Perigo! Gelo fino!

Via EurekAlert e Noticiário da Agência Espacial Européia:
Gelo do Mar Ártico está perdendo espessura em uma taxa recorde
28 de outubro de 2008

A espessura da calota de gelo marítima em grandes partes do Mar Ártico diminuiu até em 19% no último inverno, em comparação com os cinco invernos anteriores, de acordo com dados do satélite Envisat da Agência Espacial Européita (ESA).

Usando dados do radar-altímetro do Envisat, cientistas do Centro para Observação e Modelagem Polar no University College London (UCL) mediram a espessura do gelo marítimo sobre o Ártico de 2002 a 2008 e descobriram que ela vinha sendo razoavelmente constante, até a perda recorde de gelo no verão de 2007.

Condições climáticas incomumente quentes aconteceram sobre o Ártico em 2007, o que, explicam alguns cientistas, explica a perda de gelo no verão. Entretanto, este verão alcançou o segundo lugar em extensão jamais registrado, mesmo com condições climáticas mais frias.

A Dra Katharine Giles do UCL, que chefiou o estudo, declarou: “A extensão baixa do gelo neste verão não parece ter sido ditada por condições climáticas quentes, de forma que a pergunta é: a perda de espessura no inverno passado está por trás disso?”

Arctic sea ice extent in September 2007 and 2008
Extensão da Calota Polar Ártica em setembro de 2007 e setembro de 2008. ©ESA

A pesquisa, relatada em Geophysical Research Letters, mostrou que, no último inverno, a espessura média do gelo marítimo por sobre todo o Ártico caiu em 26 cm (10%), em comparação aos cinco invernos anteriores, mas a calota de gelo marítima do Ártico Ocidental perdeu cerca de 49 cm de espessura.

Giles declarou que a extensão da calota de gelo marítimo no Ártico está sujeita a uma série de fatores, que incluem temperaturas mais altas, correntes e ventos, o que torna importante saber como a espessura do gelo está mudando, bem como a extensão da calota de gelo.

“Uma vez que a calota polar do Mar Ártico está em constante movimento, os métodos  convencionais só fornecem medições esparsas e intermitentes da espessura do gelo, a partir das quais fica difícil discernir se as mudanças são locais ou abrangem todo o Ártico”, explicou Giles.

“Os satélites são o único instrumento que permite determinar tendências e dão uma base consistente e de ampla área. O altímetro do Envisat forneceu a crítica terceira dimensão para as imagens de satélite que já haviam revelado um dramático declínio na área da Calota Polar no Ártico”.

Sea ice thickness
Espessura da Calota Polar medida pelo altímetro do Envisat © ESA

A equipe que incluiu os Drs Seymour Laxon e Andy Ridout, foi a primeira a medir a espessura do gelo durante o inverno no Ártico, de outubro a março, por sobre mais da metade do Ártico.

“Vamos continuar a usar o Envisat para monitorar a evolução da espessura da calota de gelo por todo este inverno, para ver se esta tendência de diminuição continua”, declarou Laxon. “No próximo ano nós teremos uma ferramenta ainda melhor para medir a espessura do gelo, na forma do CryoSat-2 da ESA que vai fornecer dados com maior resolução e uma cobertura quase completa do Polo”.

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Discussão - 7 comentários

  1. Luiz Bento disse:

    Fala João,
    O último relatório do NSIDC fala bem disso, mostrando através até de um gráfico bem legal este problema. Ele mostra que houve um aumento da camada de gelo do ártico neste ano, mas grande parte deste aumento deve-se a gelo fino. A notícia de aumento da camada de gelo deixou os céticos do clima "felizes", mas eles sempre esquecem de mostrar que um aumento na camada de gelo fino realmente não é um aumento marcante.
    Se tiver um tempo, da uma lida aqui:
    http://discutindoecologia.blogspot.com/2008/10/recuperao-na-camada-de-gelo-do-rtico-em.html

  2. João Carlos disse:

    Isso aí, Luiz Bento! Eu tinha reparado na notícia a que se refere o "update": mais ventos quentes e derretimento interno das geleiras do Ártico.
    E mesmo frivolidades como a série "Caminhoneiros do Gelo" do THC dão a dica de que o gelo de inverno no Ártico ficou bem mais fino neste ano...
    O que as antas costumam não se recordar é que o gelo é um excelente isolante térmico...

  3. João, eu acredito que mudança no mundo é inevitável. A questão é: nós sobreviveremos?
    A natureza se recupera, já os humanos....

  4. João Carlos disse:

    Ana Cláudia, eu concordo que as mudanças são irreversíveis, pelo menos a médio prazo.
    Quanto à humanidade, ao que tudo indica, sim... mas muito arranhada. O maior problema vai ser (uma ova!... já está sendo!... Basta olhar para Nova Orleans) com as primeiras vítimas dessas mudanças.
    Quando e se conseguirem convencer os cabeças-duras que se acham "governantes" que o problema é sério, é urgente, e já passou da hora de tomar as primeiras providências, muita gente vai ter passado do ponto de resgate...

  5. Lucia Malla disse:

    Esse gráfico é impressionante. Se em 2007 estávamos mal, parece q a situação caminha para a beira do colapso facilmente. 🙁

  6. Clarissa disse:

    O percentual é bastante alto e já não está mais estável. Ao que parece, a tendência é diminuir as extensões de gelo. Assim como teremos nômades da água, será que teremos nômades do gelo? Abraços

  7. João Carlos disse:

    Já temos, né?... Uma quantidade recorde de pinguins veio até as costas do NE do Brasil neste inverno...
    A tônica maior é sobre a Calota Polar Norte, porque as mudanças climáticas lá afetam o Primeiro Mundo. Mas a situação na Antártica não está muito melhor...

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