Finalmente descoberto o tamanho da galáxia gigante Messier 87

[ Giant Galaxy Messier 87 finally sized up ]

Usando o Telescópio Muito Grande (Very Large Telescope) do ESO, os astrônomos conseguiram medir o tamanho da galáxia gigante Messier 87 e ficaram surpresos em descobrir que suas partes externas foram arran­cadas por algum efeito ainda não identificado A galáxia também parece estar em rota de colisão com outra galáxia gigante nesse aglomerado ga­lá­tico extremamente dinâmico.

ESO PR Photo 19a/09
A luz intergalática

As novas observações revelam que o halo de estrelas de Mes­sier 87 foi podado, exibindo um diâmetro de cerca de um mi­lhão de anos-luz, signiificativamente menor do que se espe­rava, embora seja cerca de três vezes maior do que o halo que circunda nossa Via Láctea [1]. Além dessa zona, só são en­contradas poucas estrelas intergaláticas.

O co-autor Ortwin Gerhard diz: “Isto é um resultado ines­perado. Os modelos numéricos prediziam que o halo em tor­no de Messier 87 deveria ser muitas vezes maior do que re­ve­­laram nossas observações. Claramente algo deve ter ar­ran­cado esse halo anteriormente”.

ESO PR Photo 19b/09
Nebulosas Planetárias Intergaláticas

A equipe usou o FLAMES, o espectrógrado super-eficiente ins­talado no Very Large Telescope (VLT = Telescópio Muito Gran­de) do Observatório Paranal no Chile, para realizar medi­ções ultra-precisas de uma pletora de nebulosas planetárias nas vizinhanças de Messier 87 e no espaço intergalático no Aglo­merado Galático de Virgem, ao qual pertence Messier 87. O FLAMES pode capturar simultaneamente espectros de vá­rias fontes espalhadas por uma área no ceú do tamanho da Lua.

Os novo resultado é uma grande realização. A luz observada de uma nebulosa planetária no Aglomerado de Virgem é tão tênue como uma lâmpada de 30W vista de uma distância de cerca de 6 milhões de quilômetros (cerca de 15 vezes a distância entre a Terra e a Lua). Além disso, as nebulosas planetárias são esparsamente distribuídas pelo aglomerado, de forma que até o largo campo de visão do FLAMES só pode capturar poucas dezenas delas de cada vez.

ESO PR Photo 19c/09
O Aglomerado de Virgem

É um pouco como procurar uma agulha em um palheiro, só que no escuro”, diz a membro da equipe Magda Arnaboldi. “O es­pectrógrafo FLAMES montado no VLT era o melhor ins­trumento para a tarefa”.

A  uma distância de aproximadamente 50 milhões de anos-luz, o Aglomerado de Vrigem é o aglomerado galático mais próxi­mo. Ele fica na direção da Constelação de Virgem e um aglo­merado relativamente jovem e difuso. O aglomerado contém muitas centenas de galáxias, inclusive galáxias gigantes elíp­ticas, assim como as mais familiares espirais como nossa Via Láctea.

Os astrônomos propuseram várias explicações para a “poda” descobreta em Messier 87, tais como um colapso da matéria escura próxima da galáxia no algo­merado. Também pode ser que outra galáxia no aglomerado, Messier 84, chegou perto demais de Messier 87 no passado e a perturbou dramaticamente cerca de um bilhão de anos atrás. “Neste estágio nós não podemos confirmar qualquer um desses cenários” diz Arnaboldi. “Nós ainda precisamos observar várias ou­tras nebulosas planetárias em torno de Messier 87”.

Porém, de uma coisa os astrônomos têm certeza: Messier 87 e sua vizinha Messier 86 estão em rumo de colisão. “Nós podemos estar observando essas galáxias pouco antes delas se encontrarem pela primeira vez”, diz Gerhard. “O Aglomerado de Virgem é ainda um local muito dinâmico e muitas coisas ainda vão modelar suas galáxias pelo próximo bilhão de anos.

Mais Informações

Nebulosas Planetárias são a espetacular fase final na vida de estrelas seme­lhantes ao Sol, quando a estrela ejeta suas camadas exteriores no espaço cir­cunvizinho. Essa nomenclatura é uma relíquia de uma época anterior: os pri­meiros observadores, usando apenas pequenos telescópios, pensaram que al­guns desses objetos mais próximos, tais como a “Nebulosa da Hélice” pareciam com os discos de planetas gigantes no Sistema Solar. Nebulosas planetárias têm fortes linhas de emissão, o que as torna relativamente fáceis de detectar a grandes distâncias e também permite que suas velocidades radiais sejam  medidas com precisão. Assim, as nebulosas planetárias podem ser usadas para investigar os movimentos de estrelas nas tênues regiões exteriores de galáxias distantes, onde as medições de velocidades não são possíveis de outra forma. Além disso, nebulosas planetárias são representativas da população estelar, como um todo. Como elas tem uma vida relativamente breve (umas poucas dezenas de milhares de anos — um mero blipe na escala de tempo astro­nômica), os astrônomos podem estimar que uma estrela em cerca de 8.000 de estrelas do tipo do Sol, estará visível a qualquer dado momento. Assim, as ne­bu­losas planetárias podem dar uma base de cálculo única sobre o número, tipos de estrelas e seus movimentos em apagadas regiões periféricas de galáxias que podem conter uma grande quantidade de massa. Esses movimentos contém o registro fóssil da história das interações entre galáxias e a formação dos aglo­merados galáticos.

A presente pesquisa será apresentada em um artigo a ser publicado em Astronomy and Astrophysics: “The Edge of the M87 Halo and the Kinematics of the Diffuse Light in the Virgo Cluster Core,” por Michelle Doherty et al.

A equipe é composta por: Michelle Doherty e Magda Arnaboldi (ESO), Payel Das e Ortwin Gerhard (Instituto Max-Planck de Física Extraterrestre, Garching, Alemanha), J. Alfonso L. Aguerri (IAC, Tenerife, Espanha), Robin Ciardullo (Pennsylvania State University, EUA), John J. Feldmeier (Youngstown State University, EUA), Kenneth C. Freeman (Mount
Stromlo Observatory, Austrália), George H. Jacoby (WIYN Observatory, Tucson, AZ, EUA), e  Giuseppe Murante (INAF, Osservatorio Astronomico di Pino Torinese, Itália).

ESO, o Observatório Europeu do Sul (European Southern Observatory), é a maior organização astronômica intergovernamental na Europa. Ele é mantido por 14 países: Áustria, Bélgica, República Checa, Dinamarca, França, Finlândia, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia,
Suíça e o Reino Unido. O ESO realiza um ambicioso programa com ênfase no projeto, construção e operação de poderosas instalações de observação em terra que permitem aos astrônomos realizarem importantes descobertas. O ESO também desempenha um papel de liderança na promoção e organização de cooperação em pesquisas astronômicas. O ESO opera três locais especialmente privilegiaods para a observação astronômica na região do Deserto de Atacama no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor.

Nota

[1] Embora o valor padrão para o diâmetro da Via Láctea seja cerca de 100.000 anos-luz, acredita-se que seu halo estelar se estenda ao dobro dessa distância.

Link


Agência Espacial Européia vai lançar dois novos telescópios espaciais

Herschel and Planck
Herschel e Planck

ESA vai lançar dois grandes observatórios para espiar as profundezas do espaço e do tempo

 

7 de maio de 2009

ESA
PR 08-2009. Duas das mais sofisticadas espa­çonaves já construídas – Herschel e Planck – serão lançadas pela ESA neste mês para órbi­tas no espaço em torno de um ponto de obser­vação especial além da órbita da Lua.
 

A partir de lá, ambas as espaçonaves iniciarão um programa de observação re­vo­lucionário que ampliará nossa compreensão da história do universo.

O Herschel é um telescópio espacial que funciona na faixa do infravermelho dis­tante, proje­tado para estudar alguns dos objetos mais frios no espaço, em uma faixa do espectro ele­tro­magnético ainda pouco explorada. O Planck é outro te­lescópio que irá mapear a luz fós­sil do universo – a luz do Big Bang – com sensi­bilidade e precisão sem precedentes. As duas missões estão entre as mais ambi­ciosas jamais empreendidas pela Europa e assinalam a transposição de uma nova fronteira no campo da astronomia com base no espaço.

O par será lançado em conjunto por um veículo Ariane 5 ECA. A decolagem está prevista pa­ra as 13:12 GMT (10:32, hora de Brasília) da quinta-feira 14 de maio, do Espaçoporto Eu­ropeu na Guiana Francesa. O Herschel e o Planck vão se separar logo após a decolagem e seguirão de maneira independente na direção do ponto lagrangiano L2 do sistema Sol-Ter­ra, um ponto de estabilidade gravi­tacional no espaço a cerca de 1,5 milhões de km da Terra na direção oposta ao Sol. Enquanto orbitam aquele ponto, eles serão capazes de realizar ob­servações contínuas em um abiente termicamente estável, longe das perturbações causa­das pelas radiações do Sol, da Terra e da Lua. 
 
O Herschel, com seus 7,5-m de altura e 4 m de largura, é o maior telescópio infravermelho já lançado. A superfície extremamente lisa de seu espelho primá­rio, com 3,5 m de diâme­tro, é quase uma vez e meia maior que a do Hubble e seis vezes maior que a do seu predeces­sor, o ISO lançado pela ESA em 1995.

Com sua grande capacidade de coleta de luz e seu conjunto de sofisticados detectores, res­friados perto do zero absoluto por mais de 2.000 litros de hélio superfluido, o Herschel vai observar as fontes de infravermelho mais tênues e distantes, e procurar nas faixas ainda não mapeadas do infravermelho distante e submilimétrica do espectro eletromagnético.

O Herschel será capaz de enxergar através da opacidade da poeira e do gás cósmicos, e observar as estruturas e eventos distantes que datam da formação do universo – tais como o nascimento e a evolução das primeiras estrelas e galáxias – há cerca de 10 bilhões de anos, em um esforço para descobrir exatamente como tudo começou. Um pouco mais per­to, dentro de nossa galáxia, o
Herschel também vai observar objetos extremamente frios, tais como as nuvens de poeira e os gases interestelares dos quais são formados as estre­las e os planetas, e até a atmosfera em torno dos cometas, planetas e suas luas em nosso próprio sistema solar.
 
 
Com seu telescópio de 1,5 m e instrumentos sensíveis à radiação de micro-ondas, o Planck vai medir as variações de temperatura no universo muito jovem. Ele vai monitorar o Fundo Cósmico de Micro-ondas, a relíquia das primeiras luzes jamais emitidas no espaço, cerca de 380 mil anos depois do Big Bang, quando a densidade e a temperatura do jovem universo diminuiu o bastante para permitir, finalmente, que a luz se separasse da matéria e viajasse livre pelo espaço.

Com seu “coração” funcionando em baixas temperaturas, nunca antes alcan­çadas, o teles­có­pio Planck terá uma sensibilidade e uma capacidade de defi­nição sem precedentes. Me­dindo as pequenas flutuações na temperatura do fundo de micro-ondas, os cientistas pode­rão extrair, pelo menos, 15 vezes mais informações acerca da origem, evolução e futuro do universo do que de seu mais recente predecessor. 
 
Os detectores do Herschel serão resfriados a 0,3 grau acima do zero absoluto. Os detec­tores do Planck atingirão temperaturas ainda mais frias, somente  0,1 grau acima de 0 K. Com  efeito, durante a missão, os pontos mais frios do universo estarão dentro da nave. Está planejado que o satélite colha cerca de 500 bilhões de amostras brutas para produzir um conjunto de mapas celestes com muitos milhões de pixels que também auxiliará os cientistas a compreender a estrutura do universo e dar conta de seus elementos constituín­tes de forma jamais feita. O Planck será capaz de calcular o número total de átomos exis­tentes no universo, inferir a densidade total de matéria escura – um com­ponente elusivo ain­da inacessível às observações diretas, mas “visível” indire­tamente, através de seus efeitos sobre as vizinhanças – e até mesmo de lançar algumas luzes sobre a natureza da misterio­sa energia escura.


O telescópio Spitzer está se aquecendo para uma nova carreira

[ RELEASE
:
09-099 
NASA’s Spitzer Telescope Warms Up to New Career ]

Por Whitney Clavin
Jet Propulsion Laboratory, Pasadena, Califónia.

 

6 de maio de 2009
 


WASHINGTON – A missão original do Telescópio Espacial Spitzer da NASA está perto do fim, depois de mais de cinco anos e meio sondando o cosmos com seu aguçado olho in­fra­vermelho. Dentro de cerca de uma semana após 12 de maio, o hélio líquido, necessário pa­ra resfriar alguns instrumentos até as temperaturas de funcionamento, deve acabar.

O fim do refrigerante marcará o início de uma nova era para o Spitzer. O telescópio vai co­me­çar sua missão “quente” com dois canais de um instrumento ainda funcionando em ple­na capacidade. Algumas linhas científicas que um Spitzer mais quente vai explorar serão as mesmas e outras serão inteiramente novas.

Robert Wilson, o gerente do projeto do Spitzer no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Passadena, diz: “Nós gostamos de pensar que o Spitzer está renascendo. O Spitzer
te­ve uma vida incrível, com um desempenho acima e além de seu dever. Sua missão primária pode estar se encerrando, mas ele vai empreender novas pesquisas científicas e novas des­cobertas, com certeza, vão aparecer”. 

O Spitzer é o último dos Grandes Observatórios da NASA, um conjunto de telescópios pro­jetados para enxergar as cores visíveis e invisíveis do universo. O conjunto inclui também os Telescópios Espaciais Hubble e Chandra da NASA. O Spitzer explorou, com uma sensibili­dade sem precedentes, o lado infra­vermelho do cosmo, onde se escondem os objetos escu­ros, empoeirados e distantes.

Para que um telescópio possa detectar a luz infravermelha – essencialmente calor – vinda de frios objetos cósmicos, ele deve ter um calor próprio muito pequeno. Durante os últimos cinco anos, o hélio líquido correu pelas “veias” do Spitzer, mantendo seus instrumentos res­friados a -271°
Celsius, ou seja, menos de 3 graus acima do zero absoluto, a mais baixa temperatura teoricamente atingível. A criogenia foi projetada para durar apenas dois anos e meio, mas o projeto eficiente e a cuidadosa operação do Spitzer permitiram que ele durasse por mais de cinco anos e meio.

A nova temperatura de funcionamento “quente” do Spitzer é ainda bem congelante: -242°C, muito mais frio do que um dia de inverno na Antártica quando as temperaturas algumas ve­zes atingem -59°C. Esse aumento de temperatura significa que dois dos instrumentos a bor­do do Spitzer – seu fo­tômetro imageador multifrequência de ondas mais longas e seu es­pectrógrafo in­fra­vermelho – não estarão mais frios o suficiente para poder detectar objetos frios no espaço.

No entanto, os dois detectores de comprimentos de onda mais curtos no dispositivo de câ­mera infraver­melha do telescópio continuarão a funcionar perfeitamente. Eles ainda vão con­seguir captar o brilho de vários objetos: asteríides em nosso sistema solar, estrelas em nu­vens de poeira, discos de formação de planetas, planetas gigantes gasosos e galáxias dis­tantes. Além disso, o Spitzer ainda será capaz de enxergar através da poeira que permeia nossa galáxia e bloqueia observações na faixa da luz visível.

Michael Werner, cientista do Projeto Spitzer do JPL que trabalha com o Spitzer há mais de  30 anos, declarou: “Nós faremos pesquisas excitantes e impor­tantes com esses dois ca­nais infravermelhos. Nosso novo programa de pesqui­sas tira vantagem do que esses canais podem fazer de melhor. Vamos nos foca­lizar em aspectos do cosmo sobre os quais ainda temos muito o que aprender”.

Desde seu lançamento de Cabo Canaveral em 25 de agosto de 2003, o Spitzer fez incontá­veis descobertas na astronomia. Observações de cometas, próximos e distantes, mostrou que o material de cometas e planetas é similar por toda a galáxia. Fotos de tirar o fôlego de berçários estelares de poeira levaram a novas percepções sobre como nascem as estrelas. E o olho do Spitzer apontado para o universo mais distante, a bilhões de anos-luz, revelou centenas de buracos negros gigantes espreitando na escuridão.

Talvez as descobertas mais revolucionárias e surpreendentes do Spitzer envolvam os plane­tas que orbitam outras estrelas – os chamados exoplanetas. Os exoplanetas são, em qua­se todos os casos, próximos demais a suas estrelas-mãe para poderem ser vistos de nos­so ponto de vista na Terra.
Não obstante, os caçadores de planetas continuam a descobrí­los, buscando mudan­ças nas estrelas-mãe. Antes do Spitzer, tudo o que sabíamos acerca dos exo­pla­netas vinha desse tipo de observação indireta.

Em 2005, o Spitzer detectou os primeiros fótons vindos diretamente de um exoplaneta. Por meio de uma engenhosa técnica, agora conhecida como método do eclipse secundário, o Spitzer foi capaz de coletar a luz de um exoplaneta quente e gasoso e aprender sobre sua temperatura. Estudos espectroscópicos posteriores, mais detalhados, revelaram mais so­bre a atmosfera (ou o “clima”) em planetas semelhantes. Mais recentemente, o Spitzer teste­mu­­nhou  as mudanças no clima de um exoplaneta gasoso altamente excêntrico – uma tem­pestade de proporções colossais que nascia em uma questão de horas, antes de se dissi­par rapidamente.

“Ninguém tinha qualquer ideia se o Spitzer seria capaz de estudar diretamente os exopla­netas quando o projetamos”, disse Werner. “Quando os astrônomos planejaram as primei­ras observações, não tinhamos ideia se iam funcionar. Para nosso espanto e deleite, elas funcionaram”.

Estas são algumas poucas das realizações do Spitzer nos últimos cinco anos e meio. Os dados desse telescópio são citados em mais de 1.500 artigos cien­tíficos. E os cientistas e engenheiros esperam que as recompensas ainda conti­nuem a surgir desses anos dourados do Spitzer.

Algumas das novas linhas de pesquisa do Spitzer incluem o refinamento das estimativas da Constante de Hubble, a taxa de expansão do universo; a procura de galáxias na borda do u­niverso observável; avaliação dos asteróides poten­cialmente perigosos para a Terra, medin­do o tamanho dos asteróides; e a ca­rac­terização das atmosferas de planetas gigantes gaso­sos cuja descoberta é prevista para breve pela missão Kepler da NASA. Assim como foi na época da missão “fria” do Spitzer, esses e outros programas são selecionados através de uma competição para a qual são chamados a participar cientistas de todo o mundo.

O JPL gerencia a missão Spitzer para a Diretoria de Missões Científicas da NASA em  Wa­shington. As operações científicas são conduzidas no Centro de Ciências Spitzer no Insti­tuto de Tecnologia da Califórnia (CalTech) em Pasadena. A missão e as operações cientí­ficas são apoiadas pela
Lockheed Martin Space Systems em Denver e pela Ball Aerospace &
Technology Corp. em Boulder, Colorado. O dispositivo de câmeras infravermelhas do Spitzer foi construído pelo Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland;  o principal pesquisador dos instrumentos é Giovanni Fazio do Centro de Astrofí­sica Harvard-Smithsonian em Cambridge, Massachusetts. A Ball Aerospace & Technology Corp.
construiu o espectrógrafo infravermelho do Spitzer; seu prin­cipal pesquisador é Jim Houck da Universidade Cornell em Ithaca, N.Y. A Ball Aerospace &
Technology Corp. e a Universidade do Arizona em Tucson, construíram o fotômetro imageador mutibandas para o Spitzer; e seu principal pesquisador é George Rieke da Universidade do Arizona.

Para mais informações sobre o Spitzer, visite:

http://www.nasa.gov/spitzer

e

http://www.spitzer.caltech.edu/spitzer


Sonda MESSENGER descobre um Mercúrio mais ativo que o esperado

[MESSENGER Spacecraft Reveals a Very Dynamic Planet Mercury]

 
 

WASHINGTON
— Uma sonda da NASA que sobrevoou a superfície de Mercúrio, revelou que a atmosfera do planeta, a interação de seu campo magnético com o vento solar e seu pas­sado geológico mostram um nível de atividade muito maior do que os cientistas suspeita­vam até agora. A mesma sonda descobriu também uma grande cratera de impacto, até então desconhecida, com cerca de 690 km de diâmetro — a mesma distância de Washington a Boston.

As análises dessas novas descobertas e mais, são relatadas em quatro artigos publicados na edição de 1 de maio da revista Science. Os dados vêm da espaçonave MErcury Surface, Space ENvironment, GEochemistry and Ranging = MESSENGER (Superfície, Ambiente Es­pacial, Geoquímica e Plotagem de Mercúrio). Em 6 de outubro de 2008, a sonda sobrevoou Mercúrio pela segunda vez, captando mais de 1.200 imagens coloridas em alta definição do planeta. A sonda revelou outros 30% da superfície do planeta que nunca tinham sido avista­dos por qualquer espaçonave anterior, coletando dados essenciais para o planejamento do restante da missão.

Sean Solomon, da Instituição Carnegie de Washington, o principal investigador dessa mis­são, disse: “Este segundo sobrevoo de Mercúrio nos proporcionou uma série de descober­tas. Uma das maiores surpresas foi a variação da dinâmica da interação do campo magné­tico do planta com o vento solar, comaparada à observada no primeiro sobrevoo de Mercú­rio em janeiro de 2008. A descoberta de uma bacia de impacto grande e surpreendentemente bem conservada mostra uma atividade vulcânica concentrada e atividade tectônica”.

A espaçonave também detectou, pela primeira vez, a presença de magnésio na fina atmos­fera de Mercúrio, conhecida como uma exosfera. Esta observação e outros dados confir­mam que o magnésio é um componente importante dos materiais da superfície de Mercúrio.

O instrumento Espectrômetro de Composição da Atmosfera e Superfície de Mercúrio na son­da, detectou o magnésio. A descoberta de magnésio não foi surpreendente para os cien­tistas, mas a quantidade e a distribuição eram bem maiores que o esperado. O mesmo ins­trumento também mediu outros componentes da exosfera, inclusive cálcio e sódio.

“Isto é um exemplo do tipo de descobertas individuais que a equipe de ciências vai reunir para nos dar um novo quadro sobre como o planeta se formou e evoluiu”, declarou William McClintock, co-investigador e autor principal de um dos quatro artigos. McClintock, que é do Laboratório de Física Atmosférica e Espacial da Universidade de Colorado em Boulder, sus­peita que outros elementos metálicos da superfície, incluindo alumínio, ferro e silício, tam­bém contribuem para a exosfera.

A variabilidade que a espaçonave observou na magnetosfera de Mercúrio, o volume de espa­ço dominado pelo campo magnético do planeta, até agora apoia a hipótese de que as gran­des mudanças diárias na atmosfera de Mercúrio podem ser resultantes de modificações na blindagem proporcionada pela magnetosfera.

“A espaçonave observou uma magnetosfera radicalmente diferente em Mercúrio durante o segundo sobrevoo, em comparação com o prévio encontro em 14 de janeiro”, declarou James Slavin do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt,
Maryland. Slavin é tam­bém um co-investigador na missão e autor principal de um dos artigos. “Durante o primeiro sobrevoo, foram realizadas importantes descobertas, porém os cientistas não detectaram quaisquer características dinâmicas. O segundo sobrevoo testemunhou uma situação com­pletamente diferente”.

A descoberta da bacia de impacto, chamada de Rembrandt, marca a primeira vez que os cientistas observam o solo bem exposto em uma grande bacia de impacto em Mercúrio. As formações do solo, tais como essas reveladas no chão de Rembrandt, usualmente ficam cobertas por fluxos vulcânicos.

“Essa bacia se formou a cerca de 3,9 bilhões de anos, perto do fim do período de bombar­deamento pesado no sistema solar interior”, explicou Thomas
Watters do Instituto  Smith­sonian em Washington, um dos cientistas participantes e autor principal de um dos artigos. “Embora antiga, a bacia Rembrandt é mais jovem do que a maioria das outras bacias de im­pacto conhecidas em Mercúrio”.

Metade de Mercúrio era desconhecida até pouco mais de um ano atrás. Os globos que re­presentavam o planeta ficavam com um lado em branco. As imagens colhidas por espaço- naves permitiram que os cientistas vissem 90% da superfície do planeta em alta definição. A nova cobertura por imagens da superfície, após esse segundo sobrevoo, permite aos cien­tistas uma nova compreensão de como a crosta do planeta se formou.

“Depois de mapear a superfície, vemos que aproximadamente 40% é coberta por planícies suaves”, disse Brett Denevi da Universidade do Estado do Arizona em Tempe, membro da equipe e autor principal de um dos artigos. “Muitas dessas planícies suaves são tidas como sendo de origem vulcânica e ficam distribuídas por todo o planeta. Grande parte da crosta de Mercúrio pode ter-se formado através de repetidas erupções vulcânicas de modo muito mais semelhante à crosta de Marte do que à da Lua”.

Os cientistas continuam a examinar os dados dos dois primeiros sobrevoos e estão se pre­parando para recolher mais informações de um terceiro sobrevoo em 29 de setembro.

“O terceiro sobrevoo de Mercúrio é o ensaio geral final para o principal ato de nossa missão: a colocação da sonda na órbita de Mercúrio no entorno de março de 2011”, disse Solomon. “A fase orbital será como se realizássemos dois sobrevoos por dia e permitirá a coleta con­tínua de informações acerca do planeta e seu ambiente por um ano. Mercúrio tem-se mos- trado tímido em revelar seus segredos até agora, mas em menos de dois anos o planeta mais interior terá se tornado um velho conhecido”.

O projeto MESSENGER é o sétimo do Programa Discovery da NASA de missões cientí­ficas de baixo custo. O Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland., projetou, construiu e opera a espaçonave e gerencia a missão para o Diretório de Missões Científicas da NASA em Washington. Os instrumentos científicos fo- ram construídos pelo Laboratório de Física Aplicada; Centro Goddard; Universidade de Michigan em Ann Arbor;e Universidade do Colorado em Boulder. GenCorp Aerojet de Sacra­mento, Califórnia e Composite Optics Inc. de San Diego forneceram o sistema de propulsão e a estrutura composta.


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