Como desviar asteróides e salvar a Terra
North Carolina State University
Talvez você queira agradecer David French em antecipação. Porque, no caso de um cometa ou asteróide ameaçar colidir com a Terra, ele pode ser o cara que salvou o planeta.
French, um doutorando em engenharia aeroespacial na Universidade Estadual da Carolina do Norte, estabeleceu uma maneira de desviar eficientemente asteróides e outros objetos ameaçadores e impedir que eles colidam com a Terra: afixar um longo cabo de reboque e uma carga de lastro no objeto incidente. Afixando o lastro, explica French, “se modifica o centro de massa do objeto, mudando efetivamente sua órbita e permitindo que ele passe pela Terra, em lugar de colidir com ela”.
Parece maluquice? O programa da NASA Near Earth Object já identificou mais de 1000 “asteróides potencialmente perigosos” e acham mais a cada dia. French explica: “Embora não esteja previsto que algum desses objetos vá atingir a Terra em um futuro próximo, pequenas mudanças nas órbitas desses corpos, que podem ser causadas pelo efeito gravitacional de outros objetos, por pressão dos ventos solares ou outro efeito qualquer, pode causar uma interseção”.
Dessa forma, French e o professor associado de Engenharia Mecânica e Aeroespacial da Universidade da NC Andre Mazzoleni, estudaram se um sistema asteróide-cabo-lastro poderia alterar eficazmente o movimento de um asteróide para se assegurar que ele iria errar a Terra. A resposta? Sim.
French diz que “é difícil imaginar a escala tanto do problema, quanto das soluções em potencial. A Terra já foi atingida por objetos vindos do espaço muitas vezes antes, de forma que sabemos quão ruins os efeitos podem ser. Por exemplo, há cerca de 65 milhões de anos, acredita-se que um asteróide muito grande colidiu com a Terra ao Sul do Golfo do México, varrendo os dinossauros, e, em 1907, um pequeno fragmento de um cometa que caiu sobre a Sibéria, arrasou a floresta em uma área do tamanho da cidade de Nova York. A escala de nossa solução também é difícil de imaginar”.
“Usar um cabo de reboque entre 1.000 km (um pouco mais que a distância entre o Rio de Janeiro e Brasília) e 100.000 km (duas vezes e meia a circunferência da Terra) para desviar um asteróide pode parecer algo estranho. Mas compare com os outros esquemas propostos. Todos eles parecem maluquices. Para citar alguns: pintar um dos lados de um asteróide para modificar a influência da luz solar sobre sua órbita; empurrar outro asteróide de encontro ao asteróide ameaçador; e, é claro, armas nucleares. Armas nucleares são uma solução a estudar, mas têm consideráveis obstáculos políticos e técnicos. Será que o resto do mundo vai confiar que os EUA bombardeiem um asteróide? Os EUA confiariam em qualquer outro país? E se o asteróide se quebrasse em vários pedaços e nos desse mais problemas ainda para resolver?”
Pesos pesados cósmicos no “salve-se quem puder”
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A colisão de aglomerados de galáxias mais apinhada jé vista foi identificada, combinando-se as informações de três telescópios diferentes. Isto dá aos cientistas uma oportunidade de ver o que acontece quando alguns dos maiores objetos no universo vão uns contra os outros em um “salve-se quem puder” cósmico.
Usando dados do Observatório Chandra de Raios-X da NASA, do Telescópio Espacial Hubble e do Observatório Keck no Mauna
Kea, Hawaii, os astrônomos conseguiram decifrar a geometria tri-dimensional e os movimentos do sistema MACSJ0717.5+3745 (abreviado: MACSJ0717), localizado a cerca de 5,4 bilhões de anos-luz da Terra.
Os pesquisadores descobriram que quatro aglomerados de galáxias diferentes estão envolvidos em uma colisão tripla — a primeira vez que tal fenômeno é documentado. Aglomerados de galáxias são os maiores objetos ligados pela gravidade no Universo.
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No sistema MACSJ0717, uma faixa de galáxias, gás e matéria escura que se estende por 13 milhões de anos-luz –
que constitui o que se chama de “filamento” – está se derramendo para dentro de um região que já está cheia de galáxias. Como se fosse o fluxo de carros de uma rodovia tentando desaguar em um estacionamento lotado, este fluxo de galáxias causou uma colisão atrás da outra.
Cheng-Jiun Ma da Universidade do Hawaii, principal autor do estudo, disse: “Além desse enorme egavetamento, o sistema MACSJ0717 é também notável por causa de sua temperatura. Como cada uma dessas colisões libera energia na forma de calor, o MACS0717 tem uma das temperaturas mais altas jamais vistas em um sistema como esse”.
Embora o filamento que leva ao MACJ0717 tenha sido descoberto anteriormente, esses resultados mostram, pela primeira vez, que ele é a fonte dessa “carambola” galática. Há dois indícios disso. Primeiro, comparando a posição do gás e dos aglomerados de galáxias, os pesquisadores rastrearam a direção dos movimentos dos aglomerados, a qual coincide com a orientação do filamento na maior parte dos casos. Segundo, a maior região quente no MACSJ0717 fica onde o filamento intercepta o aglomerados, o que sugere a ocorrência de impactos.
O membro da equipe Harald Ebeling, também da Universidade do Hawaii, disse que: “O MACSJ0717 mostra como aglomerados de galáxias gigantes interagem com seu ambiente em escalas de muitos milhões de anos-luz. Este é um sitema particularmente formidável para estudar como os aglomerados de galáxias crescem quando material cai dentro deles ao longo de filamentos”.
Simulações em computador mostram que os maiores super-aglomerados galáticos deveriam crescer em regiões onde filamentos de larga escala, compostos por gás intergalático, galáxias e matéria escura se interceptam e o material cai para dentro ao longo de filamentos.
“É excitante ver como os dados que obtemos a partir do MACSJ0717 parecem coincidir lindamente com o cenário mostrado pelas simulações”, acrescenta Ma.
Dados de múltiplos comprimentos de onda foram cruciais para este trabalho. Os dados ópticos do Hubble e do Keck fornecem informações acreca do movimento e da densidade das galáxias ao longo da linha de visada, mas não acerca de seu curso na perpendicular a essa direção. Combinando os dados ópticos com os de raios-X, os cientistas foram capazes de decifrar a geometria tri-dimensional e os movimentos do sistema.
Ma e sua equipe esperam, futuramente, usar dados ainda mais aprofundados dos raios-X para medir a temperatura do gás ao longo da extensão de 13 milhões de anos-luz do filamento. Ainda resta muito o que aprender acerca das propriedades do gás quente nos filamentos e se sua queda ao longo dessas estruturas pode aquecer significativamente o gás nos aglomerados em largas escalas.
O artigo que descreve esses resultados foi publicado na edição de 10 de março da publicação Astrophysical Journal Letters.
Atualizando: se você quiser um belo “papel de parede” com a imagem dessa colisão, procure no site da NASA: http://www.nasa.gov/multimedia/imagegallery/image_feature_1331.html
Um Jovem Pulsar
[Traduzido de A young pulsar show its hands]
A “mão” de um pulsar jovem
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Um pequeno e denso objeto com somente 24 km de diâmetro é o responsável por esta bela nebulosa de raios-X que se estende por 150 anos luz. No centro desta imagem feita pelo Observatório Chandra de Raios-X da NASA está um pulsar muito jovem e poderoso, conhecido como PSR B1509-58,
ou B1509 abreviadamente. O pulsar é uma estrela de nêutrons que gira muito rapidamente e está espalhando energia pelo espaço vizinho, criando estruturas complexas e intrigantes, inclusive uma que lembra uma enorme mão cósmica. Nesta imagem, os raios-X de menor energia, detectados pelo Chandra, aparecem na cor vermelha, a faixa média em verde e os mais energéticos em azul. Os astrônomos acreditam que o B1509 tenha cerca de 1.700 anos e ele está localizado a cerca de 17.000 anos luz de distância.
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Estrelas de Nêutrons são o resultado de estrelas de grande massa que ficam sem combustível e entram em colapso. O B1509 dá uma volta completa a quase 7 rotações por segundo e libera energia nas vizinhanças de modo prodigioso — presumivelmente porque ele tem um intenso campo magnético em sua superfície, estimado como sendo 15 trilhões de vezes mas forte do que o campo magnético da Terra.
A combinação da rápida rotação com o campo magnético ultra forte torna o B1509 um dos mais poderosos geradores eletromagnéticos da Galáxia. Esse gerador “sopra” um vento energético de elétrons e íons para fora da estrela de nêutrons. Ao se moverem através da nebulosa magnetizada, eles irradiam sua energia e criam a nebulosa elaborada enxergada pelo Chandra.
Nas regiões mais interiores, um tênue círculo envolve o pulsar e marca o local onde o vento é rapidamente desacelerado pela nebulosa que se expande devagar. Dessa forma, o B1509 partilha algumas chocantes similaridades com a famosa Nebulosa do Caranguejo. No entanto, a nebulosa do B1509 tem um diâmetro 15 vezes maior do que os 10 anos luz da Nebulosa do Caranguejo.
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As estruturas em forma de dedos que se estendem ao Norte, aparentemente energizam nódulos de matéria em uma nuvem de gás vizinha, conhecida como RCW 89. A transferência de energia do vento para estes nódulos faz com que os últimos brilhem na faixa dos raios-X (as áreas laranja e vermelha, acima à direita). A temperatura nessa região parece variar em um padrão circular em torno desse anel de emissão, o que sugere que o pulsar pode estar em uma precessão como um pião que gira e varrendo o gás na RCW 89 com um feixe de energia.
O Centro de Voo Espacial Marshall da NASA em Huntsville, Alabama, gerencia o programa Chandra para a Diretoria de Missões Científicas da NASA em Washington. O Observatório Astrofísico do Instituto Smithsoniano controla as operações científicas e de voo do Chandra a partir de Cambridge, Massachussets.
Atualizando em 8 de abril: A imagem da “mão” do Pulsar, em alta definição, está no “NASA Picture of the Day” de hoje. Dá um lindo “papel de parede”.
Matéria escura
O Telescópio Hubble apresenta novos indícios da existência de matéria escura em torno de pequenas galáxias
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![]() ![]() IMAGEM: Essas quatro galáxias anãs fazem parte do recenseamento feito no tumultuoso núcleo do Aglomerado Galático de Perseu. |
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Bisbilhotando no tumultuoso coração do vizinho aglomerado de galáxias em Perseu, o Hubble descobriu uma grande população de pequenas galáxias que permaneceram intactas, enquanto galáxias maiores em volta delas foram rompidas pela atração gravitacional das outras galáxias.
As imagens do Hubble fornecem mais indícios de que as galáxias não perturbadas são envoltas por um “colchão” de matéria escura que as protege da vizinhança turbulenta.
A matéria escura é uma forma invisível de matéria que responde pela maior parte da massa do universo. Os astrônomos deduziram a existência da matéria escura através da observação da sua influência gravitacional sobre a matéria comum, tal como as estrelas, gás e poeira.
“Ficamos surpresos em encontrar tantas galáxias anãs no núcleo desse aglomerado que eram tão lisas e redondas, e que não tinham quaisquer indícios de qualquer tipo de perturbação”, declara o astrônomo Christopher Conselice da Universidade de Nottingham, Reino Unido, e líder da equipe que realizou as observações com o Hubble. “Essas anãs são galáxias muito velhas, que estão no aglomerado há muito tempo. Portanto, se alguma coisa tivesse que causar disruptura nelas, isso já teria acontecido. Elas devem ser galáxias muito dominadas — muito mesmo — por matéria escura”.
As galáxias anãs podem ter uma quantidade ainda maior de matéria escura do que as galáxias espirais. “Com esses resultados, não podemos dizer se o conteúdo de matéria escura das anãs é maior do que o da Via Láctea”, diz Conselice. “Entretanto, o fato de que as galáxias espirais são destruídas nos aglomerados, enquanto que as anãs não são, sugere que é esse mesmo o caso”.
Proposta inicialmente a cerca de 80 anos atrás pelo astrônomo suíço Fritz Zwicky, a matéria escura é considerada a cola que mantém as galáxias íntegras. Os astrônomos sugerem que a matéria escura seja o elemento estrutural báscio para o universo, formando o esqueleto para a formação das galáxias através da atração gravitacional.
As observações feitas pela Câmera Avançada para Pesquisas do Hubble, localizaram 29 galáxias elípticas anãs no Aglomerado de Perseu, localiado a 250 milhões de anos-luz da Terra e um dos aglomerados galáticos mais próximos. Dessas galáxias, 17 são descobertas novas.
Uma vez que a matéria escura não pode ser vista, os astrônomos detectam sua presença através de indícios indiretos. O método mais comum é medir as velocidades de estrelas insividuais ou grupos de estrelas, enquanto eles se movem aleatoriamente dentro da galáxia, ou enquanto eles giram em torno da galáxia. O Aglomerado de Perseu é muito distante para que os telescópios distinguam estrelas individuais e meça seus movimentos. Assim, Conselice e sua equipe criaram uma nova técnica para descobrir a matéria escura nessas galáxias anãs, através do cálculo do mínimo necessário de massa adicional, oriundo de matéria escura, que as galáxias anãs tinham que ter para serem protegidas da disrupção pelas fortes forças de maré das galáxias maiores.
O estudo detalhado dessas pequenas galáxias só foi possível por causa da precisão da Câmera Avançada para Pesquisas do Hubble. Conselice e sua equipe primeiro observaram as galáxias com o telescópio WIYN no Observatório Nacional em Kitt Peak. Essas observações, segundo Conselice, apenas deram indícios de que várias das galáxias eram lisas e, portanto, dominadas por matéria escura. “Essas observações com base em terra não conseguiam distinguir as galáxias, de forma que precisamos do Hubble para resolver o caso”.
Os resultados do Hubble foram publicados na edição de 1 de março de Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
“Por dentro da ciência” do Instituto Americano de Física (4/2/09)
A Grande Mancha Vermelha Ficou Menor
Imagens mais nítidas mostram que a maior tempestade de Júpiter está encolhendo
Por Phillip F. Schewe
Colaborador do ISNS
Os cientistas que estudam a Grande Mancha Vermelha de Júpiter — o “furacão” joviano que gira rapidamente e tem duas vezes o diâmetro da Terra — produziram o melhor mapa, até agora, das velocidades dos ventos no planeta gigante, um lugar onde as rajadas de vento são freqüentemente de 480 km/h ou mais. Os mapas consistem de dezenas de milhares de medições de velocidades e fornecem uma imagem nítida do que está acontecendo com a Mancha.
Com efeito, de acordo com Xylar Asay-Davis, um cientista da Universidade da Califórnia em Berkeley, esses mapas representam os mapas planetários [de Júpiter] com a maior definição e maior precisão jamais produzidos. A Mancha é uma tempestade “anti-ciclônica” com a forma de um losango que tem exibido sua fúria em Júpiter por pelo menos três séculos. Tal com meteorologistas que estudam os furacões da Terra para compreender melhor o comportamento de tempestades violentas, os astrônomos planetários tentam registrar imagens detalhadas da Mancha para compreender melhor o tempo em Júpiter — um planeta sem uma superfície sólida visível e que é, pelo menos de nosso ponto de vista, somente um complexo de condições atmosféricas.
Imagens detalhadas são difíceis de obter, uma vez que a Mancha está sempre em movimento e tem que ser imageada por meio de uma complicada dança. Em primeiro lugar, o planeta como um todo gira a mais de 44.000 km/h no seu equador, o que o torna o planeta que gira mais rápido no Sistema Solar. Aí então, a Mancha está em movimento ao longo de sua faixa horizontal, uma faixa de nuvens que se estica em torno de todo o planeta. Por sua vez, a faixa está em movimento com relação a outras faixas paralelas em outras latitudes. Além disso, a mancha gira no sentido anti-horário, completando um giro a cada seis dias terrestres. Finalmente, a câmera que tira as fotografias, montada em espaçonaves que passam próximas a Júpiter, inclusive as Galileo e Cassini, estão, elas próprias, atravessando o espaço a milhares de quilômetros por hora.
Asay-Davis explica que uma outra complicação para medir a Mancha, é o fato de que as nuvens que não fazem verdadeiramente parte da Mancha, ficam pairando nas proximidades. Algumas dessas nuvens arrancam pedacinhos da Mancha, ou são, por sua vez, absorvidas pela Mancha. A única maneira confiável para medir a extensão e amplitude da Mancha, prossegue ele, é medir as velocidades dos ventos em escala planetária.
Os mapas de alta definição criados por Asay-Davis e seus colegas extraem dados da Galileo, Cassini e de observações feitas pelo Telescópio Espacial Hubble Space Telescope, e são processados por software sofisticado. A partir de toda essas contas, a equipe de cientistas deduziu que a Mancha encolheu nos últimos doze anos. A Mancha tem sobrevivido pelos últimos 300 anos e não corre o risco de se dissipar, explica Asay-Davis. As nuvens vizinhas que se chocam regularmente com a Mancha, podem retirar de ou adicionar energia à mesma.
Asay-Davis’s relatou suas descobertas em uma reunião da divisão de dinâmica dos fluidos da American Physical Society.
(link para uma imagem de alta definição da Grande Mancha Vermelha)
(link para uma animação do comportamento da Grande Mancha Vermelha, na WikPedia)
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
Vênus “revelada”
Mistérios de Vênus revelados em comprimentos de onda invisíveis aos olhos humanos
Novas imagens obtidas pelos instrumentos a bordo da nave espacial da Agência Espacial Européia (ESA) “Venus Express” propiciam um ponto de vista inteiramente novo sobre a atmosfera turbulenta do planeta vizinho e revelam que os padrões globais no topo das nuvens venusianas são um resultado das temperaturas variáveis e da altitude das nuvens.
Altimetria do topo das nuvens |
Usando as câmeras sensíveis ao ultravioleta e infravermelho da espaçonave, a equipe da “Venus Express”, que inclui cientistas do Reino Unido, foram capazes de comparar os diferentes aspectos apresentados pelo planeta em diferentes comprimentos de onda, o que lhes permitiu estudar as condições físicas e dinâmicas da atmosfera do planeta. Os resiltados serão publicados hoje (4/12) na revista Nature.
O Professor Fred Taylor, um dos cientistas da “Venus Express”, da Universidade de Oxford e com o apoio do Conselho de Instalações de Ciência e Tecnologia do Reino Unido (STFC), declarou: “As características observadas em Vênus, no espectro ultravioleta, têm sido um quebra-cabeças para os cientistas por quase um século. Essas novas imagens revelaram a estrutura nas nuvens que as produz e demonstra como elas resultam de um comportamento meteorológico complexo. Agora podemos estudar muito mais detalhadamente e tentar entender as origens de características tais como os vórtices semelhantes a furacões que ficam sobre os Polos Norte e Sul. Tal como muitas coisas em Vênus, inclusive o aquecimento global, essa característica tem semelhanças com o processo atmosférico e ambiental na Terra, só que a versão venusiana é muito mais extrema.”
As observações feitas com a câmera ultravioleta mostram várias características de alto contraste. A causa é a distribuição desigual de uma misteriosa substância química na atmosfera que absorve luz ultravioleta, criando zonas brilhantes e escuras. Mas qual é a espécie de substância química que cria essas zonas de alto contraste é algo ainda indeterminado. As candidatas mais simples já foram excluídas e a nova favorita é um composto complexo de enxofre. Provavelmente será necessário efetuar medições dentro das nuvens para identificá-la, mas já se sabe que a atmosfera de Vênus é carregada de enxofre vindo das erupções vulcânicas na superfície por baixo.
Hemisfério Sul de Vênus |
O Professor Keith Mason, Executivo Chefe do STFC, declarou: “Estas novas imagens nos fornecem uma enorme gama de informações sobre as condições atmosféricas deste fascinante planeta vizinho. Agora podemos estudar Vênus mais detalhadamente, para compreender mais acerca de seus processos complexos.”
Com os dados da “Venus Express”, os cientistas aprenderam que as áreas equatoriais de Vênus que aparecem escuras na luz ultravioleta, são regiões de temperatura relativamente alta, onde a convecção intensa traz para cima o misterioso material da superfície. Em contraste, as regiões brilhantes nas latitudes médias são áreas onde a temperatura da atmosfera diminui com a profundidade, o que impede o ar de subir. Este efeito é mais extremo em um largo cinturão em torno dos polos, apelidado de “colar frio”, que aparece ainda mais escuro, portanto mais frio, nas medições em infravermelho, entretanto aparece como uma faixa brilhante nas imagens em ultrvioleta.
As observações no infravermelho foram usadas para mapear a altitude do topo das nuvens. De maneira surpreendente, as nuvens, tanto nos trópicos escuros, como nas brilhantes latitudes médias, estão localizadas na mesma altitude de cerca de 72 km acima da superfície. Na latitude de 60 graus, os topos das nuvens começam a afundar, alcançando um mínimo de cerca de 64 km no “olho” de um vórtica semelhante a um furacão, no polo, o qual mede cerca de 2000 km de diâmetro de gira em torno do polo a cada 2,5 dias.
Links para Imagens
- Vênus no ultravioleta
Imagem tomada pela Câmera de Monitoramento de Vênus no ultravioleto (0,365 micrômetros), de uma distãncia de cerca de 30.000 km.
Mostra diversos altos contrastes, causados por uma substância química desconhecida nas nuvens que absorve a luz ultravioleta, criando as zonas brilhantes e escuras.
Créditos: ESA/MPS/DLR/IDA. - Vênus no ultravioleta e no infravermelho
A parte inferior à esquerda mostra um mapa da inversão de temperatura no topo das nuvens venusianas, obtido a partir do Espectrômetro Imageador Térmico de Luz Visível e Infravermelho (Visible and Infrared Thermal Imaging Spectrometer, VIRTIS), no lado noturno do planeta. Quanto mais escura a região, mais frios são os topos das nuvens. Acima à direita está uma imagem em ultravioleta do lado diurno venusiano, capturada pela Câmera de Monitoração de Vênus (Venus Monitoring Camera, VMC), simultaneamente com a imagem noturna em infravermelho.
O ultravioleta revela a estrutura das nuvens e as condições dinâmicas da atmosfera, enquanto o infravermelho fornece informações sobre a temperatura e a altituade do topo das nuvens.
Créditos: VMC: ESA/MPS/DLR/IDA VIRTIS: ESA/VIRTIS/INAF-IASF/Obs. de Paris-LESIA. - Altimetria do topo das nuvens
Uma imagem ultravioleta da VMC com um mosaico colorido superposto, mostrando a altitude do topo das nuvens. O mosaico colorido é derivado das medições simultâneas de pressão feitas pelo VIRTIS.
Créditos: VMC: ESA/MPS/DLR/IDA VIRTIS: ESA/VIRTIS/INAF-IASF/Obs. de Paris-LESIA. - Hemisfério Sul de Vênus
figura 1
figura 2
figura 3
Neste mosaico, as imagens infravermelhas foram tomadas em um comprimento de onde de 5 micrômetros (em vermelho) e foram superimpostas a imagens em ultravioleta, tomadas a 0,365 micrômetros.
As áreas brilhantes nas imagens infravermelhas seguem as temperaturas do topo das nuvens. O objeto oval que aparece nessas imagens é o olho gigante de um furacão, ou vórtice polar, no Polo Sul do planeta. Seu centro é deslocado do Polo Sul e a estrutura tem cerca de 2.000 km de diâmetro, girando em torno do polo a cada 2,5 dias. A atmosfera gira no sentido anti-horário na figura.
Créditos: VMC: ESA/MPS/DLR/IDA VIRTIS: ESA/VIRTIS/INAF-IASF/Obs. de Paris-LESIA.
Contatos
- Julia Short
STFC Press Office
Tel: +44 (0)1793 442 012
Mob: +44 (0)777 027 6721 - Professor Fred Taylor
University of Oxford
Link
A “Doce Vida” Extraterrestre
Molécula Doce pode nos levar até a vida extraterrestre
Cientistas detectaram uma molécula de açúcar orgânico que é diretamente ligada à origem da vida, em uma região de nossa Galáxia onde pode haver planetas habitáveis. Esta descoberta, financiada parcialmente pelo Conselho de Instalações de Ciência e Tecnologia do Reino Unido (Science and Technology Facilities Council = STFC), foi publicada ontem, 25 de novembro, no website “Astro-ph”.
Interferômetro do Plateau de Bure |
A equipe internacional de pesquisadores que inclui uma pesquisadora do University College London (UCL), usou o rádio telescópio IRAM na França para detectar a molécula em uma região onde ocorre uma massiva formação de estrelas no espaço, a uns 26.000 anos luz da Terra.
A Dra. Serena Viti, uma dos autores do artigo do University College London, declarou: “Esta é uma importante descoberta, porque é a primeira vez que se detecta um glicoaldeído, um açúcar básico, na direção de uma região de formação de estrelas, onde planetas que podem potencialmente abrigar a vida, podem existir”.
A molécula — glicoaldeído — só foi detectada anteriormente na direção do centro da galáxia, onde as condições são extremas, em comparação ao resto da galáxia. Esta nova descoberta, em uma área longe do centro da galáxia, também sugere que a produção desse ingrediente chave para a vida pode ser comum ao longo da galáxia. Isto é uma boa notícia para nossa busca por vida extraterrestre, na medida em que uma grande abundância de moléculas aumenta as chances delas existirem juntamente com outras moléculas essenciais para a vida e em regiões da galáxia onde podem existir planetas semelhantes à Terra.
A equipe foi capaz de detectar o glicoaldeído usando o telescópio para observar a região, com uma grande resolução angular e em diferentes comprimentos de onda. As observações confirmaram a presença de três linhas de glicoaldeído na direção mais central do núcleo da região.
Modelo da molécula de glicoaldeído |
O glicoaldeído, o mais simples dos monossacarídeos, pode reagir com a substância propenal, formando a ribose, um dos componentes principais do Ácido Ribonuclêico (RNA), que se acredita ser a molécula central para a origem da vida.
O Professor Keith Mason, Executivo-Chefe do Conselho de Instalações de Ciência de Tecnologia (STFC), declarou: “A descoberta de uma molécula de açúcar orgânico em uma rgião de formação de estrelas no espaço é muito estimulante e fornecerá informações incrivelmente úteis para nossa busca por vida extraterrestre. Pesquisas como esta, combinadas com a vasta gama de outros projetos astronômicos que envolvem astrônomos do Reino Unido, estão continuamente expandindo nosso conhecimento do universo e mantendo o Reino Unido na vanguarda da astronomia”.
Contatos
- Julia Short
STFC Press Office
Tel: +44 (0)1793 442 012
Mob: +44 (0)777 027 6721 - Dr Serena Viti
Dept of Physics and Astronomy
University College London
Tel: +44 (0)20 7679 3435
O artigo será também publicado em Astrophysical Journal Letters.
A equipe internacional de cientistas vem de:
- Universitat de Barcelona-CSIC, Barcelona
- INAF-Istituto di Radioastronomia e INAF-Osservatorio Astrofisico di Arcetri in Florence
- University College London
- Institute de Radiastronomie Millimétrique, Grenoble
A região de formação de estrelas onde as moléculas de glicoaldeído foram descobertas, é conhecida como G31.41+0.31
Para maiores informações sobre o Institut de RadioAstronomie Millimétrique (IRAM).
Versão online do artigo no Astrophysical Journal.
Copyright: STFC. Traduzido com permissão expressa dos autores.
“Por dentro da Ciência” do Instituto Americano de Física (17/11/08)
Inside Science News Briefs
17 de novembro de 2008
Por Jim Dawson
Inside Science News Service
Nascimento de Nosso Sistema Solar Encontrado na Poeira de um Cometa
As concepções artísticas do nascimento de nosso Sol e de nosso Sistema Solar geralmente mostram uma nuvem gigante de poeira rodopiando na vastidão do espaço. Enquanto a poeira colapsa para dentro, ela começa a lampejar mais quente e mais brilhante, até que se cria uma bola de gás quente e densa que conhecemos como o Sol. Logo depois, na escala de tempo astronômica, se formam os planetas a partir da poeira e do gás que giram em torno do novo sol.
Tudo isso realmente aconteceu a cerca de 4,5 bilhões de anos atrás e os cientistas que estudaram três pequenos grãos do que pode ter sido parte dessa poeira original — retirada do cometa Wild 2 por uma espaçonave em 2004 — relatam que essa poeira é rica em cálcio e alumínio, dois dos primeiros minerais a se solidificarem na infância de nosso Sistema Solar. Os cientistas da Universidade de Chicago que estão realizando as pesquisas, batizaram as partículas de Inti, Inti-B e Inti-C, o nome do deus solar dos Incas. Os minerais contidos nas partículas, que são muito menores do que a espessura de um fio de cabelo humano, provavelmente se formaram bem no interior da nuvem de poeira primordial que criou o Sol.
Embora as partículas sejam interessantes em si próprias, elas levantaram a questão sobre como elas saíram do centro da nuvem primordial e foram parar em um cometa gelado que os cientistas acreditam ter-se formado nos limites externos do Sistema Solar. A existência das partículas no cometa indica que ou havia turbulência na nuvem d poeira original, ou que ocorreu um fenômeno chamado fluxo bipolar (veja uma imagem deste fenômeno aqui) no jovem Sol, aventou Steven Simon, um geofísico da Universidade de Chicago. Em um artigo publicado na edição de novembro de Meteoritics and Planetary Science, Simon e outros 11 cientistas dizem que a descoberta das partículas pode também indicar que temos que repensar como se formam os cometas.
“Porque eles [os cometas] são carregados de gelos, nós sempre pensamos que eles são objetos do Sistema Solar Exterior”, declarou o geofísico Lawrence Grossman, um co-autor do estudo. “Mas pode ser que os gelos dos cometas tenha se formado muito mais perto, depois que a parte interior da nebulosa solar se resfriou, e incorporado o material de alta temperatura que se formou antes”. Existe, ainda, uma outra possibilidade, dizem os cientistas: talvez o material no cometa tenha se formado em torno de outra estrela, uma similar ao Sol, e vindo à deriva até as bordas externas de nosso Sistema Solar.
Tudo isso a partir de três grãos de poeira.
A Vida Anda Complicada? Durma um pouco.
Embora a ciência esteja longe de realmente entender o real papel do sono em nossas vidas, psicólogos da Universidade de Chicago acabam de publicar uma pesquisa que demonstra que o sono ajuda a mente a aprender tarefas complexas e ajuda as pessoas a se lembrarem como realizarem essas tarefas, depois que elas esqueceram como fazê-las. O teste envolveu ensinar a grupos de estudantes do nível médio como jogar video games complicados e testar, depois, quantas habilidades eles se lembravam e quantas eles tinham esquecido. A diferença nos escores dos grupos foram correlacionados entre o grupo que tinha dormido entre o aprendizado e o jogo, e o que não tinha dormido. “Os pesquisadores demonstraram, pela primeira vez, que pessoas que tinham ‘esquecido’ como realizar uma tarefa complexa 12 horas depois do treinamento, descobriam que essas capacidades ficavam restauradas após uma noite de sono”, declara um press release da Universidade de Chicago.
“O sono consolidou o aprendizado, restaurando o que tinha sido perdido durante o decurso de um dia após o treinamento e protegendo o que tinha sido aprendido contra perdas subseqüentes”, afirmou o psicólogo Howard Nusbaum. “Estas descobertas sugerem que o sono tem um importante papel no aprendizado de habilidades em geral, estabilizando e protegendo a memória”.
Os 200 estudantes envolvidos no estudo tinham pouca experiência com video games, declararam os pesquisadores. Os estudantes eram submetidos a um teste preliminar para estabelecer seu nível inicial de performance nos jogos e, então, eram ensinados a jogar. Um grupo era treinado de manhã e testado 12 horas depois, permanecendo acordados por todo o tempo. Outro grupo era treinado de manhã e testado na manhã seguinte. Dois outros grupos eram treinados à tarde e então testados 12 e 24 horas depois, respectivamente. Ambos os grupos eram deixados dormir depois do treinamento.
Os estudantes que foram testados 12 horas depois, sem dormir, viram seus escores cairem em 50% com relação aos escores obtidos logo após o treinamento. Os que tiveram uma noite de sono tiveram uma melhora de 10% em seus escores. Os que foram treinados à tarde e deixados dormir antes de serem testados novamente, viram melhorias similares em seus escores.
Nusbaum argumenta que, durante o sono, as distrações do dia são purgadas “e o cérebro fica pronto para realizar seu trabalho”. A pesquisa foi publicada na corrente edição de Learning and Memory.
Aprender de Novo é Mais Fácil
Os cientistas do Instituto Max Planck de Neurobiologia em Martinsried, Alemanha, descobriram que é mais fácil reaprender algo que já se soube e se esqueceu, do que aprender algo novo. Os pesquisadores já sabiam há muitos anos que o aprendizado ocorre e as memórias são criadas quando as células nervosas no cérebro fazem novas conexões entre si. Esses pontos de contato são chamados “sinapses” e permitem que a informação seja transferida de uma célula para a seguinte. Quando a conexão é rompida, a memória também é. “Nós esquecemos o que aprendemos”, dizem os pesquisadores.
Os cientistas queriam saber o que acontece no cérebro quando este aprende alguma coisa, esquece e, então, tem que aprender novamente. Monitorando o desenvolvimento das células em um cérebro, enquanto uma informação visual era enviada, então bloqueada e, depois, enviada novamente depois de vários dias, os pesquisadores perceberam que, quando as conexões entre os nervos erm rompidas, as células que mantinham a “memória” da informação original continuavam, mas eram postas fora do circuito. Quando as imagens retornavam, em lugar de usar células novas, o cérebro simplesmente religava as antigas.
“Uma vez que uma experiência que tenha ocorrido [dentro do cérebro] pode acontecer outra vez em uma ocasião posterior”, alega o pesquisador chefe Mark Hubener, “o cérebro aparentemente opta por reservar algumas ligações [sinapses] para um caso de necessidade”. Hubener e os outros pesquisadores no projeto afirmaram que isto é uma importante informação para a compreensão dos “processos fundamentais do aprendizado e da memória”.
Este texto é fornecido para a media pelo Inside Science News Service, que é apoiado pelo Instituto Americano de Física (American Institute of Physics), uma editora sem fins lucrativos de periódicos de ciência. Contatos: Jim Dawson, editor de notícias, em jdawson@aip.org.
Boas vibrações das estrelas (calma!… é astronomia, mesmo!)
Via EurekAlet:
American Association for the Advancement of Science
As boas vibrações das estrelas vizinhas
Dados de Satélite lançam novas luzes sobre a superfície do Sol na Science
Imagem do céu no entorno de uma das três estrelas consideradas no artigo, HD49933. |
Alguns dos primeiros dados coletados pelo telescópio espacial CoRoT, lançado em desembro de 2006, trouxeram informações valiosas acerca das vibrações físicas e caracterísitcas das superfícies das estrelas próximas, que são similares às de nosso Sol, dizem os pesquisadores. Esta informação nova ilustra o grande valor das observações realizadas por observatórios espaciais e fornece aos astrônomos novas idéias sobre o interior de nosso Sol, de outras estrelas e sobre a evoclução geral de nossa galáxia.
Illustração de uma oscilação estelar global vibrando todo o interior da estrela e, desta forma, trazendo informações sobre ele. A cor amarela se refere às maiores variações de temperatura devidas às oscilações. |
O relatório mencionado será publicado na edição de 24 de outubro da Science como matéria de capa. A Science é uma publicação da AAAS, a sociedade científica sem fins lucrativos.
O Dr. Eric Michel do Observatório de Paris-LESIA-CNRS e um grande grupo de colegas de toda a Europa e América do Sul analisaram os dados do satélite CoRoT para estabelecer que todas as três estrelas próximas, todas elas siginificativamente mais quentes que nosso Sol, também têm vibrações, ou oscilações. maiores also e uma textura de superfície, ou granulação, bem mais fina. Com esses dados nunca antes obtidos, os pesquisadores demonstram que as oscilações das estrelas são cerca de 1,5 vezes mais vigorosas do que as do Sol e sua granulação é cerca de três vezes mais fina. As oscilações observadas, embora muito mais intensas que as do Sol, ainda são cerca de 25% mais fracas do que a maioria dos modelos previam.
Ilustração do satélite CoRoT. |
Esses resultados (que são um novo marco) representam a primeira vez que os pesquisadores foram capazes de medir com precisão a amplitude das oscilações e obter as assinaturas granulares de estrelas do universo, além de nosso próprio Sol.
A descoberta inicial das oscilações de nosso Sol, no final da década de 1970, levou à criação da “sismologia solar”, que, desde então, foi usada para medir o movimento e o transporte do calor dentro do Sol. A sismologia solar levou a um rápido progresso na compreensão da estrutura interna do Sol, mas, com o tempo, os pesquisadores encontraram uma parede. Medições acuradas de oscilações do tipo Solar necessitam da coleta de dados precisos, vindos de longas e ininterruptas seqüências de observações, o que torna o estudo com base na superfície da Terra impraticável.
“Embora a energia vinda do Sol seja mais ou menos constante ao longo de nossas vidas, até variações muito pequenas em sua vazão podem ter importantes efeitos”, explica Brooks Hanson, editora-assistente de ciências fíicas da Revista Science . “Compreender essas variações pequenas é um passo crítico para, por exemplo, predizer tempestades solares e o clima espacial, bem como para a resolução das causas das mudanças no clima da Terra… Essas observações [feitas por Michel e seus colegas], e as que virão no futuro, vão fornecer dados essenciais para aumentar nossa compreensão do interior do Sol e das estrelas em geral”.
As descobertas apresentadas por Michel et al. são baseadas nas curvas de luz obtidas pelo satélite CoRoT por um período de 60 dias e auxiliam a refinar nossa compreensão das estrelas e do Sol. Esses resultados “nos permitem colocar nosso Sol dentro do quadro maior da evolução de nossa galáxia e do universo local”, declara Ian Osborne, editor-senior da Revista Science.
A Associação Americana para o Progresso da Ciência (American Association for the Advancement of Science = AAAS) é a maior sociedade científica do mundo e publica a revista Science (www.sciencemag.org).A AAAS foi fundada em 1848 e serve a 262 sociedades afiliadas e academias de ciências, alcançando 10 milhões de pessoas. Science tem o maior número de assinantes e eventuais leitores entre todas as publicações de ciências, com revisão-por-pares, em todo o mundo, com um número estimado de leitores na casa de 1 milhão. A AAAS (www.aaas.org) (organização sem fins lucrativos) está aberta a todos e raliza sua missão de “promover o avanço das ciências e servir à sociedade” através de iniciativas na política de ciências; programas internacionais; educação científica; e mais. Para as mais recentes notícias sobre pesquisas científicas, procure o EurekAlert!, www.eurekalert.org, o serviço de notícias científicas número um e um serviço da AAAS.
Caçando a Energia Escura
Via EurekAlert:
DOE/Lawrence Berkeley National Laboratory
BOSS: The Baryon Oscillation Spectroscopic Survey (Pesquisa Espectrocópica de Oscilação de Bárions)
Uma maneira original para medir a energia escura com galáxias e quasares
O telescópio Sloan Digital Sky Survey’s de 2,5m no Observatóroio de Apache Point, Novo Mexico. |
A Pesquisa Sloan Digital do Céu (Sloan Digital Sky Survey = SDSS) usa um telescópio de 2,5m com um campo de visão mais largo do que qualquer outro grande telescópio, localizado no topo de uma montanha no Novo México chamada Apache Point e inteiramente devotado a mapear o universo. Agora sabemos que uns três quartos do universo são constituídos de energia escura, cuja própria existência era totalmente insuspeita quando foi iniciada a construção do telescópio em 1994 e ainda era controversa quando a primeira pesquisa Sloan começou em 2000.
A investigação da energia escura, desde então, se tornou uma das tarefas mais cruciais do SDSS. O programa de mapeamento SDSS-III, o terceiro maior deles, começou no verão de 2008, sendo o maior de seus componentes uma sonda de energia escura chamada BOSS, acrônimo de Baryon Oscillation Spectroscopic Survey.
O astrofísico David Schlegel, membro da Divisão de Física do Laboratório Nacional Lawrence Livermore do Departamento de Energia dos EUA, desde 2004, é o investigador principal do BOSS; anteriormente da Universidade Princeton, Schlegel faz parte da equipe do SDSS desde seu início.
“Para dizer a verdade, na primeira vez que eu ouvi falar de energia escura, eu fiquei cético”, disse Schlegel.
Os indícios vieram de estudos, cujo pioneiro foi o Supernova Cosmology Project com base no Laboratório Berkeley, comparando o brilho e o desvio para o vermelho (redshift) de distantes supernovas do Tipo Ia. Os resultados mostraram que a expansão do universo estava se acelerando, impulsionada por alguma coisa que, por ser desconhecida, logo foi rotulada como energia escura.
Schlegel logo mudou seu ponto de vista e imediatamente percebeu que o telescópio Sloan, “que tem um campo de visão enorme”, poderia ser usado para um tipo diferente de medição de energia escura, um totalmente independente do estudo das supernovas. A oscilação acústica dos bárions é um nome de fantasia para a maneira pela qual as galáxias se distribuem; sua densidade varia de modo regular, com elas se agrupando aproximadamente a cada 500 milhões de anos-luz, o que fornece uma “régua graduada” natural para medir o quanto o universo se expandiu desde o início de sua história.
No entanto, para usar uma régua de 500 milhões de anos-luz, se deve ter ao menos alguns bilhões de anos-luz para medir. O telescópio Sloan foi especialmente projetado para observar um enorme volume de espaço como esse.
As anisotropias no fundo cósmico de microondas, originadas quando o universo tinha menos de 400.000 anos de idade, são diretamente relacionadas com as variações nas densidades das galáxias que observamos hoje. |
A distribuição da massa visível no universo
“Bárion” (o que significa prótons e nêutrons e outras partículas relativamente massivas) é uma “abreviatura” para “matéria comum”. Durante quase todos os primeiros 400.000 anos, o universo era tão denso que as partículas de matéria ficavam completamente entrelaçadas com partículas de luz (fótons), tornando o todo uma espécie de enorme e trêmula bolha, onde as variações de densidade causavam ondas de som (ondas de pressão) que se moviam esfericamente para fora a uma velocidade de metade da velocidade da luz.
De repente, o universo em expansão se resfriou o suficiente para que a luz e a matéria se “desacoplassem”. Os fótons partiram através do universo transparente, sem nada que os detivesse; a velocidade do som despencou. O que tinham sido variações de densidade no universo líquido deixou dois tipos de marcas no céu, agora transparente.
As variações na temperatura da radiação que preenchia o universo jovem, nos aparecem hoje como as anisotropias do Fundo Cósmico de Microondas (cosmic microwave background = CMB). As variações na densidade da matéria persistem nas formas dos aglomerados de galáxias, como oscilações acústicas dos bárions (baryon acoustic oscillations = BAO). As duas escalas, a anisotropia de aproximadamente um grau do CMB e o agrupamento de 500 milhões de anos-luz da BAO, são intimamente ligados; a “régua padrão” para o universo medida pela BAO pode ser aferida a partir do CMB para qualquer estágio posterior ao desacoplamento.
Schlegel e seu colega Nikhil Padmanabhan, que veio para o Laboratório Berkeley de Princeton no fim de 2006, usaram inicialmente o telescópio SDSS para completar o maior mapa tridimensional do universo até então: 8.000 graus quadrados de céu, até uma distância de 5,6 bilhões de anos-luz, estabelecendo a aglomeração de 60.000 galáxias vermelhas luminosas. Esse programa, parte do SDSS-II, mediu as distâncias galáticas até um redshift de z = 0,35 e detectou a escala de 500 milhões de anos-luz para a BAO.
“Nós ficamos particularmente excitados pelo fato de podermos fazer essa medição”, declara Schlegel. “Nós provamos que existe uma “régua” que podemos usar”.
“Com o BOSS, nós vamos passar de ter uma medição qualquer, para ter uma medição muito mais precisa que podemos usar para estabelecer os limites da energia escura”, declara Padmanabhan.
O BOSS vai dobrar o volume de espaço no qual as galáxias luminosas vermelhas serão estudadas, observando 10.000 graus quadrados de céu, até redshifts de z = 0,7; a amostra de galáxias vai subir de 60.000 para 1,5 milhões. O BOSS também vai incluir um novo tipo de objeto, medindo até 200.000 quasares em redshifts mais extremos de z = 2 ou mais.
David Schlegel, principal investigador do BOSS, exibe uma das várias placas que serrão usadas para mapear e selecionar centenas de galáxias a cada exposição. A luz de cada galáxia entra por um orifício na placa e é levada por uma fibra óptica individual para a câmera CCD. |
“A época dos quasares mais comuns fica entre os redshifts 2 a 3″, diz Schlege, “Exatamente o suficiente para que ainda possamos vê-los nas faixas ópticas do azul e ultravioleta; nesse respeito, a natureza foi gentil conosco. O BOSS vai procurar primeiro a energia escura nesses redshifts. Só umas poucas supernovas do tipo Ia foram encontradas além do redshift 1″.
Galáxias e quasares dão diferentes meios de medir a expansão do universo usando a oscilação acústica de bárions. O ângulo de separação entre as galáxias pelo céu e a distância de sua separação ao longo da linha de visada (em diferentes redshifts) mostram o quanto a régua cósmica da BAO mudou desde que os bárions e os fótons se desacoplaram.
“No momento do desacoplamento, as oscilações dos bárions se congelaram”, diz Padmanabhan. “Um teste de geometria realmente simples nos mostra o quanto a escala se expandiu – e acelerou – desde que as oscilações foram congeladas”.
Os quasares permitem a visão de um tipo de oscilação de bárions, diferente da distribuição das galáxias, o da densidade variável do gás no universo, que pode ser sondada em centenas de pontos ao longo da linha de visada de cada quasar.
O espectro medido de um quasar individual é condicionado pela absorção de sua luz pelas nuvens de hidrogênio, entre o quasar e o observador. “Se o universo estivesse vazio, o espectro não teria quaisquer características”, diz Schlegel. “Nós estamos usando os quasares como uma luz de fundo para medir a absorção pelo hidrogênio”.
E porque o CMB trava com precisão o valor da BAO no momento do desacoplamento – equivalente a um redshift z = 1,089 – ele amplifica grandemente a precisão das oscilações acústicas de bárions em épocas mais recentes e com menores redshifts. Padmanabham diz que ” O BOSS vai ficar dentro de um fator de 2 do melhor mapeamento possível da BAO no universo”.
Schlegel acrescenta, “Ninguém vai repetir essa experiência”.
O que será necessário
Mesmo sendo o telescópio Sloan tão bom, o BOSS vai precisar de alguns melhoramentos importantes nos instrumentos, que serão realizados sob a direção da física do Laboratório Berkeley Natalie Roe. A primeira tarefa é aumentar o número de objetos que podem ser medidos a cada exposição.
Os objetos a serem incluídos na pesquisa (galáxias ou quasares) são inicialmente escolhidos e localizados a partir de fotos anteriores. Então se faz uma perfuração em uma placa, uma máscara para reduzir a luz ambiente. Em cada perfuração é ligada uma fibra óptica para levar a luz do objeto diretamente para as CCDs. O diâmetro, separação e outras características das fibras impõem um limite no número de quantas podem ser utilizadas ao mesmo tempo. No presente, este limite é de 640; o BOSS vai aumentar esse número para 1.000 fibras com meios ópticos melhores, permitindo ver mais objetos e menos “ruído” dos céus a cada exposição.
Maiores redshifts requerem CCDs com maior sensibilidade ao espectro na faixa do vermelho e infravermenlho próximo. O CCD de alta resistência do Laboratório Berkeley Lab, descendente dos detectores de silício usados na física de altas energias, é particularmente adequado a esse propósito e também será usado no proposto satélite SuperNova/Acceleration Probe (SNAP) do Laboratório, que inspirou e é o principal contendor para a Missão Conjunta da NASA/DOE Joint Dark Energy Mission (JDEM). O SNAP vai estudar tanto as supernovas como o “lenseamento fraco” (uma terceira abordagem para a medição da energia escura). O BOSS utilizará os mesmos CCDs de grande rusticidade e altamente sensíveis ao vermelho para estudar as galáxias vermelhas luminosas.
BAO e as supernovas são duas abordagens altamente complementares às questões em aberto quanto à energia escura – por exemplo, se a energia escura tem um valor constante ou variável ao longo do tempo, ou mesmo se ela pode ser uma mera ilusão, sendo seu efeito mais óbvio, a aceleração da expansão do universo, o resultado de alguma falha despercebida da Teoria da Relatividade Geral de Einstein. Embora os estudos da BAO e das supernovas serem ambos puramente geométricos, eles são independentes.
Para estudar a expansão usando as distantes supernovas Tipo Ia, os cientistas têm que estabelecer seu brilho, comparado com outras Tipo Ias “nas proximidades”. O estudo da oscilação dos bárions fazem quase que o contrário, medindo a expansão do universo mediante a calibragem da “régua cósmica” da BAO, visível em objetos relativamente próximos, comparando com a escala que foi congelada quando o universo tinha menos de 400.000 anos de idade. O BOSS será capaz de estabelecer a BAO com uma precisão de 1%, uma das medições mais precisas o possível da expansão do universo.
Além dos cientistas do Laboratório Berkeley, Schlegel, Padmanabhan, Roe e o pesquisador Martin White do Lawrence Berkeley National Laboratory e da Universidade da Califórnia em Berkeley, a equipe do BOSS inclui Daniel Eisenstein da Universidade do Arizona e Daniel Weinberg da Universidade do Estado de Ohio.
O BOSS é apoiado pela Fundação Sloan Foundation, e por mais de 20 instituições que são membros participantes da Sloan Digital Sky Survey, gerenciada pelo Astrophysical Research Consortium e pelos U.S. Department of Energy e National Science Foundation.
O Laboratório Berkeley é um laboiratório nacional do U.S. Department of Energy, localizado em Berkeley, Califórnia. Ele realiza pesquisas científicas não sigilosas e é gerenciado pela Universidade da Califórnia. Visite o website em http://www.lbl.gov.