Os incêndios são uma parte importante e subsetimada das mudanças climáticas globais






Press Release 09-081 Fire is an Important and Under-Appreciated Part of Global Climate Change

Estudo identifica signficativas contribuições do fogo para as mudanças climáticas e identifica feedbacks entre os incêndios e as mudanças climáticas

Satellite image of smoke from Southern California wildfires billowing over the Pacific Ocean.

Fumaça de incêndios nas matas do Sul da Califórnia se espalha pelo Oceano Pacífico.
Crédito e Versão Ampliada

23 de abril de 2009

O fogo tem que ser levado em consideração como uma parte integrante das mudanças climáticas, se­gundo os 22 autores de um artigo publicado na edição de 24 de abril de Science. Os autores constataram que os incêndios para des­matamento por todo o mun­do contribuem com um quin­to do aumento das emisões vindas das ativi­dades humanas de dióxido de car­bono, um gás de efei­to estufa que ajuda a au­mentar as temperaturas globais.

O trabalho é o resultado de um encontro apoiado pelo Instituto Kavli de Física Teórica (KITP) e o Centro Nacional de Análises e Sínteses Ecológicas (NCEAS), ambos com base na Uni­versidade da Califórnia, Santa Barbara e financiados pela Fundação Nacional de Ciências (NSF).

Os autores pedem que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) inte­gre totalmente os incêndios em seus dados sobre mudanças climáticas globais e considere os feedbacks entre fogo e clima, os quais têm estado inteiramente ausentes dos modelos globais.

Incêndio em uma floresta de pinheiros na Sibéria.

Incêndio em uma floresta de pinheiros na Sibérica.
Crédito e Versão Ampliada

O artigo amarra várias “pontas soltas” de conhecimentos acerca de fogo que tinham, até agora, permanecido isoladas em campos diversos que incluem ecologia, modelagem global, física, antropo­logia e climatologia.

Um número crescente de incêndios descontrolados estão também influenciando o clima, segundo os autores. “Os trágicos incêndios em Victoria, Austrália, emfatizam a ubiquidade dos recentes incên­dios descontrolados e os regimes de incêndios naturais, provavel­mente em mutação, concomitantes com as mudanças climáticas antropogênicas”, declara David Bowman da Universidade da  Tas­mânia. “Nossa revisão é tanto oportuna, quanto de grande relevân­cia global”.

Os pesquisadores David Bowman e Jennifer Blach.

Pesquisadores David Bowman e Jennifer Balch.
Crédito e Versão Ampliada

O dióxido de carbono é o mais importante e o melhor estudado gás de efeito estufa emitido por plantas em combustão. Entretanto, o metano, partícu­las de aerossol na fumaça e o albedo modificado de uma paisa­gem calcinada, todos contribuem para mudanças na atmosfera causadas pelo fogo. Segundo os autores, as consequencias de grandes incêndios têm altos custos econômicos, ambientais e de saúde pública.

Os autores declaram: “A Terra é, intrinsecamente, um planeta in­fla­­mável devido a sua cobertura de vegetação rica em carbono, climas sazonalmente secos, oxigênio atmosférico e ignições por descargas elétricas e atividades vulcânicas. Mesmo assim, a des­peito da tradicional aperciação pela espécie humana dessa infla­mabilidade, o escopo global dos incêndios só foi revelado recente­mente pelas observações por satélite que se tornaram disponíveis a partir do início da déca­da de 1980”.

Eles observam, entretanto, que os satélites não podem capturar as atividades do fogo em ecossistemas com intervalos de incêndios muito grandes, ou aqueles com uma atividade de fogos muito variável.

Jennifer Balch, componente da equipe de pesquisa e associada pós-graduada do NCEAS, explica que estão acontecendo incêndios maiores e mais frequentes do Oeste dos EUA até os trópi­cos. Esses são “incêndios onde normalmente não havia incêndios”, disse ela, ob­servando que é nos trópicos úmidos que estão acontecendo diversos incêndios de queima­das para desflorestamento, usualmente para a expansão das áreas de plantio e pecuária. “As úmidas florestas tropicais historicamente não experimentaram incêndios com a frequen­cia atual. Durante secas extremas, tais com as de 1997-98, os incêndios naturais na Ama­zônia queimaram 39.000 km² de florestas”.

Um incêndio florestal queimou 28.000 acres de floresta no Arizona e matou seis bombeiros.

Este incêndio queimou 28.000 acres de floresta no Arizona e matou seis bombeiros.
Crédito e Versão Ampliada

Balch explica a importância do artigo: “Esta síntese é um pré-re­quisito para a adaptação à aparente intensificação recente de feedbacks do fogo, que tem sido exacerbado pelas mudanças cli­máticas, pela rápida modificação da cobertura das terras e pela introdução de espécies exóticas — o que, em conjunto, ameaça a integridade de biomas inteiros”.

Os autores reconhecem que sua estimativa da influência do fogo sobre o clima, é apenas um início e eles apontam grandes lacu­nas nas pequisas que devem ser resolvidas para que compreendamos a influência geral do fogo sobre o sistema climático.

Balch observa que é necessária uma “ciência holística do fogo” e aponta a real importância do fogo. “Não pensamos nos incêndios de maneira correta”, diz ela. “O fogo é tão elemental quanto o ar ou a água. Nós vivemos em um planeta de fogo. Nós somos uma espécie de fogo. Mesmo assim, o estudo do fogo vem sendo altamente fragmentado. Nós conhecemos um bocado acerca do ciclo do carbono, do ciclo do nitrogênio, mas sabemos muito pouco acerca do ciclo do fogo, ou como o fogo tem seus ciclos pela biosfera”.

Henry Gholz, um diretor de programa da NSF, declarou: “O grupo de autores, grande e di­ver­so, tipifica uma tendência, cada vez mais forte, nas ciências. A NSF apoia explcitamente isso através do financiamento de ‘centros de síntese’, tais como o NCEAS e o KITP. Em lugar de dar ênfase à geração de novos dados, esses centros sintetizam os resultados de, literalmente, milhares de projetos de pesquisa completados em novos resultados, teorias e abordagens. As conclusões deste artigo — que o fogo é importante para o ciclo global de carbono e para o clima global, e que nossa ignorância acercado fogo é enorme — e não poderia ser obtida de outro modo”.

Discussão - 1 comentário

  1. igor disse:

    Vale lembrar que um dos autores do artigo destacado nesse press release é o físico Paulo Artaxo, da USP.

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