O “Mar do Lixo” no Oceano Pacífico
A primeira expedição científica ao que é chamado de “Grande Mancha de Lixo do Oceano Pacífico” – realizada pela Instituição de Oceanografia Scripps, com o navio de pesquisas New Horizon – acaba de retornar a seu porto. San Diego, Califórnia. Como já se esperava, a coisa está feia… O press-release da Fundação Nacional de Ciências dos EUA diz o seguinte:
Cientistas descobrem a “Grande Mancha de Lixo do Oceano Pacífico”
Resíduos de plásticos flutuantes são descobertos a 1.000 milhas da costa
Os pesquisadores da SEAPLEX acharam essa grande rede emaranhada com plástico na “mancha de lixo”.
Crédito e imagem ampliada |
27 de agosto de 2009
Os cientistas acabam de completar uma viagem sem precedentes à enorme e inexplorada “Grande Mancha de Lixo do Oceano Pacífico”. A Expedição Ambiental quanto à Acumulação de Plástico da Scripps (Scripps Environmental Accumulation of Plastic Expedition = SEAPLEX), os pesquisadores tiveram uma primeira visão detalhada dos detritos plásticos que flutuam nessa remota região do oceano.
Não era nada bonito.
O navio de pesquisa da Scripps New Horizon
partiu do porto de San Diego em 2 de agosto de 2009 e foi até o Giro Pacífico Norte, a umas 1.000 milhas marítimas da costa da Califórnia’s, retornando em 21 de agosto de 2009.
Os cientistas estudaram a abundância e a distribuição dos plásticos, colhendo amostras para análises em laboratório e avaliação do impacto dos detritos sobre a vida marinha. Antes desta pesquisa, pouco se sabia acerca do tamanho da “mancha de lixo” e das ameaças que ela oferece para a vida marinha e o ambiente biológico do Giro. A expedição contou com uma equipe de alunos de pós-graduação da Instituição Scripps de Oceanografia (SIO, na sigla em inglês) e o apoio financeiro da Universidade da Califórnia, Fundação Nacional de Ciências e do Projeto Kaisei .
Os cientistas coletaram milhares de garrafas de plástico, muitas delas com vários habitantes. |
Após uma travessia de seis dias, os pesquisadores chegaram ao primeiro ponto de coleta intensiva de amostras, em 9 de agosto. A partir daí, as equipes de coleta passaram a funcionar 24 horas por dia, usando várias redes de arrasto para colher detritos em diferentes profundidades. Miriam Goldstein do SIO, cientista-chefe da expedição, disse:
— Nós nos concentramos nas áreas que continham mais plásticos, de forma a podermos começar a entender a extensão do problema. Também estudamos tudo, do fitoplâncton, passando pelo zooplâncton, até os pequenos peixes de alto mar.
Os cientistas descobriram que, em muitas áreas do Giro, novelos de plástico eram abundantes e facilmente visíveis em contraste com as águas azuis do oceano. Entre os itens recolhidos, estavam garrafas de plástico com uma variedade de habitantes biológicos. Os cientistas também coletaram águas-vivas conhecidas como by-the-wind sailors (Velella velella) [Nota do tradutor: não consegui encontrar um nome em português para esse tipo de cnidário. A tradução literal é algo como “navegador-ao-sabor-dos-ventos”]. Em 11 de agosto, os pesquisadores encontraram uma grande rede, toda emaranhada com plásticos e vários organismos marinhos. Eles também recolheram várias garrafas de plástico cobertas de animais oceânicos, inclusive grandes cracas.
Um pedaço de plástico que flutuava na superfície, levava um caranguejo, algas e massas de ovas de peixe-voador. |
No dia seguinte, Pete Davison, um estudante de pós-graduação da SIO que estuda peixes de alto mar,
coletou várias espécies no Giro, inclusive o olho-de-pérola (“pearleye” = Benthalbella dentata), um peixe predador com olhos voltados para cima, de forma a ver as presas que nadam acima, e o peixe-lanterna (“lanternfish =Tarletonbeania crenularis), que migra desde 700 metros de profundidade até a superfície do oceano todos os dias.
Ao final da expedição, os cientistas ficaram espantados com a quantidade de lixo no Giro. Goldstein se pergunta como tanto lixo pode se acumular em um local remoto do oceano a 1.000 milhas de terra.
O blog com o relato dia a dia da expedição é aqui.
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