Finalmente descoberto o tamanho da galáxia gigante Messier 87
Usando o Telescópio Muito Grande (Very Large Telescope) do ESO, os astrônomos conseguiram medir o tamanho da galáxia gigante Messier 87 e ficaram surpresos em descobrir que suas partes externas foram arrancadas por algum efeito ainda não identificado A galáxia também parece estar em rota de colisão com outra galáxia gigante nesse aglomerado galático extremamente dinâmico.
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As novas observações revelam que o halo de estrelas de Messier 87 foi podado, exibindo um diâmetro de cerca de um milhão de anos-luz, signiificativamente menor do que se esperava, embora seja cerca de três vezes maior do que o halo que circunda nossa Via Láctea [1]. Além dessa zona, só são encontradas poucas estrelas intergaláticas.
O co-autor Ortwin Gerhard diz: “Isto é um resultado inesperado. Os modelos numéricos prediziam que o halo em torno de Messier 87 deveria ser muitas vezes maior do que revelaram nossas observações. Claramente algo deve ter arrancado esse halo anteriormente”.
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A equipe usou o FLAMES, o espectrógrado super-eficiente instalado no Very Large Telescope (VLT = Telescópio Muito Grande) do Observatório Paranal no Chile, para realizar medições ultra-precisas de uma pletora de nebulosas planetárias nas vizinhanças de Messier 87 e no espaço intergalático no Aglomerado Galático de Virgem, ao qual pertence Messier 87. O FLAMES pode capturar simultaneamente espectros de várias fontes espalhadas por uma área no ceú do tamanho da Lua.
Os novo resultado é uma grande realização. A luz observada de uma nebulosa planetária no Aglomerado de Virgem é tão tênue como uma lâmpada de 30W vista de uma distância de cerca de 6 milhões de quilômetros (cerca de 15 vezes a distância entre a Terra e a Lua). Além disso, as nebulosas planetárias são esparsamente distribuídas pelo aglomerado, de forma que até o largo campo de visão do FLAMES só pode capturar poucas dezenas delas de cada vez.
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“É um pouco como procurar uma agulha em um palheiro, só que no escuro”, diz a membro da equipe Magda Arnaboldi. “O espectrógrafo FLAMES montado no VLT era o melhor instrumento para a tarefa”.
A uma distância de aproximadamente 50 milhões de anos-luz, o Aglomerado de Vrigem é o aglomerado galático mais próximo. Ele fica na direção da Constelação de Virgem e um aglomerado relativamente jovem e difuso. O aglomerado contém muitas centenas de galáxias, inclusive galáxias gigantes elípticas, assim como as mais familiares espirais como nossa Via Láctea.
Os astrônomos propuseram várias explicações para a “poda” descobreta em Messier 87, tais como um colapso da matéria escura próxima da galáxia no algomerado. Também pode ser que outra galáxia no aglomerado, Messier 84, chegou perto demais de Messier 87 no passado e a perturbou dramaticamente cerca de um bilhão de anos atrás. “Neste estágio nós não podemos confirmar qualquer um desses cenários” diz Arnaboldi. “Nós ainda precisamos observar várias outras nebulosas planetárias em torno de Messier 87”.
Porém, de uma coisa os astrônomos têm certeza: Messier 87 e sua vizinha Messier 86 estão em rumo de colisão. “Nós podemos estar observando essas galáxias pouco antes delas se encontrarem pela primeira vez”, diz Gerhard. “O Aglomerado de Virgem é ainda um local muito dinâmico e muitas coisas ainda vão modelar suas galáxias pelo próximo bilhão de anos.”
Mais Informações
Nebulosas Planetárias são a espetacular fase final na vida de estrelas semelhantes ao Sol, quando a estrela ejeta suas camadas exteriores no espaço circunvizinho. Essa nomenclatura é uma relíquia de uma época anterior: os primeiros observadores, usando apenas pequenos telescópios, pensaram que alguns desses objetos mais próximos, tais como a “Nebulosa da Hélice” pareciam com os discos de planetas gigantes no Sistema Solar. Nebulosas planetárias têm fortes linhas de emissão, o que as torna relativamente fáceis de detectar a grandes distâncias e também permite que suas velocidades radiais sejam medidas com precisão. Assim, as nebulosas planetárias podem ser usadas para investigar os movimentos de estrelas nas tênues regiões exteriores de galáxias distantes, onde as medições de velocidades não são possíveis de outra forma. Além disso, nebulosas planetárias são representativas da população estelar, como um todo. Como elas tem uma vida relativamente breve (umas poucas dezenas de milhares de anos — um mero blipe na escala de tempo astronômica), os astrônomos podem estimar que uma estrela em cerca de 8.000 de estrelas do tipo do Sol, estará visível a qualquer dado momento. Assim, as nebulosas planetárias podem dar uma base de cálculo única sobre o número, tipos de estrelas e seus movimentos em apagadas regiões periféricas de galáxias que podem conter uma grande quantidade de massa. Esses movimentos contém o registro fóssil da história das interações entre galáxias e a formação dos aglomerados galáticos.
A presente pesquisa será apresentada em um artigo a ser publicado em Astronomy and Astrophysics: “The Edge of the M87 Halo and the Kinematics of the Diffuse Light in the Virgo Cluster Core,” por Michelle Doherty et al.
A equipe é composta por: Michelle Doherty e Magda Arnaboldi (ESO), Payel Das e Ortwin Gerhard (Instituto Max-Planck de Física Extraterrestre, Garching, Alemanha), J. Alfonso L. Aguerri (IAC, Tenerife, Espanha), Robin Ciardullo (Pennsylvania State University, EUA), John J. Feldmeier (Youngstown State University, EUA), Kenneth C. Freeman (Mount
Stromlo Observatory, Austrália), George H. Jacoby (WIYN Observatory, Tucson, AZ, EUA), e Giuseppe Murante (INAF, Osservatorio Astronomico di Pino Torinese, Itália).
ESO, o Observatório Europeu do Sul (European Southern Observatory), é a maior organização astronômica intergovernamental na Europa. Ele é mantido por 14 países: Áustria, Bélgica, República Checa, Dinamarca, França, Finlândia, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia,
Suíça e o Reino Unido. O ESO realiza um ambicioso programa com ênfase no projeto, construção e operação de poderosas instalações de observação em terra que permitem aos astrônomos realizarem importantes descobertas. O ESO também desempenha um papel de liderança na promoção e organização de cooperação em pesquisas astronômicas. O ESO opera três locais especialmente privilegiaods para a observação astronômica na região do Deserto de Atacama no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor.
Nota
[1] Embora o valor padrão para o diâmetro da Via Láctea seja cerca de 100.000 anos-luz, acredita-se que seu halo estelar se estenda ao dobro dessa distância.
Link
- Artigo científico: arxiv:0905.1958 (download do arquivo em formato PDF – 1.15 MB)
Agência Espacial Européia vai lançar dois novos telescópios espaciais
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Herschel e Planck |
ESA vai lançar dois grandes observatórios para espiar as profundezas do espaço e do tempo
7 de maio de 2009
PR 08-2009. Duas das mais sofisticadas espaçonaves já construídas – Herschel e Planck – serão lançadas pela ESA neste mês para órbitas no espaço em torno de um ponto de observação especial além da órbita da Lua.
A partir de lá, ambas as espaçonaves iniciarão um programa de observação revolucionário que ampliará nossa compreensão da história do universo.
O Herschel é um telescópio espacial que funciona na faixa do infravermelho distante, projetado para estudar alguns dos objetos mais frios no espaço, em uma faixa do espectro eletromagnético ainda pouco explorada. O Planck é outro telescópio que irá mapear a luz fóssil do universo – a luz do Big Bang – com sensibilidade e precisão sem precedentes. As duas missões estão entre as mais ambiciosas jamais empreendidas pela Europa e assinalam a transposição de uma nova fronteira no campo da astronomia com base no espaço.
O par será lançado em conjunto por um veículo Ariane 5 ECA. A decolagem está prevista para as 13:12 GMT (10:32, hora de Brasília) da quinta-feira 14 de maio, do Espaçoporto Europeu na Guiana Francesa. O Herschel e o Planck vão se separar logo após a decolagem e seguirão de maneira independente na direção do ponto lagrangiano L2 do sistema Sol-Terra, um ponto de estabilidade gravitacional no espaço a cerca de 1,5 milhões de km da Terra na direção oposta ao Sol. Enquanto orbitam aquele ponto, eles serão capazes de realizar observações contínuas em um abiente termicamente estável, longe das perturbações causadas pelas radiações do Sol, da Terra e da Lua.
O Herschel, com seus 7,5-m de altura e 4 m de largura, é o maior telescópio infravermelho já lançado. A superfície extremamente lisa de seu espelho primário, com 3,5 m de diâmetro, é quase uma vez e meia maior que a do Hubble e seis vezes maior que a do seu predecessor, o ISO lançado pela ESA em 1995.
Com sua grande capacidade de coleta de luz e seu conjunto de sofisticados detectores, resfriados perto do zero absoluto por mais de 2.000 litros de hélio superfluido, o Herschel vai observar as fontes de infravermelho mais tênues e distantes, e procurar nas faixas ainda não mapeadas do infravermelho distante e submilimétrica do espectro eletromagnético.
O Herschel será capaz de enxergar através da opacidade da poeira e do gás cósmicos, e observar as estruturas e eventos distantes que datam da formação do universo – tais como o nascimento e a evolução das primeiras estrelas e galáxias – há cerca de 10 bilhões de anos, em um esforço para descobrir exatamente como tudo começou. Um pouco mais perto, dentro de nossa galáxia, o
Herschel também vai observar objetos extremamente frios, tais como as nuvens de poeira e os gases interestelares dos quais são formados as estrelas e os planetas, e até a atmosfera em torno dos cometas, planetas e suas luas em nosso próprio sistema solar.
Com seu telescópio de 1,5 m e instrumentos sensíveis à radiação de micro-ondas, o Planck vai medir as variações de temperatura no universo muito jovem. Ele vai monitorar o Fundo Cósmico de Micro-ondas, a relíquia das primeiras luzes jamais emitidas no espaço, cerca de 380 mil anos depois do Big Bang, quando a densidade e a temperatura do jovem universo diminuiu o bastante para permitir, finalmente, que a luz se separasse da matéria e viajasse livre pelo espaço.
Com seu “coração” funcionando em baixas temperaturas, nunca antes alcançadas, o telescópio Planck terá uma sensibilidade e uma capacidade de definição sem precedentes. Medindo as pequenas flutuações na temperatura do fundo de micro-ondas, os cientistas poderão extrair, pelo menos, 15 vezes mais informações acerca da origem, evolução e futuro do universo do que de seu mais recente predecessor.
Os detectores do Herschel serão resfriados a 0,3 grau acima do zero absoluto. Os detectores do Planck atingirão temperaturas ainda mais frias, somente 0,1 grau acima de 0 K. Com efeito, durante a missão, os pontos mais frios do universo estarão dentro da nave. Está planejado que o satélite colha cerca de 500 bilhões de amostras brutas para produzir um conjunto de mapas celestes com muitos milhões de pixels que também auxiliará os cientistas a compreender a estrutura do universo e dar conta de seus elementos constituíntes de forma jamais feita. O Planck será capaz de calcular o número total de átomos existentes no universo, inferir a densidade total de matéria escura – um componente elusivo ainda inacessível às observações diretas, mas “visível” indiretamente, através de seus efeitos sobre as vizinhanças – e até mesmo de lançar algumas luzes sobre a natureza da misteriosa energia escura.
O telescópio Spitzer está se aquecendo para uma nova carreira
[ RELEASE
:
09-099 NASA’s Spitzer Telescope Warms Up to New Career ]
Por Whitney Clavin
Jet Propulsion Laboratory, Pasadena, Califónia.
O fim do refrigerante marcará o início de uma nova era para o Spitzer. O telescópio vai começar sua missão “quente” com dois canais de um instrumento ainda funcionando em plena capacidade. Algumas linhas científicas que um Spitzer mais quente vai explorar serão as mesmas e outras serão inteiramente novas.
Robert Wilson, o gerente do projeto do Spitzer no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Passadena, diz: “Nós gostamos de pensar que o Spitzer está renascendo. O Spitzer
teve uma vida incrível, com um desempenho acima e além de seu dever. Sua missão primária pode estar se encerrando, mas ele vai empreender novas pesquisas científicas e novas descobertas, com certeza, vão aparecer”.
O Spitzer é o último dos Grandes Observatórios da NASA, um conjunto de telescópios projetados para enxergar as cores visíveis e invisíveis do universo. O conjunto inclui também os Telescópios Espaciais Hubble e Chandra da NASA. O Spitzer explorou, com uma sensibilidade sem precedentes, o lado infravermelho do cosmo, onde se escondem os objetos escuros, empoeirados e distantes.
Para que um telescópio possa detectar a luz infravermelha – essencialmente calor – vinda de frios objetos cósmicos, ele deve ter um calor próprio muito pequeno. Durante os últimos cinco anos, o hélio líquido correu pelas “veias” do Spitzer, mantendo seus instrumentos resfriados a -271°
Celsius, ou seja, menos de 3 graus acima do zero absoluto, a mais baixa temperatura teoricamente atingível. A criogenia foi projetada para durar apenas dois anos e meio, mas o projeto eficiente e a cuidadosa operação do Spitzer permitiram que ele durasse por mais de cinco anos e meio.
A nova temperatura de funcionamento “quente” do Spitzer é ainda bem congelante: -242°C, muito mais frio do que um dia de inverno na Antártica quando as temperaturas algumas vezes atingem -59°C. Esse aumento de temperatura significa que dois dos instrumentos a bordo do Spitzer – seu fotômetro imageador multifrequência de ondas mais longas e seu espectrógrafo infravermelho – não estarão mais frios o suficiente para poder detectar objetos frios no espaço.
No entanto, os dois detectores de comprimentos de onda mais curtos no dispositivo de câmera infravermelha do telescópio continuarão a funcionar perfeitamente. Eles ainda vão conseguir captar o brilho de vários objetos: asteríides em nosso sistema solar, estrelas em nuvens de poeira, discos de formação de planetas, planetas gigantes gasosos e galáxias distantes. Além disso, o Spitzer ainda será capaz de enxergar através da poeira que permeia nossa galáxia e bloqueia observações na faixa da luz visível.
Michael Werner, cientista do Projeto Spitzer do JPL que trabalha com o Spitzer há mais de 30 anos, declarou: “Nós faremos pesquisas excitantes e importantes com esses dois canais infravermelhos. Nosso novo programa de pesquisas tira vantagem do que esses canais podem fazer de melhor. Vamos nos focalizar em aspectos do cosmo sobre os quais ainda temos muito o que aprender”.
Desde seu lançamento de Cabo Canaveral em 25 de agosto de 2003, o Spitzer fez incontáveis descobertas na astronomia. Observações de cometas, próximos e distantes, mostrou que o material de cometas e planetas é similar por toda a galáxia. Fotos de tirar o fôlego de berçários estelares de poeira levaram a novas percepções sobre como nascem as estrelas. E o olho do Spitzer apontado para o universo mais distante, a bilhões de anos-luz, revelou centenas de buracos negros gigantes espreitando na escuridão.
Talvez as descobertas mais revolucionárias e surpreendentes do Spitzer envolvam os planetas que orbitam outras estrelas – os chamados exoplanetas. Os exoplanetas são, em quase todos os casos, próximos demais a suas estrelas-mãe para poderem ser vistos de nosso ponto de vista na Terra.
Não obstante, os caçadores de planetas continuam a descobrílos, buscando mudanças nas estrelas-mãe. Antes do Spitzer, tudo o que sabíamos acerca dos exoplanetas vinha desse tipo de observação indireta.
Em 2005, o Spitzer detectou os primeiros fótons vindos diretamente de um exoplaneta. Por meio de uma engenhosa técnica, agora conhecida como método do eclipse secundário, o Spitzer foi capaz de coletar a luz de um exoplaneta quente e gasoso e aprender sobre sua temperatura. Estudos espectroscópicos posteriores, mais detalhados, revelaram mais sobre a atmosfera (ou o “clima”) em planetas semelhantes. Mais recentemente, o Spitzer testemunhou as mudanças no clima de um exoplaneta gasoso altamente excêntrico – uma tempestade de proporções colossais que nascia em uma questão de horas, antes de se dissipar rapidamente.
“Ninguém tinha qualquer ideia se o Spitzer seria capaz de estudar diretamente os exoplanetas quando o projetamos”, disse Werner. “Quando os astrônomos planejaram as primeiras observações, não tinhamos ideia se iam funcionar. Para nosso espanto e deleite, elas funcionaram”.
Estas são algumas poucas das realizações do Spitzer nos últimos cinco anos e meio. Os dados desse telescópio são citados em mais de 1.500 artigos científicos. E os cientistas e engenheiros esperam que as recompensas ainda continuem a surgir desses anos dourados do Spitzer.
Algumas das novas linhas de pesquisa do Spitzer incluem o refinamento das estimativas da Constante de Hubble, a taxa de expansão do universo; a procura de galáxias na borda do universo observável; avaliação dos asteróides potencialmente perigosos para a Terra, medindo o tamanho dos asteróides; e a caracterização das atmosferas de planetas gigantes gasosos cuja descoberta é prevista para breve pela missão Kepler da NASA. Assim como foi na época da missão “fria” do Spitzer, esses e outros programas são selecionados através de uma competição para a qual são chamados a participar cientistas de todo o mundo.
O JPL gerencia a missão Spitzer para a Diretoria de Missões Científicas da NASA em Washington. As operações científicas são conduzidas no Centro de Ciências Spitzer no Instituto de Tecnologia da Califórnia (CalTech) em Pasadena. A missão e as operações científicas são apoiadas pela
Lockheed Martin Space Systems em Denver e pela Ball Aerospace &
Technology Corp. em Boulder, Colorado. O dispositivo de câmeras infravermelhas do Spitzer foi construído pelo Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland; o principal pesquisador dos instrumentos é Giovanni Fazio do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian em Cambridge, Massachusetts. A Ball Aerospace & Technology Corp.
construiu o espectrógrafo infravermelho do Spitzer; seu principal pesquisador é Jim Houck da Universidade Cornell em Ithaca, N.Y. A Ball Aerospace &
Technology Corp. e a Universidade do Arizona em Tucson, construíram o fotômetro imageador mutibandas para o Spitzer; e seu principal pesquisador é George Rieke da Universidade do Arizona.
Para mais informações sobre o Spitzer, visite:
e
http://www.spitzer.caltech.edu/spitzer
Sonda MESSENGER descobre um Mercúrio mais ativo que o esperado
[MESSENGER Spacecraft Reveals a Very Dynamic Planet Mercury]
WASHINGTON
— Uma sonda da NASA que sobrevoou a superfície de Mercúrio, revelou que a atmosfera do planeta, a interação de seu campo magnético com o vento solar e seu passado geológico mostram um nível de atividade muito maior do que os cientistas suspeitavam até agora. A mesma sonda descobriu também uma grande cratera de impacto, até então desconhecida, com cerca de 690 km de diâmetro — a mesma distância de Washington a Boston.
As análises dessas novas descobertas e mais, são relatadas em quatro artigos publicados na edição de 1 de maio da revista Science. Os dados vêm da espaçonave MErcury Surface, Space ENvironment, GEochemistry and Ranging = MESSENGER (Superfície, Ambiente Espacial, Geoquímica e Plotagem de Mercúrio). Em 6 de outubro de 2008, a sonda sobrevoou Mercúrio pela segunda vez, captando mais de 1.200 imagens coloridas em alta definição do planeta. A sonda revelou outros 30% da superfície do planeta que nunca tinham sido avistados por qualquer espaçonave anterior, coletando dados essenciais para o planejamento do restante da missão.
Sean Solomon, da Instituição Carnegie de Washington, o principal investigador dessa missão, disse: “Este segundo sobrevoo de Mercúrio nos proporcionou uma série de descobertas. Uma das maiores surpresas foi a variação da dinâmica da interação do campo magnético do planta com o vento solar, comaparada à observada no primeiro sobrevoo de Mercúrio em janeiro de 2008. A descoberta de uma bacia de impacto grande e surpreendentemente bem conservada mostra uma atividade vulcânica concentrada e atividade tectônica”.
A espaçonave também detectou, pela primeira vez, a presença de magnésio na fina atmosfera de Mercúrio, conhecida como uma exosfera. Esta observação e outros dados confirmam que o magnésio é um componente importante dos materiais da superfície de Mercúrio.
O instrumento Espectrômetro de Composição da Atmosfera e Superfície de Mercúrio na sonda, detectou o magnésio. A descoberta de magnésio não foi surpreendente para os cientistas, mas a quantidade e a distribuição eram bem maiores que o esperado. O mesmo instrumento também mediu outros componentes da exosfera, inclusive cálcio e sódio.
“Isto é um exemplo do tipo de descobertas individuais que a equipe de ciências vai reunir para nos dar um novo quadro sobre como o planeta se formou e evoluiu”, declarou William McClintock, co-investigador e autor principal de um dos quatro artigos. McClintock, que é do Laboratório de Física Atmosférica e Espacial da Universidade de Colorado em Boulder, suspeita que outros elementos metálicos da superfície, incluindo alumínio, ferro e silício, também contribuem para a exosfera.
A variabilidade que a espaçonave observou na magnetosfera de Mercúrio, o volume de espaço dominado pelo campo magnético do planeta, até agora apoia a hipótese de que as grandes mudanças diárias na atmosfera de Mercúrio podem ser resultantes de modificações na blindagem proporcionada pela magnetosfera.
“A espaçonave observou uma magnetosfera radicalmente diferente em Mercúrio durante o segundo sobrevoo, em comparação com o prévio encontro em 14 de janeiro”, declarou James Slavin do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt,
Maryland. Slavin é também um co-investigador na missão e autor principal de um dos artigos. “Durante o primeiro sobrevoo, foram realizadas importantes descobertas, porém os cientistas não detectaram quaisquer características dinâmicas. O segundo sobrevoo testemunhou uma situação completamente diferente”.
A descoberta da bacia de impacto, chamada de Rembrandt, marca a primeira vez que os cientistas observam o solo bem exposto em uma grande bacia de impacto em Mercúrio. As formações do solo, tais como essas reveladas no chão de Rembrandt, usualmente ficam cobertas por fluxos vulcânicos.
“Essa bacia se formou a cerca de 3,9 bilhões de anos, perto do fim do período de bombardeamento pesado no sistema solar interior”, explicou Thomas
Watters do Instituto Smithsonian em Washington, um dos cientistas participantes e autor principal de um dos artigos. “Embora antiga, a bacia Rembrandt é mais jovem do que a maioria das outras bacias de impacto conhecidas em Mercúrio”.
Metade de Mercúrio era desconhecida até pouco mais de um ano atrás. Os globos que representavam o planeta ficavam com um lado em branco. As imagens colhidas por espaço- naves permitiram que os cientistas vissem 90% da superfície do planeta em alta definição. A nova cobertura por imagens da superfície, após esse segundo sobrevoo, permite aos cientistas uma nova compreensão de como a crosta do planeta se formou.
“Depois de mapear a superfície, vemos que aproximadamente 40% é coberta por planícies suaves”, disse Brett Denevi da Universidade do Estado do Arizona em Tempe, membro da equipe e autor principal de um dos artigos. “Muitas dessas planícies suaves são tidas como sendo de origem vulcânica e ficam distribuídas por todo o planeta. Grande parte da crosta de Mercúrio pode ter-se formado através de repetidas erupções vulcânicas de modo muito mais semelhante à crosta de Marte do que à da Lua”.
Os cientistas continuam a examinar os dados dos dois primeiros sobrevoos e estão se preparando para recolher mais informações de um terceiro sobrevoo em 29 de setembro.
“O terceiro sobrevoo de Mercúrio é o ensaio geral final para o principal ato de nossa missão: a colocação da sonda na órbita de Mercúrio no entorno de março de 2011”, disse Solomon. “A fase orbital será como se realizássemos dois sobrevoos por dia e permitirá a coleta contínua de informações acerca do planeta e seu ambiente por um ano. Mercúrio tem-se mos- trado tímido em revelar seus segredos até agora, mas em menos de dois anos o planeta mais interior terá se tornado um velho conhecido”.
O projeto MESSENGER é o sétimo do Programa Discovery da NASA de missões científicas de baixo custo. O Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland., projetou, construiu e opera a espaçonave e gerencia a missão para o Diretório de Missões Científicas da NASA em Washington. Os instrumentos científicos fo- ram construídos pelo Laboratório de Física Aplicada; Centro Goddard; Universidade de Michigan em Ann Arbor;e Universidade do Colorado em Boulder. GenCorp Aerojet de Sacramento, Califórnia e Composite Optics Inc. de San Diego forneceram o sistema de propulsão e a estrutura composta.