Deu no The New York Times: indústria ignorou os próprios cientistas sobre aquecimento global
A edição de 24 de abril do The New York Times vem com uma reportagem, assinada por Andrew C. Revkin, intitulada: Na questão climática, a indústria ignorou seus próprios cientistas.
Os primeiros parágrafos da reportagem dizem:
Por mais de uma década a Coalizão do Clima Global, um grupo que representava as indústrias cujos lucros eram ligados aos combustíveis fósseis, liderou uma agressiva campanha de relações públicas e lobbying contra a ideia de que emissões de gases de efeito estufa poderiam levar ao aquecimento global.
“O papel dos gases de efeito estufa nas mudanças climáticas não é bem comprendido”, afirmava a Coalizão em um “backgrounder” científico distribuído a legisladores e jornalistas no início da década de 1990, que acrescentava que “os cientistas divergiam” quanto à questão.
Porém, um documento anexado a um processo em uma corte federal mostra que, mesmo enquanto a coalizão trabalhava para desviar as opiniões, seus próprios experts técnicos e científicos estavam avisando que a ciência que apoiava o papel dos gases de efeito estufa no aquecimento global, não podia ser refutada.
“As bases científicas para o Efeito Estufa e o impacto potencial das emissões humanas de gases de efeito estufa, tais como o CO2, sobre o clima, estão bem estabelecidas e não podem ser negadas”, escreveram os experts em um relatório interno compliado para a Coalizão em 1995.
A coalizão era financiada por taxas pagas por grandes corporações e grupos de comércio que representavam as indústrias de petróleo, carvão e automotivas, entre outras. Em 1997, no ano em que foi negociado um acordo internacional sobre o clima que veio a ser conhecido como o Protocolo de Protocol, seu orçamento totalizot US$1,68 milhões, de acordo com registros de impostos obtidos por grupos ambientais.
O artigo prossegue (são duas páginas na Internet) mostrando que o lobby das indústrias poluidoras fez o que podia e não podia para – nem tanto para impedir, mas muito mais para retardar o quanto possível – a conscientização do público e as medidas dos governos que, já sabiam, seriam inevitáveis mais cedo ou mais tarde.
Só que eu notei uma enorme omissão nesse artigo: bem ao estilo da “nova-era-Obama”, não se faz qualquer referência ao governo W. Bush…
Em qualquer banana-country esse (des)governo já estaria sendo alvo de milhares de Comissões Parlamentares de Inquérito, Auditorias Fiscais e investigações criminais (de preferência, pela Corte de Haia).
Mas os Estados Unidos não podem “passar esse recibo”…
Discussão - 1 comentário
Pelamordedeus, hein?
Quer dizer, "que se dane o planeta, o que interessa é que eu esteja ganhando meu dinheiro"?
Assim não dá pra competir... Espero que a denúncia do NYT abra precedentes para críticas e auditorias e que o setor de energia seja de alguma maneira responsabilizado pelos abusos!