sr. da Silva, um antigo líder sindical, tomou posse em janeiro de 2003. O principal líder desse partido aliado é Roberto Jefferson, a quem as reportagens e os líderes da oposição acusam de ser o principal organizador e beneficiário do esquema de corrupção.
O Sr. Jefferson nega qualquer malfeitoria. Ele também foi defendido pelo Sr. da Silva que, segundo publicou a imprensa brasileira, teria dito: “Digam a Roberto Jefferson que eu estou solidário com ele. Aliança é aliança”.
Pesquisas reveladas nesta semana, indicam que o escândalo está afetando tanto a imagem do governo, como a popularidade do Sr. da Silva, que indica uma queda de nove pontos, desde fevereiro. Menos de 40 por cento dos entrevistados expressaram satisfação com o desempenho do governo, e a corrupção foi citada, a frente do crime e da violência, como o mais “vergonhoso” problema social do país.
Com o governo parecendo vulnerável, a oposição, que parecia resignada a uma reeleição do Sr. da Silva, ficou novamente energizada e está demonstrando uma nova agressividade.
“Esse governo está correndo em círculos, como um perú bêbado na Véspera de Natal”, declarou, na semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do Partido Social Democrático Brasileiro, de oposição.
Mesmo alguns dos aliados mais fortes do presidente começaram a falar sobre um governo “desgovernado” e de uma situação que está fugindo ao controle. “Há uma atmosfera de deterioração moral, de perda de esperanças, de indignação individual, ao mesmo tempo”, escreveu Ricardo Kotscho, Secretário de Imprensa do Sr. da Silva em seus dois primeiros anos de mandato, em um site da Web no Brasil.
Corrupção não é novidade na política do Brasil. O Presidente Fernando Collor de Mello renunciou, no meio de um processo de impeachment em 1992, depois que foi descoberto que ele tinha um fundo secreto “de campanha” com muitos milhões de dólares. Mas o Sr. da Silva e seu partido são especialmente vulneráveis a esse respeito, porque eles sempre se apresentaram como uma ilha de honestidade em meio a um “mar de lama”.
Desde que tomou posse, o Sr. da Silva tem sido atormentado por um caso de corrupção, atrás do outro, começando com o de um assessor apanhado em uma fita de vídeo pedindo contribuições para fundos de campanha de um banqueiro do bicho. Em um caso separado, o Supremo Tribunal, no mês passado, aprovou uma investigação sobre as atividades do Ministro da Previdência Social do Sr. da Silva, que é acusado de fornecer garantias espúrias para tomar um empréstimo em um banco estatal.
A ira popular foi levantada por uma operação policial, no mês passado, em um dos estados mais pobres do país, que enquadrou 29 empresários e políticos, entre eles oito prefeitos de partidos aliados do Sr. da Silva. Esses homens foram acusados de corrupção em conexão com fundos federais destinados à merenda escolar e auxílios à educação, mas que terminou, dizem os promotores, em seus bolsos.
Tendo perdido a batalha para bloquear a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o escândalo, os assessores do Sr. da Silva estão, agora, tentando limitar a abrangência da investigação. Mas os partidos de oposição, sentindo uma oportunidade para diminuir ainda mais a popularidade do governo, estão forçando a barra para investigar outras agências governamentais, inclusive o Instituto de Resseguros do Brasil.
Durante os 20 anos em que o Partido dos Trabalhadores esteve na oposição, ele sempre apoiou várias Comissões Parlamentares de Inquérito. Mas os líderes do Partido reagiram a esta uma, acusando seus opositores de tentarem fomentar um golpe.
“As elites querem derrubar o governo de Lula, o único governo de trabalhadores eleito nas Américas”, disse o Senador Aloizio Mercadante, líder do PT no Senado. “É o mesmo que fizeram no Chile e veja no que deu”.
Mas este argumento não parece ter ecoado entre os brasileiros comuns. Depois da difusão de outra fita de vídeo incriminadora, mostrando deputados estaduais do remoto estado amazônico de Rondônia, extorquindo o Governador do Estado, que foi ameaçado de impeachment, centenas de pessoas atacaram o prédio da Assembléia Legislativa estadual, em protesto contra a corrupção.

————— fim da transcição ———————-

É sempre bom que eu diga que eu acho esse Larry Rother uma besta! E que esse cretino fala do Brasil, como se não houvesse corrupção no governo americano…

Mas, embora ele misture livremente alhos com bugalhos, está certo quanto ao sentimento de frustração de todos os idiotas (como eu!) que votaram no Lula e no PT para ver se esse país tomava vergonha na cara…

Religião e Ciência

“A fé pode ser definida resumidamente como
uma crença ilógica na ocorrência do Improvável”
H. L. Mencken

Salve, Pessoal! Por mais irônica que seja, a colocação de Mencken sobre a fé não poderia ser mais exata. E Religião (a menos que você seja um hipócrita que esfrega lama azul na barriga, para imitar os nativos) é uma questão de fé. Se você não precisa de fé, tanto melhor para você. Como disse Brecht: “Infeliz do povo que precisa de heróis”. Se você se sente bem com o Universo e acha que ele não precisa de um “propósito”, que tudo que existe é resultado do acaso e, mesmo assim, você se propõe a ser uma pessoa decente, a tratar os outros como você gostaria de ser tratado, a achar que cada ser humano é uma pessoa diferente, mas que merece a mesma consideração, se você se preocupa com o Mundo que você vai deixar para as gerações vindouras, e se procura ser uma pessoa melhor, a cada dia, meus parabéns! E, diga-se de passagem, tenho muito prazer em conhecê-lo!
Porque, para mim, não me importa a mínima se você reza para Buda, Alah, Jeová, Jesus Cristo, Krishna, Oxalá, ou se você nem reza. Para mim, a melhor forma de oração não é ficar entoando louvaminhas ao “Criador”: é tratar bem a Criação! Me desculpem os religiosos que enfatizam “o poder da oração”, mas eu acho que ficar pedinchando favores aos Deuses, puxando o saco deles e querer que, por conta disso, o acaso conspire a seu favor, é hipocrisia e perda de tempo. Será que você acha que Deus é tão otário quanto o seu pai e que, quando você diz: “eu fiz tudo errado, mas juro que vou fazer certo, na próxima vez”, Ele vai acreditar? Ele te conhece, nego. Ele já sabe que você, na primeira oportunidade, vai fazer a mesma besteira de novo.
Do mesmo jeito, se você não faz nada para melhorar sua vida (nem a de seus semelhantes — aí inclusos todos os seres vivos e inanimados dessa Terra), senta no meio-fio e fica reclamando: “Deus não faz nada por mim!…”, está errado! Deus faz, sim. Senta a seu lado e faz companhia…
Então, quando me perguntam: “para que serve uma religião?”, eu sou obrigado a responder: “religião não é uma utilidade.” Não serve para coisa alguma, a não ser para você se sentir uma parte útil do Universo e agradecer esse simples fato! Você acha que isso é pouco? Então vá fazer seu universozinho, você mesmo, e ver no que é que dá…
O que poucos querem se dar ao trabalho de ver é que qualquer religião tem uma íntima relação com magia. A magia, sim: essa tenta viciar os dados para que eles rolem a seu favor. Toda cerimônia religiosa é um ato mágico. A procura da integração com poderes maiores, com o intuito de favorecer o praticante. Mas, se você disser a um Católico que a Comunhão (o ato de ingerir a hóstia) é um ato de canibalismo ritual (você está comendo o corpo de Cristo, para ver se absorve um pouco de sua santidade), ele vai se benzer com o pé esquerdo e jogar um balde de água benta na sua cara, esperando que você desapareça, deixando no ar um cheirinho de enxôfre…
Só que, para conseguir essa integração com os poderes superiores, você tem que estar em sintonia com a freqüência deles. Se não estiver, você vai estar assistindo a um televisor desligado… E todas as religiões que praticam atos de magia branca, pregam a mesma coisa: fraternidade, caridade, justiça, tolerância e o perdão. Os quatro primeiros ítens já são bastante difíceis, mas o último!… Se você se acha incapaz de, pelo menos, tentar esses cinco itens, minha recomendação é que você atire às favas a decência e procure algum culto satanista.
Se você acha que decorar a Bíblia (ou o Torá, ou o Corão) e fingir que acredita em cada bendita letra ali escrita, vai salvar sua alma do inferno, vá em frente! Eu já estou vendo você diante do Juiz, recitando versículo após versículo, enquanto o meirinho celestial fica olhando para o relógio, com cara de poucos amigos… E, quando o Juiz lhe perguntar: “E o que você fez com o livre-arbítrio que lhe foi dado?”, você sempre pode dizer: “Ah! Dava muito trabalho pensar com meu próprio cérebro, por isso eu passei a decisão para o Padre (Pastor, Imã, Rabino, Guru, Pai-de-Santo, etc.)”. Aí, meu chapa, você vai ouvir o que todo o mundo sabe, nessa vida daqui mesmo, mas finge que não: você pode delegar autoridade, mas não pode delegar responsabilidade!
E o que esta churumela toda tem a ver com ciência? Tudo e nada. Tudo se você é do tipo que acredita textualmente na “letra” do “Livro Sagrado” (como eu sou Umbandista, fica pior ainda: é tudo tradição oral e, como vem de diversas nações africanas diferentes, cada uma com sua própria tradição, é contradição que não acaba mais…), a ciência é uma blasfêmia. Como diz São Paulo (não gosto do Santo, nem da cidade): “Toda a sabedoria humana é loucura aos olhos de Deus”. Todo Judeu, Cristão e Muçulmano sabe que:

No princípio Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava vazia e nua; e as trevas cobriam a face do abismo; e o espírito de Deus era levado por cima das águas(que águas?).
Deus disse: Faça-se a luz; e fez-se a luz. E Deus viu que era boa; e dividiu a luz das trevas (realmente, um universo pisca-pisca não era “uma solução elegante”). E chamou a luz de dia, e às trevas noite; e da tarde e da manhã (nesta ordem — pudera: Ele ainda não tinha criado os relógios) se fez o dia primeiro.
Disse também Deus, Faça-se o firmamento no meio das águas e separe umas águas das outras águas [vamos parar por aqui…]

Algum teólogo pode me explicar, por favor, quem criou as águas? Aquelas nas quais Deus boiava… Aí, seus cientistas panacas: antes de existir o primeiro fóton que fosse, já as moléculas de H2O estavam por aí… E olha que eu só citei, e de maneira incompleta, os dois primeiros versículos do Gênesis. Eu prefiro a versão na qual Olorum encarregou Oxalá de criar o mundo. Mas Oxalá era bem chegado a um vinho de palmeira e seu irmão sacana, Exu, deixou um jarro bem cheio no caminho de Oxalá. Não deu outra: Oxalá tomou um porre e dormiu. Quando Olorum veio ver se o mundo tinha ficado pronto, Exu ficou com medo, pegou os planos e saiu criando o mundo. Como ele não tinha a mesma habilidade de Oxalá, saiu tudo com um defeitinho. Aí, Olorum percebeu a tramóia e encarregou Oxalá de cuidar do mundo que ele, se fosse menos beberrão, deveria ter criado. Só que a primeira oferenda tem que ser feita a Exu, senão ele bagunça tudo mais ainda (afinal, Oxalá é o Engenheiro Responsável, mas o Mestre-de-Obras foi Exu; ele é quem sabe onde estão os defeitos…)
Mitos são isso: historinhas bonitinhas para “explicar” aquilo que nós não conhecemos a explicação. Tão úteis como Papai Noel e o Coelinho da Páscoa. Ou como o Passarela ser técnico de time brasileiro. Serve para enganar trouxa, ou a torcida do Corinthians (droga! eu estou me repetindo…). Aliás, essa é a diferença do cientista e do místico: o cientista, quando não sabe algo, vai observar e experimentar (se bem que alguns que usam esse galardão, vão mesmo é montar um modelo matemático que comprove seu “achismo”…); o místico, inventa uma historinha e “explica” qualquer coisa, com “poderes ocultos”, mistérios e dogmas (“É assim, porque Deus me disse, pessoalmente, em uma carta, com firma reconhecida, que eu não posso mostrar para vocês, ímpios, que é assim, e quem não acreditar vai para o Inferno, se não for para a fogueira antes!”).
Será que a desmistificação dos mitos invalida a crença em que o Universo tem um propósito e que nós, seres humanos, temos um papel a desempenhar nesse propósito? Eu acho que não. Por outro lado, propor que a ciência se ocupe em “provar” a existência ou não-existência desse propósito é uma tolice. A ciência tem que se ocupar com aquilo que existe (ou seja, que pode ser medido, pesado ou contado, mesmo que indiretamente). Um Criador de tudo o que existe (os buddhistas não acreditam em um Criador: para eles o Universo todo é uma ilusão “impermanente”) teria, necessariamente, que estar, pelo menos em parte, fora do Universo. Então, quando um ateu me diz: “Deus não existe!”, eu dou plena razão a ele; o “Deus” que eu aceito, transcende a noção de “existência”. Se o Universo for ℵn, Deus será ℵ.
Se eu acredito em milagres: claro! Só que minha definição de milagre é: uma seqüência de eventos de baixíssima probabilidade, em uma ordem de ocorrência de baixíssima probabilidade. E, para acabar de vez com a discussão, eu me recuso a acreditar que um Criador de um Universo tão sutil e com regras tão abrangentes, fosse ficar quebrando essas regras, só para extasiar uns caipiras de um planetinha de trampa, da periferia de uma galáxia medíocre, só para receber elogios e sacrifícios. E, para chatear os crentes na Bíblia, o Levítico me parece direitinho um livro de receitas de Ebós. E, do jeito que Jeová gostava de um Injé (sangue sacrificial), parece que os hebreus e os africanos têm, ambos, razão: quem criou o mundo foi Exu. Laroiê!

Enquanto isso, no Bra$il

Notícias de “O Globo” de hoje
Rio, 04 de junho de 2005 Versão impressa
Abrindo a torneira
Valderez Caetano
BRASÍLIA
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB, total de riquezas produzidas no país) no primeiro trimestre — que revelou desaceleração da economia e freio nos investimentos — e a crise política detonada pela CPI dos Correios sacudiram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que articulou estratégia para mostrar à sociedade que o governo não está parado. Ele exigiu dos seus
ministros desengavetamento dos projetos até agora parados por falta de verbas. Só nos últimos dois dias o governo decidiu liberar recursos que já chegam a R$ 17 bilhões para as áreas de agricultura e estradas […]
Rio, 04 de junho de 2005 Versão impressa
Lucro dos bancos cresce quase 50% com tarifas, juros altos e mais crédito
Enio Vieira
BRASÍLIA. Os bancos brasileiros lucraram 49,53% mais no primeiro trimestre de 2005, na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo relatório do Banco Central (BC) sobre o sistema financeiro, os lucros bancários subiram de R$ 5,560 bilhões para R$ 8,314 bilhões. O crescimento foi ainda mais forte entre as 50 maiores instituições financeiras (Banco do Brasil, Caixa Econômica, Bradesco, Itaú, entre elas), que assaram de um lucro total de R$ 4,043 bilhões nos primeiros três meses de 2004 para R$ 6,216 bilhões neste ano. A melhora no resultado veio principalmente do crédito e de tarifas com serviços. […]
Enquanto isso,
Governo descarta dar aumento para grevistas
Valderez Caetano e Demétrio Weber
BRASÍLIA. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, descartou ontem a possibilidade de dar reajuste aos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em greve desde anteontem por aumento salarial de 18,86%. Paulo Bernardo disse que o governo precisa dar resposta a outras categorias, como a dos militares e dos funcionários do Ministério da Cultura, estes últimos em greve há cerca de dois meses.[…]
Eu espero que esse papo de reajuste para os militares e funcionários do MinC, não seja só desculpa de aleijado…
Mas, pombas: quem já teve o desprazer de entrar em um Posto do INSS sabe que os funcionários têm razão: são poucos, mal pagos e ouvem todas as xingações dos que não são atendidos por causa da própria estrutura do INSS, que é feita para dificultar ao máximo a concessão de “Benefícios” (como se dar aquilo que o Cidadão tem direito, fosse “benefício”…)

Ídolos de Bacon

Salve, Pessoal! Na última matéria publicada pelo Daniel em seu BLOG, ele, com justificável orgulho, cita a lista das dez pessoas mais influentes do último milênio, mostrando que 5 delas são cientistas.
Em minha reles opinião, eu chutaria da lista o eminente William Shakespeare e incluiria Sir Francis Bacon (e o número de cientistas subiria para seis).
Mas o que me irritou na tal listinha, feita por Arthur M. Schlesinger Jr. (citado pela WikiPedia como “ganhador do prêmio Pulitzer e historiador “de segunda geração”) foi exatamente a Influência dos Ídolos de Bacon, sobre o autor da nefanda listinha. Como bom anglófono, o laureado (por americanos) “historiador de segunda-geração” põe Shakespeare à frente de todos os demais escritores e dramaturgos de todas as outras culturas. Igualmente, quando chega ao campo da biologia e medicina, ele coloca (em décimo lugar) o inglês Wlliam Harvey (que foi o primeiro a descrever o Sistema Circulatório do Sangue no corpo humano) à frente de Louis Pasteur (que descobriu os microorganismos, o que realmente foi a maior revolução na Medicina, depois de Paracelso).
E, evidentemente, se houvera um político na lista, tinha que ser Abraham Lincoln! Bom, você pode até não gostar deles, mas Karl Marx & Friederich Engels, bem como Adolf Hitler foram muito mais influentes do que o porcaria do Lincoln! O próprio Mao Tse Tung influenciou muito mais pessoas do que o velho Abe… E, se personagens discutíveis não valem, Mahatma Ghandi foi muito maior do que Lincoln.
Francamente, o que mais esperar de um povinho que chama seus campeonatos nacionais de baseball de World Series (= “Campeonato Mundial”)?
Abre o olho Daniel!… Cuidado para o Ídolo do Mercado não apanhar você!…

A “Grande Unificação das Teorias” aka “GUT”

Salve, Pessoal! Essa eu encontrei no BLOG de Sean Carroll, o Preposterous Universe, que dá como fonte The Poor Man. Não aguentei e tive que traduzir:

A unificação Sombria
Eu entendo que está ficando cada vez mais difícil diferenciar — então, só para esclarecer as coisas, o que aparece abaixo é, na verdade, uma paródia, cortesia do The Poor Man. […]

GOLDBERG VS. WEINBERG, PARTE XXIII [Jonah Goldberg]
Eu sei que todo o mundo já deve estar farto de ouvir sobre o assunto, e, a julgar pelos emails que estou recebendo, fica bem claro que eu obtive um KO nessa questão, mas eu simplesmente tenho que publicar este último email:
Na qualidade de alguém que vem colecionando figurinhas de Star Wars por mais de duas décadas, deixem-me dizer que o Professor Steven Weinberg é, claramente, um idiota e não faz a mais leve idéia do que está falando, quando se trata de física teórica: Não existem quatro forças fundamentais da natureza no Modelo Padrão, como ele arrogantemente afirma. Existe somente A Força, que tem um lado luminoso e um lado sombrio — mas, como nós aprendemos na clássica novela Os Lordes Sith do Último Jedi, esses lados são somente enfoques diferentes de uma mesma coisa. Então, eu não sei porque ele fica resmungando sobre “campos gauge” ou seja lá o que for, já que todo o mundo sabe que nós já descobrimos uma teoria unificada dA Força, a muito, muito tempo. No entanto, como se espera de um típico covarde liberal, ele prefere se esconder atrás das montanhas de títulos, honrarias profissionais e pequisas fundamentais, ao invés de discutir a verdade dos fatos.

E, como eu comentei no Preposterous Universe, aposto que os próximos episódios da Saga Guerra nas Estrelas vão acabar propondo alguma pequena variação do tema Intelligent Design financiado e produzido pela Templeton FoundationÉ só esperar…

Enquanto isso, no BRA$IL…


Mais duas notícias de O Globo on-line de hoje:
Lula: Economia vai surpreender em 2005
Presidente assegura que não recorrerá a pacotes: ‘Não é porque vamos ter eleição daqui a um ano e meio que vamos tomar uma medida populista’
Será que ele acredita no que está dizendo? Será que ele acredita que alguém acredita? […não precisam responder; as perguntas são meramente retóricas…]
Enquanto isso:
Inadimplência cresce e valor da dívida também
Estudo leva em conta cheques devolvidos, títulos protestados, dívidas vencidas com bancos, varejo, administradoras de cartões e financeiras. Estagnação da renda, inflação e alta de juros são algumas das explicações da Serasa para crescimento frente a abril do ano passado.
As mães do Meirelles e do Palocci, vão muito bem, obrigado!… [e não são nada disso que vocês estão pensando…]

Eu só não acerto a Mega-Sena…

Da série, “eu bem que falei…” Duas notícias publicadas na edição on-line de O Globo de hoje:
FH diz que política de Lula ‘é para inglês ver’
Ex-presidente critica política externa do governo dizendo que empenho com os países mais pobres tem segundas intenções

Garotinho e Rosinha recuperam direitos políticos com novo efeito suspensivo

Decisão no mês passado havia deixado a governadora do Rio e secretário estadual de Governo inelegíveis por três anos
Sobre a primeira, diga-se que é bem um caso de “O roto falando do esfarrapado e o sujo, do mal lavado”… Se alguém deveria ter vergonha na cara e não falar da política terceiro-mundista do Lula, este alguém é exatamente o FH. Mas, que é verdade, é!…
Sobre a segunda, também não é uma decisão irrecorrível: apenas uma liminar, dada por um Desembargador. Cadê a Associação dos Magistrados do Brasil? Vai fazer um ato público de repúdio conta o Desembargador? Vai emitir alguma Nota Oficial? Vai é porra nenhuma! nada…

Por que pessoas espertas defendem más idéias

Eu achei esse link para o artigo Why smart people defend bad ideas no BLOG de Peter Woit, Not even wrong. Gostei tanto que resolvi traduzir e publicar. Eu juro que pedi permissão ao autor, mas como a tradução já está pronta e ele ainda não respondeu, vou publicar assim mesmo.
Por que pessoas espertas defendem más idéias
© Scott Berkun, Abril de 2005
Todos nós conhecemos alguém que é esperto, mas que, ocasionalmente, defende idéias obviamente más. Por que isso acontece? Como podem pessoas espertas adotar posições que desafiam qualquer lógica racional? Tendo levado muitos anos trabalhando com pessoas espertas, eu cataloguei muitas ocasiões onde isso acontece e tenho alguns conselhos sobre como lidar com isso. Eu me sinto qualificado para escrever este ensaio porque sou uma pessoa esperta, em fase de recuperação, e já defendi várias idéias muito más. Então, se não fosse por outro motivo, este ensaio serve como uma espécie de sessão de terapia pessoal. No entanto, eu suspeito muito que você vai encontrar mais do que a pura diversão (“Olha só! O Scott é mais estúpido do que a gente pensava!“) no que eu tenho a dizer sobre este tópico.
Sucesso na defesa de más idéias
Eu não me orgulho de admitir que sou formado em Lógica e Computação pela Universidade Carnegie Mellon. Um diploma em lógica não é o tipo de coisa que faça as pessoas quererem conversar com você nas festas, ou ler seus ensaios. Mas, se há alguma coisa que eu aprendi, depois de anos estudando teorias de lógica em nível superior, é que a proficiência na argumentação pode ser facilmente usada para derrotar os oponentes, mesmo quando você estiver inteiramente errado. Se você aprender uns poucos truques de lógica e técnica de debates, você pode refutar o óbvio e defender o ridículo. Se as pessoas com quem você estiver discutindo, não estiverem tão a vontade como você nas táticas de discussão, ou não forem tão arrogantes quanto você, eles podem até desistir e concordar com você.
O problema com pessoas espertas é que elas gostam de “ter razão” e, algumas vezes, defenderão idéias até a morte, ao invés de admitir que estão erradas. Isso é mau. Pior, ainda, se elas se deram bem com isso quando eram jovens (digamos, porque elas eram mais inteligentes do que seus pais, seus amigos e os amigos de seus pais). Elas provavelmente terão construído um ego em torno de estarem sempre certos e defenderão seu recorde perfeito de “certeza presumida” até a morte. Pessoas espertas freqüentemente caem na armadilha de preferirem “ter razão”, mesmo que isso seja baseado em mentiras, ou resulte em eles, ou seus entes queridos, se sentirem infelizes (Em algum lugar do cemitério da sua cidade, existe uma fileira de tumbas, chamada “Alameda dos Espertinhos”, cheios de pessoas enterradas em funerais pouco concorridos, cujas lápides dizem: “Viu?…, no fim, eu tinha razão“).
Até que elas fiquem face a face com alguém com tenacidade bastante para dissecar sua lógica e com paciência bastante para aturar os insultos intelectuais velados que elas soltam durante a discussão (por exemplo: “Você realmente não pensa assim, não é?“, ou “Bem se você conhecesse a regra/lei/corolário de {insira aqui uma referência obscura}, você não estaria dizendo tais coisas…“), elas não serão forçadas a questionar sua habilidade em defender más idéias. Oportunidades para isso são raras: um novo patrão, um novo companheiro de trabalho, um cônjuge novo. Mas, se sua obsessão por “ter razão” for suficientemente forte, elas rejeitarão essas pessoas imediatamente, antes de se questionarem sobre seus próprios preconceitos e auto-manipulações. Pode ser mais fácil, para pessoas espertas com o hábito de defender más idéias, mudar de emprego, cônjuge ou cidade do que examinarem honestamente o que está no cerne de sua psique (e, freqüentemente, de sua infelicidade).
Ao invés de se formarem em lógica, ou estudarem as nuances da técnica de debate, lembre-se desta única regra simples para desmistificar aqueles que têm habilidade em defender más idéias: O simples fato de que você não pode provar que eles estão errados, não os torna corretos. A maior parte dos truques, empregados por conhecedores de lógica e técnicas de debates, refutam questões e ataques, mas não conseguem estabelecer qualquer justificativa verdadeira para uma determinada idéia.
Por exemplo, só porque você não pode provar que eu não sou uma reencarnação de um Rei da França, isso não se torna verdade. Então, quando alguém lhe disser: “Meu plano A é o melhor, porque ninguém explicou como ele pode falhar“, saiba que existe uma falácia neste argumento. Simplesmente porque ninguém descreveu como ele vai falhar, isso não o torna o melhor plano. É possível que os planos B, C, D e E tenham todos a mesma qualidade, ou que a razão pela qual ninguém tenha descrito como o plano A vai falhar, é que ninguém teve mais do que 30 segundos para analisá-lo. Como vamos discutir mais adiante, um raciocínio errado difuso requer que alguém (provavelmente você) construa uma estrutura mais saudável em torno do mau raciocínio, para expô-lo tal como ele é.
Morte por homogeneidade
Nossa segunda parada, no tour das más idéias comumente defendidas, é a, aparentemente amistosa, noção de pensamento comunal. Só porque todo o mundo na sala é esperto, não quer dizer que, coletivamente, eles irão chegar a idéias inteligentes. O poder da pressão dos pares é que ela atua sobre nossa estrutura psicológica, não sobre nosso intelecto. Como animais sociais, nós somos pesadamente influenciados pelo modo como as pessoas em nosso entorno se comportam, e a nossa capacidade pessoal em tomar decisões varia grandemente dependendo do ambiente em que nós estivermos. (Por exemplo, tente escrever um poema haiku, de pé, em um elevador com 15 cantores de ópera, urrando 15 árias diferentes, em 15 línguas diferentes, em falsete, diretamente em seus ouvidos; agora, compare a mesma tarefa, se você for executá-la, sentado em um banco, em um local calmo de um bosque aberto).
Dito isto, quanto mais homogêneo, em seu modo de pensar, for um grupo de pessoas, mais estreito será o leque de idéias que o grupo considerará abertamente. Quanto mais de mente aberta, criativo e corajoso for um grupo, maior será o leque de idéias que ele será capaz de explorar.
Alguns grupos de pessoas procuram grupos de interesse, consultorias e processos de pesquisa para introduzir idéias exteriores, mas isso raramente melhora a qualidade do raciocínio do próprio grupo. Essas idéias exógenas, não importa o quanto ousadas ou originais, ficam à mercê da diversidade de pensamentos dentro do próprio grupo. Se o grupo, como um coletivo, só é capaz de aprovar um trabalho de nível B, não importa quantas idéias de nível A você traga para ele. Grupos de interesse e outras fontes externas de informação não podem dar uma “alma” a uma equipe, nem a seus líderes. Uma equipe “nivelada” e homogênea de pessoas não tem “opiniões próprias”, porque consiste de pessoas com as mesmas bagagens culturais, pontos de vista e experiências, que só se sentirão à vontade discutindo as idéias “seguras” que se amoldem a esses limites.
Se você quer que suas pessoas espertas sejam tão inteligentes quanto possível, procure uma diversidade de formas de pensar. Encontre pessoas com diferentes experiências, opiniões, bagagens culturais, pesos, alturas, raças, estilos de cabelos, cores, passatempos, peças favoritas de vestuário, filosofias e crenças. Junte-os em torno dos resultados que você quer, não dos meios ou enfoques que eles devem usar. É a única maneira de garantir que as melhores idéias de seus indivíduos mais espertos sejam recebidas abertamente pelas pessoas em seu redor. Para seu próprio uso, evite sempre o mesmo tipo de: livros, filmes, música, comida, sexo, mídia e pessoas. Experimente realmente a vida, indo a lugares onde usualmente você não vai, gastar tempo em companhia de pessoas que você normalmente não acompanharia. Viva o momento e esteja aberto para ele. Até recentemente, na história humana, a vida era menos previsível e nós éramos forçados a nos encontrar com coisas que não eram sempre de nossa escolha. Nós somos capazes de viver vidas mais criativas e interessantes do que as que nossa cultura moderna freqüentemente nos provê. Se você sair de seu caminho para encontrar experiências diversas, vai ser impossível você deixar passar idéias, simplesmente porque seu ponto de vista, homogeneizado, não as deixou passar pelo filtro.
Raciocinar no nível errado
Em qualquer momento, em qualquer projeto, existe um número infinito de soluções para outro número infinito de problemas. Parte de ser uma pessoa realmente inteligente é saber qual o nível é o certo em um dado instante. Por exemplo, se você estiver derrapando em sua velha Kombi, a mais de cem por hora, em uma auto-estrada, durante um temporal, quando uma carreta, cheia de fogos de artifício mal embalados e velas de ignição em caixotes abertos, travar nos freios, essa não é a hora certa de discutir com seus passageiros onde vocês gostariam de parar para jantar. Por mais ridículo que esse cenário pareça, acontece o tempo todo. As pessoas se preocupam com a coisa errada, na hora errada, e aplicam sua inteligência de maneira tal que ela não sirva para encontrar a solução para seja o que for que estejam tentando conseguir. Alguns chamam essa diferença de habilidades de sabedoria, porque um sábio sabe em que concentrar seu raciocínio, enquanto que os meramente espertos só sabem raciocinar. (Esta desvalorização da sabedoria é uma dicotomia oriente vs. ocidente: a filosofia oriental põe grande ênfase em aumentar a sabedoria, ao passo que, no ocidente pós-iluminista (e, provavelmente, particularmente na América), a ênfase recai sobre os floreios intelectuais da inteligência)
Na indústria de software, o exemplo mais comum de “raciocinar em nível errado” é uma equipe de programadores, nível pop star, que podem fazer qualquer coisa, mas não sabem, realmente, o que fazer. Daí, eles tendem a fazer quaisquer coisas que lhes venham às idéias, nunca parando para procurar alguém, que pode não ser um entusiasta em escrever programas, mas que pode ver onde o valor de suas habilidades de programação seria melhor aplicado. Outros exemplos incluem: pessoas que sempre se preocupam com dinheiro, não importa quanto eles tenham; pessoas que lutam com relacionamentos, mas investem somente em melhorar sua aparência (ao invés de terapia ou outra abordagem emocional); ou qualquer um que queira resolver o problema X, mas que parece que só faz coisas para resolver o problema Y.
O ponto principal é que nenhuma quantidade de inteligência pode ajudar um indivíduo que esteja diligentemente trabalhando no nível errado do problema. Alguém com sabedoria tem que bater no seu ombro e dizer: “Aí, cara! O buraco que você está cavando está muito bonito e o tamanho está certinho. Mas você está no terreno errado.”
Morto, a longo prazo, por pensar a curto prazo
Pelo que se conhece da evolução, fica claro que nós estamos vivos por causa de nossa habilidade herdada de pensar rápido e responder às mudanças. A sobrevivência das criaturas viventes, na maior parte da história de nosso planeta, tem sido um jogo de curto prazo. Somente se você conseguisse escapar de seus predadores e apanhar suas presas, você teria o privilégio de se preocupar com o amanhã.
Disso se segue que nós temos a tendência a sermos melhores em nos preocuparmos e resolvermos questões de curto prazo, do que questões de longo prazo. Mesmo quando nós reconhecemos uma questão importante de longo prazo que temos que planejar, digamos proteger os recursos naturais ou planejar para a aposentadoria, nós somos facilmente distraídos por coisas imediatas, como o jantar ou sexo (coisas importantes, sem dúvida; mas para grande parte da espécie, a relevância da necessidade é puro imediatismo). Uma vez distraídos, nós raramente voltamos a pensar nos problemas de longo prazo de que fomos desviados.
Uma justificativa, comumente usada para o abuso do raciocínio de curto prazo, é defendê-lo com uma falsa perspectiva. O cara esperto, mas menos confiante, diz: “Ei! Você está certo de que nós devíamos estar fazendo assim?” E o cara esperto, confiante, mas menos sábio, diz: “Claro! Nós fizemos assim da última vez, fizemos assim antes, então, por que não deveríamos fazer assim de novo?” Essa “defesa” é uma “falsa perspectiva” porque não há motivos para se pensar que apenas duas amostras de dados (por exemplo: “a última vez” + “a penúltima vez”) sejam suficientes para prever o futuro. As pessoas dizem coisas similares, todo o tempo, em defesa da “economia de livre mercado”, da “democracia” e de “técnicas de sedução”. “Bem, isso nos trouxe até aqui e é o melhor sistema que temos“. Bem… Pode ser… Mas se você estivesse em sua Kombi quebrada, até as canelas de gasolina escorrendo do tanque, e com um cigarro aceso em cada mão, poderia dizer a mesma coisa…
Colocando as coisas de modo simples, o fato de você ainda não estar morto não significa que todas as coisas que você já fez, por tudo que é justo neste universo, não fossem suficientes para matar você. Você talvez só precise de mais umas poucas amostras de dados para que a Lei das Médias entre em funcionamento e ponha um fim permanente a seu raciocínio de curto prazo
Quantas amostras de dados você precisa para continuar se sentindo confortável com um comportamento, é um caso inteiramente de filosofia pessoal. Os sábios e os céticos sabem que mesmo um número infinito de amostras do passado, podem ter uma influência limitada sobre o futuro. A parte enganosa sobre o futuro é que ele é diferente do passado. Nossos dados do passado, não importa quão grande seja a pilha de dados, pode muito bem ser totalmente irrelevante. Alguns acham que essa falta de habilidade em prever o futuro é algo totalmente frustrante, enquanto outros encaram o fato como a principal justificativa para ficar por aqui mais alguns anos.
De qualquer forma, meu ponto não é que Kombis ou economias de livre mercado sejam más. Ao invés disso, o que eu estou dizendo é que pequenas amostras de dados de curto prazo não são uma maneira nem confiável, nem sábia, para tomar decisões de longo prazo. Pessoas espertas fazem isso o tempo todo e, uma vez que isso é tão aceito como uma “experiência prática” (ou seja, “a última vez” + “a penúltima vez”), que é freqüentemente aceito, em lugar de raciocínio verdadeiro. Sempre tendo em mente que os seres humanos, dada a nossa evolução, são muito ruins em ver efeitos cumulativos de comportamento e subestimam como coisas, tais como “juros compostos” ou “um cigarro por dia”, podem ter, a longo prazo, um impacto surpreendentemente grande, a despeito dos efeitos claramente pequenos em curto prazo.
Como impedir pessoas espertas de defenderem más idéias
Eu passei meu primeiro ano de faculdade em um pequeno college de Nova Jersey chamado Universidade Drew. Eu me diverti, tomei muitas bebidas alcoólicas gostosas e fui a muitas festas de arromba (tendo como resultado, é lógico, que fui reprovado e tive que voltar a morar no Queens com meus pais. Como vocês podem ver, esse ensaio é, na verdade, um anúncio de utilidade pública, pago por meus pais — eu era uma pessoa esperta que fez algumas coisas estúpidas). Mas eu menciono isso porque eu aprendi uma boa dose de filosofia com as muitas horas jogando sinuca no Centro Acadêmico. A lição foi: “A Pressa Mata”. Eu nunca fui muito bom em sinuca, mas tinha um cara que era e, toda vez que nós jogávamos, ele ficava me vendo perder tacadas fáceis porque eu queria enfiar as bolas na caçapa com toda a força. Eu escolhi “velocidade e força”, ao invés de “controle”, e, quase sempre, perdi. Da mesma forma que na sinuca, quando se trata de desmistificar pessoas espertas que estejam defendendo idéias más, você tem que achar uma maneira de “desacelerar as coisas”.
A razão para isso é simples. Pessoas inteligentes, ou cujos cérebros tenham, pelo menos, uma boa “arrancada”, usam a sua velocidade de raciocínio para sobrepujar os outros. Elas vão saltar de uma suposição para outra rapidamente, expelindo jargão, pedaços de lógica, ou “experiência prática”, em uma cadência de tiro rápida o suficiente para intimidar a maior parte das pessoas e fazê-las desistir. Quando isso não surte efeito, os arrogantes ou pomposos vão lançar mão de um pouco de derrisão e usar quaisquer trapaças ou táticas de manipulação que estejam a seu alcance, para desencorajá-lo ainda mais de tentar dissecar suas idéias.
Então, sua melhor defesa começa por bater um argumento por partes. Quando disserem: “é óbvio que nós temos que executar o plano A, agora!“, você deve responder: “Espere um pouco! Você está muito na minha frente. Para que eu possa acompanhar seu raciocínio, eu preciso bater isso por partes“. E, sem esperar pela permissão para fazê-lo, vá em frente e faça isso.
Em primeiro lugar, nada é óbvio. Se fosse realmente óbvio, não haveria necessidade de dizê-lo. Então, sua primeira tarefa é estabelecer o que não é tão óbvio. Quais são as premissas que o outro cara está glosando e que vale a pena pesquisar mais detalhadamente? Podem haver 3 ou 4 premissas válidas diferentes, que precisam ser discutidas, uma de cada vez, antes que se possa considerar qualquer espécie de decisão. Pegue uma de cada vez, e exponha as questões básicas: que problema estamos tentando resolver? Quais são as alternativas para resolvê-lo? Quais são as vantagens e desvantagens de cada alternativa? Batendo por partes e fazendo perguntas você expõe mais o raciocínio à luz, torna possível para os outros fazer perguntas e torna mais difícil, para qualquer um, defender uma má idéia.
Ninguém pode tirar seu direito de raciocinar sobre as coisas, especialmente se a decisão a tomar é importante. Se sua mente não “arranca” bem e funciona melhor em 3ª ou 4ª marchas, encontre os caminhos para se dar o tempo para chegar lá. Se, quando você disser “eu preciso desta tarde para raciocinar sobre isso“, eles disserem “entretanto nós temos que decidir sobre isso agora“, pergunte se a decisão é tão importante; se responderem que sim, então você estará inteiramente justificado em pedir mais tempo para raciocinar e fazer perguntas.
Ache uma pessoa razoável para escutar
Algumas situações necessitam de ajuda externa. Ao invés de levar a questão ao arbítrio de uma outra pessoa, diretamente, ache terceiros que ambos respeitem, e continue a discussão em sua presença. Pode ser um superior, ou simplesmente alguém reconhecidamente inteligente, o suficiente para que seu oponente possa fazer concessões a ele sobre alguns pontos.
Conseqüentemente, se o chefe de sua equipe for sábio e razoável, pessoas espertas que poderiam, ordinariamente, defender más idéias, vão ter muito trabalho para fazê-lo. Porém, se, infelizmente, seu chefe de equipe não for nem sábio, nem razoável, pessoas espertas e arrogantes podem convencer os outros a seguir seus maus conselhos, mais vezes sim do que não.
Mais razões ainda
Eu estou certo de que você tem histórias sobre suas próprias tolices ao lidar com pessoas espertas defendendo más idéias, ou nas quais você, no papel de pessoa esperta, perdeu tempo discutindo por coisas sobre as quais você se arrependeu depois. Dada a enorme diversidade de maneiras que o universo fornece aos seres humanos para serem espertos e tolos ao mesmo tempo, existem muitas outras razões de porque pessoas espertas podem se comportar de maneira estúpida. Por pura diversão, e para alimentar os forums, lá vão mais algumas. (Se você tem algumas idéias sobre este ensaio, ou mais algumas razões a acrescentar, por favor, dirija-se a esses forums)

  • Pessoas espertas podem seguir líderes estúpidos (buscando elogios ou promoção)
  • Pessoas espertas podem ser levadas pela raiva a posições estúpidas
  • Elas podem ser treinadas ou educadas para serem estúpidas
  • Pessoas espertas podem herdar más idéias de seus pais, sob o disfarce de “tradição”
  • Elas podem querer que alguma coisa impossível seja verdade

[As referências citadas pelo autor podem ser obtidas no site do original]

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