Ciscando pelo EurekAlert
Alguns press-releases que chamaram minha atenção entre os vários publicados no EurekAlert, hoje:
Martin Spalding, catedrático do Departamento de Genética, Desenvolvimento e Biologia Celular identificou, pela primeira vez, a proteína encarregada de acumular o CO2 em micro-algas: a HLA3.
As crescentes concentrações de CO2 na atmosfera são encaradas como uma fonte de preocupação por causa do efeito estufa. No entanto, as plantas precisam e muito do CO2 para realizar a fotossíntese e transformá-lo em açúcares que formam seus tecidos.
Porém, nem todas as plantas são dotadas dessa enzima acumuladora de CO2 A idéia de Spalding é, por meio de engenharia genética, dotar plantas de cultivo, por exemplo o arroz, dessa enzima para acelerar seu crescimento.
O press-release nem menciona isso, mas eu logo me lembrei que isso talvez possa ser usado como um meio auxiliar para aumentar o sequestro do CO2 atmosférico.
MIT: A maneira como se sente o mundo influencia como o vemos (aqui e aqui)
Ilusões motoras revelam novas abordagens sobre a percepção
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No caso da clássica ilusão da queda d’água, se nos fixarmos no movimento para baixo das águas que caem por algum tempo, objetos estacionários, tais como pedras, parecerão estar subindo. Os neuro-cientistas do MIT descobriram que este fenômeno, chamado de efeito residual do movimento (motion
aftereffect), ocorre não só com a percepção visual, mas também com a percepção tátil, e que esses sentidos se influenciam entre si. Dito de outra forma, a maneira como se sente o mundo pode até modificar a maneira como o vemos — e vice versa.
Em um artigo publicado na edição online de 9 de abril de Current Biology, pesquisadores relatam que pessoas expostas a um movimento visual em uma dada direção, percebiam um movimento tátil na direção oposta. Ao contrário, o movimento tátil em uma direção provocava a ilusão de movimento visual na direção oposta.
O principal autor do artigo, Christopher Moore do Instituto McGovern para Pesquisas do Cérebro no MIT, explica: “Nossa descoberta sugere que o processamento sensorial de movimento visual e tátil se valem de circuitos neurais que se superpõem. A aparência ou a sensação tátil causada por alguma coisa pode ser influenciada por um estímulo na outra modalidade sensorial”.
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A experiência colocuo voluntários observando um movimento visual em uma tela de computador, enquanto colocavam o dedo indicador em um estimulador tátil logo atrás da tela. Esse estimulador consistia de um dispositivo com 1 cm² com 60 pinos para dirigir vibrações precisamente controladas para as pontas dos dedos. Esse estimulador é único no mundo e foi desenvolvido por Qi Wang do Instituto de Tecnologia da Georgia e por Vincent Hayward da Universidade Pierre et Marie Curie na França.
Para testar o efeito do movimento visual na sensação tátil das pessoas, o monitor exibia um padrão de faixas horizontais que se moviam para cima ou para baixo durante dez segundos. Depois que o padrão visual desaparecia, uma única linha horizontal de pinos fazia vibrar a ponta dos dedos da pessoa. Embora os pinos enviassem um pulso estático de vibração, todos os oito voluntários perceberam a faixa horizontal de pinos como estando em movimento para cima ou para baixo, sempre na direção oposta do movimento do padrão visual precedente.
E, para testar o efeito do movimento tátil sobre a percepção visual, fileiras adjacentes de pinos eram vibradas em rápida sucessão, criando a sensação de um objeto tátil que se movia para cima ou para baixo pelas pontas dos dedos das pessoas. Após um estímulo de 10 segundos, o monitor exibia um padrão estático de faixas horizontais. Contrariamente à suposição prevalescente de que a visão sempre triunfa sobre o tato, as pessoas percebiam as faixas como se movendo na direção oposta do estímulo tátil anterior.
[Clique aqui para ver uma demonstração do estímulo de movimento usado nesse estudo]
Até agora se pensava que os efeitos residuais refletiam a fadiga dos circuitos cerebrais, mas se chegou à conslusão de que os neurônios processam continuamente as informações sobre movimentos e são capazes de recalibrar o cérebro para modificações no ambiente sensorial. Os recentes estudos descobriram que a região do cortex visual conhecida como MT ou V5, há tempos associada à percepção de movimentos, pode ser igualmente responsável pelo processamento da percepção tátil do movimento. A equipe de Moore pretende explorar essa região do cérebro para estabelecer o quanto ela pode contribuir para esses efeitos residuais sinestésicos.
Discussão - 3 comentários
Quanto as algas, eu realmente acho que isso não é uma vantagem direta para a produção de biocombustíveis. As tentativas atuais de produção a partir de microalgas envolvem a injeção direta de co2 em grande concentração em tanques ou em fotobioreatores.
A concentração de co2 em volta da RUBISCO (enzima responsável pela fixação de co2) por algas (principalmente cianobactérias) é uma saída evolutiva para uma atmosfera antiga, onde o co2 era praticamente inexistente. Em uma situação dessas, aumentar a concentração de co2 em volta de uma enzima como a rubisco era muito vantajosa. Isso porque a rubisco é uma enzima "burra", pois não é específica para o co2, podendo também ser ativada por oxigênio. Chamamos este processo de fotorespiração, que diminui a taxa fotossintética em uma atmosfera pobre me co2.
Sendo assim, em condições de excesso de co2, ao meu ver, concentrar co2 em volta da rubisco não traria vantagem alguma para a taxa fotossintética das algas. Os mecanismos concentradores de co2 em volta da rubisco são muito vantajosos, mas em condições de falta de co2.
A idéia não seria produzir biocombustíveis diretamente: apenas usar mais gás carbônico atmosférico para promover um crescimento acelerado de plantas, em geral (O autor do estudo fala em arroz). Nada impede que isso seja aplicado a plantas usadas na produção de biocombustíveis.
Percebo qual a sua ressalva quanto a tentar ampliar o "rendimento" da fotossíntese das micro-algas.
Entendi o seu ponto joão. Eu tinha achado que a sua ideia era usar apenas para algas. Concordo que diminuir a limitação de carbono em plantas terrestres pode aumentar a taxa fotossintética. Mas em uma atmosfera cada vez mais rica em carbono acho que essa limitação é cada vez menor.
Além disso as plantas terrestres tem uma rubisco muito mais eficiênciente para co2 do que as micro algas. Desta forma elas não precisam saturar sua rubisco com co2 para não fotorespirar. O caminho evolutivo das plantas terrestres foi "melhorar" a rubisco ao invés de investir em mecanismos concentradores de co2 como as cianobactérias. Muito interessante isso.
Abraços.