Os asteróides se bronzeiam no vento solar

ESO


IMAGEM:
Esta é uma concep­ção artística de como o vento solar faz com que um asteróide fique com a aparência de “velho”.

Mais informações e imagem ampliada.

O principal autor do estudo, Pierre Vernazza, diz: “Os asteróides parecem ‘se bronzear’ muito rapida­mente, mas não com uma super-dose de radiação ultravioleta do Sol e, sim, com os efeitos de seu poderoso vento”.

Já se sabe, há muito tempo, que as aparência das superfícies dos asteróides variam com o tempo — os asteróides observados são muito mais avermelhados do que o interior do meteoritos encontrados na Terra¹  — porém os reais processos envolvidos nesse “sazo­namento espacial” e as escalas de tempo correspon­dentes eram algo controverso.

Graças à observação de diferentes famílias de aste­rói­­des², com o Telescópio de Nova Tecnologia do ESO e o Telescópio Muito Grande de Paranal, assim como telescópios na Espanha e no Hawaii, a equipe de Vernazza conseguiu, agora, solucionar o enigma.

Quando dois asteróides colidem, criam uma família de fragmentos com superfícies “limpas”. Os astrônomos descobriram que essas superfícies recém-expostas são rapidamente modi­ficadas e mudam de cor em menos de um milhão de anos — um período de tempo muito curto em comparação com a idade do Sistema Solar.

Vernazza diz que “as partículas carregadas e que se deslocam rapidamente, presentes no vento solar, danificam a superfície de um asteróide com uma rapidez impressionante³”. De forma diferente da pele humana que fica danificada e envelhecida pela continuada exposi­ção à luz solar, são, de maneira até surpreendente, os primeiros momentos de exposição (dentro da escala de tempo considerada) — o primeiro milhão de anos — que causam a maior parte do “envelhecimento” dos asteróides.

Estudando diferentes famílias de asteróides, a equipe também demonstrou que a composi­ção da superfície de um asteróide é um importante fator para o quão avermelhada sua su­per­fície pode ficar. Depois do primeiro milhão de anos, a superfície “bronzeia” muito mais devagar. Nesse estágio, a cor depende mais da composição do que da idade. Além disso, as observações revelam que as colisões não podem ser o principal mecanismo por trás da grande quantidade de superfícies “novas” observadas nos asteróides rasantes. Em vez disso, essas superfícies “com ar de novas” podem ser os resultados de encontros com pla­netas, onde o puxão gravitacional do planeta tenha “sacudido” o asteróide, expondo o mate­rial inalterado.

Graças a esses resultados, os astrônomos agora podem entender mais facilmente como a superfície de um asteróide — que frequentemente é a única coisa que podemos observar — reflete sua história

Notas

[1] Meteoritos são pequenos fragmentos de asteróides que caem sobre a Terra. Quando um meteorito penetra na atmosfera da Terra, sua superfície pode se derreter e ser parcialmente calcinada pelo calor intenso. Não obstante, o interior do meteorito permanece inalterado e pode ser estudado em laboratório, fornecendo várias informações sobre a natureza e a com­posição dos asteróides.

[2] Uma família de asteróides é um grupo de asteróides que descrevem órbitas similares em torno do Sol. Acredita-se que os membros de uma determinada família sejam os fragmentos de um asteróide maior, destruído em uma colisão.

[3] A superfície de um asteróide é afetada pelas partículas altamente energéticas que formam o vento solar. Essas partículas destroem parcialmente as moléculas e os cristais na superfície, os rearranjando em novas combinações. Com o tempo, essas mudanças acabam por formar uma fina crosta de material irradiado com cores e propriedades especí­ficas.

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Mais informações:

Este resultado foi apresentado em um artigo publicado na edição desta semana da Nature,
“Solar wind as the origin of rapid reddening of asteroid surfaces”, por
P. Vernazza et al. A equipe é composta por Pierre Vernazza (ESA),
Richard Binzel (MIT, Cambridge, EUA), Alessandro Rossi (ISTI-CNR, Pisa,
Itália), Marcello Fulchignoni (Observatório de Paris, França) e Mirel
Birlan (IMCCE, CNRS-8028, Observatório de Paris, França). Um arquivo no formato PDF está disponível para download em http://www.eso.org/public/outreach/press-rel/pr-2009/nature07956_proof1.pdf .

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