“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (20/04/09)
20 de abril de 2009
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
O perigo de ser engolido por uma estrela
Planetas gigantes que orbitam muito perto de suas estrelas em outros sistemas planetários podem ter suas atmosferas roubadas pela estrela e perder até 25% de sua massa durante suas existências. Esses “exoplanetas” gigantes — localizados em outros sistemas solares — estão sujeitos ao fluxo de gases conhecido como vento estelar, vindo das camadas superiores da estrela próxima, e de tempestades chamadas ejeções de massa coronal. Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Espacial da Academia Austríaca de Ciências usaram modelos em computador para estudar as possíveis perdas de massa atmosférica nos exoplanetas que orbitam suas estrelas bem mais perto do que a Terra orbita o Sol. Os 49 planetas modelados incluiam gigantes gasosos quentes, mais ou menos do mesmo tamanho, ou pouco maiores do que Saturno e Júpiter, gigantes gelados quentes similares a Urano e Netuno, e uma “Super-Terra” que é ligeiramente menor do que o dobro da massa da Terra. O exoplaneta tipo Super-Terra poderia ter começado a existir com o tamanho aproximado de Netuno, antes de ter sua atmosfera arrancada.
Alguns dos exoplanetas tiveram apenas uma perda negligível em suas amosferas, o que foi creditado pelos pesquisadores a um equilíbrio entre a pressão da camada eletricamente carregada da atmosfera do planeta e da pressão exercida pela estrela próxima. Mas, se o planeta chegar perto demais,
explosões na superfície da estrela vão suplantar a pressão do planeta e arrancar grande parte da atmosfera. As novas descobertas foram apresentadas no encontro da Semana Européia de Astronomia e Ciências Espaciais na Universidade de Hertfordshire, ao norte de Londres, Inglaterra.
A poeira de um cometa mostra o início do sistema solar
Em abril de 2003, aeronaves da NASA realizaram voos em grandes altitudes na atmosfera, na hora em que a Terra estava passando pela cauda de poeira deixada para trás pelo cometa 26P/Brigg-Skjellerup. As aeronaves recolheram a poeira que caia sobre a atmosfera superior e uma coalizão internacional de pesquisadores estudou as amostras para verificar se a poeira poderia revelar algo acerca de suas origens. Uma equipe de cientistas do grupo da Universidade de Manchester na Inglaterra anunciou, nesta semana, suas descobertas, na Semana Européia de Astronomia e Ciência Espacial. O pesquisador Henner Buseman declarou: “Encontramos uma pletora de ‘impressões digitais’ de substâncias químicas primitivas, inclusive alguns grânulos pré-solares, uma verdadeira forma de poeira de estrelas formada em torno de outras estrelas mais antigas, algumas durante explosões de supernovas, associadas com matéria orgânica primeva que deve antedatar a formação de nossos planetas”.
A matéria primitiva encontrada na poeira consiste, em parte, de amostras inalteradas das matérias-primas de nosso Sistema Solar, segundo os pesquisadores. Dois dos grânulos parecem pertencer à nebulosa de onde se originou o Sistema Solar, há mais de 4,5 bilhões de anos. Outra partícula contém quatro grânulos de silicatos pré-solares com uma estranha composição que coincide com a predição feita para os tipos de silicatos que devem ter-se formado no gás que se segue à explosão de uma supernova. A poeira da cauda de um cometa é considerada uma boa maneira de estudar as condições reinantes nos estágios iniciais da formação do Sistema Solar, porque os cometas congelados são vistos como “refrigeradores gigantes” que mantém o material original em suas condições primevas.
Ciclones, um novo culpado pelo aquecimento global
Os cientistas há muito tempo pensavam que o aumento das temperaturas causado pelo aquecimento global poderia ser responsável pelo aumento do número e da intensidade de ciclones tropicais. Agora, pesquisadores da Universidade Harvard descobriram que os ciclones injetam gelo bem para o alto na estratosfera e, possivelmente, realimentam o aquecimento global. David Romps do Departamento da Terra e de Ciências Planetárias de Harvard declarou: “Uma vez que o vapor d’água é um importante gás de efeito estufa, um aumento do vapor d’água na estratosfera aqueceria a superfície da Terra”. A Tropopausa, a região mais fria da atmosfera terrestre, entre 12 e 22 km acima da superfície, normalmente impede que o vapor d’água suba até a estratosfera. Porém, estudando dados obtidos por satélites de observação em infravermelho colhidos entre 1983 e 2006,
Romps e seu colega, Jiming Kuang, descobriram que estreitas plumas de nuvens de tempestade com quilômetros de altura podem subir de maneira tão explosiva que bombeiam água para a estratosfera. Quando o vapor d’água é empurrado para além da tropopausa, ele se congela e, então, é injetado na forma de gelo na estratosfera mais quente, onde se evapora. O aumento no vapor d’água na estratosfera acescenta ao aquecimento global, segundo os pesquisadores. Eles dizem, em seu estudo publicado em Geophysical
Research Letters: “Muitos acreditam que o aquecimento global levará a mudanças na frequência e na intensidade dos ciclones tropicais. Por conseguinte, os resultados aqui apresentados demonstram a possibilidade de haver uma retro-alimentação entre os ciclones tropicais e o clima global”.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
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